:::::RIO DE JANEIRO - 11 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Folha de São Paulo
11/06/06
Sem a Varig, parte das rotas corre risco

Vôos internacionais, principalmente para a Europa, seriam os mais prejudicados com a ausência da companhia aérea
Justiça do Rio deve definir amanhã se será aceita a proposta de compra da empresa apresentada em leilão na última quinta

MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
PEDRO SOARES DA SUCURSAL DO RIO

Em caso de colapso da Varig, TAM e Gol passariam a voar com 87% de seus assentos ocupados em média, uma taxa considerada alta. Para especialistas, os trechos mais demandados poderiam ficar muito congestionados no curto prazo.

A taxa de ocupação média das três companhias em maio foi de 72%, segundo calcula o consultor do setor Paulo Sampaio. Ele avalia que entre as rotas nas quais pode haver problemas, se a Varig parar, estão Congonhas/Curitiba e Congonhas/ Brasília, cujo percentual de ocupação é maior.

"No caso da ponte aérea Rio/São Paulo, por incrível que pareça, não haveria muitos problemas, pois é um trecho em que a Varig está com uma taxa de ocupação baixa", diz.
"Com certeza, haveria problemas em alguns trechos", concorda o analista Carlos Albano, do Unibanco. "Agora, o tempo e a intensidade do problema dependem do quão rápido as companhias conseguirão colocar mais aviões nas rotas sobrecarregadas."

De forma geral, entretanto, o principal desafio não está nos vôos domésticos, mas, sim, nos internacionais, principalmente nas linhas para a Europa. "Com a Copa do Mundo, as férias de julho e o câmbio favorável, seria um caos se a Varig parasse", afirma Sampaio. Ele lembra que as companhias aéreas européias estão com vôos lotados.

De acordo com o consultor, em maio, a participação de mercado da Varig caiu mais de dois pontos percentuais ante abril (de 16,5% para 14,3%). A TAM subiu seu "market share" de 44,3% para 46,3%, e a Gol, de 33,3% para 33,8%.

Amanhã, a Justiça do Rio de Janeiro define o futuro da Varig. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que cuida do caso, decidirá se aceita ou não uma proposta do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) para comprar a empresa.

A proposta foi a única apresentada no leilão da Varig da última quinta-feira. Mesmo assim, a Justiça fluminense já acenou com a possibilidade de receber novas propostas de empresas que se cadastraram no leilão mas não deram lances.

Entre as companhias aéreas, a Ocean Air é a que está mais disposta a, de fato, comprar a Varig. É que, em caso de falência, a empresa teme ser prejudicada num eventual rateio das rotas e slots (espaços nos aeroportos e horários), já que a Gol e a TAM têm maior participação no mercado e vão disputar uma redistribuição proporcional do espólio da Varig.

A empresa, no entanto, não está disposta a pagar nem um centavo a mais do que seu lance máximo idealizado para o leilão -US$ 150 milhões.

Em conversas reservadas, o controlador da companhia, German Efromovich, diz que a cada dia a Varig perde "milhões" de seu valor e que, se tivesse obtido sucesso na investida de comprar a companhia em fevereiro, quando formalizou sua proposta inicial, poderia ter desembolsado um valor maior.

Dinheiro, para a Ocean Air, não é problema. Ela faz parte do grupo Sinergy, que controla a empresa de exploração e produção de petróleo e prestação de serviços Marítima. A Folha apurou que a Ocean Air estaria insatisfeita com a suposta pressão de outras concorrentes para que a Varig vá à falência e o governo redistribua suas linhas de modo proporcional.
Neste ano, depois que a Varig abandonou algumas rotas no Rio Grande do Sul, a Ocean Air se credenciou a operá-las, mas não foi autorizada pela Anac.


Folha de São Paulo
11/06/06
Em Porto Alegre, vila com famílias de "varigueanos" faz torcida pela empresa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Uma vila de 84 casas em Porto Alegre, próxima ao município vizinho de Alvorada (a 20 km da capital), concentra mais de 500 pessoas que se definem como "varigueanos" e que acompanham dia a dia as notícias torcendo pela recuperação da empresa em que trabalharam.

A Vila Varig foi inaugurada pela fundação de funcionários da companhia aérea em 1957, oferecendo aos empregados -sem entrada e com pagamento em várias prestações- casas com padrão de classe média.

Hoje, a maioria de seus habitantes é formada por ex-funcionários, que mantêm um forte vínculo sentimental com a empresa.

