:::::RIO DE JANEIRO - 11 DE JULHO DE 2006 :::::
 

Folha de São Paulo
11/07/06
Preço mínimo do leilão da Varig cai 81%

Valor oferecido pela VariLog cai de US$ 277 mi para US$ 52 mi; administradora aceita, e leilão é marcado para o dia 18
Segundo a Deloitte, lance refere-se só à linha de crédito oferecida pela ex-subsidiária para que a companhia sobrevivesse até a venda

JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio marcou o novo leilão da Varig para o próximo dia 18. A venda só ocorrerá se os credores aprovarem em assembléia marcada para o dia 17 a proposta de compra apresentada pela VarigLog.

Após uma audiência de mais de sete horas na Justiça do Rio, a administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, avaliou que a proposta da VarigLog, com modificações, merece ir a leilão.

O preço mínimo de aquisição da companhia foi alterado de R$ 277 milhões, conforme o previsto na proposta da ex-subsidiária, para US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões). Segundo o administrador, o lance mínimo atual refere-se apenas à linha de crédito oferecida pela VarigLog para que a Varig sobrevivesse até a realização de um novo leilão.

De acordo com Luiz Alberto Fiore, sócio da Deloitte, os demais interessados em adquirir a companhia aérea precisarão oferecer lances superiores a US$ 24 milhões. Além disso, deverão se comprometer a emitir debêntures (títulos de dívida) para credores trabalhistas e com garantias contratuais, como o Aerus, fundo de pensão dos funcionários.

O interessado poderá emitir debêntures no valor de R$ 100 milhões com resgate em dez anos e remuneração fixa de 8,4% ao ano ou resgatáveis à vista por cerca de R$ 82 milhões. Haverá também o compromisso de investir na nova Varig US$ 75 milhões até 48 horas após a homologação da venda.

Em meio à discussão, a VarigLog realizou ontem o décimo primeiro depósito para garantir a sobrevivência da Varig. O valor não foi informado, mas até a última sexta-feira a ex-subsidiária já havia aportado US$ 11 milhões. A Varig tem usado os recursos para pagar despesas com combustível e tarifas. Ontem, a empresa pagou R$ 175 mil à Infraero referentes a tarifas aeroportuárias de hoje.

O limite estabelecido para a linha de crédito oferecida à Varig é de US$ 20 milhões. O presidente da Varig afirmou na última sexta que a renovação seria automática e que US$ 2 milhões ou US$ 3 milhões a mais não impediriam a conclusão da operação.

O principal ponto questionado pela Deloitte era o preço mínimo de R$ 277 milhões que seria destinado à velha Varig para o pagamento de credores.

A audiência de ontem reuniu representantes da Deloitte, o presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, e os juízes que cuidam do caso.

Nela, também foi definido que a "velha Varig", parcela da empresa que permanece em recuperação judicial, ficará com um único destino, Porto Seguro (BA), e duas autorizações de vôo.

Contestação

Os advogados da VarigLog apresentaram documento contestando o parecer da administradora judicial da Varig. Na última sexta-feira, a consultoria entregou à Justiça um relatório em que avalia que a venda da companhia aérea não seria benéfica para os credores.

Segundo a administradora, os R$ 277 milhões oferecidos pela Varig estavam inflados porque incluíam itens como debêntures, aluguéis e fretamentos. Para a consultoria, o valor real da proposta é de R$ 126,96 milhões.

A audiência começou às 13h, mas foi suspensa por três horas durante à tarde para que a Deloitte pudesse avaliar a nova documentação. À noite, foi retomada. O acordo só foi anunciado depois das 23h.




Folha de São Paulo
11/07/06
Endosso de bilhetes será feito até hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pedido da Varig, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prolongou até hoje o segundo plano de emergência instituído neste ano para socorrer a aérea. Por mais um dia, as concorrentes da companhia deverão endossar bilhetes já emitidos, e os passageiros que tiverem vôos cancelados embarcarão em outras empresas.

O plano atual teve início no dia 29 de junho e deveria durar até ontem, devido à interrupção de trechos da Varig causada por manutenção de aeronaves e o impasse sobre a recuperação judicial da empresa.

Até a conclusão desta edição, a Anac não havia divulgado o boletim sobre o funcionamento do plano dos últimos três dias. Em todos os boletins diários anteriores, a agência esforçou-se para transmitir a idéia de tranqüilidade em relação aos cancelamentos.

A 8ª Vara Empresarial do Rio vem administrando o destino da Varig, que pode falir ou ser vendida. A única proposta de compra, encaminhada pela VarigLog, encontra resistência da Deloitte, consultoria que administra a aérea hoje. Ex-subsidiária de cargas da Varig, a VarigLog pertence à Volo, vinculada por sua vez ao fundo americano Matlin Patterson.

Se a Varig falir, a Anac diz ter em mãos um plano de contingência, com o repasse imediato de trechos para companhias concorrentes. No caso de venda, a nova controladora deverá apresentar seu plano de negócios. Em ambos os casos, os bilhetes já emitidos devem ser honrados, diz a Anac. (ID)


Folha de São Paulo
11/07/06
Sindicato das aéreas e TAM rebatem críticas de empresa candidata à Varig
DA REPORTAGEM LOCAL

O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) e a TAM rebateram as afirmações do presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antonio Audi, de que a companhia e a Gol querem dominar o mercado e por isso criticam, via sindicato, a venda da ex-subsidiária para a Volo.

No Brasil, aéreas não podem ter mais de 20% de participação estrangeira, e o sindicato acusa a Volo de ser "laranja" do fundo americano Matlin Patterson. A VarigLog agora quer comprar a Varig, e Audi, em entrevista publicada ontem na Folha, afirmou que as críticas são decorrentes do fato de Anchieta Hélcias, do Snea, ser "diretor de relações" da TAM.

"Não sou do corpo diretivo da TAM. Sou consultor da companhia. Ninguém pode ser do Snea sem ter um vínculo com companhias aéreas", rebateu Hélcias. "Essa posição [de que a Volo tem maioria de capital estrangeiro] não é minha. É a posição da assembléia geral do Snea realizada em 20 de dezembro. Fui denominado diretor delegado para coordenar essa questão", completa.

Hélcias disse ainda que a proposta da VarigLog pela Varig, criticada pela administradora judicial da aérea, a Deloitte, mostra que a intenção da ex-subsidiária ao manifestar interesse pela empresa foi só conseguir aprovação da sua venda para a Volo pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Já a TAM divulgou nota na qual informa que o Snea reúne 16 empresas associadas e que foi reconhecido como sindicato representante das companhias em 1941. "A atual diretoria, eleita pelos associados, tem representantes da Varig nos cargos de presidente e de diretor tesoureiro", diz o texto.

A companhia afirmou ainda que Hélcias foi eleito para representar o sindicato em assembléia e que ele não faz parte do corpo diretivo da TAM.

Segundo o texto divulgado pela TAM, sua margem Ebitdar (lucro antes dos juros, impostos, depreciações, amortizações e leasing) em 2005 foi de 20,2%. Em entrevista, Audi disse que as grandes aéreas brasileiras não querem mais concorrência, e por isso lutam contra a proposta da VarigLog, e que o Brasil é o único país no qual uma empresa aérea tem mais de 30% de margem Ebitdar.


O Estado de São Paulo
11/07/06
Justiça aprova proposta da VarigLog
Assembléia de credores será realizada no dia 17 e leilão no dia seguinte; preço mínimo cai para R$ 52,8 milhões
Alberto Komatsu

A Justiça do Rio aprovou ontem a única proposta de compra da Varig feita pela sua ex-subsidiária de logística e transporte de cargas VarigLog. Depois de uma reunião de quase sete horas, o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação judicial da companhia, marcou uma assembléia de credores para o dia 17 de julho. Nessa assembléia, será votada a oferta de cerca de US$ 500 milhões pela companhia aérea, para que ela possa ser levada a leilão no dia seguinte, 18 de julho. O preço mínimo da Varig no leilão, que era de R$ 277 milhões, foi reduzido a R$ 52,8 milhões (o equivalente a US$ 24 milhões).

