Jornal do Comércio - RS
12/06/2007
Varig/Aerus e um delito governamental
Nelson Cirtoli*
O Aerus foi criado em 1982, com três fontes mensais
de custeio: dos trabalhadores, das empregadoras e da União,
por meio do recolhimento de 3% sobre o valor da venda
das passagens aéreas nacionais domésticas
durante 30 anos, em substituição aos 10%
da "Quota INPS".
Ocorrências históricas fatais entre 1986
e 1992: Planos econômicos em que o congelamento
das tarifas aéreas era parte, mas não os
custos das companhias aéreas que continuaram subindo;
cancelamento dos 3% sobre o valor da venda das passagens
domésticas no plano de custeio do Aerus, por parte
da União; abertura ao mercado da aviação
nas rotas internacionais brasileiras, de modo que as mega-empresas
estrangeiras acabaram por ter vantagens operacionais com
preços e custos mais baixos; retração
na demanda nacional da ordem de 30% - conseqüência
do Plano Collor ao bloquear recursos da população
por 18 meses; recessão causada pela Guerra do Golfo;
Varig vende aeronaves e passa a pagar aluguel para utilizar
os aviões. Sem esboçar a mínima reação
aos atos do governo, a Varig procura soluções
autofágicas em 1994 e 1995.
Em 1994 faz a 16ª ilegal renegociação
da dívida para com o Aerus. Fecha 30 lojas e escritórios
no Brasil e exterior e demite 10.575 funcionários,
além de reduzir o número de diretorias.
Cria o Plano II no Aerus diminuindo custos, à custa
de prejuízos aos mais jovens.
Em 2002 encerra sua pseudo-participação
contributiva para o Aerus e promove uma inexplicável
redução, drástica, na poupança
dos trabalhadores da ativa no Aerus, como forma de reduzir
o déficit da empresa. Em 2006, o governo federal
decreta a simultânea e ilegal intervenção
no Aerus e a liquidação dos Planos Varig.
O interventor passa a ter poderes absolutos na condução
do Aerus e na sua representação como o maior
credor da Varig. Usando de todo esse poder, vota "sim"
na Assembléia de Credores da Varig aprovando um
plano em que trocou pagamentos mensais ao Aerus, pela
Varig, pelo fruto de uma ação da Varig,
contra a mesma União, pugnando por indenização
relativa ao congelamento tarifário, mas não
entregou o fruto. Com isso, o interventor no Aerus também
aprovou a venda da Varig. Um leilão inescrupuloso.
Não foi uma venda, foi um ato de entreguismo.
Os trabalhadores da ativa, além do sonoro calote
em seus direitos trabalhistas induzido pelo próprio
governo, suas poupanças depositadas no Aerus para
prover a sua velhice foram ilegalmente usadas, com o aval
do governo, para sustentar os atuais aposentados, entre
eles eu.
*Engenheiro de bordo aposentado
pela Aerus e médico, ex-presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas e ex-curador do Aerus, de 1994
a 1995.
cirtoli@terra.com.br
O ESTADO DE SÃO PAULO
12/06/2007
Gol chega mais perto da líder
TAM
Juntas, a Gol e a recém-comprada
Varig ficaram com 44,9% do mercado em maio; fatia da TAM
foi de 49,6%
Alberto Komatsu
A Gol e a Varig responderam, juntas, por 44,98% do transporte
doméstico de passageiros em maio, enquanto a líder
TAM ficou com uma participação de 49,68%.
Com isso, a diferença entre Gol e Varig - agora
do mesmo grupo - em relação TAM recuou de
7,24 pontos porcentuais em abril para 4,7 pontos porcentuais
em maio.
Juntas, TAM, Gol e Varig ficaram com 94,66% do mercado
interno em maio. As 16 demais concorrentes dividem os
5,34% restantes. Apenas a TAM e a Gol têm 90,52%
do setor.
O desempenho da aviação comercial cresceu
13,2% em maio, o décimo mês consecutivo de
aumento. A oferta de assentos cresceu 15,3% e a taxa de
ocupação dos aviões foi de 69%. No
exterior, houve recuo de 20,5%, apesar da desvalorização
do dólar em relação ao real.
'Quando o real se valoriza, a tendência é
a de haver mais bilhetes vendidos. No mercado internacional,
porém, muitas vendas são programadas e as
viagens realizadas futuramente', diz o coordenador do
Núcleo de Estudos em Competição e
Regulação do Transporte Aéreo (Nectar),
Alessandro Oliveira. 'Portanto, pode haver um reflexo
maior a partir de julho.'
No acumulado de janeiro a maio, a BRA e a OceanAir, que
começam a operar conjuntamente no dia 18, já
respondem pelo terceiro maior volume de passageiros transportados
no País, com 4,64% da demanda. Nesse período,
o setor acumula expansão de 13,6% no mercado doméstico
e redução de 33,2% no internacional.
Juntas, BRA e OceanAir transportaram 849,3 mil passageiros
por quilômetro até maio. O desempenho é
superior ao da Varig, que ficou com 4,44% do setor ao
transportar 812,1 mil pessoas por quilômetro. 'Foi
uma tacada interessante essa aliança (BRA/OceanAir)',
diz Oliveira. 'Ela vai criar, de fato, uma terceira força
no setor.'
A TAM liderou com 49,07% e a Gol teve 39,19% do mercado
doméstico de janeiro a maio. No exterior, as líderes
ficaram com fatias de 65,21% e 16,23%, respectivamente.
Em maio, a participação doméstica
da TAM ficou em 49,68%, com recuo de 1,01 ponto porcentual
em relação a abril. A Gol, por sua vez,
cresceu 1,7 ponto porcentual e terminou o mês com
40,84%. Já a Varig teve 4,14% da demanda, ante
4,31% em abril. BRA (2,16%) e OceanAir (0,88%) responderam,
juntas, por 3,05% da demanda doméstica em maio.
A TAM teve 72,36% de participação no mercado
internacional em maio, um aumento de 2,68 pontos porcentuais
em relação a abril. A Gol viu sua fatia
recuar 0,82 ponto porcentual e teve 13,7% da demanda ao
exterior. A Varig vem logo em seguida, com 10,05%, uma
alta de 0,79 ponto porcentual.
NÚMEROS
49,68% foi
a participação da TAM no mercado doméstico
em maio
40,84% foi
a fatia vice-líder Gol no mês passado
4,14% de
participação em maio foi a fatia da Varig
3,05% foi
a fatia da BRA e da OceanAir
Jornal O SUL - RS
11/06/2007
Jornal do Comércio - RS
10/06/2007