O
ESTADO DE SÃO PAULO
10/10/2006
Plano de vôo do Legacy apontava
turbulência na área da colisão
Tentativa de desviar de zona de
instabilidade é uma das hipóteses para explicar
por que jato voava na contramão
Bruno Tavares, Eduardo Reina
O plano de vôo do jato Legacy que
se chocou com o Boeing 737-800 da Gol no dia 29 mostra que,
além de mudar de altitude três vezes, o avião
também deveria alterar a velocidade e a aerovia do
vôo. Todos esses dados eram de conhecimento dos pilotos
americanos do avião. Eles sabiam até que iam
enfrentar uma turbulência às 16h56, quatro
minutos antes da colisão. Por causa disso, o plano
indica até a localização da maleta
de primeiros socorros na cabine de comando do jato - ao
lado do banco do piloto Joe Lepore.
Tentar desviar de uma turbulência
é um dos motivos apontados desde o começo
da investigação por oficiais da Aeronáutica
para justificar o fato de o Legacy ter saído da rota
e colidido com o Boeing. O planejamento de um vôo
é feito pela tripulação e aprovado
pelas autoridades aeronáuticas. No caso do Legacy
envolvido no maior acidente da história aérea
do País, que deixou 154 mortos, o plano previa que
o jato decolasse às 14h30 do aeroporto de São
José dos Campos, rumasse em direção
a Poços de Caldas (MG) para pegar a aerovia UW2 em
direção a Brasília. Nessa etapa, ele
estaria a 37 mil pés de altitude (11.225 metros)
e a uma velocidade de 972 quilômetros por hora.
Ao passar por Brasília, o plano
previa que o Legacy diminuísse a velocidade para
820 km/h e a altitude para 36 mil pés (10.922 metros).
Mudaria também de aerovia, passando para a UZ6, onde
rumaria até Manaus (AM). Em Teres, um ponto virtual
de localização aérea a cerca de 300
quilômetros do local do acidente, o Legacy deveria
subir para 38 mil (11.529 metros) e diminuir a velocidade
para 808 km/h. “Essa mudança é feita
para alcançar a melhor performance da aeronave”,
afirmou um oficial da Aeronáutica.
O plano previa que, caso o Aeroporto Eduardo
Gomes, em Manaus, estivesse fechado, o jato pilotado por
Lepore pousaria no aeroporto de Boa Vista (RR). O tempo
estimado de vôo até o destino final era de
3 horas e 34 minutos - com a chegada às 17h30 (hora
local, uma a menos do que a de Brasília).
Com base nesses dados, a Aeronáutica
tem certeza de que os pilotos do Legacy cometeram o erro
de entrar na contramão da aerovia UZ6. É que
o acidente ocorreu a 37 mil pés. Na UZ6, as altitudes
ímpares são reservadas para quem voa em direção
ao sul, a exemplo do Boeing, e as pares, para quem vai ao
norte, como o Legacy. Se esse é um ponto já
esclarecido, o que os peritos querem descobrir agora é
por que o transponder do Legacy não estava funcionando
no momento do choque.
HIPÓTESES
O transponder é o aparelho de comunicação
eletrônico que emite sinais do avião ao centro
de comando em terra e outros aviões. Os sinais identificam
a aeronave com o número de vôo e a companhia
aérea a que pertence e sua altimetria. É por
essa freqüência que são enviados dados
ao sistema anticolisão, chamado de TCAS, que deveria
dar o alerta de que o jato rumava em direção
ao Boeing. Como o aparelho do Legacy não estaria
ligado, sua altimetria exata não foi detectada pelos
radares que controlam o vôo na região e a sua
aproximação não foi percebida pelo
avião da Gol.
Há pelos menos três hipóteses
que justificam o não funcionamento do transponder:
ter sido desligado pelo piloto, sofrido uma pane ou ficado
em stand-by. Nesse último caso, o equipamento não
estaria desligado, mas funcionando em espera. Isso poderia
ocorrer caso ele estivesse aguardando a digitação
de uma nova freqüência de identificação
no momento do choque com o Boeing da Gol.
