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:::::RIO DE JANEIRO - 11 DE ABRIL DE 2007 :::::

 

Folha de São Paulo
11/04/2007
"Velha" Varig volta a voar em setembro com 4 a 6 aviões
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

A "velha Varig" volta a voar em setembro, afirma Miguel Dau, gestor judicial da companhia. A empresa não terá mais o nome Varig porque a marca foi vendida em leilão em julho do ano passado. O novo nome, ainda não divulgado, foi escolhido com base em uma pesquisa de mercado realizada pelo Ibope.

Inicialmente, a idéia era operar sob a marca Nordeste, mas a pesquisa revelou que o nome estava associado aos problemas que a Varig enfrentou no passado.

Os planos para voltar a voar foram apresentados ao Tribunal de Justiça do Rio, onde corre o processo de recuperação judicial da aérea. De acordo com Dau, a empresa precisará de 600 funcionários para começar a operar com um total de quatro a seis aviões. Será dada prioridade aos antigos funcionários.

O gestor afirma que o diferencial da empresa será a qualidade do atendimento. As rotas não competirão com Gol e TAM e serão voltadas para turistas e executivos. Para que o plano se torne realidade, será preciso uma injeção de R$ 40 milhões.

Dau pretende apresentar o plano à Gol. Especialistas dizem que uma falência da "velha Varig" poderia aumentar o risco de sucessão de dívidas para os novos compradores.

TAM x Gol

Em reunião ontem com a diretoria da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a TAM se posicionou oficialmente contra a possibilidade de prorrogação do prazo (o atual é junho) para a "nova" Varig, recém-adquirida pela Gol, de retomar parte de suas linhas internacionais sob pena de perdê-las.

De acordo com Paulo Castello Branco, vice-presidente de planejamento da aérea, a TAM pediu uma freqüência diária a mais para Frankfurt, Paris e Londres, autorizações que estão "presas" com a Varig, segundo ele.

A Gol manifestou que a Varig retomará vôos internacionais em até 12 meses. "Reiteramos nossa posição de que é fundamental que as regras estabelecidas sejam mantidas. Se o prazo não for cumprido, as freqüências voltam para o poder concedente, que as licita. Somos contrários a qualquer reserva de mercado". A TAM obteve autorização para voar diariamente para Caracas.

 

 

O Estado de São Paulo
11/04/2007
STJ julga indenização da Varig
Nilson Brandão Junior

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga hoje mais um recurso movido pela União contra a indenização bilionária em favor da Varig antiga, que hoje tem o nome de Nordeste, por conta da defasagem tarifária durante o Governo Sarney. O valor da ação é de R$ 3 bilhões, mas, com as correções, poderia chegar a pouco mais de R$ 5 bilhões.

Na prática, trata-se de um recurso processual. A causa já foi julgada em favor da empresa. Caso este recurso seja acolhido, o STJ apreciará um outro, que defende que o julgamento deste caso foi diferente de outros semelhantes no próprio Supremo. Os valores da indenização representam pelo menos 80% do que a empresa precisa para quitar seus compromissos, principalmente com o fundo Aerus. Se o recurso for negado, a decisão favorável no STJ fica mantida. Ainda assim, o assunto deverá ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise de mais dois recursos específicos.

O presidente da Nordeste, Miguel Dau, diz que este dinheiro é 'carimbado', ou seja, já tem um destino definido dentro do Plano de Recuperação Judicial da empresa para os credores. Apenas o Aerus tem R$ 2,8 bilhões a receber. Atualmente, a Nordeste não realiza vôos. Cerca de 60 pessoas trabalham na empresa, basicamente em funções administrativas, no gerenciamento da recuperação judicial e preparação para entrada em operação. Segundo Dau, o objetivo é voar em setembro.

 

 

O Globo
11/04/2007
Ancelmo Góis


 

 

Site da ALERJ
11/04/2007
GESTOR E DIRETOR DE OPERAÇÕES DA VARIG DEPÕEM NA CPI NESTA QUINTA

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o processo de venda da Varig convocou para depor, nesta quinta-feira (12/4), às 10h30, na sala 311 do Palácio Tiradentes, o gestor da recuperação judicial, Miguel Dau, e o diretor de operações da VRG (Nova Varig), John Long. O gestor já havia sido convocado em março, mas só poderá comparecer agora na CPI. Segundo o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT), o resultado final da CPI será encaminhado ao Congresso Nacional.

