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Valor
Econômico
12/02/2007
Cai participação da
TAM
De dezembro de 2006 a janeiro deste ano, a participação
da TAM no mercado de aviação caiu cerca de
dois pontos percentuais tanto no mercado doméstico
quanto no internacional, para 47,2% e 58,7%, respectivamente.
A crise operacional da companhia no final
do ano passado pode ter estimulado a migração
de passageiros para outras empresas. A histórica
diminuição do número de clientes corporativos
em janeiro também pode ter afetado a atual líder
de mercado. A Gol, por sua vez, ampliou sua fatia nos segmentos
doméstico e internacional, para 38,4% e 16,6%, embora
tenha sido alvo de protestos e boicotes por parte das agências
de viagens em janeiro. O restante do mercado doméstico
ficou dividido entre Varig (4,5%), BRA (4,1%) e OceanAir(2,7%).
Os dados são da Agência Nacional de Aviação
Civil.
O Globo
12/02/2007
Ancelmo Góis
Varig, Varig, Varig
Dia 15 agora, a Varig deve anunciar a retomada
de vôos para Foz do Iguacu, Montevidéu, Santiago
e Londres.
Site Aeroconsult
11/02/2007
FATOS E INCOGNITAS DA AVIAÇÃO
NACIONAL
O novo ano deverá trazer bastantes
novidades para a aviação brasileira. De fato,
não foge à atenção dos observadores
e consultores que o setor se encontra numa fase de transição
e que sua situação atual não é
ideal para a indústria.
Há problemas para resolver. Entre
eles o dos controladores de vôo, cuja solução
ainda não foi encontrada. Mas dele dependem a segurança
e o crescimento de tráfego aéreo do país,
possíveis somente com a reformulação
da estrutura trabalhista desses profissionais e, ao mesmo
tempo, com uma série de investimentos no sistema
de comunicação para conferir-lhe maior confiabilidade.
O contraste entre civis e militares da aeronáutica
complica a criação de uma estrutura mais moderna,
com planos de carreira para os controladores e um nível
técnico adequado às exigências da aviação
internacional. Quanto à renovação dos
aparelhos e dos softwares, exige a disponibilidade de especialistas,
dos quais notoriamente o país carece. A boa nova
é que não faltam capitais para a atualização
do setor que controla o tráfego aéreo nacional
e internacional do país, mas ainda não se
encontrou um plano para nele investir a curto prazo e com
resultados imediatos.
Ao mesmo tempo, a passagem da administração
da aviação brasileira do tradicional Departamento
de Aviação Civil, DAC, subordinado à
Aeronáutica, para uma entidade civil ad hoc não
se traduziu em nenhuma das premissas que pretendiam justificar
a criação da Agência Nacional de Aviação
Civil. Ela não teve tempo para amadurecer, e seus
executivos com pouca experiência, se defrontaram de
repente com dois eventos conjugados, graves e sem precedentes,
ns quais evidenciaram sua incompetência. Aconteceu
a colisão do Legacy com o Boeing, motivando tensões
e lutos que, na procura desesperada de responsáveis,
envolveu os controladores de vôo e evidenciou as falhas
estruturais de um setor que nunca, no passado, havia recebido
a merecida atenção de parte das autoridades.
No meio das polêmicas e das dificuldades de relação
com o público, a Anac se perdeu. Foi incapaz de fornecer
qualquer apoio técnico, se omitiu nos contatos com
as famílias das vítimas e com os passageiros
e foi afastada das questões relacionadas com os controladores.
E criou tensões entre as empresas aéreas,
dificultando e atrasando a homologação da
VRG, tentando distribuir antes do tempo slots e linhas da
velha Varig, dando a impressão de estar favorecendo
os interesses da Tam e da Gol. Montou uma ampla e cara estrutura
sem dispor de profissionais preparados, e gastou milhões
para estar presente nos lugares onde devia, mas sem ter
a capacidade técnica para cumprir a maioria de suas
missões. Até agora a Anac foi apenas um desperdício,
que somado aos investimentos dispensáveis feitos
pela Infraero no luxo das instalações aeroportuárias,
contribuiu para agravar os problemas que explodiram em 2006.
Quanto às aéreas, o ano passado
foi propício para o crescimento de suas atividades
e de suas receitas. Gol e Tam registraram recordes em seus
lucros, devido ao aumento do tráfego e à ausência
da Varig, que ficou entregue a seus credores e nas mãos
de diretores às vezes dedicados, outras resenhados,
às vezes incompetentes e, na fase final, até
gananciosos.Assim, com a cumplicidade involuntária
da Anac criou-se um duopólio ameaçador, no
qual Tam e Gol fixaram suas regras tarifárias e montaram
frotas que já totalizam duas centenas de aeronaves.