É provável que, ao mudar
de aerovia, em Brasília, o Legacy tivesse de alterar
o código de freqüência do transponder,
para manter o aparelho ligado. Para que o equipamento entre
em funcionamento é preciso que o piloto pressione
o botão ‘IDENT’ no painel de controle
do avião e digite a freqüência que o centro
de controle fornece a ele. “Toda vez que muda de aerovia,
uma nova freqüência é fornecida”,
disse um piloto.
Três pilotos e um oficial da Aeronáutica
ouvidos pelo Estado admitiram essa possibilidade. “Não
é comum perder sinal do transponder. O Legacy não
estava longe de Brasília para perder o sinal”,
afirmou um experiente piloto, com mais de 30 anos de trabalho.
Para o aeronauta, sem a nova freqüência
seria possível que o transponder do Legacy, apesar
de ligado, não emitisse sinal do avião para
o controle de Brasília. “O sinal desapareceu
do radar, que ficou sem identificação do vôo
e da companhia. É como ao se tentar sintonizar uma
rádio, antes de chegar à emissora desejada,
ouvir um chiado. No caso do transponder, antes de chegar
à freqüência informada pelo comando, a
identificação do avião desapareceu.
Foi aí que o comando começou a chamar o Legacy,
por sete vezes, e não obteve contato.”
Mas, segundo a Aeronáutica, esse
não era o caso do plano de vôo do Legacy. “Ele
devia seguir até o fim com seu código. Não
tinha de mudar. O Legacy estava voando sob vigilância
de radar. Ele é que controla o avião e deve
manter o perfil do plano de vôo, mesmo sem contato
com o controle de terra”, afirmou um oficial da Aeronáutica.
Para os pilotos, caso houvesse mudança,
é possível que, ao não entender corretamente
a freqüência repassada por Brasília, o
co-piloto do Legacy não tenha digitado o código
certo, o que deixaria o transponder do jato em stand-by.
Isso teria feito a identificação do Legacy
desaparecer das telas dos radares.
O ESTADO DE SÃO PAULO
10/10/2006
Acidente é marco da era dos
sistemas anticolisão, diz ‘The new York Times’
Matthew L. Wald, ‘The new York Times’
O controle de tráfego aéreo
foi inventado há meio século, principalmente
para evitar que aviões se chocassem, e geralmente
funciona. E para os casos em que não fosse eficiente,
há 25 anos os aviões começaram a usar
sistemas de advertência anticolisão a bordo.
Mas, no dia 29, dois aviões dotados
de algumas das mais modernas tecnologias de segurança
- um jato executivo Legacy, da Embraer, que estava sendo
entregue pelo fabricante, e um Boeing 737-800 com menos
de um mês de uso - colidiram sobre a selva amazônica
no Brasil. O jato pousou em segurança, mas o Boeing
caiu, matando as 154 pessoas a bordo.
Os sistemas anticolisão geralmente
funcionaram bem, segundo especialistas em aviação.
'Já me livraram de colisões no ar', afirmou
John Cox, ex-piloto comercial de Boeings 737 e oficial de
segurança da Associação de Pilotos
de Linhas Aéreas.
Essa tecnologia se tornará ainda
mais importante no futuro próximo, quando os céus
ficarão cada vez mais carregados de aviões
de carreira e de uma nova classe de microjatos de quatro
a oito lugares, usados como táxis aéreos e
charters, que poderão cruzar com os Boeings e Airbus.
Os investigadores deverão determinar
se o desastre brasileiro foi conseqüência de
falha tecnológica, humana ou ambas. Mas, mesmo antes
de o inquérito ser concluído, uma lição
está clara: apesar da tecnologia, as colisões
continuarão sendo inevitáveis. 'Não
existe essa história de 'absoluto' no mundo da aviação',
disse Daryal Kuntman, que ajudou a desenvolver o primeiro
sistema anticolisão comercial antes de se aposentar
da companhia que hoje é a Honeywell. 'Sempre haverá
colisões no ar em algum lugar. Você só
aumenta o tempo entre as ocorrências com um sistema
destes.'
O desastre brasileiro foi um marco, disseram
Cox e outros especialistas em segurança. Depois de
dezenas de milhões de vôos, esse foi apenas
o segundo choque no ar entre dois aviões equipados
com sistemas anticolisão. O primeiro, em julho de
2002, sobre a Alemanha, é um bom exemplo de por que
sempre ocorrem acidentes. O piloto de um jato russo obedeceu
aos comandos de um controlador de tráfego aéreo,
em vez de os indicados pelo sistema anticolisão a
bordo de seu avião, e desviou para o curso de um
Boeing 757.
