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Jornal
do Brasil
12/04/2008
Juiz ordena bloqueio das ações
da Gol
Decisão foi tomada
para assegurar patrimônio da companhia
Claudio Magnavita
Especial para o JB
O
Banco Itaú recebeu ontem o oficio expedido pelo juiz
José Paulo Magano, titular da 17ª Vara de São
Paulo, determinando o bloqueio de todas as ações
da Gol pertencentes à VarigLog, que totalizam em
valor de R$ 160 milhões. O chinês Lap Wai Chan
fica proibido de tocar nestas ações. O pedido
foi realizado pelos sócios brasileiros da cargueira,
que também solicitaram o bloqueio de todos os fundos
depositados na Suíça, cuja determinação
deverá ocorrer nas próximas horas.
Durante
a audiência, o juiz Magano determinou o enquadramento
no artigo 14 do Código Civil para todas as partes
envolvidas, inclusive os advogados que representam a Matlin
Patterson, caso se comprove a transferência de recursos
na Suíça.
À
tarde, deu entrada no Tribunal de Justiça o recurso
dos sócios brasileiros, que pedem a revisão
da decisão, em primeira instância, que os afastou
do comando.
Enquanto assiste a suas ações serem revistas
pela Justiça, o Matlin Patterson publicou nota paga
nos jornais para justificar o vazamento das tentativas de
transferências do saldo de US$ 89 milhões.
Foi a primeira vez que o próprio fundo veio a público
oficialmente para se manifestar sobre as confusões
jurídicas do seu preposto Lap Wai Chan. Assim, assume
a paternidade dos seus negócios e alega já
ter investido US$ 400 milhões na VarigLog e que não
faria nada para prejudicá-lo.
Protegido por companhias formadas no exterior, como a Volo
LLC ou a VoloEx, o fundo de investimentos americano se mantinha
distante das batalhas jurídicas da Justiça
brasileira e suíça, sem que o logotipo estivesse
associado diretamente a essas confusões.
Ao se expor diretamente e assumir o papel de personagem
nesta última contenda e sem estar juridicamente protegido
por uma das sociedades criadas, o milionário fundo
abre perigoso flanco jurídico que permitirá
que o questionamento migre para as cortes do país
onde está a sede: os EUA.
O Matlin Patterson questiona a forma como os documentos
foram "interceptados" sem contestar o seu conteúdo
ou validade. Não revela que os mesmos foram enviados
pelos próprios advogados na Suíça que
cuidavam do caso e solicitaram esclarecimentos às
partes anteriormente envolvidas através de correspondência
eletrônica, que tinha como endereço de cópia
os próprios representantes do fundo.
Recursos de US$ 89 milhões
Outra
argumentação que reforça a autoria
das ordens de transferência era tentar justificar
o destino dos US$ 89 milhões, que hipoteticamente
estariam sendo transferidos para uma conta da Volo LCC,
que retornaria ao Brasil na forma de um contrato de mútuo,
ou seja, um novo empréstimo no qual a VarigLog passaria
a ser a devedora. Dessa forma, protegeria os valores de
bloqueios, como os que foram promovidos pelo grupo LAN em
setembro de 2007 e depois pela própria Volo LCC.
Só que uma operação como esta, dentro
dos termos da sentença que colocou no comando da
VarigLog Lap Wai Chan, só poderia ser realizada –
se fosse o caso de transformar um crédito e um passivo
– se houvesse um conhecimento antecipado da manobra.
Na
sentença, o juiz José Paulo Mogano ordenava
também que fossem preservados todos os direitos que
se questionavam em juízo. O pagamento de US$ 17 milhões
ao grupo da LAN significaria a renuncia da ação
que corre em Nova York. O acerto, mesmo que fosse uma exigência
da Justiça local, só poderia ocorrer se tivesse
a anuência do juiz e de seus gestores nomeados. O
valor que estava sendo liberado equivale a um quinto de
todo os recursos depositados na Suíça.
Um outro fator foi o afastamento do país de Lan Wai
Chan, com o objetivo especifico de acelerar as gestões
com o Lloyds Bank, na Suíça, sem que a viagem
tivesse sido comunicada nem ao juizado ou aos seus consultores
nomeados.
Alguns
questionamentos ainda não foram respondidos pelo
Matlin Patterson. Entre eles, está o início
do colapso operacional, quando o fundo promoveu o seqüestro
de aeronaves de sua propriedade e alugadas sob a forma de
leasing, resultando no encolhimento abrupto da frota da
VarigLog. As aeronaves foram alugadas a concorrentes que
passaram a fazer as mesmas rotas que pertenciam à
empresa brasileira. Outra ação foi bloquear
os seus recursos da VarigLog e impedir que fornecedores
fossem pagos, antecipando o vencimento de um empréstimo
que venceria em 2011.
O
Estado de São Paulo
12/04/2008
Varig cancela vôos internacionais
Após meses de prejuízos,
a empresa suspende rotas de Paris, Madri e México
para se concentrar na América do Sul
Mariana Barbosa
A
Varig anunciou ontem a interrupção dos vôos
para México, Madri e Paris, a partir de 11 de maio,
12 de maio e 9 de junho, respectivamente. Com o fim dessas
rotas, a Varig se despede do mercado internacional de longo
curso, concentrando suas operações no mercado
doméstico e na América do Sul. Pelas regras
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), a empresa mantém o direito de retomar as
rotas internacionais em um prazo de seis meses, a partir
da interrupção.
No
final de janeiro, a Varig já havia surpreendido o
mercado com o anúncio do fim dos vôos para
Londres, Frankfurt e Roma. Com o fim dos vôos para
Europa, a TAM reinará praticamente sozinha no mercado
internacional de longo curso.