"De manhã, a gente sai de casa para comprar o pãozinho e, antes de perguntar para o vizinho como ele está, quer saber: "Como é que está a nossa Varig?'", conta José Alves, 73, que trabalhou na empresa como mecânico.

Ele comprou sua casa na Vila Varig, onde vive até hoje, em 1958, pagando em cem vezes. ""Critica-se o modelo de gestão da Varig. Mas era tão errado? Mesmo estando aposentados, muitos ainda vivemos em função dela. Quero vê-la decolar."

Os moradores da Vila Varig lembram dos benefícios subsidiados que recebiam da empresa -como a provisão mensal de supermercado entregue de casa em casa, o médico que os visitava em caso de doença, os remédios e até o ônibus com refrigerantes e salgadinhos que os levava para a praia- e que foram se tornando cada vez mais escassos a partir do início da década de 90, com o agravamento da crise na companhia.

Os descendentes do comprador da terceira casa da vila, o estofador Emiliano Alves Pinto (que já está morto), ainda moram no local. A casa mantém há 49 anos a mesma construção de madeira.

""A Varig significa muito mais do que uma simples empresa. É mãe de todos nós e um símbolo de todo o Brasil", diz Samanta, 25, neta de Emiliano. ""Viemos para esta casa a um custo muito baixo. Uma empresa humana como essa não pode ser simplesmente falida", afirma Ivone, 69, filha dele.
(LÉO GERCHMANN)


Folha de São Paulo
11/06/06
Polêmico, juiz do caso Varig decidirá destino da empresa

Decisões controversas dão popularidade ao magistrado com funcionários e acirram ânimos entre credores e advogados
Auto-intitulado "anjo" da aérea, Luiz Roberto Ayoub chegou a ter mais aplausos em leilão do que o atual presidente da companhia

JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

Desde que assumiu a responsabilidade pelo processo de recuperação judicial da Varig, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, ganhou ares de celebridade entre os funcionários da companhia aérea.

No início do leilão de venda da companhia, na última quinta-feira, Ayoub chegou a ser mais aplaudido do que o presidente da companhia, Marcelo Bottini.

As decisões polêmicas e a interpretação de uma lei que ainda não tem jurisprudência contribuíram para aumentar o reconhecimento do juiz por parte dos funcionários e para acirrar os ânimos entre os advogados de credores. Ele, que já se intitulou o anjo da guarda da Varig, é hoje a principal garantia de continuidade das operações da empresa. Até a última sexta-feira, mesmo diante das evidências do agravamento da crise da Varig, ele mantinha o discurso da viabilidade da Varig.

Professor da FGV e da Escola de Magistratura do Estado do RJ, foi descrito por uma de suas alunas, que preferiu não se identificar, como referência na área, mas um ditador na sala de aula. Com a mesma veemência, Ayoub, 46, deu entrevistas pontuais nos momentos mais críticos da agonia da Varig. O impacto pôde ser medido no bolso dos investidores: as ações da companhia dispararam a cada declaração favorável e o fenômeno no mercado passou a ser chamado de "efeito Ayoub".

Há 13 anos no judiciário, o juiz Ayoub é casado, tem uma filha e torce assumidamente pelo Botafogo, time carioca que reúne torcedores aguerridos que se mantêm fiéis nos bons e maus momentos. O time foi evocado até mesmo no discurso de abertura do leilão: "Estou otimista, como um bom botafoguense, nesse dia belíssimo, em que certamente em breve passará uma estrela", afirmou, em alusão ao símbolo da Varig.

Desta vez, o mercado financeiro não se sensibilizou com o discurso. Sem dinheiro na mesa, nem propostas firmes de concorrentes, os papéis da empresa caíram quase 60%. "O mercado queria fatos e uma mudança no controle da empresa. O resultado do leilão trouxe o receio de falência", afirmou Júlio Martins, da Prósper Corretora.

Independente do desfecho da situação da companhia aérea, o caso Varig testou todos os limites da nova lei de recuperação judicial. A Justiça já obrigou a BR a fornecer combustível à Varig sem pagamento e já chegou a incluir nos autos do processo decisão que isenta o comprador de assumir o passivo da empresa (embora isso possa ser contestado em outras instâncias). Resta saber se a Varig tem fôlego para corresponder às expectativas da torcida.