Enquanto isso, a nova VRG Linhas Aéreas, que da velha
Varig conserva apenas três consoantes, se debate para
ter credibilidade financeira junto das empresas de leasing.
Com número de aviões insuficiente, encontra
dificuldades para crescer e manter rotas e slots indispensáveis
à sua existência e para animar a Matlin Patterson
a investir mais milhões, além da centena já
gastos.
Sem dúvida, a consolidação
da VRG é do máximo interesse para a aviação
brasileira. Somente ela, com seu nome e prestígio
poderá restabelecer o equilíbrio no mercado,
visto que (além do duopólio) as outras duas
aéreas com algum potencial, Oceanair e BRA, tem por
enquanto limitações operacionais e de composição
de frotas. Mas tudo avança lentamente, depois que
a VRG encontrou obstáculos oficiais para começar
a operar em escala maior e dificuldades no mercado para
aumentar sua frota, que reduziram o interesse da Matlin
Patterson para manter sua participação de
20% no capital da VarigLog. E diante da possibilidade dos
americanos repassarem suas ações a outros
interessados, surgiu a proposta da Lan Chile de ficar com
10% delas. Isso complementaria sua política de criar
subsidiárias na América Latina, como já
acontece no Ecuador, Peru, Argentina, onde a Lan opera e
interliga esses paises com vôos internacionais da
Lan Express. O restante 10% poderia ser adquirido pela Air
Canadá, que na época do leilão foi
uma das primeiras a demonstrar interesse em participar do
capital da VRG, tendo até disponibilizado aeronaves
que pretendia eliminar de sua frota.
De outro lado surgiu a informação
de que a Gol estaria testando o mercado americano para verificar
até que ponto seus resultados e seu prestígio,
que tem tido destaque nos EUA, lhe facilitariam conseguir
capitais e novos equipamentos para investir na VRG. O projeto
carece de clareza. Talvez a ex-Varig e a Gol poderiam integrar
a mesma sociedade, sendo que a VRG voltaria a operar quase
todas as rotas para o exterior e a Gol se dedicaria ao Brasil
e à América Latina. Isso evitaria a perda
de preciosos slots da velha Varig, e a Gol continuaria mantendo
no país sua imagem de low-fare, ao mesmo tempo em
que a VRG tentaria implementar uma política de low-cost
em suas operações internacionais. . Mas há
outra possibilidade: a Gol ficaria apenas como acionista
da VRG, adquirindo praticamente da VarigLog (como acontece
em vários países) seus slots nacionais ameaçados
pela Anac. De fato, visando operar em pistas curtas a Gol
tem assinado com a Boeing 87 pedidos firmes de novos 737-800
SFP (Short Field Performance), que seriam ideais numa malha
de rotas que incluiria cidade menores e que teria seu hub
principal em Congonhas.
A previsão é que só
depois do Carnaval e após a formação
do novo governo, estes e outros problemas sairão
do papel à procura de soluções. Delas
depende muito do futuro do setor aéreo nacional,
que precisa de criatividade e competência para, afinal,
renovar seu cenário, que além de carente de
uma estrutura moderna, adequada às exigências
atuais da aviação civil, é hoje dominado
pela atuação de apenas duas vedetes. E todos
sabem que somente dobrando o número de participantes,
a indústria poderá alcançar a eficiência
e o equilíbrio desejados.
Fonte Não Citada - Recebida
por email
11/02/2007
Varig deixa vácuo aéreo
Companhias aéreas brasileiras
crescem, mas não absorvem espaço deixado pela
Varig
Por Rodrigo Cunha
O balanço de 2006 foi bastante favorável
para a maioria das vinte companhias aéreas brasileiras.
Pelo menos no que diz respeito ao aumento do número
de passageiros por quilômetros pagos transportados
em relação a 2005. Entre as de pequeno e médio
porte, as que mais cresceram foram a Oceanair, com 429,4%
de aumento, a Webjet – que começou a operar
em abril de 2005 –, com 196,5%, e a Passaredo, com
109,1%. Embora as duas maiores companhias do mercado, a
Tam e a Gol, também tenham crescido, o balanço
geral das empresas foi positivo apenas nos vôos domésticos.