Em
comunicado divulgado ontem, o grupo Gol, controlador da
Varig, explica que as recentes altas do preço do
petróleo elevaram os custos da operação.
Segundo a empresa, o combustível, que representa
40% de seu custo operacional, subiu mais de 60% no último
ano.
A
empresa garante, contudo, que a medida não implicará
em demissões e que os tripulantes serão absorvidos
em outras rotas do grupo.
O
fim das linhas altera as projeções de crescimento
de oferta para o ano. Pela última projeção,
o grupo planejava um crescimento de 37% na oferta de assentos
de Gol e Varig nos mercados doméstico e internacional.
Uma nova projeção de indicadores operacionais
deve ser divulgada até o início da semana.
A
Varig planejava incorporar sete Boeings 767, usados nas
operações de longo curso, terminando o ano
com uma frota de 14 jatos do modelo. Dos sete, cinco já
haviam sido incorporados este ano. Todos serão devolvidos
aos arrendadores. Quando o último vôo para
Paris for encerrado, Varig e Gol estarão operando
apenas jatos 737-700 e 800. A expectativa é de que
a Varig encerre o ano com 29 aviões e a Gol com 80.
A
baixa rentabilidade das rotas internacionais, que estavam
operando com uma taxa de ocupação abaixo de
50% em média, é uma das principais razões
do prejuízo operacional registrado pelo grupo no
ano passado, de R$ 23 milhões. Um ano antes, sem
Varig, a Gol exibiu um resultado operacional positivo de
R$ 701 milhões.
O
grupo Gol investiu US$ 275 milhões na compra da Varig,
no final de março do ano passado. Foram desembolsados
US$ 98 milhões em dinheiro e o restante foi pago
com 6 milhões de ações da Gol. O principal
interesse da Gol eram os direitos de pouso e decolagem em
Congonhas, mas a possibilidade de atender o mercado internacional
também atraiu. Na época, falava-se em retomar
os bons tempos da velha Varig, mas com um modelo operacional
mais eficiente e voltado para o passageiro de negócios.
Mas
a montagem da operação internacional se mostrou
mais difícil do que o previsto. Além das dificuldades
de conseguir aviões e a ginástica operacional
que a empresa teve de fazer para não perder os direitos
sobre as rotas, a empresa precisou desembolsar cerca de
R$ 160 milhões para reabrir as bases internacionais,
cobrindo dívidas herdadas da velha Varig - conta
que ela agora tenta cobrar do antigo dono da Varig, o fundo
americano Matlin Patterson.
Desde
a primeira reestruturação internacional, quando
foi anunciado o fim dos vôos para Frankfurt, Londres
e Roma, a empresa assinou mais de dez parcerias com companhias
internacionais. Estava investindo na padronização
do interior dos aviões e em melhorias como uma nova
sala VIP em Guarulhos. A expectativa era de que a partir
do terceiro ou quarto trimestre, a operação
internacional passaria a ser lucrativa.
No
comunicado divulgado ontem, o presidente da Gol, Constantino
de Oliveira Junior reiterou que a aquisição
da Varig foi positiva: “O fato de a aquisição
da Varig ter ocorrido em um ano atípico para o setor
mostra o quanto estamos dispostos e preparados para gerenciar
adversidades, sem permitir que ocorrências pontuais
abalem nosso plano estratégico de crescimento de
longo prazo.”
O
Estado de São Paulo
12/04/2008
Varig vai devolver o dinheiro das
passagens
Outra opção será
tentar transferir bilhetes para outras companhias
Mariana Barbosa e Marianna Aragão
Os
consumidores que tiverem bilhetes de ida ou volta pela Varig
para México, Madri e Paris com datas a partir de
11 de maio, 12 de maio e 9 de junho, respectivamente, poderão
solicitar o reembolso ou a reacomodação em
vôos de outras companhias. Isso vale para bilhetes
adquiridos com milhas do programa Smiles ou bilhetes tarifados.
A
Varig não informou quantos passageiros serão
afetados com a interrupção dos vôos.
Mas a empresa já possui experiência no assunto.
No final de janeiro, a empresa anunciou a interrupção
dos vôos de Frankfurt, Roma e Londres e o esquema
de reembolso e reacomodação de passageiros
ocorreu sem problemas.
Entretanto,
quem tem passagem marcada para as férias de julho,
pode vir a encontrar dificuldades para conseguir ser reacomodado
no mesmo dia, sobretudo no caso de vôos nas datas
mais concorridas.
A
Varig informa que tentará reacomodar o passageiro
na data mais conveniente, seja em companhias nacionais ou
estrangeiras. A TAM voa para Paris (três vôos
diários) e Madri (um vôo diário), mas
não para o México. Na Europa, há a
opção de vôos diretos pela Air France
(Paris) ou pela Ibéria (Madri). No México,
a única empresa nacional que opera hoje é
a OceanAir, mas há rumores de que está desistindo.
A rota é servida ainda pela AeroMéxico.
Em
um comunicado divulgado ontem, a Varig diz que se “compromete
desde já em prestar total amparo aos clientes que
já compraram passagens para os destinos suspensos,
com viagens de ida ou volta agendadas a partir das datas
divulgadas”. A empresa disponibilizou um serviço
telefônico (0800 728 7787) que funcionará 24
horas, sete dias por semana, para tirar dúvidas e
fornecer informações sobre reacomodação
e reembolso. Para clientes na capital paulista, há
dois números de telefone, um para clientes que compraram
bilhetes com Smiles (11) 5091-2649 e outro para bilhetes
tarifados (11) 2164-2950.