O Globo
11/06/06
Varig cancela vôos domésticos e internacionais



Sem uma decisão da Justiça sobre o seu futuro, que deverá ser conhecida até o fim desta semana, a Varig operou ontem em diferentes aeroportos do país, mas vários vôos foram cancelados e outros tiveram atraso, alterando a rotina dos passageiros. No Rio, quatro vôos domésticos que partiriam do Aeroporto Internacional Tom Jobim para Brasília, Foz do Iguaçu, Fortaleza e Porto Alegre foram cancelados. No Aeroporto Santos Dumont, o cancelamento atingiu cinco vôos da Ponte Aérea Rio-São Paulo, segundo informações da Infraero confirmadas pela Varig.

O vôo que partiria do Aeroporto Internacional de Guarulhos para Buenos Aires foi cancelado e as rotas internacionais para Cidade do México, Lima e Bogotá tiveram atraso de três horas, confirmou a assessoria da Varig ontem à tarde.

A companhia, no entanto, explicou que cancelamentos e atrasos em vôos fazem parte da operação normal das companhias, não fugindo à rotina. Quanto aos cinco vôos da Ponte Aérea Rio-São Paulo cancelados, a companhia informou que uma de suas aeronaves teve problemas técnicos, que provocaram a mudança na programação. Para hoje, a Varig informou que não há qualquer cancelamento previsto. O primeiro vôo da Ponte Aérea (Santos Dumont-Congonhas) estaria mantido para às 7h58m.

A companhia confirmou o cancelamento do percurso Rio-Buenos Aires, com escala em Porto Alegre, mas disse desconhecer qualquer problema com o vôo para Fortaleza, cancelado segundo a Infraero.

Na sexta-feira, a Boeing conseguiu na Justiça de Nova York o direito a reaver sete aeronaves (cinco MD-11 e dois 777) usadas pela Varig, de acordo com decisão da juíza Karla Moskowitz, da Corte Suprema do estado de Nova York. A justificativa da juíza foi que o atraso no pagamento das parcelas do leasing vem ocorrendo desde março, o que reduz o valor dos aviões. Pela decisão, os aviões permanecem na frota da companhia até terça-feira, data da audiência no Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. A Varig teria até 1 de julho para devolver as aeronaves à Boeing.

Também na terça-feira, esgota-se o prazo para que a NV Participações, criada pelas associações de funcionários da companhia que formam o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), deposite os primeiros US$ 75 milhões do pagamento pela empresa, se sua proposta for aprovada. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8 Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, que cuida do caso, deu prazo até amanhã para que a NV detalhe sua proposta de compra da empresa.

Apesar de não descartar a decretação da falência da Varig, a tendência é que o juiz Ayoub aceite a oferta do TGV. A grande questão no momento é saber se os funcionários teriam como conseguir recursos para injetar na companhia e reerguê-la.

O fundo Multi-Long Corporation apresentou uma outra proposta para comprar a Varig por US$ 800 milhões, com financiamento total do BNDES e sem garantias. O BNDES nega ter recebido o pedido de financiamento ao Multi-Long. O juiz Ayoub disse que a proposta não está sendo considerada.


Zero Hora
11/06/06
Fim de semana de esforço para evitar a falência da Varig

Juiz deve decidir nesta segunda se aceita lance de trabalhadores ou se abre negociações com pré-qualificados

Em meio às incertezas sobre os rumos da empresa, agravadas com o ceticismo que cerca a única proposta de compra apresentada no leilão judicial, a Varig começa mais uma semana dramática.

Pressionado pela ameaça de retomada de aviões e pelo iminente fim do acordo que garante combustível para a empresa continuar operando, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, terá de anunciar nesta segunda-feira se aceita o lance dos trabalhadores de adquirir a Varig por US$ 449 milhões, valor 47,8% inferior ao mínimo fixado no edital.

Depois da frustração com o desfecho do leilão, Ayoub passou a sexta-feira manobrando para não ter de limitar sua escolha à proposta da NV Participações - que representa o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) - ou decretar a falência. A tentativa é reunir interessados em compor uma solução que garanta a entrada de recursos no caixa da empresa e com credibilidade suficiente para apaziguar credores impacientes, sobretudo as empresas de leasing estrangeiras.

Uma amostra do nível de impaciência dos arrendatários de aeronaves com o atraso nos pagamentos foi dada pela Boeing. Para não ter de aguardar até terça-feira, data em que o juiz da corte de Nova York, Robert Drain, dirá se mantém a liminar que impede o arresto dos aviões, a empresa recorreu a outro tribunal, do Estado de Nova York, que obteve autorização para retomar sete aviões. A Varig tem uma frota de 60 aeronaves, mas estaria operando com apenas 46 aviões.

