:::::RIO DE JANEIRO - 12 DE SETEMBRO DE 2006 :::::

 

O Estado de São Paulo
12/09/06
Varig encolhe ainda mais e fica com 2,2% do mercado
Empresa terminou o mês de agosto na quarta posição do ranking, atrás da BRA, que teve participação de 4,2%
Alberto Komatsu

A participação da Varig no transporte doméstico de passageiros foi de apenas 2,21% em agosto, com queda de 90,5% em relação ao mesmo período do ano passado, o pior desempenho de sua história. Com isso, a empresa que já dominou o setor ficou na quarta posição do ranking, atrás da BRA, que teve uma fatia de 4,19% - quase o dobro do tamanho da Varig. Já a OceanAir ficou com quase a mesma participação da Varig, ao registrar 2,07%.

Os índices mostram que a Varig não conseguiu recuperar pontos de participação mesmo após ter retomado vôos regulares a partir do fim de julho. Além disso, a hegemonia da Gol e da TAM, que juntas tinham 87,22% do mercado, em julho, subiu para 88,69%.

A participação da líder TAM, por sua vez, passou de 51,22% em julho para 51,34% em agosto. A Gol ficou na segunda posição, com fatia de 37,35%, o que mostra que ela foi a que mais se beneficiou com o recuo do desempenho da Varig, pois tinha 36% em julho. No total, o fluxo de passageiros no mercado interno avançou 7,8% e a oferta de assentos teve alta de 1,4%.

De janeiro a agosto, o setor aéreo acumula alta de 15,9% no fluxo de passageiros transportados e de 12,5% na oferta. No acumulado do ano, a TAM teve 46,43% de participação de mercado e a Gol vem logo em seguida com fatia de 32,82%. A Varig está na terceira colocação, com 13,05% na média do período.

INTERNACIONAL

No mercado internacional, tanto a oferta de assentos quanto a demanda recuaram quase 50%, resultado puxado pelo encolhimento de 85,7% do fluxo de passageiros da Varig e pela redução de 84,8% de sua oferta de assentos, em relação a agosto de 2005. Com esses índices, a Varig teve 21,64% do transporte internacional. A TAM teve 54,55% da demanda internacional entre as empresas brasileiras e a Gol, 10,75%. De janeiro a agosto, a Varig acumula participação de 60,30%. A TAM, no mesmo período, teve 30,55% e a Gol, 5,57%.

A participação da BRA no mercado internacional foi de 12,5%, acima da Gol. No entanto, deve-se levar em conta que a empresa também faz grande número de vôos fretados para o exterior.

 

 

O Globo
12/09/06

 

 

Folha de São Paulo
12/09/2006
Anac suspende vôos da Varig para Fernando de Noronha

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) determinou à Varig na sexta a interrupção de vôos com jatos de grande porte para o aeroporto de Fernando de Noronha por motivos de segurança e riscos de incêndio.

A companhia poderá usar aviões menores ou aguardar o fim das obras no local. Com o anúncio, a empresa Total passa a ter exclusividade do acesso aéreo à ilha.

Em nota, a agência informou que a ação "é conseqüência de irregularidades encontradas no aeroporto que comprometem a segurança operacional dos vôos." Por telefone, a assessoria de imprensa da Anac minimizou impactos na indústria de turismo da região, uma vez que resta à Varig a alternativa de usar aviões menores e há uma empresa cuidando do trecho atualmente.

A Varig operava um vôo diário para a ilha. A Total manterá a mesma freqüência diária para o local.

Segundo a agência, os demais aeroportos do país já foram ou serão fiscalizados nas próximas semanas.