Para
quem quiser optar pelo reembolso, a recomendação
da Varig é que o cliente entre em contato com o agente
de viagem. Quem comprou na Varig, deve enviar email para
reembolso.central@varig.com ou entrar em contato com a central
de vendas no 4003-7000, de segunda a domingo.
Segundo
o diretor de atendimento do Procon de São Paulo,
Evando Zuliani, o procedimento da Varig no caso está
de acordo com o estabelecido no Código de Defesa
do Consumidor (CDC). “É um caso de descumprimento
de oferta, em que a companhia tem de se comprometer a honrar
o serviço vendido, seja por sua própria conta
ou por acordo de cooperação com outra empresa.”
Zuliani
diz que o passageiro que não aceitar voar por outra
companhia tem a opção, por lei, de pedir o
ressarcimento do valor pago pelas passagens. “O primeiro
contato deve ser a com a própria companhia. Caso
não seja atendido, pode procurar um órgão
de defesa do consumidor e formalizar uma reclamação
na Anac.”
O
Estado de São Paulo
12/04/2008
Desistência pega a Anac de surpresa
Representantes das empresas dizem
que decisão é péssima para o Brasil
Luciana Nunes Leal
A
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
foi surpreendida pelo anúncio da Varig de suspender
vôos internacionais de longa distância a partir
de maio. “A Anac não foi comunicada oficialmente”,
disse a presidente da agência, Solange Paiva Vieira,
no fim da manhã de ontem. Solange informou que a
empresa não tinha obrigação de fazer
o comunicado antes de tornar pública a suspensão
dos vôos, mas que agora terá de fazer uma notificação
formal.
“A
empresa tem liberdade de decidir sobre os vôos e depois
notificar. Nosso foco agora é fiscalizar para que
o passageiro seja atendido”, disse Solange. A Anac
vai observar se a empresa cumprirá a obrigação
de devolver o dinheiro aos passageiros ou endossar bilhetes.
A
notícia do cancelamento das rotas se espalhou durante
a abertura da 1ª Feira Anac de Aviação
Civil, que acontece até domingo no Terminal 2 do
aeroporto de Brasília. O primeiro dia teve a presença
do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e de empresários
e executivos do setor aéreo, que assistiram ao vôo
de uma réplica do Demoiselle, avião criado
por Santos Dumont há cem anos. Quando chegaram as
primeiras notícias sobre o fim das rotas da Varig,
Jobim deixava a feira, organizada pela Anac e patrocinada
por ela e pelas companhias aéreas.
A
decisão da Varig reforçou o discurso das empresas
brasileiras contra a liberação do preço
das passagens aéreas para a Europa. A medida está
em estudo pela Anac e acabaria com o teto para descontos
nos bilhetes que tem de ser cumprido pelas companhias estrangeiras.
“Se
liberar o preço para a Europa, as empresas brasileiras
vão quebrar”, disse o presidente do Sindicato
Nacional das Empresas Aéreas (Snea), José
Márcio Mollo. Segundo ele, a liberação
levaria concorrentes estrangeiras a cobrarem preços
muito mais baixos que não poderiam ser equiparados
pelas brasileiras.
“No
Brasil, o leasing dos aviões, o seguro, o combustível,
é tudo mais caro”, disse Mollo. O dirigente
lamentou a suspensão dos vôos da Varig. “É
mais mercado perdido pelas brasileiras. Uma vez perdido
para empresas estrangeiras, dificilmente será recuperado.”
A
presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella
Baggio, disse que o fim dos vôos internacionais da
Varig “é péssimo para o Brasil”.
“É menos uma opção. Se outra
empresa (brasileira) não tiver capacidade de assumir
rapidamente (os trechos suspensos), vamos perder para as
estrangeiras. Esse cenário é desastroso.”
O
presidente da TAM, David Barioni, disse que a saída
da Varig das rotas internacionais de longa distância
não terá grande impacto na concorrente, porque
“as ofertas de assento eram poucas”. “Nossas
concorrentes são as empresas internacionais”,
disse Barioni. Segundo ele, o mercado de vôos internacionais
no Brasil tem 65% de empresas estrangeiras e 35% de brasileiras.
O executivo disse que a TAM manterá o planejamento
de longo prazo de investimento de US$ 8 bi até 2020
na ampliação da oferta de vôos e na
compra de 36 novos aviões.
No
discurso de abertura da feira da Anac, o ministro Jobim
pediu “arrogância e atrevimento” aos empresários
para estimular o poder público a enfrentar os desafios
do setor aéreo. “Se não tiver provocação
das empresas, o sistema estatal paralisa. Dependemos dos
senhores para que possamos corrigir nossas situações
internas”, disse ele, dirigindo-se a donos e executivos
das companhias.
O
Estado de São Paulo
12/04/2008
Sem Varig, TAM aumenta hegemonia e
estrangeiras ocupam mais espaço
Alberto
Komatsu
A
partir de 9 de junho, quando a Varig deixa de operar sua
última rota intercontinental, a TAM aumentará
sua hegemonia na operação internacional, já
evidente em março deste ano, quando a companhia respondeu
por 68,88% dos vôos ao exterior. A estréia
da TAM no segmento se deu em 1998, com vôos para Miami.
Hoje, ela voa para 17 destinos fora do País.
Em
1987, o panorama do mercado era parecido, mas com a Varig
detendo o monopólio. Em 2002, quando o setor ainda
reagia aos ataques de 11 de setembro, a Varig ainda mantinha
forte atuação, ou 87% do fluxo de passageiros
para fora do Brasil.