Proposta da OceanAir seria de apenas US$ 150 milhões

As negociações não cessaram no fim de semana - e rumores aumentaram a confusão sobre o destino da empresa. Entre os mais ruidosos está o de que investidores procuraram a NV oferecendo parceria. Também o dono da OceanAir, Germán Efromovich, estaria aguardando a falência da Varig para adquirir a massa falida por US$ 150 milhões, valor irrisório se comparado ao preço mínimo de US$ 860 milhões e se observado que a empresa é avaliada pelo mercado em US$ 2 bilhões.

Apesar dos indicativos de deterioração da situação da Varig, há um esforço para evitar a falência. Numa posição ambígua, o diretor da Agência Nacional de Aviação Comercial, Milton Zuanazzi, declarou que há um plano para não afetar os usuários caso a empresa não consiga manter as operações, mas se recusou a antecipar qualquer medida.

O responsável pelo plano de reestruturação da Varig, Marcelo Gomes, apelou para que a proposta dos trabalhadores seja avaliada sem preconceitos. Serão longas as 24 horas até que Ayoub tenha de, realmente, bater o martelo.

Contagem regressiva
Depois de frustrada a expectativa de que o leilão judicial, realizado quinta-feira, terminaria com a agonia da Varig, a previsão é de uma semana dramática para a empresa:
Segunda-feira
Termina o prazo fixado pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, para que a NV Participações, liderado os trabalhadores, esclareça detalhes da única proposta de compra da Varig apresentada no leilão.
Se a NV Participações não prestar informações consideradas satisfatórias, o juiz poderá criar mais um prazo para que os demais pré-qualificados no leilão façam novas propostas de compra.
A NV Participações deverá depositar US$ 75 milhões, conforme a exigência do edital de venda.
Terça-feira
A Justiça dos Estados Unidos decide se a Varig continuará contando com a proteção contra o arresto de aviões. Se o resultado for desfavorável à companhia brasileira, um número não-definido de aeronaves terá de permanecer em solo americano.
Segundo informações do escritório Alvarez & Marsal, termina o acordo que garante à Varig combustível para abastecer a frota.


Zero Hora
11/06/06

O time da 4ª divisão

Na sexta-feira, o empresário e treinador do Osasco Futebol Clube, Michael Breslow, nem acreditou quando viu a repercussão da proposta que fez pela Varig. O fac-símile foi enviado na madrugada para o Procuradoria Geral da União (PGU).

- Procurei um número da 8ª Vara da Justiça Federal do Rio, mas não encontrei. Mandei para a Procuradoria, mas não achei que tinha chances de chegar ao juiz - revelou.

Breslow, dono da Multilong desde 1998, ofertou US$ 800 milhões pela Varig. Dinheiro que não tem. A empresa, de consultoria e assessoria financeira, fatura US$ 3,6 milhões por ano. Uma parte da renda de Breslow banca o Osasco Futebol Clube, time do qual é treinador e que tenta neste momento tirar da penúltima posição do grupo 5 da 4ª divisão do futebol paulista.

- Estou no comando do time há dois jogos, mas ainda temos cinco rodadas para recuperar - diz, ao garantir que a oferta pela Varig é real, mas precisa de ajuda do BNDES.

O dinheiro real

O executivo Fernando Pinto, que comandou a Varig por cinco anos, entre 1996 e 2000, e hoje preside a estatal portuguesa TAP Air Portugal, avalia que o ponto principal para a Varig é quanto ela precisa "em cash, dinheiro real" para funcionar. Segundo ele, esse é talvez o aspecto principal que deve ser levado em conta na avaliação do resultado do leilão. A TAP chegou a anunciar interesse na empresa brasileira e integrou um consórcio, o Aero-LB, que acessou a sala de informações da Varig, mas não participou do leilão.

Reflexo no turismo

O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, disse que a crise da Varig atrapalhou o crescimento do turismo nos últimos anos. Com as dificuldades enfrentadas, disse, a empresa reduziu a oferta de vôos, principalmente no mercado internacional.

- O papel do governo não é salvar empresas, é incentivar o crescimento do país - acrescentou, reiterando que não haverá injeção de dinheiro público em uma eventual falência da Varig.