Nos vôos internacionais, apesar do crescimento de
41,2% da Tam e do extraordinário salto de 141,1%
da Gol, o somatório das empresas brasileiras não
foi suficiente para absorver a queda de 54,8% do número
de passageiros por quilômetros pagos transportados
pela Varig antes do encerramento de suas operações,
em dezembro de 2006, com a criação da nova
companhia Varig Linhas Aéreas.
"A saída da Varig da maior
parte das rotas internacionais foi suprida de modo muito
deficiente pelas demais empresas", diz Cristiano Monteiro,
da Universidade Federal Fluminense (UFF), que estudou a
trajetória da Varig em seu mestrado e o setor de
aviação comercial em seu doutorado. A participação
nos vôos internacionais da Tam e da Gol, juntas, aumentou
28,29%, acima da redução da fatia da Varig
(27,06%). Mas a maioria dos destinos fora do país
antes supridos pela Varig agora estão sendo atendidos
apenas por companhias estrangeiras. "A Varig chegou
a voar para mais de 40 cidades do exterior, tinha vôos
para a África e a Ásia. Muito antes de parar,
ela já havia abandonado várias dessas rotas.
Hoje, as empresas brasileiras voam para apenas sete destinos
internacionais de longo alcance, muito pouco para um país
com a projeção internacional que o Brasil
tem", avalia Monteiro. Segundo ele, a portuguesa Tap
tem seis ou mais aviões saindo diariamente de Portugal
para diferentes cidades brasileiras, a alemã Lufthansa
e a Air France têm cada uma dois vôos diários
para o Brasil, e quatro empresas norte-americanas voam regularmente
para cá. "São passageiros que poderiam
estar voando em empresas brasileiras, mas não estão",
completa.
No cenário dos vôos domésticos,
o crescimento não se deu de forma equilibrada em
todo o território nacional. "O país possui
hoje um transporte aéreo mais competitivo e eficiente,
mas também com operação mais concentrada
em poucos aeroportos e regiões", afirma Alessandro
Oliveira, coordenador do Núcleo de Estudos em Competição
e Regulação do Transporte Aéreo, do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Segundo ele, os quinze anos de liberalização
econômica no setor trouxeram benefícios como
a redução de preços das passagens e
o acesso de novos segmentos de consumidores ao transporte
aéreo. Uma pesquisa da Gol – que entrou no
mercado em 2001 como empresa de baixos custos e tarifas
reduzidas –, aponta que, em 2002, 4% dos passageiros
da companhia aérea viajaram pela primeira vez de
avião. Esse percentual subiu para 10% em 2004. Já
os vôos fretados da BRA atraem até mesmo passageiros
das classes C e D, que preferem viajar de madrugada, em
percursos como a ponte aérea Rio-São Paulo,
por até metade do preço da concorrência.
Mas o maior número de vôos se concentra mesmo
nos horários convencionais e em poucas capitais.
"É natural observar-se uma concentração
de operações em aeroportos centrais e em horários
de pico, onde o poder de mercado é mais alto",
observa Oliveira. "Concentrar no ‘filé’
de rotas lucrativas virou moda", completa.
Nas principais capitais, onde a demanda
é maior, as companhias conseguem praticar um preço
mais alto para as passagens. "Como o custo delas inclui
tarifas de infra-estrutura que são invariáveis
com relação às condições
do próprio mercado, tem-se reforçado o efeito
de maior atração de vôos e geração
de gargalos, congestionamento e atrasos, e piora na cobertura
geográfica, com nítida redução
nos indicadores de universalização ao longo
do território nacional", explica Oliveira. O
Brasil já teve mais de 300 cidades servidas pelo
transporte aéreo regular, no início da década
de 1960. Hoje, são menos de 200, com um movimento
de concentração dos vôos regulares nos
quinze maiores aeroportos do país desde o final de
2000. Somente os aeroportos de Congonhas e Brasília,
por onde circulam anualmente cerca de 10 milhões
de passageiros, entre embarques e desembarques, concentram
quase 25% do total de vôos domésticos. Segundo
Oliveira, o problema da concentração de vôos
em poucos aeroportos também já ocorreu nos
Estados Unidos e na Europa. Para resolvê-lo, ele sugere
a flexibilização das taxas que as companhias
pagam à Infraero – que poderiam ser menores
nos aeroportos com baixa demanda –, maior descentralização
da administração aeroportuária e maior
liberdade de negociação com empresas interessadas
em operar em aeroportos menores.
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