“Foi
muito corajosa a atitude da Gol (de encerrar a operação
intercontinental da Varig). Ela estava perdendo valor de
mercado e tendo prejuízo. A Varig vai ser mais um
serviço do que uma empresa”, diz o consultor
aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio. A escalada
do preço do combustível, competição
acirrada e aviões antigos e sem equipamentos de entretenimento
são alguns dos principais fatores da derrocada da
Varig no exterior, analisa Sampaio.
Para
ele, a falta de acordos de compartilhamento de assentos
no exterior também prejudicou a Varig, que saiu da
aliança global Star Alliance. Foi essa justamente
a estratégia que a TAM usou para aumentar sua presença
lá fora, com acordos com ex-parceiras da Varig, como
a Lufthansa, acredita Sampaio.
O
consultor também lembra da forte concorrência
das empresas internacionais, que acirraram a competição
com preços mais baixos, aviões novos e sistemas
de entretenimento modernos, itens valorizados por passageiros
de vôos de longa duração. Com isso,
praticamente ocuparam o espaço deixado pela Varig
com a sua crise. Em 2006, as companhias estrangeiras responderam
por 71,5% do tráfego internacional, enquanto as brasileiras
ficaram com 28,5%. No ano passado, estima-se que essa relação
mudou para 65% ante 35%.
Os
dados de demanda do setor em março, divulgados esta
semana pela Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), evidenciam as dificuldades da Varig no exterior.
No levantamento, a empresa ofereceu 150% mais assentos na
comparação com março de 2007 e levou
141% mais passageiros no período. Já a taxa
de ocupação das aeronaves ficou em 49%, mesmo
porcentual que levou a OceanAir a desistir da operação
à Cidade do México, lembra Sampaio.
“Esse
episódio mostra mais uma vez como é difícil
dar certo a aquisição de uma companhia aérea”,
diz o consultor aeronáutico da Bain & Company,
André Castellini.
Folha
de São Paulo
12/04/2008
Varig decide suspender vôos
intercontinentais
Operações da companhia
serão restritas a rotas domésticas e à
América do Sul
Empresa agora controlada pela Gol afirma que realocará
passageiros em outras companhias ou devolverá o dinheiro
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO
A
Varig anunciou ontem a suspensão dos seus vôos
intercontinentais. A empresa decidiu cancelar os vôos
para Cidade do México, a partir de 11 de maio, Madri
(12 de maio) e Paris, a partir de 9 de junho. Em comunicado
aos funcionários, o presidente da Gol, Constantino
de Oliveira Júnior, afirmou que os aumentos no preço
do petróleo, a indisponibilidade de aeronaves novas
no mercado e o impacto do baixo crescimento econômico
esperado na Europa e nos Estados Unidos foram determinantes
para o cancelamento das operações.
A decisão marca a saída da Varig daquele que
foi seu principal mercado durante anos e um dos principais
atrativos para a aquisição pela Gol. Em março
do ano passado, quando a Gol comprou a Varig por US$ 320
milhões, analistas destacavam as possibilidades de
crescimento das operações com vôos de
longo curso para Europa e EUA. O cenário se revelou
menos favorável do que o previsto.
Quando a aquisição foi anunciada, o empresário
Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê Constantino,
disse que atendeu a pedido do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para que ele "salvasse" a companhia.
Aos funcionários, Oliveira Júnior, filho de
Nenê, afirmou que a restrição das operações
era uma decisão difícil, mas necessária.
"A decisão de focar nossa expansão nos
mercados domésticos e na América do Sul foi
muito difícil, mas somente com esse reposicionamento
conseguiremos ganhar forças para que, no futuro,
possamos retornar ao mercado de longo curso de forma estruturada
e competitiva", disse.
Com a restrição das operações,
a empresa concentrará as operações
internacionais na América do Sul em vôos para
Bogotá, Buenos Aires, Caracas e Santiago do Chile.
No Brasil, a empresa continua a voar para as principais
capitais.
Na prática, o uso dos Boeings-767 nos vôos
de longo curso se mostrou menos competitivo. A empresa deverá
arcar com o custo de devolução de 12 aeronaves.
"O prejuízo era grande nas operações",
afirmou Lincoln Amano, diretor comercial da Varig.
Em janeiro, a empresa havia anunciado o fim das operações
a partir de março dos vôos para Londres, Roma
e Frankfurt. Desde então havia acertado uma série
de acordos de interline, que permitem acesso a número
maior de destinos.
O consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio
classificou a decisão da empresa como corajosa. "Numa
hora em que as companhias americanas estão quebrando,
tomou-se a decisão de fazer um recuo. No ano passado
era difícil obter aeronaves novas, e a Varig precisava
manter os slots na Europa", disse. Ele destaca que
o fato de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
não ter aprovado ainda a operação dificultou
a alimentação dos vôos internacionais.
Segundo Sérgio Dias, diretor do Sindicato Nacional
dos Aeronautas, a empresa se comprometeu a não demitir.
Quem comprou bilhetes para os destinos cancelados deverá
procurar a central de atendimento para que a Varig faça
a realocação em outras empresas ou devolva
o dinheiro.
Quem comprou passagens com milhas do programa Smiles poderá
voar em outra empresa ou recebê-las de volta. Milhagem
da empresa só poderá ser trocada para vôos
no Brasil e na América do Sul.
Folha
de São Paulo
12/04/2008
FLEX REALIZA HOJE O SEU PRIMEIRO VÔO
COMERCIAL
Rebatizada
de Flex, a "velha Varig", que carrega dívidas
estimadas em mais de R$ 7 bilhões, faz hoje seu primeiro
vôo comercial -um fretamento de Salvador a Lençóis
contratado pela Bahiatursa. Vão viajar 132 passageiros.