Acordo sem data definida

Segue sem data o fechamento do acordo entre a Varig e o governo estadual sobre os créditos de ICMS que a empresa tem a receber.

O valor estimado pela Varig inicialmente em cerca de R$ 80 milhões poderá cair pela metade, por causa da diferença entre as taxas de juros usadas pelo governo e pela empresa para calcular a dívida. Um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) também teria concluído que há uma parcela do débito que já prescreveu, o que poderá contribuir para reduzir o valor a ser negociado.

Segundo o secretário do Desenvolvimento, Luis Roberto Ponte, o governo mantém a disposição ressarcir a empresa nos valores considerados inquestionáveis judicialmente.

Futuro das milhas

O programa de milhagem da Varig, segundo a Fundação Procon de São Paulo, não é uma cortesia, mas um serviço da empresa - o que garante o direito dos clientes de recorrer à Justiça em caso de falência.

- Ao acumular ponto a ponto das milhagens, o consumidor está pagando pela passagem. É como se ele recebesse um carnê, para pagar periodicamente - esclarece o Procon.

Caso o cliente tenha problemas, pode procurar um órgão de defesa do consumidor de sua cidade ou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).


Revista Isto É Dinheiro
11/06/06
A Varig tem piloto?
Só os funcionários deram lance no leilão da empresa. Agora a Justiça decide entre a proposta e a falência
Por elaine cotta


O ano é 1927. O piloto alemão Otto Ernst Meyer funda a Viação Aérea Rio-Grandense. Em 1941, Meyer transfere sua administração para o primeiro funcionário da empresa: Ruben Berta. A Varig, que começara operando um único hidroavião, cresce até possuir 120 aeronaves e 88 escritórios no Exterior, no início dos anos 90.

O ano agora é 2006. E as coisas mudaram. A companhia aérea que foi referência da aviação nacional e líder de mercado acumula uma dívida de R$ 7,8 bilhões e enfrenta desde 17 de junho passado um dramático processo de recuperação judicial. Esta à beira da falência. Sua última esperança foi jogada na quinta-feira, 8 de junho.

Para esse dia o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, marcou a realização do leilão que ofertaria as operações de vôo da companhia. Esperava-se que a Varig tivesse um novo dono com capital para investir e tirar a empresa de um prejuízo que bateu R$ 1,5 bilhão no ano passado.

Ao todo, seis interessados se pré-qualificaram para a disputa. Entre eles estavam as brasileiras TAM, Gol e OceanAir, além da portuguesa TAP. Mas na hora H apenas um efetivou um oferta: a NV Participações, empresa criada pelos próprios funcionários da Varig.

A oferta foi de US$ 449 milhões, menos da metade do preço mínimo definido pelo juiz Ayoub, de US$ 860 milhões. “Precisávamos de mais tempo para analisar os números e ter garantias maiores de que não herdaríamos as dívidas trabalhistas e fiscais”, disse à DINHEIRO Carlos Ebner, presidente da OceanAir.

Conhecido por “o anjo da Varig”, o juiz Ayoub ainda retinha o futuro da Varig nas mãos até a tarde da sexta-feira, 9. Poderia encarar o valor da oferta como “vil” e não autorizar a venda. Nesse caso, a lei o obrigaria a decretar falência e acabar com a esperança de 10 mil funcionários. Mas essa não parecia ser a sua intenção. “A solução pela lei seria a falência, mas eu posso fazer uma interpretação diferente”, disse ele, dono de 130 mil milhas em créditos de viagem da companhia.

Parece ser essa também a opinião dos integrantes do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), que criaram a NV Participações. Mas essa não é a interpretação dos analistas, nem do mercado. Logo após a divulgação de que apenas os funcionários haviam feito oferta à empresa, as ações começaram a despencar. Terminaram a quinta-feira em queda de 60%. “Nossa primeira impressão é que o resultado do leilão foi negativo”, avaliou o analista de transportes do Unibanco, Carlos Albano. Outra dúvida que pairou sobre o negócio é que os membros do TGV não explicaram de onde sairá o dinheiro para cobrir a oferta.

Esse mesmo grupo teve rejeitado um pedido de empréstimo-ponte feito ao BNDES recentemente, por não ter apresentado garantias. Na proposta de compra da Varig, a NV Participações diz que pretende usar R$ 225 milhões em créditos concursais (os que estão em recuperação judicial) e R$ 500 milhões que serão emitidos em debêntures pela nova empresa no futuro. Apenas R$ 285 milhões seriam pagos em moeda corrente. Ninguém sabe de onde sairão esses recursos.