 

Terça feira, 10/04/2007
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ
Denúncia da Deputada Luciana Genro em Plenário
Sessão: 061.1.53.O
Hora: 12:20
Fase: OD
Orador: LUCIANA GENRO
Data: 10/04/2007

Outro assunto:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero falar da Varig. Quero falar do drama de milhares funcionários da Varig que foram simplesmente rifados pelo governo federal, nesta negociata que possibilitou a divisão da empresa em duas, a aquisição da parte "boa" pelo fundo Matlin-Patterson e depois a sua revenda com lucro extraordinário para a GOL.

Os funcionários ficaram sem nada. Seus direitos trabalhistas jogados na lata do lixo. Aliás, foi o que dissemos que ocorreria com a nova Lei de Recuperação Judicicial. Como se não bastasse, milhares de aposentados agora assistem o AERUS ser liquidado, suas aposentadorias e pensões não serem mais pagas e tudo o que eles investiram pensando numa velhice mais tranquila ser desperdiçado. Esta é a lógica dos fundos de pensão: quebram e deixam seus dependentes abandonados.

E esta a lógica que o governo quer disseminar para todos os servidores públicos com a regulamentação da reforma da previdência.

O governo abandonou estas pessoas. Nada fez para garantir justiça aos funcionários, aposentados e pensionistas. No caso Varig também entrou em cena o juízo de Vara Empresarial do Rio de Janeiro que extrapolou no seu papel de cumprir com o que determina a lei de Recuperação Judicial.

Estranhamente um Juiz de vara empresarial se arvorou em legislar prejudicando milhares de trabalhadores ativos e aposentados da Varig, num leilão da empresa que está sob suspeição, motivo de uma CPI na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Leilão este que resultou na entrega da VARIG a preço de banana para o conhecido Fundo Americano abutre de Investimentos chamado Matlin-Patterson.

Milhares de trabalhadores brasileiros perderam seus empregos, as suas poupanças de anos de trabalho no Fundo de Pensão AERUS e consequentemente perderam as aposentadorias.

E o Brasil perdeu a VARIG! Perdendo a Varig , o Brasil perdeu sua posição no setor aéreo mundial.

Este foi o verdadeiro negócio da china patrocinado pelo Governo do Presidente Lula entregando mais uma de nossas empresas ao capital internacional, permitindo que especuladores e espertalhões enriquecessem da noite para o dia. Um dos laranjas brasileiros nesta operação foi o Sr Marco Antonio Audi, conhecido por sua empresa ter fraudado combustíveis em São Paulo.

Pelo que se consta o Fundo Matlin-Patterson pagou 24 milhões de dólares pela Varig, deu um calote em todos os seus trabalhadores e meses depois vendeu a empresa por 320 milhões de dólares para a Gol num negócio abençoado pelo Palácio do Planalto tendo como padrinho o compadre do Presidente Lula.

O mesmo advogado Roberto Teixeira, é aquele que anos atrás queria promover a chamada fusão da Varig com a TAM na qual caberia apenas 5% para a VARIG e 95% para TAM.

Depois que quebraram a Varig e o Fundo de Pensão Aerus, venderam a empresa tendo o Governo dívidas com ambos.

Nos próximos dias vai ser julgado pela Justiça a ação do congelamento das tarifas aéreas durante o governo José Sarney podendo fazer com que a União indenize a Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) em cerca de R$ 5.7 bilhões.

Acintosamente foi rasgado o Acordo Coletivo de Trabalho dos Funcionários da Varig, a Convenção Coletiva da Categoria , a CLT e até a Constituição, num Plano de Recuperação manipulado para um explícito favorecimento de pessoas e empresas estrangeiras fraudando milhares de trabalhadores.

E ninguém diz nada. Nada disto é debatido nesta Casa. Tudo feito a luz do dia, com a certeza da impunidade e a mão do Governo Federal.

O Governo Federal é o responsável pela quebra da Varig e pela entrega dela ao capital internacional.

Foi o Governo através da Secretaria de Previdência Complementar, com o Sr Erno Brentano, interventor , que promoveu a liquidação ilegal no Fundo de Pensão dos Trabalhadores, votando em nome do AERUS no Comitêdos Credores para aprovação desta farsa que foi o Plano de Recuperação da Varig.