O valor foi reduzido porque algumas garantias de receita que a VarigLog previa para a Varig antiga, como fretamento de aviões e aluguel de imóveis, foram retiradas do cálculo e passaram a ser obrigações do futuro comprador. O valor mínimo corresponde ao ressarcimento da quantia que a VarigLog se dispôs a emprestar para a ex-controladora até a realização do novo leilão.

Ontem foi feito o 11º depósito, cujo valor não foi divulgado. A Varig, no entanto, depositou para a Infraero R$ 175 mil para o pagamento de taxas aeroportuárias referentes ao dia de hoje. Até sexta-feira, foram desembolsados US$ 11 milhões para pagamento de despesas como combustível, arrendamento de aviões e taxas aeroportuárias. “A minha avaliação (sobre a proposta) é extremamente positiva porque estamos garantindo a continuidade da Varig”, afirmou o presidente da empresa, Marcelo Bottini.

A proposta da VarigLog chegou a ser contestada na sexta-feira passada pelo administrador judicial da Varig, a consultoria Deloitte. Por meio de um parecer, a Deloitte havia considerado que a proposta da ex-subsidiária era financeiramente pior do que a arrecadação de recursos numa eventual falência da companhia aérea.

O sócio-diretor da consultoria, Luiz Alberto Fiore, no entanto, disse ontem, no entanto, que houve uma melhora “considerável”. Segundo ele, uma das modificações apresentadas foi a possibilidade de os credores trabalhistas (classe 1) e os credores com garantias reais (classe 2) receberem recursos para quitar débitos por meio da emissão de papéis de dívida (debêntures) à vista. Na proposta original da VarigLog, estava prevista duas emissões de debêntures totalizando R$ 100 milhões, no prazo de dez anos, com juros de 8,4% ao ano. Agora, uma das possibilidades é o resgate desses papéis à vista, mas com um deságio que reduziria o valor para R$ 82,8 milhões.

A reunião começou às 13 horas, mas foi suspensa por três horas. A interrupção foi necessária para que a consultoria Deloitte, o presidente da Varig e o promotor do Ministério Público do Rio, Gustavo Lunz, avaliassem um documento enviado pelos advogados da VarigLog, no qual a ex-subsidiária toma posição sobre o parecer do administrador judicial da Varig, que questiona o preço mínimo.

A audiência de ontem foi pedida pela Deloitte justamente para tentar chegar a um consenso sobre o valor mínimo, com o objetivo de garantir o pagamento dos credores. “Estamos trazendo as explicações que a Deloitte pediu. Não há nenhuma definição sobre alterações econômico-financeiras”, afirmou o advogado da VarigLog, João Afonso de Assis, ao chegar ao Tribunal de Justiça.

De acordo com um representante de um grupo de credores da Varig, caso a proposta da VarigLog permanecesse a mesma, a tendência é de que os credores, que são privados, se abstenham numa possível assembléia para votar a proposta.


 

O Globo
11/07/2006
Varig: leilão será dia 18, com preço mínimo só de US$ 24 milhões à vista
Erica Ribeiro

RIO - A Justiça do Rio decidiu que a Varig será leiloada em 18 de julho, um dia depois da assembléia de credores, e que o preço mínimo à vista será de apenas US$ 24 milhões. O valor representa os US$ 20 milhões que a VarigLog está injetando na Varig até o leilão acrescidos de 20%. Se a VarigLog for a vencedora, já terá pago esse preço. Todo o resto a ser pago pela Varig poderá ser desembolsado a prazo.

A decisão foi anunciada no fim da noite de ontem, após um dia inteiro de reuniões entre representantes de Varig, VarigLog, Deloitte (administradora judicial da companhia aérea) e Justiça. O objetivo da reunião era tentar convencer a VarigLog a melhorar sua proposta, que oferecia muito pouco à vista.

Segundo Luiz Alberto Fiore, da Deloitte, a VarigLog garantiu que todos os bens imóveis serão da velha Varig - que não vai a leilão e ficará com a dívida de cerca de R$ 7,5 bilhões:

- O valor da proposta é mais vantajoso hoje do que o processo de liquidação.

A VarigLog havia proposto pagar R$ 277 milhões pela nova Varig. Além dos US$ 20 milhões, ela daria a trabalhadores e aposentados R$ 100 milhões em debêntures conversíveis em ações da nova Varig num prazo de dez anos, com rendimento anual de R$ 4,2 milhões; R$ 15 milhões em três anos pelo fretamento de aviões que ficarão com a velha Varig; R$ 10 milhões por serviços encomendados ao Centro de Treinamento; e R$ 24 milhões pela recompra de ações da VarigLog em poder do fundo de pensão da Varig, o Aerus.

Tudo isso se tornou uma obrigação de quem comprar a Varig no leilão, mas igualmente a prazo. No caso das debêntures, se o comprador quiser, poderá resgatar os papéis à vista, por R$ 82 milhões.

- Não há mais tempo para uma nova proposta. Agora é o mercado que vai decidir - disse o juiz Luiz Roberto Ayoub.

Antes do fim da reunião, o promotor de Justiça Gustavo Lunz, do Ministério Público Estadual do Rio, chegou a afirmar que a VarigLog estaria disposta a entregar as debêntures à vista.

De acordo com a Infraero, ontem a Varig cancelou 60,4% dos vôos programados até as 17h. De 240 vôos previstos, 145 não decolaram, sendo 129 domésticos e 16 internacionais.


Zero Hora
11/07/06
Varig Log mantém proposta

Novo leilão deve ser dia 18

Após audiência, ontem à noite, a proposta da Varig Log de compra da Varig foi mantida praticamente inalterada. Segundo o promotor Gustavo Lunz, do Ministério Público do Rio, a assembléia de credores pode ser marcada para o dia 17, e o novo leilão, para o dia 18.

O principal ponto questionado em parecer pela Deloitte, administradora judicial da Varig, foi o preço mínimo de R$ 277 milhões que seria destinado à velha Varig para pagar a credores. A única mudança foi a antecipação de parte da remuneração dos trabalhadores e dos credores com garantias contratuais, como o Aerus (fundo de pensão dos funcionários) e empresas de leasing.

A Varig Log havia proposto a emissão de duas debêntures (títulos de dívida) com o valor de R$ 50 milhões cada uma e resgate em 10 anos. A ex-subsidiária oferece, agora, o pagamento antecipado de R$ 92 milhões referentes ao valor das debêntures. Anualmente, os credores receberiam uma remuneração garantida de R$ 4,2 milhões. Também foi definido que a "velha Varig" ficará com um único destino, Porto Seguro (BA), e duas autorizações de vôo.


Valor Econômico
11/07/2006
Varig recebe novo aporte da VarigLog

Ana Paula Grabois e Janaína Vilela

A VarigLog voltou a depositar recursos para garantir as operações da Varig por mais 24 horas. O valor, mais uma vez, não foi informado. Até a última sexta-feira, a ex-subsidiária da Varig já havia depositado US$ 11 milhões na conta da aérea, dentro de um plano emergencial de US$ 20 milhões. Os depósitos vêm sendo feitos diariamente desde 26 de junho.

Até o fechamento desta edição representantes da administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, estavam reunidos com executivos da aérea na Justiça do Rio para analisar os argumentos da VarigLog sobre um relatório em que a consultoria questionava a proposta da ex-subsidiária de transportes de carga e logística da Varig para adquirir a companhia.