Logo após o leilão, Oscar Bürgel, um dos diretores do TGV, garantiu que existem pelo menos três investidores estrangeiros envolvidos na negociação. Eles seriam garantidores da oferta. Teriam, inclusive, anexado uma carta de fiança na proposta encaminhado ao juiz.

Marcos D’ Paula/AE
Juiz Ayoub: O futuro da Varig está nas mãos dele

Independentemente de qual venha a ser a sentença do juiz, a Varig terá outro embate na Justiça na próxima terça-feira, 13. É nesse dia que a Justiça de Nova York determina se a empresa continuará voando ou se terá suas aeronaves arrestadas.

Uma sentença negativa do juiz Robert Drain impedirá as aeronaves de decolar. Será a falência de fato, a menos que a Varig ou alguém em nome dela deposite US$ 75 milhões na conta dos credores. Para vários analistas, ex-presidentes da Varig e funcionários que não apoiam a proposta feita pelo TGV, mesmo que isso não ocorra a empresa está em apuros.

O leilão de quinta-feira foi antecipado em 12 dias pelo juiz Ayoub porque do contrário a empresa teria quebrado. O resultado foi que os investidores tiveram apenas três dias para acessar o data-room com informações. Desistiram. Nesse cenário, o resultado parcial do leilão não trouxe alento aos funcionários. Eles esperavam que ele produzisse um proprietário e capitão da empresa. Em vez disso, testemunharam um arremedo de proposta e um novo adiamento.

No dia seguinte, com a proposta da NV ainda sub judice, um novo comprador se apresentou: Multilong Corporation. Trata-se de um fundo de investimento controlado pelo empresário Michael Breslow. Não se sabia o que esperar dessa proposta tardia. O fato é que as expectativas criadas pelo leilão não se cumpriram. Até onde se sabe, a Varig segue sem piloto.

Ed Ferreira/AE Arquivo/AE

Marcio Marsillac: Líder dos funcionários fundou a TGV e quer comprar a Varig usando suas dívidas como moeda

Ruben Berta: Ele foi o primeiro funcionário da empresa aérea. Erdou a Varig do piloto alemão que a fundou

Fotos: Helcio Nagamine

Torcida: Funcionários aplaudem lance único

 

OS NÚMEROS DA VARIG

Empregos diretos e indiretos: 50 mil
Aeronaves: 60
Clientes: 6 milhões
Dívida total: R$ 7,8 bilhões
Prejuízo em 2005: R$ 1,5 bilhão
Participação no mercado: 14%

 

O Globo
10/06/2006 - 22h12m
Varig garante viagens mesmo em caso de arresto de aeronaves
Globo Online


RIO - A Varig garantiu a viagem de todos os seus passageiros, inclusive os que estão indo para a Copa do Mundo na Alemanha, mesmo caso a companhia tenha aeronaves arrestadas na próxima terça-feira, quando vence o prazo dado pela Justiça americana para a aérea acertar a dívida com empresas de leasing. A Boeing conseguiu um parecer na sexta-feira de uma juíza americana autorizando a fabricante a tomar aeronaves da Varig de volta na terça-feira.

Os cinco MD-11 e os dois 777 mencionados no parecer são usados pela companhia em rotas internacionais, para a Europa e para os Estados Unidos.

A assessoria de imprensa da Varig disse que, em caso de arresto, outras aeronaves da companhia serão realocadas para essas rotas. A empresa, que dispõe de uma frota de 54 aeronaves, diz que não é essa a expectativa da Varig.


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Editor-Chefe: Jorge Serrão

10/06/06 - 18:32h
Grupo anglo-russo articulado por Dirceu faz oferta para comprar a Varig
Proposta pela Varig foi da turma de Dirceu

O grupo montado pelo advogado José Dirceu de Oliveira e Silva, o Fundo de Investimento Multilong Corporation, apresentou ao juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, uma proposta de US$ 800 milhões para adquirir todas as operações da Varig no Brasil e no exterior.

A proposta, de russos e ingleses, foi encaminhada ao juiz por ninguém menos que o polêmico presidente da MSI, empresa que administra o futebol do Corinthians, Kia Joorabchian.