A Flex negocia realizar operações de fretamento
com times de futebol.
Folha
de São Paulo
12/04/2008
Para analistas, estrangeiros e TAM
ganham
DA SUCURSAL DO RIO
A
Varig fora dos vôos intercontinentais favorece as
empresas estrangeiras e a TAM, segundo especialistas ouvidos
pela Folha. Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil) mostram que a Varig tinha 18,82% do mercado de vôos
internacionais em março. A TAM, 68,88%. As estatísticas
abrangem a participação no mercado internacional
das companhias brasileiras.
Desde a crise da Varig, as estrangeiras ganharam espaço
e aumentaram os investimentos em vôos para o Brasil.
Questionado sobre a possibilidade de os concorrentes ocuparem
o espaço deixado pela Varig, o diretor comercial
da companhia, Lincoln Amano, afirmou que ela não
se pautaria pela atuação das demais. "Não
vamos nos guiar pelas concorrentes", disse.
Segundo Lúcia Helena Salgado, do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), a saída representa
uma perda para o consumidor, que passa a contar com menos
opções.
Ela destaca ainda a alta do preço do petróleo.
O combustível já representava 40% dos custos
totais da Varig. "A volatilidade nos resultados das
empresas de aviação civil é estrutural.
Há uma dependência da demanda, um fator que
pode variar muito", disse.
Para o consultor em aviação Paulo Bittencourt
Sampaio, a vantagem para a Varig é que a empresa
passará a contar com frota padronizada de Boeing-737.
Segundo a Varig, serão 29 aeronaves até o
fim do ano. "A Varig terá de oferecer serviço
diferenciado onde continua a operar, na América do
Sul, porque são rotas que contam com passageiros
de tarifa alta, que exigem mais conforto", disse.
Segundo ele, a TAM passou hoje a exercer o papel da Varig
na década de 1990, quando a empresa tinha praticamente
o monopólio das linhas internacionais. Hoje, a TAM
voa para 17 destinos no exterior. (JL)
Folha
de São Paulo
12/04/2008
Agência de aviação
civil defende maior participação de empresas
do exterior
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A
presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil), Solange Vieira, defendeu ontem uma política
de "céus abertos" para permitir maior participação
de empresas aéreas estrangeiras em rotas internacionais
no país. Hoje, elas ocupam cerca de 65% desse mercado.
"Quanto mais companhias aéreas para o usuário
brasileiro, melhor", disse ela, considerando a decisão
da Varig de não mais voar para Europa e América
do Norte como algo natural num mercado liberalizado.
A política de "céus abertos" significa
o fim do limite de vôos de companhias estrangeiras
para o Brasil. Hoje, as internacionais só têm
direito ao mesmo número que as nacionais tiverem
na mesma rota. Isso é definido em acordos bilaterais.
Solange defendeu, porém, a exclusividade de operação
em rotas domésticas para as nacionais: "A tendência
que o mundo tem mostrado é que a proteção
às empresas nacionais se dá no mercado interno",
afirmou.
O governo pretende manter sua disposição de
não socorrer empresas nacionais em dificuldade, mesmo
na hipótese de as estrangeiras assumirem 100% das
rotas externas.
Segundo o diretor da Anac Ronaldo Mota, "se as empresas
têm alguma dificuldade porque enfrentam concorrentes
mais bem preparados, não podemos influenciar nisso".
Solange Vieira e a diretoria da agência participaram
ontem da 1ª Feira de Aviação Civil promovida
pela Anac, com patrocínio da própria Varig,
da TAM e da Gol, entre outros. O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, foi.
Com a decisão da Varig, a TAM exerce agora virtual
monopólio em viagens intercontinentais, e o seu presidente,
David Barioni Neto, assumiu tom de comemoração:
"São várias empresas voando, só
uma brasileira. A beleza disso é a liberalização
do mercado".
Para ele, a Varig cancelou vôos "por uma questão
de competência e de gestão, porque o mercado
é aberto". Reclamou, porém, das margens
apertadas de lucro do setor, dizendo que, em 2007, o faturamento
da TAM foi de R$ 3,4 bilhões, mas o lucro foi de
apenas 1,3%.
David Neeleman, fundador da Jet Blue, que está lançando
uma nova companhia no Brasil voltada para o transporte doméstico
e regional, reclamou especificamente do preço do
querosene de aviação. O peso desse item representa
um terço dos custos, disse.
Para o presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas
Aeroviárias), José Márcio Mollo, o
preço do combustível e a idade da frota de
aviões prejudicaram a competitividade da Varig. "O
querosene de aviação está caro, e a
Varig tem aviões antigos. Não existe avião
novo na praça disponível, fica difícil
competir com as internacionais", disse.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela
Baggio, considerou o problema da Varig "péssimo"
para o Brasil. "Está indo para o ralo, para
a mão das internacionais, as nacionais não
se capacitam e perdem esse espaço."
Do lado oposto, Solange Vieira cobrou a votação,
pelo Congresso, do projeto que aumenta a participação
de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras
de 20% para 49%. "Falta prioridade [dos parlamentares].
Mas, para nós, é uma urgência",
afirmou.
Coluna
Claudio Humberto
12/04/2008
Pagode chinês
O chinês Lap Chan, que "comprou" a VarigLog,
está em local incerto e não sabido, fora do
País. Especula-se que ele era apenas mais um "laranja"
na venda da empresa de carga para o fundo Matlin Patterson.