O que estava na mesa de negociações era a emissão de debêntures à vista para as classes 1 (trabalhadores) e 2 (fundo de pensão Aerus) de credores no valor de R$ 92 milhões. A proposta inicial da ex-subsidiária previa a emissão desses papéis, conversíveis em ações da nova empresa, com o valor de face de R$ 50 milhões de reais, em dez anos, para cada estas duas classes de credores. A oferta da VarigLog não prevê aporte de recursos para a classe 3 de credores (estatais, empresas de leasing, entre outros).

A ex-subsidiária, segundo o promotor do Ministério Público do Estado do Rio, Gustavo Lunz, não modificou o preço mínimo de R$ 277 milhões oferecido pela Varig "velha", aquela que herdará o passivo de cerca de R$ 7 bilhões da companhia e continuará em recuperação judicial. "Os credores terão que acreditar que isso (a proposta) é melhor do que uma falência", disse Lunz.

A Justiça do Rio ainda não havia se pronunciado até o início da noite de ontem sobre as negociações entre a Varig, a VarigLog e o administrador judicial da aérea sobre a sua venda. Os representantes das três companhias estavam reunidos desde às 13 horas de ontem em uma audiência com uma comissão de juízes que tratam da recuperação judicial da Varig. O presidente da aérea, Marcelo Bottini, também participava do encontro.

O objetivo da reunião era chegar a um acordo, reforçou o representante da Deloitte, Luiz Alberto Fiore. A consultoria, que atua como o administrador judicial da Varig, desaprovou a oferta feita pela VarigLog na sexta-feira.

A principal crítica da Deloitte se refere ao preço mínimo proposto pela VarigLog. O preço mínimo sugerido é de R$ 277 milhões, valor que contempla a contratação de serviços e o pagamento de debêntures aos credores, além da recompra de ações da VarigLog no Aerus (fundo de pensão dos funcionários da Varig) por R$ 24 milhões.

Porém, a Deloitte considera válido para o preço mínimo apenas as debêntures, que ficariam com os credores das classes 1 e 2 (trabalhadores e Aerus) e os US$ 20 milhões referentes a um aporte emergencial para dar continuidade às operações da Varig até a realização de um novo leilão.

Na avaliação da Deloitte, ao desconsiderar os componentes que não são válidos para a formação do preço mínimo, a proposta da VarigLog se resumiria a apenas R$ 126,96 milhões. Já a venda de ativos da Varig no caso de decretação de falência renderia aos credores R$ 268,35 milhões, segundo cálculos que constam do processo de recuperação judicial.


Estadão
11 de julho de 2006 - 03:14
Justiça aprova proposta da VarigLog
Credores vão se reunir em assembléia no dia 17 de julho para votar oferta de cerca de US$ 500 milhões pela companhia, para que ela possa ser levada a leilão no dia seguinte
Alberto Komatsu

RIO - A Justiça do Rio aprovou a única proposta de compra da Varig feita pela sua ex-subsidiária de logística e transporte de cargas VarigLog. Depois de uma reunião de quase sete horas, o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação judicial da companhia, marcou uma assembléia de credores para o dia 17 de julho.

Nessa assembléia, será votada a oferta de cerca de US$ 500 milhões pela companhia aérea, para que ela possa ser levada a leilão no dia seguinte, 18 de julho. O preço mínimo da Varig no leilão, que era de R$ 277 milhões, foi reduzido a R$ 52,8 milhões (o equivalente a US$ 24 milhões).

O valor foi reduzido porque algumas garantias de receita que a VarigLog previa para a Varig antiga, como fretamento de aviões e aluguel de imóveis, foram retiradas do cálculo e passaram a ser obrigações do futuro comprador. O valor mínimo corresponde ao ressarcimento da quantia que a VarigLog se dispôs a emprestar para a ex-controladora até a realização do novo leilão.

Na segunda-feira, foi feito o 11º depósito, cujo valor não foi divulgado. A Varig, no entanto, depositou para a Infraero R$ 175 mil para o pagamento de taxas aeroportuárias. Até sexta-feira, foram desembolsados US$ 11 milhões para pagamento de despesas como combustível, arrendamento de aviões e taxas aeroportuárias. "A minha avaliação (sobre a proposta) é extremamente positiva porque estamos garantindo a continuidade da Varig", afirmou o presidente da empresa, Marcelo Bottini.

A proposta da VarigLog chegou a ser contestada na sexta-feira passada pelo administrador judicial da Varig, a consultoria Deloitte. Por meio de um parecer, a Deloitte havia considerado que a proposta da ex-subsidiária era financeiramente pior do que a arrecadação de recursos numa eventual falência da companhia aérea.

O sócio-diretor da consultoria, Luiz Alberto Fiore, no entanto, disse, no entanto, que houve uma melhora "considerável". Segundo ele, uma das modificações apresentadas foi a possibilidade de os credores trabalhistas (classe 1) e os credores com garantias reais (classe 2) receberem recursos para quitar débitos por meio da emissão de papéis de dívida (debêntures) à vista. Na proposta original da VarigLog, estava prevista duas emissões de debêntures totalizando R$ 100 milhões, no prazo de dez anos, com juros de 8,4% ao ano. Agora, uma das possibilidades é o resgate desses papéis à vista, mas com um deságio que reduziria o valor para R$ 82,8 milhões.

A reunião começou às 13 horas, mas foi suspensa por três horas. A interrupção foi necessária para que a consultoria Deloitte, o presidente da Varig e o promotor do Ministério Público do Rio, Gustavo Lunz, avaliassem um documento enviado pelos advogados da VarigLog, no qual a ex-subsidiária toma posição sobre o parecer do administrador judicial da Varig, que questiona o preço mínimo.

A audiência foi pedida pela Deloitte justamente para tentar chegar a um consenso sobre o valor mínimo, com o objetivo de garantir o pagamento dos credores. "Estamos trazendo as explicações que a Deloitte pediu. Não há nenhuma definição sobre alterações econômico-financeiras", afirmou o advogado da VarigLog, João Afonso de Assis, ao chegar ao Tribunal de Justiça.

De acordo com um representante de um grupo de credores da Varig, caso a proposta da VarigLog permanecesse a mesma, a tendência é de que os credores, que são privados, se abstenham numa possível assembléia para votar a proposta.


 

Reuters
11/07 - 00:28h
Justiça aceita proposta da VarigLog pela Varig

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Depois de mais de dez horas de reunião, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu aceitar a proposta de compra da Varig pela VarigLog, que sofreu modificações, e marcou para o próximo dia 17 uma assembléia de credores. Se a proposta for aprovada, o leilão será realizado no dia seguinte.

Na assembléia, os credores julgarão ainda um plano de pagamento das dívidas elaborado pela Varig, que será apresentado junto com a proposta da VarigLog.

Segundo o sócio da consultoria Deloitte, Luiz Alberto Fiori, foram feitas pequenas mudanças na proposta para satisfazer tanto credores como o comprador.

Ele explicou que o preço mínimo de venda da empresa será de 24 milhões de dólares (valor já pago pela VarigLog em empréstimos à Varig). Caso alguma outra empresa vença o leilão, terá de ressarcir a VarigLog.

Além disso, o novo controlador da Varig terá de investir imediatamente 75 milhões de dólares até a aprovação da compra dos órgãos reguladores.

As debêntures que antes integravam o preço mínimo foram colocadas à parte, passando a ser uma obrigação do novo dono da Varig.

"As debêntures foram retiradas do preço mínimo e viraram uma obrigação acessória. Assim como também poderão ser resgatadas imediatamente após o leilão", disse Fiori, referindo-se ao principal ponto de polêmica da proposta da VarigLog.