O Globo
10/10/2006
Alcelmo Góis
Folha de São
Paulo
10/10/2006
Varig lidera ocupação
na ponte Rio-SP
Com uma estratégia agressiva
de promoções, companhia aérea preenche
66% dos assentos desde o final de setembro
Estimativa é a de que a participação
no mercado doméstico tenha ido a 4,2%; especialistas
vêem tática arriscada no longo prazo
JANAINA LAGE - DA SUCURSAL DO RIO
Quase três meses
após a venda das operações da Varig
em leilão, a companhia começa a dar sinais
de recuperação. Segundo dados do consultor
em aviação Paulo Sampaio, a Varig obteve o
maior percentual de ocupação na ponte aérea
entre os dias 28 de setembro e 4 de outubro, com 66%. O
resultado foi superior ao das concorrentes. No mesmo período,
a TAM teve 61%, e a Gol, 63%.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, as
promoções e os descontos agressivos foram
a principal receita para reconquistar o consumidor. Além
disso, a empresa investiu em melhoras no serviço
de bordo, com novos lanches e opções, como
caldo de feijão e hambúrguer de picanha.
A estratégia de descontos incluiu
também o acúmulo de milhas do Smiles. Em alguns
trechos, o passageiro pode acumular o triplo de milhas.
De acordo com os cálculos do consultor,
a Varig já chegou a 4,2% do mercado doméstico
em setembro. TAM e Gol representam 86,9%. Segundo Sampaio,
a ocupação da Varig no mercado doméstico
ficou em 55% em setembro, contra 76% da Gol e 72% da TAM.
A demanda aquecida do mercado também
contribuiu para aumentar a ocupação. De janeiro
a junho deste ano, a demanda cresceu 21,5%.
"Desde 2004 o mercado vive um período
de franca expansão com muitas promoções.
Quando o colapso da Varig chegou, em junho, acabaram as
promoções. Ninguém faz oferta com avião
cheio", afirmou.
Atualmente a Varig opera com 15 aeronaves.
Desse total, três ou quatro são usadas nas
36 freqüências diárias na ponte Rio/São
Paulo. Desde 23 de setembro, a tarifa promocional para horários
no início da manhã e no final da noite (durante
a semana) e em todos os horários no fim de semana
foi reduzida de R$ 169 para R$ 109.
Apesar dos sinais de recuperação,
analistas afirmam que a estratégia de descontos agressivos
pode não se manter no longo prazo. A retomada das
operações da companhia em definitivo ainda
depende da discussão sobre a redistribuição
de linhas que não serão usadas na primeira
etapa do plano apresentado à Agência Nacional
de Aviação Civil.
A Varig também aumentou seu nível
de regularidade (percentual de vôos que foram cumpridos).
Em maio, no auge da crise, o índice foi de 62%. De
28 de setembro a 4 de outubro, o percentual no mercado doméstico
foi de 97,2%. Parte desse resultado pode ser atribuída
à operação com uma malha reduzida.
A Varig voa atualmente para nove destinos.
Folha de São Paulo
10/10/2006
Vôos da Gol e TAM têm
queda de ocupação no início do mês
MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
Os aviões de Gol e TAM decolaram
mais vazios nos primeiros quatro dias deste mês do
que ao longo de setembro, segundo dados preliminares obtidos
pela Folha. Na avaliação de analistas, entretanto,
é cedo para dizer se a retração é
decorrente do acidente do dia 29.
Tanto no caso da Gol quanto no da TAM a
taxa de ocupação de 1º a 4 de outubro
foi de 65%. Os percentuais em setembro foram de, respectivamente,
76% e 72% -no caso da Varig, que vem recuperando passageiros
depois que foi vendida, a taxa foi de 56% nos primeiros
quatro dias do mês e de 55% no mês passado.
Os dados preliminares mostram ainda que
a demanda de passageiros nas duas companhias cresceu menos
em relação ao mesmo período de 2005.
No caso da Gol, no mês passado a
alta foi de 41% em relação a setembro de 2005.
A oferta da companhia também cresceu 41% no período.
De 28 de setembro a 4 de outubro, a alta na demanda foi
de 21% em relação ao mesmo período
do ano passado, e o crescimento da oferta de assentos foi
de 45%.