Kia é unha e carne do milionário russo Boris Berezovsky, dono de uma fortuna avaliada em 10 bilhões de dólares, com quem Dirceu se encontrou, nos dias 2, 3 e 4 de maio, numa mansão no bairro do Pacaembu, em São Paulo, para fechar um acordo para a aquisição da falida Varig.

Falência quase decretada

O juiz Luiz Roberto Ayoub já tinha rejeitado (sic) a proposta feita na quinta-feira pelos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) para adquirir a companhia, por US$ 449 milhões de dólares, através da empresa NV Participações.

O magistrado pretendia decretar a falência da empresa nesta sexta-feira, até que apareceu a proposta do fundo Multilong.

De acordo com a proposta, que não dá para acreditar, o fundo seria 100% brasileiro, e o seu representante chama-se Michael Breslow.

Uma das formas de pagamento seria a emissão de debêntures.

O fundo também solicita, no documento ao juiz, o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor total da proposta.

O banco estatal já havia informado que só financiaria dois terços do valor total da aquisição da Varig.

Articulações inglesas

São fortíssimas as chances de os banqueiros Rothschild - que controlam as principais bolsas de valores e negócios internacionais de derivativos - serem um dos articuladores da proposta pela aquisição da Varig, junto com a turma de José Dirceu.

Coincidência que não existe, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, esteve em Londres, nos dias 14 e 15 de maio, para tratar de uma proposta de parceria de investimentos entre os países latino-americanos e os ingleses.

Dirceu é um dos assessores informais do presidente Hugo Chávez para assuntos de negócios.

Familiares de Chavez também participavam das articulações para a compra da Varig, nos bastidores, no time vencedor de Dirceu, um ex-guerrilheiro convertido em um revolucionário “businessman”.

Prazo fatal para a Varig

O Brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, avisou que se a proposta do fundo Multilong não for aceita pela Justiça, até quinta-feira a Varig deixa de voar.

A Justiça norte-americana determinou nesta sexta-feira que a Varig devolva sete aviões à Boeing até a próxima terça-feira, pela falta de pagamento dos aluguéis das aeronaves.

A Varig não trabalha com a hipótese da devolução dos aviões, porque espera ter caixa para honrar os débitos.

 

O Globo
10/06/2006 - 15h48m
Nova Lei de Falências contribui para a economia, diz advogado

Agência Brasil


RIO - A nova Lei de Falências e Concordatas, que completa um ano neste sábado, foi criada com o intuito de recuperar as empresas, de manter os empregos e de gerar impostos para o país. A afirmação foi feita pelo advogado Alfredo Bumachar, que presidiu a comissão do Ministério da Justiça encarregada de elaborar o projeto originário da nova lei.

Em entrevista neste sábado, Bumachar disse que a nova Lei de Recuperação de Empresas proporciona várias oportunidades de recuperar as empresas e, em conseqüência, de melhorar a economia do Brasil.

- O Brasil vai melhorar muito mais com essa lei, porque, antigamente, não havia possibilidade de recuperar uma empresa, como há atualmente - afirmou Bumachar.

Segundo ele, hoje, os meios de recuperação incluem a fusão ou incorporação com outra companhia até a venda do todo ou parte da empresas e também o arrendamento.

De acordo com Bumachar, a lei prevê todos os meios modernos para recuperar e manter em operação uma empresa. Por isso, ele se diz seguro de que "a economia brasileira vai melhorar". O advogado lembrou que, no passado, sem a lei, as companhias eram vendidas a preço vil, o que significava que acabavam sendo praticamente sucateadas.

- E ninguém era beneficiado com isso, muito menos os trabalhadores.

Para o advogado, a nova legislação vai mudar também a mentalidade dos próprios empresários brasileiros. Ele disse que o empresário hoje é respeitado, mas, antigamente, se pedisse concordata, seria tido como alguém que pretendia dar um golpe.

- Isso acabou. A mentalidade hoje é recuperar, é salvar as empresas; a mentalidade é que os empregos se mantenham. Falência? Vamos esquecer - afirmou.


O Globo
10/06/2006 - 15h23m
Varig: executivo tranqüiliza clientes após decisão judicial em prol da Boeing
Agência Brasil


RIO - O presidente da Varig, Marcelo Bottini, reforçou neste sábado que a Boeing só poderá exigir a devolução dos sete aviões alugados à companhia aérea brasileira - cinco MD-11 e dois 777 - depois da próxima terça-feira, quando ocorre uma audiência com a Justiça americana. Bottini tranqüilizou os clientes e funcionários da companhia um dia depois de a fabricante americana de aviões conseguir, na Suprema Corte de Nova York, o direito de arresto das aeronaves, uma vez que a Varig tem dívidas com a Boeing.