Para ter aprovada a proposta, a VarigLog também concordou em deixar imóveis no valor de 130 milhões de reais com a Varig antiga, assim como uma aeronave da Nordeste (empresa do grupo Varig), que fará apenas duas frequências diárias entre Congonhas e Porto Seguro.

"Com isso garantimos uma certa remuneração para a empresa que fica, que terá ainda ganho com o aluguel do Centro de Treinamento de Pilotos e, mais à frente, poderá receber as ações na Justiça sobre tarifas e ICMS", explicou o consultor.

A Varig venceu em última instância uma ação contra a União para o pagamento de tarifas congeladas em planos econômicos da década de 1980, pela qual poderá receber cerca de 4,5 bilhões de reais.

A empresa briga também para receber ICMS indevidamente cobrado em alguns Estados.

Na avaliação da Deloitte, a falência da Varig seria mais vantajosa para os credores do que a proposta da VarigLog.

O promotor do Ministério Público, Gustavo Lunz, no entanto, ressaltou que no caso de uma falência a empresa não teria o que vender.

"Esses ativos existem porque é uma recuperação judicial. Se for pela falência, não tem nem o que ser vendido", disse o promotor a jornalistas ao sair da sala de reuniões onde representantes da VarigLog, da Deloitte e os juízes envolvidos no caso continuam a negociação.

"O valor de uma marca não é nenhum na falência", complementou.

(Por Denise Luna)


Folha Online
10/07/2006 - 22h02

VarigLog descarta subir preço, mas admite pagamento à vista pela Varig
CLARICE SPITZ

A VarigLog não pretende mudar o preço mínimo da oferta feita pela Varig, mas pode alterar a forma de pagamento das debêntures, segundo o promotor Gustavo Lunz. Ele participa das negociações entre a ex-subsidiária, a Varig, o administrador judicial Deloitte e os juízes que acompanham o processo.

A proposta da VarigLog previa a emissão de debêntures para duas classes de credores -- classe um composta pelos trabalhadores e classe dois, pelo fundo de pensão Aerus e pelas empresas de leasing. Cada classe receberia debêntures com valor de face de R$ 50 milhões e prazo de vencimento de dez anos.

Pelas negociações, este pagamento poderia ser feito à vista, mas no valor presente de R$ 92 milhões conjuntamente. "O valor das debêntures foi mantido, mas eles abriram a possibilidade de pagamento a vista. O acordo ainda não fechado", disse Lunz.

Segundo Lunz, estuda-se a possibilidade de convocar uma assembléia de credores para o dia 17 de junho e um eventual leilão para o dia 19.

Ao ser questionado sobre se as alterações na proposta da VarigLog eram suficientes para os credores, o promotor afirmou que se tratava de uma "proposta possível". Ele afirmou que a proposta de manutenção do emprego dos trabalhadores não foi alterada, o que significa manter 2.500 empregos --a Varig tem hoje 10 mil funcionários.


Reuters
10/07 - 22:08h
VarigLog admite pagar credores à vista para comprar a Varig

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A VarigLog poderá pagar à vista aos credores da Varig, mas com desconto, o valor previsto para ser diluído em dez anos na proposta original de compra da companhia aérea, informou o nesta segunda-feira promotor do Ministério Público, Gustavo Lunz.

Depois de quase nove horas de reunião para decidir o futuro da Varig, o promotor afirmou que esta será a possível única mudança na proposta da VarigLog, que na sexta-feira recebeu um parecer desfavorável da consultoria Deloitte, administradora judicial da Varig.

Na avaliação da Deloitte, a falência da Varig seria mais vantajosa para os credores do que a proposta da VarigLog.

Lunz, no entanto, ressaltou que no caso de uma falência a empresa não teria o que vender.

"Esses ativos existem porque é uma recuperação judicial. Se for pela falência, não tem nem o que ser vendido", disse o promotor a jornalistas ao sair da sala de reuniões onde representantes da VarigLog, da Deloitte e os juízes envolvidos no caso continuam a negociação.

"O valor de uma marca não é nenhum na falência", complementou.

De acordo com o promotor, a tendência é o fechamento de um acordo com a VarigLog e a Justiça deverá convocar uma assembléia de credores para avaliar a proposta entre os dias 17 e 18 de julho.

Se aprovada a proposta, um segundo leilão de venda da Varig será realizado dois dias depois, com a possibilidade de outras empresas interessadas participarem.

O preço mínimo oferecido pela VarigLog é de 277 milhões de reais, sendo que 100 milhões de reais seriam pagos ao longo de dez anos em debêntures conversíveis em ações.

Pelo novo modelo, segundo Lunz, a VarigLog pagaria 92 milhões de reais à vista aos credores da Varig.


O Globo
10/07/2006 - 21h58m
VarigLog não eleva valor da proposta de compra da Varig, mas altera condições de pagamento
Erica Ribeiro, do Globo


RIO - O promotor de Justiça do Ministério Público Estadual Gustavo Lunz afirmou nesta segunda-feira que a VarigLog, que tenta comprar a Varig, não elevou sua proposta de R$ 277 milhões pela companhia. O valor foi um dos principais itens questionados pela administradora judicial da empresa, a Deloitte, que chegou a afirmar que a falêncua era melhor que a venda dentro dos termos oferecidos.

O grupo, no entanto, se propôs a entregar à vista debêntures correspondentes a R$ 100 milhões a trabalhadores e credores. A proposta anterior previa que os papéis fossem distribuídos em um prazo de 10 anos. Com a redução do prazo da operação, no entanto, e, conseqüentemente a redução dos juros, o montante a ser distribuído baixaria para cerca de R$ 92 milhões.

Lunz participou durante todo o dia de uma reunião envolvendo representantes da VarigLog, da Varig, da Deloitte e da Justiça, que até as 22h desta segunda-feira não havia chegado ao fim.

O promotor, no entanto, afirmou que a decisão teria que sair anda nesta segunda-feira.

- Mas para isso os credores têm que acreditar que isso (a nova proposta) é melhor que uma falência - disse.

Caso a proposta da VarigLog seja aprovada, a assembléia de credores para sua avaliação deverá ser realizada no dia 17 de julho. O leilão da empresa seria realizado dois dias depois.



Valor Online
10/07 - 19:53h
Justiça pode se pronunciar ainda hoje sobre negociação envolvendo a Varig

RIO - A Justiça do Rio deve se pronunciar ainda esta noite sobre as negociações entre a Varig, a VarigLog e o administrador judicial da companhia aérea sobre a sua venda.

Os representantes das três empresas estão reunidos desde as 13 horas em uma audiência com uma comissão de juízes que tratam da recuperação judicial da Varig.

O presidente da aérea, Marcelo Bottini, também participa do encontro.

O objetivo do encontro é chegar a um acordo, reforçou o representante da Deloitte, Luiz Alberto Fiore.

A consultoria, que atua como o administrador judicial da Varig, desaprovou a oferta da VarigLog na sexta-feira passada.

A principal crítica da Deloitte se refere ao preço mínimo proposto pela VarigLog.

O preço mínimo sugerido pela VarigLog é de R$ 277 milhões, valor que contempla a contratação de serviços e o pagamento de debêntures aos credores, além da recompra de ações da VarigLog no Aerus (fundo de pensão dos funcionários da Varig) por R$ 24 milhões.

Porém, a Deloitte considera válido para o preço mínimo apenas as debêntures, que ficariam com os credores 1 e 2 (trabalhadores e Aerus) e os US$ 20 milhões referentes a um aporte emergencial para dar continuidade às operações da Varig até a realização de um novo leilão.