O
Globo
12/04/2008
O
Globo
12/04//2008
Agência
Estado
11/04/2008 - 20:01hs
Aeroviários pedem solução
para fundo de pensão
Por Carina UrbaninAgência Estado Aeronautas e aeroviários
aposentados e pensionistas, ex-funcionários da Varig,
Vasp e Transbrasil, fizeram hoje uma manifestação
no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo,
para reivindicar uma solução definitiva para
o fundo de pensão complementar da categoria. Os manifestantes
pediram também agilidade do Supremo Tribunal Federal
(STF) na decisão do processo sobre a defasagem tarifária
que prevê o pagamento de R$ 7 bilhões para
as empresas aéreas.
De acordo com a presidente da Associação Nacional
dos Aeronautas e Aeroviários do Brasil (AAAB), Maria
Aparecida Tavares Leite, o problema começou com a
intervenção que durou 13 anos (1991 a 2005)
no fundo de pensão da Vasp, o Aeros. Segundo ela,
no período de 1995 a 2000 houve um desvio de R$ 780
milhões por parte dos interventores. Em 2000, outro
interventor assumiu e foi obrigado a liquidar o fundo, por
conta do prejuízo anterior. Na avaliação
dos ex-funcionários, o governo deveria assumir o
prejuízo causado, já que nomeou os interventores.
No caso da Aerus, fundo de pensão da Varig e Transbrasil,
Maria Aparecida disse que a Varig tomou dinheiro do fundo
várias vezes, negociou a devolução,
mas não cumpriu. "O resultado hoje é
um desvio de R$ 3 bilhões e prejuízo para
8,5 famílias", disse.
Segundo o presidente da Associação Nacional
dos Aeronautas e Aeroviários Aposentados e Pensionistas
(Anaap), Lourival Honorato Vieira, a esperança dos
ex-funcionários é que o STF determine o pagamento
da defasagem tarifária, em processo que tramita desde
1992. "Se esse processo for vencido, garantirá
R$ 4 bilhões para a Varig, montante que será
destinado ao pagamento dos aposentados", disse Vieira.
As informações são da Agência
Brasil.
Revista
Istoé
11/04/2008
A semana
A fuga de Chan
Por TATIANA DE MELLO
Lap
Wai Chan, sócio do fundo Matlin Patterson, dono da
VarigLog, fugiu do Brasil na quarta-feira 9. Ele estava
proibido de deixar o País após ter feito transferência,
vetada pela Justiça, de mais de US$ 70 milhões
da VarigLog para uma conta do Matlin, em Nova York. A PF
não sabia que Chan não podia sair do País.
Jornal
de Turismo
11/04/2008
Juiz ordena o bloqueio das ações
da Gol
Para proteger o patrimônio
da VarigLog justiça bloqueia ações
no valor de R$ 160 milhões
Cláudio Magnavita
O banco Itaú recebeu hoje o oficio expedido pelo
juiz José Paulo Magano, titular da 17ª Vara
de São Paulo, determinando o bloqueio de todas as
ações da Gol pertencentes à VarigLog,
que totalizam em valor de R$ 160 milhões. O chinês
Lap Wai Chan fica proibido de tocar nestas ações.
O pedido foi feito pelos sócios brasileiros da cargueira,
que também solicitaram o bloqueio de todos os fundos
depositados na Suíça, cuja determinação
deverá ocorrer nas próximas horas.
Durante a audiência, que foi acompanhado pela imprensa
nacional, o juiz Magano determinou o enquadramento no artigo
14 do Código Civil para todas as partes envolvidas,
inclusive os advogados que representam a Matlin Patterson,
caso se comprove a transferência de recursos na Suíça.
No final da tarde, ainda deu entrada no Tribunal de Justiça
o recurso dos sócios brasileiros Marco Audi, Luís
Eduardo Gallo e Marcos Michel Haftel, que pedem a revisão
da decisão, em primeira instância, que os afastou
do comando.
O
Matlin Patterson publicou nota paga nos jornais para justificar
o vazamento das tentativas de transferências do saldo
de US$ 89 milhões. Foi a primeira vez que o próprio
fundo veio a público oficialmente para se manifestar
sobre as confusões jurídicas do seu preposto
Lap Wai Chan.
Protegido por companhias formadas no exterior, como a Volo
LLC ou a VoloEx, o fundo de investimentos norte-americano
se mantinha distante das batalhas jurídicas da Justiça
brasileira e suíça, sem que o seu logotipo
ou marca estivesse associado diretamente a essas confusões.
Ao se expor diretamente e assumir o seu papel de personagem
nesta última contenda e sem estar juridicamente protegido
por uma das sociedades criadas, o milionário fundo
abre um perigoso flanco jurídico que permitirá
que o questionamento migre para as cortes do país
onde possui sua sede: os Estados Unidos.
Em sua nota, o Matlin Patterson questiona a forma como os
documentos foram "interceptados" sem contestar
o seu conteúdo ou validade. Não revela que
os mesmos foram enviados pelos próprios advogados
na Suíça que cuidavam do caso e solicitaram
esclarecimentos às partes anteriormente envolvidas
através de correspondência eletrônica,
que tinha como endereço de cópia os próprios
representantes do fundo.
Outra argumentação que reforça a autoria
das ordens de transferência era tentar justificar
o destino dos US$ 89 milhões, que hipoteticamente
estariam sendo transferidos para uma conta da Volo LCC,
que retornaria ao Brasil na forma de um contrato de mútuo,
ou seja, um novo empréstimo no qual a VarigLog passaria
a ser a devedora. Dessa forma, protegeria os valores de
bloqueios, como os que foram promovidos pelo grupo LAN em
setembro de 2007 e depois pela própria Volo LCC.