Foi o Governo que também votou através de Empresas Estatais que eram credoras . O voto da INFRAERO foi decisivo na entrega deste patrimônio nacional fraudando cerca de 20 mil credores, desempregando 9 mil trabalhadores e deixando 7 mil aposentados do Fundo de Pensão AERUS sem aposentadoria.

O fato é que a empresa já foi revendida, como todos sabíamos que seria, os intermediários e outros com os bolsos cheios, o Brasil metido numa crise aérea sem precedentes.

Pasmem com trechos do depoimento do ex- presidente da Varig , Sr. Marcelo Bottini, à CPI, onde ele afirma que o juíz Roberto Ayoub o autorizou a descumprir os Acordos Coletivos, a CLT e por consequencia a Constituição Federal num negócio escabroso que foi esta venda da Varig. Na verdade o que está sendo vendido é o Brasil!

(Publicado no Diario Oficial do Estado do Rio de Janeiro , Ano XXXII - Nº 235 -Parte II, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006)

ATA DA 13ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO PARA INVESTIGAR O PROCESSO QUE CULMINOU NA VENDA DA VARIG, REALIZADA EM 22.11.2006. (RESOLUÇÃO Nº 1325/2006)

O SR. PRESIDENTE (Dep. Paulo Ramos) - Em relação aos critérios para escolha dos pilotos e comissários que ficaram trabalhando. Houve descumprimento de acordos coletivos, sentenças judiciais e da própria CLT? Como é que isso se deu?

O SR. MARCELO BOTTINI - Nós tínhamos por parte do Juiz Ayoub uma decisão de que dentro do plano de recuperação os convênios coletivos todos perdiam seu valor, inclusive envolvendo o próprio Ministério Público dentro disso. A situação que nós nos víamos depois do leilão é que a frota estava extremamente reduzida, o novo investidor não tinha a principio ainda a certificação, não tinha como desenvolver rapidamente a empresa e nós tínhamos que reduzir o número de funcionários, até porque esses funcionários já estavam com seus salários atrasados há quatro, cinco meses, e não podiam ficar oito, dez meses . Tínhamos que definir o assunto.

Dentro disso, nós fomos, conjuntamente com a nova malha que foi estruturada com esses aviões, eram doze ou treze, que basicamente atendiam o que este investidor comprou. Ele comprou o nome da Varig e ele comprou esses slots, principalmente daqueles slots tanto discutidos nos jornais, no Aeroporto de Congonhas, ele ia iniciar os seus vôos em Congonhas. Dentro disso foi alocada às tripulações um número percentual muito maior das pessoas que estavam em São Paulo do que aquelas que estavam no Rio de Janeiro. E com o crescimento da empresa, agora nós devemos aí, brevemente, eu ouvi um estudo desta Varig nova de iniciar vôos aqui no Galeão, e com os vôos no Galeão de volta ao Rio de Janeiro estariam contratando as outras pessoas.

Então, baseados nisso, eu notifiquei o administrador judicial e o administrador judicial ficou sabendo dos nossos desligamentos e nós fizemos os desligamentos.

O SR. PRESIDENTE (Dep.Paulo Ramos) - Sempre de acordo com a lei, os acordos coletivos, com tudo?

O SR. MARCELO BOTTINI - Dentro do plano de recuperação, considerando que nós tínhamos uma decisão do Juiz Ayoub que dizia que os acordos coletivos passados dentro do plano de recuperação não teriam validade.

Como vão ficar o Congresso Nacional, a Justiça do Trabalho, a Justiça e o povo brasileiro diante destes fatos?

Não resta ao Congresso Nacional outra alternativa que não seja instalar a CPI do Apagão Aéreo para esclarecer de uma vez por todas o que se esconde por trás do acidente com o avião da Gol e com esta entrega da Varig.

O que se passa nos Fundos de Pensão do nosso país que representam 18% do PIB ? Na INFRAERO e em outras Empresas Estatais? Certamente há de se encontrar mais crimes de lesa pátria neste verdadeiro apagão da moralidade pública onde tudo gira em torno do escambo no balcão de negócios sujos promovido pelo Palácio do Planalto.
Muito obrigada.