Na avaliação da Deloitte, ao desconsiderar os componentes que não são válidos para a formação do preço mínimo, a proposta da VarigLog se resumiria a apenas R$ 126,96 milhões.

Já a venda de ativos da Varig no caso de decretação de falência renderia aos credores R$ 268,35 milhões, segundo cálculos que constam do processo de recuperação judicial.

Desde o dia 26 de junho, a VarigLog vem fazendo depósitos diários como parte do pacote de ajuda emergencial no montante de US$ 20 milhões.

Nesta segunda-feira, a empresa, mesmo com as críticas da Deloitte, fez um novo depósito, cujo valor não foi informado.

Até a sexta-feira passada, a ex-subsidiária de transporte e logística da Varig havia depositado US$ 11 milhões.

Na avaliação do promotor do Ministério Público Estadual do Rio, Gustavo Lunz, a VarigLog não trouxe muitas alterações à sua proposta nesta audiência.

Ainda assim, segundo ele, as três empresas tentam renegociar os valores envolvidos.
(Ana Paula Grabois | Valor Online)


InfoMoney
10/07 - 19:52h
VarigLog não fez grandes alterações na nova proposta pela Varig, segundo promotor


SÃO PAULO - Segundo o promotor Gustavo Lunz, que acompanha o processo de recuperação judicial da Varig, a VarigLog não fez alterações significativas na nova proposta de compra da companhia aérea.

Neste momento, representantes da VarigLog, Deloitte, Varig e os juízes que acompanham o caso estão reunidos na Justiça do Rio na tentativa de chegar a um acordo.

Segundo o promotor, o motivo deste encontro é tentar renegociar os valores da oferta, principalmente a respeito do preço mínimo de R$ 277 milhões ofertada pela VarigLog, que a Deloitte considerou inválido.

Mais sobre a nova proposta A nova proposta da VarigLog conta também com injeção de US$ 75 milhões na Varig na data da homologação do leilão pela Justiça, mais US$ 75 milhões depois de 30 dias, mais recursos financeiros adicionais no valor máximo de US$ 215 milhões com base em cronograma de investimentos definido em plano de negócios.

Estes valores serão, especialmente, para capital de giro da Varig, recuperação de aeronaves, aquisição e arrendamento de mais aviões, negociação de fornecimento de combustíveis, renegociação de valores devidos às empresas de leasing, utilização de infra-estrutura aeroportuária e reserva de caixa.

Tribuna da Imprensa
10/07/2006
Abutres da Varig são os coveiros do Brasil

"Só o Poder Executivo está aparelhado para tomar providências urgentes. Uma intervenção breve e imediata evitará a calamidade que se prenuncia. Mesmo que pareça uma estatização. Não há outra saída, danem-se os liberais que viajam de jatinho."
Alberto Dines, 23 de junho de 2006

O que eu mais temia está acontecendo: a definição sobre a Varig vai sendo mandada para as calendas e parte da imprensa já não fala mais nisso. Fico pasmo e revoltado. E culpo também a mim por toda essa tortura. Porque não posso fazer mais do que escrever. E isso é muito pouco para a gravidade do crime.

De uma coisa não tenho dúvida. Isso tudo é uma tremenda conspiração contra todos nós: os abutres da Varig são os coveiros do Brasil. Porque ela, como escreveu Alberto Dines, "muito mais do que a Petrobras, representa o País no exterior e muito mais do que qualquer outra, simboliza a unidade nacional propiciada pelo desenvolvimento da nossa navegação aérea".

A insolvência da Varig vem sendo gerada ano a ano, tanto por loucuras de sua administração, simbolizadas pela passagem de 7 executivos por sua presidência em dois anos, como, principalmente, pela insensatez dos sucessivos governos, desde Fernando Collor.

Mas por que associo o cambalacho contra Varig ao Brasil? Por que nossa empresa tem carisma, tem pessoal altamente qualificado e massa crítica própria, capaz de assegurar sua sobrevivência com independência por mais de um século.

Globalização de encomenda

Veja bem: a festejada globalização é um projeto estratégico de consolidação de um sistema. Passou a ser, como está na moda dizer, uma preocupação recorrente, exatamente depois do desmonte do bloco socialista europeu, que servia de biombo para toda e qualquer ignomínia.

À falta do "poderoso inimigo", como não fabricaram outro a tempo (bem que tentam com os muçulmanos e o triângulo do mal), resolveram construir um modelo internacional, cujo maior objetivo é a apropriação pelas multinacionais das riquezas dos países "de segunda linha".

Desde o século passado, gravitamos em torno do dólar. Isso nos impediu de dar um grande salto, levou Getúlio Vargas ao suicídio, condicionou as próprias metas de JK e deu no golpe de 1964, quando João Goulart assimilava os diagnósticos da Cepal e trabalhava com projetos de afirmação nacional.

Como toda economia, a norte-americana exauriu-se. Quem tiver dúvida e tempo para ler, pode deslindar toda essa história lendo "Formação do Império Americano", de Moniz Bandeira.
Está claro para os poucos norte-americanos que detêm os dados estratégicos de sua economia em frangalhos que a sobrevivência de seu "american way of life" passa pela expansão dos seus tentáculos e a consolidação de sua hegemonia sobre os países satélites.

Onde entra a Varig nessa "digressão"? Ao contrário do que respondeu irritado o visivelmente míope senador Jefferson Perez, a nossa mais tradicional empresa de aviação é um estorvo para o projeto colonial, que vem sendo executado com zelo estratégico e passa pelo confinamento de nossa atividade econômica.

A afronta ao modelo

A Varig é uma das poucas tentativas de capitalismo social com altos índices de competência profissional. Sobre isso, veja o que escrevi aqui na "Tribuna da Imprensa", em 10 de abril de 2006:

"Ao contrário do que você possa imaginar, a Varig não é nenhuma empresa moribunda, apesar dos seus 79 anos. TEM OS MELHORES ÍNDICES TÉCNICOS DE OPERAÇÃO, INCLUINDO SEGURANÇA DE VÔO, PONTUALIDADE E QUALIDADE DOS SERVIÇOS. Sua taxa de participação no mercado só caiu porque teve de reduzir a frota e em face do noticiário terrorista contra ela.

A própria ministra Dilma Rousseff pôs mais lenha na fogueira, ao passar a idéia, após a reunião de sexta-feira, dia 7, que a Varig está em fase terminal e que o consenso é dar o "tiro de misericórdia, com a sua falência".

A sobrevivência da Varig é inconveniente para o sistema internacional exatamente pelo que simboliza como sinônimo de potencialidade de um país e pela garra dos seus funcionários, que impediram o seu assassinato no primeiro leilão e mostraram com coragem rara que podem tocá-la nos mesmos invejáveis padrões. Em toda a América Latina e em muitas nações de outros continentes, quem não se cartelizou foi engolido por capitais do "primeiro mundo".

O que cunha a nova face do capitalismo é exatamente a empresa sem alma, mais pragmaticamente indiferente à sorte dos seus empregados. Quando "investidores" falam em "sanear" a Varig pensam logo em duas coisas: demitir mais gente (ela já reduziu seu pessoal de 25 mil em 1995 para 11 mil, hoje) e sacrificar os aposentados com a danificação do seu fundo de pensão.

Sob os olhares do "mercado", o máximo que sobraria seria a marca indelével que significa Brasil com outras letras. O massacre dos seus competentíssimos profissionais é visto como uma regra básica do "saneamento". Podem até fazer como em outras empresas: demitem, "penduram" as obrigações trabalhistas e depois recontratam alguns como "terceirizados" por metade dos salários de hoje.