 

 

Espaço Vital - Site da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas
11/09/2006
Titulo: José da Silvalog
Por Jorge Luiz Souto Maior,
juiz do Trabalho da 3a. Vara de Jundiaí (SP) e
professor de Direito do Trabalho da USP (*)

Procurei nos gramáticos e não encontrei o sufixo "log", mas isto deve ter por explicação o fato de que a língua portuguesa não esteja conseguindo acompanhar os constantes avanços da modernidade, o que, aliás, é oportuno para pôr em questão a viabilidade de se manterem as regras gramaticais. Ora, já que a economia não suporta o formalismo da língua portuguesa por que se deve perder tempo estudando língua portuguesa? O que importa é "estar indo" em frente para "ir ficando bem" posicionado economicamente...

Pois bem, o que os gramáticos ainda não sabem é que surgiu um novo sufixo na língua portuguesa, o sufixo "log", que tem como função alterar a identificação do objeto, embora o objeto continue sendo exatamente o mesmo.

Assim, há a água e a agualog, as duas compostas por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, mas para algumas situações, como matar a sede, usa-se água, para outras, como lavar carro, usa-se agualog, para que ninguém tenha peso na consciência de usar tão valioso elemento da natureza, essencial para a sobrevivência humana, deixando o seu carrinho mais bonito.

Claro, este novo sufixo, rapidamente, passa a ser incorporado ao mundo do direito, como forma de se mascarar a essência das relações jurídicas. Quem lançou a idéia foi a Varig, que agora não é mais Varig, é Variglog.

Com isto, dizem os adeptos da corrente da adaptação das regras gramaticais e dos institutos jurídicos à modernidade, quem tinha alguma relação jurídica com a Varig não a mantém com a Variglog, que são coisas distintas. Se alguém tinha uma dívida com a Varig nenhuma relação jurídica possui com a Variglog.

Claro, não se diz isto assim de forma tão ampla, na verdade, tenta-se fazer crer que os ex-empregados da Varig, que foram dispensados, sem receber seus direitos, não podem buscar o adimplemento desses direitos perante a Variglog, devendo fazê-lo apenas com relação à Varig. Ou seja, se quiserem lavar carro, terão que usar agualog.

Dizem que isto é necessário para preservar a continuidade da atividade empresarial que era desenvolvida pela "antiga" Varig. Não se diz que a Varig não tem dinheiro para arcar com os débitos trabalhistas e que a Variglog tem, mas isto faz parte do jogo da recuperação da empresa. Aliás, vale reparar, os ex-empregados, que foram alijados da empresa, com a qual contribuíram com seu trabalho durante vários anos, são "convidados", sem opção de recusa, a colaborar com a recuperação da empresa.

É com o dinheiro desses ex-empregados que a Variglog tenta se reerguer. Na concepção jurídica que se criou, mais ou menos na linha do sufixo log, passa a existir a proteção dos "direitos humanos" da empresa que se põem em posição superior aos direitos humanos do trabalhador.

São os "direitos humanoslog" (aqui o sufixo log é utilizado com o sentido de potencializar o sentido do mesmo nome. Para se ver que, futuramente, os dicionários trarão o sufixo com mais de um significado).

É evidente que não se precisa ir muito longe com argumentos de ordem lógica e jurídica para demonstrar a falácia de tudo isto, mas é importante verificar que não se trata apenas de uma falácia, trata-se de uma agressão à inteligência das pessoas, pelo menos daquelas que não se transformaram ainda em pessoaslog.

Aliás, por falar nisto, já pensaram que interessante, pessoas - que são devedoras de obrigações de pagar junto a bancos, locadores de imóveis, lojas do comércio, companhias aéreas etc. - indo ao Cartório de Registro Civil para alterarem os seus próprios nomes, acrescentando a estes o sufixo log, e, assim, obtendo como resultado deixarem de ser sujeitos passivos da obrigação. Ou seja, em português bem claro, não deverem mais nada a ninguém.

O José da Silva, que não recebeu suas verbas rescisórias da Varig, e que por isto ficou devendo ao banco, ao supermercado, às Casas Bahia, ao condomínio, ao clube etc., pode livrar-se das dívidas; basta que mude seu nome para José da Silvalog.

(*) Artigo originalmente publicado no site da Anamatra - Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas

E-mail: imprensa@anamatra.org.br