O executivo lembrou que uma liminar, expedida no dia 31 de maio pelo juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, impede o arresto dos aviões até o dia 13. Nesta data, haverá uma audiência em que Drain decidirá o futuro dos aviões da empresa, em processo de recuperação judicial desde o ano passado.

- Eles (a Justiça americana) deram a autorização para que a Boeing recuperasse os aviões depois de terça-feira, se nada for acertado nessa reunião - disse Bottini, acrescentando que as outras empresas que alugam as aeronaves para a Varig também terão que aguardar a audiência com a Justiça de Nova York.


Estadão
10 de junho de 2006 - 15:05
Varig só poderá devolver aviões depois de terça-feira
Liminar expedida em 31 de maio, pela Corte de Falências de Nova York, impede o arresto das aeronaves antes dessa data

RIO - O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse neste sábado que a Boeing só poderá exigir a devolução dos sete aviões alugados à companhia aérea brasileira depois da próxima terça-feira, dia 13, quando ocorrerá uma audiência com a Justiça norte-americana.

Segundo Bottini, uma liminar expedida no dia 31 de maio pelo juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, impede o arresto dos aviões até a semana que vem. A audiência decidirá o futuro dos 62 aviões da empresa, que está sob processo de recuperação judicial desde o ano passado.

"Eles (Justiça norte-americana) deram a autorização para que a Boeing recuperasse os aviões depois de terça-feira, se nada for acertado nessa reunião", disse Bottini.

Ele também afirmou que as outras empresas que alugam as aeronaves para a Varig também terão que aguardar a audiência com a Justiça de Nova Iorque.

Na segunda-feira, a Justiça do Rio anuncia a decisão sobre o resultado do leilão judicial da companhia aérea, que ocorreu na última quinta-feira. Apenas uma proposta de compra foi apresentada e justamente pelos próprios trabalhadores da empresa. Eles ofereceram R$ 1 bilhão pela Varig Operacional, com as rotas domésticas e internacionais da companhia aérea.
As informações são da Agência Brasil.


Estadão
10 de junho de 2006 - 14:40h
Panes técnicas fazem Varig cancelar vôos
Empresa também suspendeu cinco vôos que estavam previstos durante o dia na Ponte Aérea Rio-São Paulo

Nilson Brandão Junior

Rio - A Varig cancelou um vôo hoje para Buenos Aires, a partir do Aeroporto de Guarulhos, e suspendeu cinco vôos que estavam previstos durante o dia na Ponte Aérea Rio-São Paulo por conta de panes técnicos em duas aeronaves. Problemas técnicos, ainda segundo a empresa, também atrasaram em três horas partidas previstas de Guarulhos para Lima, México e Bogotá na manhã deste sábado e motivaram, ainda, um cancelamento, na noite de sexta-feira, de um vôo que partiria de São Paulo para Nova York.

O balanço foi feito pela companhia aérea hoje no início da tarde. Segundo a Varig, o que ocorreu hoje foi um "movimento normal da aviação, com cancelamentos e reprogramações de vôos".

Segundo a empresa, no caso dos atrasos os problemas técnicos foram identificados e resolvidos logo no próprio aeroporto. Na Ponte Aérea, contudo, a empresa suspendeu na parte da manhã cinco vôos que haviam sido programados ao longo do dia, segundo informações colhidas junto à Infraero, mantendo os demais horários.

A empresa informou que um avião da Ponte Aérea sofreu uma pane e voltaria a voar quando o problema estivesse resolvido. Segundo informações da Infraero no terminal, até o início da tarde de hoje, a TAM e a Gol não haviam cancelado partidas programados no Aeroporto Santos Dunont. Já no Aeroporto Internacional Tom Jobim, a informação da Infraero era de que houve cancelamentos de vôos para Foz do Iguaçu e Brasília da Varig.

A companhia informou que não ocorreu nenhum problema excepcional e que nenhum dos atrasos ou cancelamentos registrados decorreu de eventual apreensão de aeronave. Segundo a Varig, os jatos requisitados pela Boeing na Justiça americana estarão operando até a próxima terça-feira, dia de audiência na Corte de Falências de Nova York, que havia blindado a empresa contra arrestos de aviões.