Parece igualmente claro, que o governo federal não pode fugir às suas responsabilidades, sob pena fazer um grande mal ao Brasil de hoje e de amanhã. Finalizo por hoje com um trecho do artigo de Alberto Dines, publicado no "Último Segundo":

Lula e seus conselheiros estão cometendo um erro trágico, de conseqüências imprevisíveis, ao aferrar-se cegamente à decisão de não intervir na situação da Varig. Fiado nas garantias de que "o mercado" daria conta do problema, interessado em exibir ao público externo um perfil liberal, não-intervencionista e, com medo de correr riscos no início da campanha eleitoral, o presidente Lula capitulou. Foge da raia.

Confunde prudência com omissão, deixa-se enganar pela máquina burocrática que aposta na inação para não ser testada em emergências. O governo Lula está cometendo um crime de lesa-pátria ao permitir a implosão da empresa que, muito mais do que a Petrobras, representa o País no exterior e, muito mais do que qualquer outra, simboliza a unidade nacional propiciada pelo desenvolvimento da nossa navegação aérea".


Estadão
10 de julho de 2006 - 18:50h
Funcionários reclamam de atraso no pagamento; Varig nega
A companhia explica que parcela os salários durante o mês, mas denúncia aponta para demora de três meses

Adriele Marchesini

SÃO PAULO - A Associação dos Pilotos da Varig disse nesta segunda-feira que a empresa tem um atraso de pagamento de três meses com a categoria. O Sindicato dos Aeroviários de São Paulo explicou que a demora varia de dois a três meses, de acordo com a faixa salarial, para os empregados em terra. A companhia aérea, por sua vez, nega ambas as denúncias, explicando que os pagamentos realmente são feitos "em picado" durante o mês, mas que a demora não passa disso. Em meio à polêmica estão os funcionários.

Comissário de bordo da Varig há 21 anos, Carlos Ferreira* não paga o condomínio há cinco meses. A escola de seus dois filhos adolescentes está atrasada, e o "pingado de dinheiro", como ele mesmo diz, que caía regularmente na conta, dava apenas para aliviar um pouco o cheque especial ou para fazer uma compra básica de supermercado.

"Usei até agora toda a reserva que tinha. Ainda não vendi nada, mas sei de colegas que já venderam carro e até apartamento e outros que estão se valendo da ajuda de pais e parentes", explicou o comissário, que pediu para não ser identificado. No caso dele, morador do Rio de Janeiro, o problema é ainda pior, tendo em vista que sustenta a casa junto de sua mulher - também funcionária da companhia aérea.

Há dois anos a Varig pagava no começo do mês os salários de quem tinha a receber até R$ 800. Os demais - superiores a esse valor - recebiam parceladamente, normalmente nos dias 8 e 17 de cada mês. Atualmente, segundo o comissário, os funcionários recebem parcelas referentes a abril e maio. A última parcela paga foi de R$ 400 e a próxima, que será feita na terça-feira, será de R$ 300. O comissário explicou que a empresa avisa, por meio de e-mails, quais serão os procedimentos de pagamento.

No caso dos comissários, outro problema é enfrentado: o não pagamento de diárias de alimentação. Os que são feitos no Brasil, explicou Ferreira, já não foram depositados em conta corrente em 16 de junho.

A questão financeira, porém, não atrapalha no trabalho. "Os funcionários sempre acreditaram na recuperação da empresa, apesar de todos os problemas, tanto é que continuam a trabalhar com dedicação", explicou. Segundo ele, contudo, a insatisfação é generalizada. "Pelas informações que recebi, as associações deverão convocar os funcionários no início da próxima semana uma grande manifestação pelos salários, antes da assembléia de credores e do novo leilão."

"Todas as nossas economias para uma aposentadoria um pouco mais tranqüila evaporaram da noite para o dia. E o mais importante: somos credores também, mas diferentemente de BR, Infraero e outras, somos os únicos que não estamos sendo contemplados com pagamentos. Se eles não forem pagos, ameaçam cancelar o fornecimento dos serviços e parar a companhia, porém, nós também podemos parar a companhia, pelo prosaico motivo de que estamos sem dinheiro para ir trabalhar", adicionou.

Confirmação

A Associação de Pilotos da Varig explicou "entender os problemas enfrentados pela companhia", e não se pronuncia como forma de solidariedade. Em São Paulo, o Sindicato dos Aeroviários, por sua vez, informou que o atraso médio é de dois meses. A situação se agrava com o aumento do salário: há reclamações de pessoas que ganham acima de R$ 3 mil, de até três meses. O presidente do sindicato, Uébio José da Silva, explicou que agora em julho, todos os funcionários receberiam R$ 300 - independentemente do total do salário.

"Todo mundo tem que fazer do seu jeito. Muita gente pega empréstimo porque acredita em uma melhora da companhia. Os que têm dívida deixaram de estudar, têm ação de despejo", afirmou. Entretanto, conforme Silva, os funcionários aguardam a decisão da Justiça sobre o destino da companhia aérea, sem organizar qualquer tipo de manifestação ou ação trabalhista. "Os funcionários têm feito de tudo para não prejudicar ainda mais a situação da Varig", concluiu.

"Como funcionário eu tenho fé e esperança que a Varig possa não ter o mesmo fim que tenha a Vasp e a Transbrasil, mas como presidente sou mais pé no chão. A situação é muito delicada, se o governo num tiver boa vontade, tem tudo para acontecer o mesmo. Ou, pelo menos, a empresa vai ficar muito pequena", ressaltou Silva, que trabalha na companhia desde 1988, e atualmente ocupa o cargo de agente de finanças.

Enquanto isso, os funcionários precisam esperar e desviar dificuldades como podem. "Não tive nenhum problema jurídico ainda, mas o assédio dos meus credores é diário. Quando vou conversar com algum credor meu, levo no bolso as cópias dos e-mails da presidência a respeito do pagamento. Até agora ninguém deixou de me cobrar, mas causa uma certa surpresa, já que a opinião pública não sabe o que estamos passando", completou Ferreira.


Folha Online
10/07/2006 - 16h50
VarigLog não fez alterações significativas em proposta pela Varig
CLARICE SPITZ


A VarigLog não fez alterações significativas na sua proposta de compra pela Varig após as críticas recebidas pelo relatório da administradora judicial, a consultoria Deloitte. A informação foi dada nesta tarde pelo promotor Gustavo Lunz, que acompanha o processo de recuperação judicial da companhia aérea.

Segundo Lunz, neste momento advogados da VarigLog, representantes da Varig --entre eles o presidente da companhia, Marcelo Bottini--, os juizes que acompanham o caso, a Deloitte e o Ministério Público do Estado tentam chegar a um acordo a "respeito de valores".

A Deloitte considerou que o preço mínimo de R$ 277 milhões ofertado pela VarigLog para compra da Varig não "é real" e os credores da companhia aérea seriam mais bem remunerados em uma eventual decretação de falência da empresa.

A proposta da VarigLog também inclui a injeção de US$ 75 milhões na Varig na data da homologação do leilão pela Justiça, mais US$ 75 milhões 30 dias depois, mais recursos financeiros adicionais no valor de até US$ 215 milhões com base em cronograma de investimento definido em plano de negócios.

Os valores serão prioritariamente para capital de giro da empresa aérea, reservas de caixa, recuperação de aeronaves, renegociação de valores devidos às empresas de leasing, aquisição e arrendamento de mais aviões, negociação de fornecimento de combustíveis e utilização de infra-estrutura aeroportuária.