Só que uma operação como esta, dentro
dos termos da sentença que colocou no comando da
VarigLog Lap Wai Chan, só poderia ser realizada –
se fosse o caso de transformar um crédito e um passivo
– se houvesse um conhecimento antecipado da manobra.
Questiona-se também a moralidade de uma operação
desse tipo, que claramente visa burlar instrumentos jurídicos
à disposição de credores, dificultando
os meios lícitos de acesso a possibilidades de recebimentos.
A reação do poder judiciário foi decorrente
não de um mal entendido ou falha de comunicação,
mas da realização de uma manobra nebulosa,
feita na surdina da noite e longe de qualquer autorização
previa.
Na sentença, o juiz José Paulo Magano ordenava
também que fossem preservados todos os direitos que
se questionavam em juízo. O pagamento de US$ 17 milhões
ao grupo da LAN significaria a renuncia da ação
que corre em Nova York. O acerto, mesmo que fosse uma exigência
da justiça local, só poderia ocorrer se pelo
menos tivesse a anuência do juiz e de seus gestores
nomeados. O valor que estava sendo liberado equivale a um
quinto de todo os recursos depositados na Suíça.
Um outro fator surpreendente foi o afastamento do País
de Lan Wai Chan, com o objetivo especifico de acelerar as
gestões com o Lloyds Bank, na Suíça,
sem que a viagem tivesse sido comunicada nem ao juizado
ou aos seus consultores nomeados. Feitas na surdina, essas
manobras reforçam a tese de uma ação
irregular apenas uma semana depois de ser o primeiro estrangeiro
a assumir o controle acionário e a gestão
de uma empresa aérea no Brasil.
Alguns questionamentos precisam ainda ser respondidos pelo
próprio Matlin Patterson, que através de sua
inédita nota oficial assume a paternidade dos seus
negócios e alega já ter investido US$ 400
milhões na VarigLog e que não faria nada para
prejudicá-lo.
Entre os questionamentos, está o início do
colapso operacional, quando o próprio fundo promoveu
o seqüestro de aeronaves de sua propriedade e alugadas
sob a forma de leasing, resultando no encolhimento abrupto
da frota da VarigLog. As aeronaves, depois de arrestadas,
foram alugadas a concorrentes que passaram a fazer as mesmas
rotas que pertenciam à empresa brasileira. Só
neste caso, a ação do fundo Matlin Patterson
drenou receita e reduziu o faturamento da empresa e dos
seus franqueados.
Uma outra ação que precisa ser explicada e
que afetou a saúde da VarigLog foi bloquear os seus
recursos da empresa e impedir que fornecedores fossem pagos,
antecipando o vencimento de um empréstimo que venceria
em 2011. Asfixiada, a companhia entrou em colapso, com atraso
de fornecedores, entre eles combustível e a própria
Infraero, perdendo confiabilidade e mercado.
A tentativa de reassumir o comando a qualquer custo e afastar
os sócios que ela mesmo escolheu - um a um através
de convite e do empréstimo de seus CPFs e RGs para
legalizar uma operação - está custando
a saúde da companhia e de seus milhares de empregos.
O interesse nacional de ter uma empresa cargueira internacional
forte e capaz de escoar as exportações brasileiras
acabou se transformando em um pesadelo. O País perde
a parte mais sadia da velha Varig - nascida como uma unidade
de cargo na gestão de Fernando Pinto e implantada
pelo comandante Miguel Dau, ganhando vida própria
até se estabelecer como companhia autônoma.
A sua venda, realizada durante a parte mais tumultuada do
processo de recuperação judicial, com o seu
contrato de venda executado sem o aval e por um valor que
até hoje é questionado pelos acionistas da
Viação Aérea Rio Grandense, que estavam
afastados da gestão da empresa por uma decisão
da 1ª Vara Empresarial.
A venda da VarigLog foi realizada em apenas 48 horas com
o propósito de gerar caixa para o pagamento das empresas
de leasing, já que havia a ameaça de arresto
de todas aeronaves em uma audiência na corte de Nova
York. O valor pago foi uma ínfima parte do que meses
antes se avaliou na gestão de Carlos Luis Martins
na Varig. Salvou-se a frota por apenas poucas semanas e
a Varig viu começar o processo de esquartejamento
de seus ativos.
Meses depois, a própria VarigLog, com seus novos
donos Matlin Patterson, deu um lance de um pouco mais de
U$ 20 milhões e levou a unidade operacional da maior
companhia do País, deixando funcionários sem
seus direitos trabalhistas e falindo o fundo de pensão
Aerus, que garantia a aposentadoria de dez mil pessoas.
O capitalismo selvagem não conhece rostos e nomes
e principalmente a força de uma marca. O que a Matlin
faz agora é raspar o tacho e tentar salvaguardar
os últimos centavos de uma operação
que vem sendo questionada desde a sua origem.
Invertia
11 de abril de 2008 - 16h18
Varig pode perder concessões
para rotas suspensas
Fonte: Redação Terra
A
Varig pode perder o direito de operar as rotas para Paris,
Madri e Cidade do México, caso não retome
os vôos num prazo de 180 dias. A informação
é da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). A companhia aérea anunciou nesta quinta-feira
a suspensão dos vôos para estes destinos.
Segundo
a Anac, caso a Varig fique por mais de 180 dias sem voar
para os três destinos internacionais, deverá
solicitar uma nova concessão, no caso de no futuro
querer retomar as rotas. Segundo a empresa, os vôos
para Madri e Cidade do México serão suspenso
a partir de 12 de maio e, para Paris, a partir de 9 de junho.
Os
demais destinos internacionais da empresa são Bogotá,
Buenos Aires, Caracas e Santiago.