Agência Brasil
10/07/06
10 de Julho de 2006 - 15h50
Varig analisa petição da VarigLog, que não pretende alterar a proposta original
Alana Gandra


Rio - A VarigLog entregou no início da tarde de hoje (10) uma petição ao juiz Luiz Roberto Ayoub em relação à proposta da empresa para compra da Varig, realizada na semana passada. O documento está sendo examinado pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, e representantes da Deloitte, administradora judicial da companhia aérea. Às 16h, deve ser realizada audiência pública, fechada à imprensa, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

O conteúdo da petição não foi revelado, mas representantes da VarigLog informaram que a empresa, ex-subsidiária da Varig, não tem intenção de alterar a proposta original. As dúvidas levantadas pela Deloitte dizem respeito ao preço mínimo estipulado para a compra da companhia aérea (R$ 277 milhões) e ao passivo, que ficaria com a “Varig velha”.


Invertia
Segunda, 10 de Julho de 2006, 15h47 
Deloitte volta atrás e quer chegar a acordo com Varig Log
Ernani Alves


Depois de considerar a falência como melhor alternativa para os credores da Varig, a consultoria Deloitte voltou atrás e declarou nesta segunda-feira que pretende ajustar a proposta de compra feita pela Varig Log ao plano de recuperação judicial da companhia aérea.

"Vamos conversar e chegar a um acordo comum", afirmou Luiz Alberto Fiori, representante da consultoria após analisar esclarecimentos prestados hoje pela Varig Log a pedido da Justiça.

Fiori está reunido com o presidente da Varig, Marcelo Bottini, representantes da Varig Log e o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo caso, na 2ª Vara de Falências e Concordatas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para discutir a proposta. A previsão é de que o encontro seja concluído por volta das 18 horas.

A Delloite chegou a solicitar à Justiça do Rio que descartasse a realização de um novo leilão da empresa, caso seja a Varig Log decidisse manter sua proposta.

Ao chegar à reunião, o promotor Gustavo Lunz, que acompanha o processo, disse que o ponto mais complicado da proposta da Varig Log é a questão envolvendo os valores oferecidos para a compra da aérea.


UOL - Economia
10/07/2006 - 14h40
VarigLog volta a depositar recursos para garantir operações da Varig

RIO - A VarigLog voltou a depositar recursos para garantir as operações da Varig por mais 24 horas. O valor, mais uma vez, não foi informado. Até a última sexta-feira (7), a empresa já havia depositado US$ 11 milhões na conta da companhia aérea, dentro de um plano emergencial de US$ 20 milhões. Os depósitos vêm sendo feitos diariamente desde o dia 26 de junho.

Neste momento, representantes da administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, estão reunidos com executivos da companhia aérea na Justiça do Rio para analisar os argumentos da VarigLog sobre um relatório em que a consultoria questionava a proposta da ex-subsidiária de transportes da Varig.

Às 16 horas, a Justiça vai retomar uma audiência com as partes (VarigLog, Deloitte e Varig), que havia sido suspensa por pedido dos representantes da VarigLog.
(Ana Paula Grabois | Valor Online)


Folha Online
10/07/2006 - 14h07

Justiça do Rio suspende audiência da VarigLog
CLARICE SPITZ

A Justiça do Rio de Janeiro suspendeu para as 16h desta segunda-feira a audiência para que a VarigLog preste esclarecimentos a respeito da propostas de compra da Varig.

Na última sexta-feira (7), o administrador judicial, Deloitte, encaminhou à Justiça o relatório em que não recomenda a realização do leilão da companhia com base na proposta da ex-subsidiária.

No documento, o administrador diz que os credores seriam mais bem remunerados com a eventual falência da empresa do que com a proposta de R$ 277 milhões da VarigLog.

O advogado da ex-subsidiária, João Afonso de Assis, disse ter prestado os esclarecimentos por escrito, com comentários e contra-argumentações em relação ao relatório da consultoria.

"A gente precisa ouvir dos juízes o que eles pretendem propor e o que o administrador judicial precisa dizer alem do que já apresentou no relatório. Não há nenhuma definição sobre alterações nas condições econômico-financeiras da proposta. Viemos especialmente para ouvir", afirmou.

O sócio-diretor da Volo do Brasil (dona da VarigLog), Marco Antonio Audi, afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira, que não pretende alterar a proposta de compra da companhia aérea.

A VarigLog informou que fez hoje mais um depósito em favor da Varig para arcar com as despesas correntes da companhia. A empresa não informou o valor do aporte, mas até sexta-feira os depósitos somavam US$ 11 milhões.


O Globo
10/07/2006 - 13h59m

Audiência sobre a proposta de compra da Varig é suspensa até as 16h
Erica Ribeiro

RIO - O advogado da VarigLog, João Afonso de Assis, disse há pouco que a audiência que está sendo realizada entre Varig, VarigLog, a consultoria Deloitte e representantes da Justiça é para que a ex-subsidiária da companhia aérea possa prestar esclarecimentos de sua proposta de compra dos ativos da Varig. O advogado entrou na audiência no gabinete da Segunda Vara de Falências e Concordatas do Rio, entregou os comentários por escrito da VarigLog sobre o parecer da Delloite, administradora judicial da Varig, sobre a proposta de compra da Varig, e deixou o local.

O juiz Luiz Roberto Ayoub suspendeu a audiência até as 16h para que a Delloitte, os advogados da Varig e o presidente da Varig, Marcelo Bottini, possam avaliar o documento entregue pelo advogado da VarigLog. O relatório da Deloitte ressaltava pontos negativos na proposta da VarigLog, o principal deles em relação ao preço mínimode compra da Varig, de R$ 277 milhões.

- Estamos trazendo os nossos comentários em relação ao relatório do administrador e isso pode implicar em esclarecimentos. Não há nenhuma definição sobre alterações nas condições econômicas e financeiras na proposta. Viemos especialmente para ouvir - afirmou o advogado.

Assis não quis se posicionar sobre a eventual necessidade de a VarigLog ter de alterar pontos de sua proposta de compra da Varig.

- Se houver alguma proposição nesse sentido (alterar a proposta) preciso levar ao meu cliente (VarigLog). A gente precisa primeiro ouvir o que os juízes pretendem propor e o que o administrador judicial tem a dizer, além do que já apresentou no relatório - disse Assis.

Participam da audiência advogados da Varig e da VarigLog, os representantes da consultoria Delloite e os juízes Luiz Roberto Ayoub, Paulo Fragoso e Márcia Cunha, além do presidente da Varig, Marcelo Bottini


Valor Online
10/07 - 13:33h
Advogado confirma que VarigLog não deve alterar proposta de compra da Varig


RIO - O advogado da VarigLog, João Afonso de Assis, confirmou que a empresa não deve apresentar nenhuma alteração na sua proposta de compra da Varig na audiência marcada pela Justiça com representantes do administrador judicial da companhia aérea, a Deloitte, e a Varig.

"Não há nenhuma definição sobre alterações das condições econômico-financeiras da proposta " , indicou Assis pouco antes do início da audiência.

Segundo ele, a audiência é apenas para prestar esclarecimentos e que, se houver algum pedido de modificação da oferta, ele levará à empresa.

" Estamos fazendo nossos comentários ao relatório do administrador " , observou.

Na sexta-feira passada, a Deloitte entregou um relatório à Justiça desaprovando a proposta de compra da VarigLog porque, segundo a consultoria, a oferta era menos vantajosa aos credores do que a decretação da falência da Varig.

A VarigLog, ex-subisidiária de logística da Varig, foi a única empresa a apresentar uma proposta formal de compra da empresa.
(Ana Paula Grabois | Valor Online)

O Globo
10/07/2006 - 13h29m

Impasse no caso Varig faz ações da companhia despencarem 16%
Rui Pizarro

RIO - As ações preferenciais da companhia aérea Varig (VAGV4) apresentam queda expressiva nesta segunda-feira, no pregão da Bovespa, por conta do impasse em torno da venda da empresa.

Por volta das 13h23min, a valorização atingiu 16,40%, com o papel cotado a R$ 2,95.

InfoMoney
12:42 10/07
VarigLog diz que não melhora oferta e ações da Varig operam em forte baixa


SÃO PAULO - Com os investidores preocupados e reticentes quanto ao futuro das operações da Varig, as ações preferenciais da empresa aérea operam em forte baixa de 16,99% nesta segunda-feira na Bovespa, cotadas a R$ 2,93.Na última sexta-feira, a consultoria Deloitte, administradora judicial da Varig dentro do processo de recuperação econômica da companhia, divulgou nota descrevendo que o credores da empresa receberiam mais recursos com a falência da Varig do que com a venda para a VarigLog.

Para reavaliar o caso, o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação judicial da empresa, marcou para esta sessão uma nova reunião com os diretores da VarigLog para tentar melhorar termos da proposta de compra realizada.

VarigLog diz que não muda proposta No entanto, em entrevistas concedidas à uma série de jornais, o empresário Marco Antonio Audi, sócio-diretor da Volo do Brasil, dona da VarigLog, já declarou que sua proposta não será alterada.Sem acordo, uma assembléia de credores para deliberar sobre o aceite da oferta ou falência da companhia deverá ser marcada.

O principal ponto em discussão diz respeito ao valor e formas de pagamento propostos pela VarigLog.

Segundo a Deloitte, excluindo-se os vários instrumentos que, em tese, não podem ser utilizados em caso de recuperação judicial, os R$ 277 milhões propostos pela VarigLog iria para R$ 126 milhões, cifra bem abaixo do patrimônio da Varig, estimado em R$ 268 milhões.


O Globo
10/07/2006 - 10h49m

VarigLog diz que já fez a melhor proposta possível pela Varig
Reuters

RIO - A assessoria de imprensa da VarigLog informou nesta segunda-feira que a empresa não vai modificar a proposta apresentada na semana passada pela compra das operações da Varig.

Segundo a assessoria, "a VarigLog acha que fez a melhor proposta possível pela empresa, tanto assim que não apareceu nenhuma proposta melhor", afirmou o assessor ao ser perguntado se a companhia modificaria a proposta como foi solicitado pela Justiça.

Em parecer na sexta-feira, a consultoria Deloitte, administradora judicial da Varig dentro do processo de recuperação econômica da companhia, avaliou que a decretação de falência da Varig resultaria em mais recursos para os credores do que a compra pela VarigLog.

Diante da avaliação da Deloitte, o juiz responsável pela recuperação judicial da Varig, Luiz Roberto Ayoub, convocou audiência para esta segunda-feira com a VarigLog, para tentar melhorar as condições ofertadas e vender a companhia aérea.

O principal problema apontado no parecer foi o preço mínimo oferecido, de R$ 277 milhões, formado por vários instrumentos não aceitos em caso de recuperação judicial. Segundo a Deloitte, se retirados os itens irregulares o preço seria de R$ 126 milhões, bem abaixo do patrimônio da Varig, de R$ 268 milhões.

Se a proposta não for modificada o juiz Ayoub poderá levar a oferta a uma assembléia de credores para que eles decidam se aceitam as condições atuais ou decreta a falência da Varig.

Ex-subsidiária da Varig, a VarigLog é controlada pela Volo do Brasil, empresa composta por investidores brasileiros e o fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson.


Estadão
09 de julho de 2006 - 23:33h
Reunião decide destino da Varig
Em termos financeiros, proposta da VarigLog pode ser pior que a falência da companhia
Alberto Komatsu


RIO - Uma audiência na sede do Tribunal de Justiça do Rio deve definir nesta segunda qual será a próxima etapa da reestruturação da Varig.

Representantes da companhia e da ex-subsidiária de logística e transporte VarigLog, além da comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da empresa e o seu administrador judicial, a consultoria Deloitte, vão discutir principalmente o preço mínimo do leilão da Varig (R$ 277 milhões), considerado insuficiente para honrar dívidas com credores.

Advogados da VarigLog e executivos da sua controladora, a Volo do Brasil, estiveram reunidos neste fim de semana para avaliar possíveis mudanças que foram sugeridas em parecer da Deloitte, entregue à Justiça do Rio na sexta-feira passada.

O documento, de 40 páginas, faz questionamentos da proposta da VarigLog, especialmente sobre o preço mínimo do leilão, que será usado para a Varig reduzir um passivo de R$ 7,9 bilhões. O relatório do administrador judicial considera que a oferta da VarigLog é financeiramente pior do que a arrecadação de recursos num eventual processo de falência.

O administrador judicial da Varig levantou dúvidas sobre os R$ 277 milhões propostos pela VarigLog. A Deloitte, usando a fórmula de cálculo da ex-subsidiária, informa que calculou o valor seria menor do que a metade do preço mínimo proposto (R$ 126,9 milhões).

No total, a VarigLog se propõe a injetar em torno de R$ 1 bilhão (US$ 485 milhões). Outros US$ 20 milhões estão sendo emprestados para custear a operação da Varig. Até agora, já foram depositados pelo menos US$ 11 milhões para essa finalidade.

Além da Justiça e da Deloitte, credores da Varig têm questionado como a Varig antiga, que será separada da atividade principal e terá 5% das ações da nova Varig, vai conseguir ter fluxo de caixa suficiente para abater débitos.

Segundo fontes do mercado, o fundo de pensão Aerus já ameaçou vetar a oferta em assembléia de credores que ainda terá de ser convocada para votar a proposta. Caso ela seja aprovada, a expectativa é a de realizar outro leilão da companhia.

Os questionamentos à proposta da VarigLog já já levaram a Justiça do Rio a adiar a convocação da assembléia de credores e do leilão. Por duas vezes, a Justiça do Rio pediu mais esclarecimentos à ex-subsidiária. Na primeira vez, fontes da VarigLog informaram que a oferta poderia "cair no vazio".


Agência Brasil
09/07/2006 - 13h06m

VarigLog pode alterar proposta para que novo leilão da Varig seja convocado, diz executivo

RIO - O diretor da consultoria Alvarez e Marsal Marcelo Gomes, que faz a reestruturação financeira da Varig, afirmou neste domingo que a VarigLog tem condições de alterar a proposta de compra da companhia aérea para que a Justiça convoque o mais rápido possível a assembléia de credores para aprovar um novo leilão de venda da empresa.

Gomes negou que o relatório apresentado pela Deloitte, administradora judicial da Varig, se posicione contra a proposta da VarigLog, ex-subsidiária da Varig, atualmente sob controle da Volo do Brasil.

- O relatório da Deloitte foi apenas para informar que algumas coisas deveriam ser alteradas na proposta da VarigLog p??a???ara enquadramento na lei. Não existe opinião contra. Existe opinião para que seja enquadrada uma proposta dentro da lei - analisou.

Gomes mantém a expectativa positiva em relação à realização de um novo leilão judicial. Um dos pontos questionados pela Deloitte na proposta diz respeito ao preço mínimo sugerido para o leilão - de R$ 277 milhões.

Ele destacou, porém, que sobre esse valor, que corresponde ao desembolso de dinheiro novo, têm que ser somadas duas coisas:

- A VarigLog está assumindo o passivo referente ao programa de milhagem Smiles, estimado em aproximadamente R$ 70 milhões. Ela está assumindo também o passivo referente a transportes a executar, isto é, passagens que foram emitidas que a VarigLog vai honrar. Esse passivo está estimado em algo em torno de R$ 500 milhões - disse o executivo.

De acordo com ele, incluindo o preço mínimo no leilão, o total atinge cerca de R$ 850 milhões.

Nesta segunda-feira, estão agendadas reuniões da VarigLog com a Varig e com o juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que preside o processo de recuperação judicial da companhia.