A
Varig colocou os telefones 0800 728 7787, 11 2164-2950 e
11 5091-2649 (bilhetes de milhagem) à disposição
dos passageiros.
Revista
IstoÉ Dinheiro
11/04/2008
Tempo fechado para os Constantino
As ações das empresas
da família desabam e os lucros caem sem parar. Até
órgãos de defesa do consumidor reclamam deles.
Afinal, por que a maré anda tão ruim para
o clã?
ADRIANA MATTOS
CONSTANTINO JÚNIOR, O HOMEM
QUE COMANDA A GOL: o mercado olha com desconfiança
a empresa que já foi a estrela da bolsa
A
FAMÍLIA CONSTANTINO TORNOU-SE UM fenômeno empresarial
da história recente do capitalismo nacional. Numa
velocidade impressionante, saiu do quase anonimato da década
de 90, quando (sem fazer alarde) construiu um pequeno império
no mercado de transportes rodoviários no País,
para se transformar num conglomerado de negócios
colossais, que somaram R$ 8,6 bilhões de receita
bruta em 2007.
Os
Constantino foram parar no ranking dos bilionários
da revista Forbes. Os quatro filhos do patriarca, o “seu”
Nenê Constantino, tinham em seu caixa particular (cada
um, é claro) US$ 1,1 bilhão em em 2006. As
mais de 30 empresas de ônibus, a compra da Companhia
Providência, a participação na BR Vias
e, principalmente, o controle da Gol Linhas Aéreas
catapultaram a família para a esfera dos muito ricos
e muito poderosos. Bem, quem foi rei raramente perde a majestade
e o prestígio. Mas pode ficar menos rico. É
exatamente o caso dos Constantino. O ano de 2007 foi um
dos piores para as empresas da família e 2008 começa
sem sinais de que as coisas possam mudar significativamente.
O
valor de mercado das empresas Gol e Providência diminuiu
36,7% em apenas quatro meses, caindo de R$ 9,8 bilhões
para R$ 6,2 bilhões desde dezembro. Somados, os lucros
das duas despencaram 65% no ano passado. No segmento de
transportes, os projetos também não caminham
da forma planejada.
Criada
em 2006, com 34% do capital nas mãos dos Constantino,
a empresa BR Vias ainda patina. Sua meta era ser
“uma das líderes do setor de concessões
rodoviárias”, como afirmava Antonio Beldi,
do grupo Splice, dono de 50% de seu capital. Até
hoje, ela não conseguiu encostar no grupo CCR e na
espanhola OHL, atuais líder e vicelíder
do mercado. No aguardado leilão para administrar
o trecho oeste do Rodoanel, no mês passado, a BR Vias
perdeu a disputa para a CCR. Mas o primeiro tropeço
veio cinco meses antes, em outro leilão para explorar
trechos de rodovias federais. Foi a vez de a OHL sair vitoriosa.
A
BR Vias, que tem no comando Henrique Constantino, ficou
com apenas um dos lotes, o da BR-153. A meta da família
nunca foi expandir a BR Vias na mesma velocidade da Gol.
Mas a conturbada fase é comum às duas companhias.
VALOR
DE MERCADO DA GOL JÁ É MENOR QUE O
DA TAM E ANALISTAS MANTÊM CAUTELA
A
Gol não consegue voltar a crescer com lucratividade
desde o início da crise aérea, no
final de 2006. O lucro caiu 60% em 2007, as despesas
operacionais subiram 58% e a margem operacional
estava negativa em dezembro (-5,9%). Pior: no final
de março a empresa fez um comunicado ao mercado.
Ela acredita que essa margem ficará entre
2% negativos e 0% no primeiro trimestre. E a ocupação
média de suas aeronaves deve chegar a 63%
de janeiro a março. Detalhe: ela esperava
uma taxa de até 69%. A compra da Varig teve
impacto enorme nesses números. Constantino
Júnior, presidente da Gol, afirmou há
um ano que esperava uma virada nos resultados da
Varig até o final de 2007. Nada aconteceu.
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Na
semana passada, a Varig anunciou que vai parar de voar para
o México, Paris e Madri a partir de maio. A manutenção
não justificaria os custos altos dessas rotas. “A
empresa registrou prejuízo operacional no último
trimestre de 2007 e assim deve continar nos primeiros meses
de 2008”, diz Caio Dias, analista do Santander.
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A
Varig é só um pedaço do problema.
A Gol, assim como a TAM, foi obrigada a reduzir
o número de decolagens em Congonhas desde
setembro. “As restrições de
vôo atingiram mais a Gol porque ela depende
mais de Congonhas”, afirma Dias. Esse não
é o exemplo único que coloca as duas
em posições diferentes. Em ambas,
há receita em alta, mas lucro e taxa de ocupação
encolheram e o preço das ações
só cai. Na TAM, porém, o tombo é
menos feio, pois o mercado espera uma melhora a
curto prazo. Neste ano, até 4 de abril, as
ações PN da TAM caíram 13,5%.
Na
Gol, desabaram 38%. Hoje, a Gol já
tem valor de mercado menor do que o da rival (R$
5,6 bilhões contra R$ 6,9 bilhões).
“Sabemos da complexidade do nosso negócio,
do perfil cíclico que caracteriza nossas
operações e dos desvios de rota muitas
vezes impostos por fatores externos que fogem ao
nosso controle”, informou Constantino
em nota, em fevereiro. Procurada, a companhia não
se manifestou. |
“SEU
NENÊ”, O HOMEM QUE CRIOU UM IMPÉRIO
A PARTIR DE UMA ÚNICA EMPRESA DE ÔNIBUS |
AS
DIFICULDADES EM CADA SETOR
Indicadores de desempenho de empresas da família
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