Já a TAM, em setembro, teve um crescimento
de 36% na demanda e de 28% na oferta. De 28 de setembro
a 4 de outubro, a alta foi de 30% na demanda e 35% na oferta.
"É um período curto.
Ainda não dá para falar em efeito do acidente
da Gol sobre a demanda por passagens aéreas",
afirma o consultor Paulo Bittencourt Sampaio.
Para ele, o fato de a demanda estar mais
fraca, aliado ao aumento esperado de oferta de assentos
pelas companhias, deve tornar este mês propício
ao aumento de promoções.
Segundo a Folha apurou, a avaliação
entre as empresas sobre o impacto do acidente é a
mesma do consultor: é cedo para saber. De qualquer
forma, a expectativa é que não haja efeito
negativo. A queda na ocupação observada nos
dias seguintes pode ser sazonal, relacionada às eleições
(as pessoas deixam de viajar para votar).
Procuradas pela reportagem, as duas companhias
aéreas não comentaram os dados.
Setor em crescimento
A demanda de passageiros está em alta no Brasil neste
ano. De janeiro a agosto, o crescimento foi de 15,9% na
comparação com o mesmo período do ano
passado, de acordo a Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil), órgão regulador. A oferta de assentos
pelas companhias, no mesmo período, teve um crescimento
de 12,5%.
Em agosto, a Gol teve uma participação
de mercado nos vôos domésticos de 37,35%.
Folha de São Paulo
10/10/2006
Plano de vôo confirma que piloto
do Legacy errou, afirma a polícia
HUDSON CORRÊA - DA AGÊNCIA FOLHA,
EM CUIABÁ (MT)
O plano de vôo do jatinho Legacy
previa que o avião voasse a 37 mil pés (cerca
de 12 km de altura) de São José dos Campos
(SP) a Brasília, baixasse a 36 mil pés, após
passar por essa cidade, e subisse a 38 mil a partir de um
ponto da carta de aviação chamado Teres. Esse
ponto fica a menos de 15 minutos, na velocidade do avião,
do local onde houve a colisão entre Legacy e o avião
da Gol.
As informações são
do delegado da Polícia Civil Luciano Inácio
da Silva, que conduz as investigações na esfera
estadual em Cuiabá (MT). Há também
um inquérito aberto pela Polícia Federal em
Mato Grosso. Silva recebeu no sábado, da Embraer,
fabricante do jatinho, o plano de vôo. Segundo o delegado,
o documento mostra contradições com os depoimentos
do piloto Joseph Lepore, 42, e do co-piloto Jean Paul Paladino,
34, prestados à Polícia Civil logo após
o acidente.
Os dois disseram que mantiveram uma altitude
de 37 mil pés, seguindo à risca o plano de
vôo. Silva diz que o plano não previa a manutenção
da altitude. Seu próximo passo nas investigações
será ouvir os controladores de vôo. Ele também
afirmou que tomará novo depoimento de Lepore e Paladino
para esclarecer as contradições. Conforme
o delegado, mesmo com o plano de vôo prevendo a subida
a 38 mil pés, o piloto não poderia passar
a essa altitude sem antes pedir autorização
dos controladores de vôo. O piloto disse que a aeronave
perdeu contato com os controladores de vôo.
Ontem Silva entregou o plano de vôo
ao delegado federal Renato Sayão. Silva disse que
fez um acordo com Sayão para manter uma mesma linha
de investigação. Até a Justiça
Estadual decidir, a Civil mantém o inquérito,
embora o diretor-geral, Romel Luiz dos Santos, entenda que
o crime envolvendo aeronaves seja federal.
Sayão deve conduzir o inquérito
em Brasília. Segundo ele, a PF tem autonomia para
ouvir os controladores de vôo, ou seja, não
depende de autorização da Aeronáutica.
O piloto e o co-piloto do jatinho já
deram duas versões divergentes para as razões
do acidente. Nos depoimentos que prestaram à Polícia
Civil de Mato Grosso, na madrugada do último dia
2, disseram que subiram a 37 mil pés logo que deixaram
o aeroporto de São José dos Campos e mantiveram
essa altitude até a colisão, já no
espaço aéreo de Mato de Grosso.
Lepore e Paladino afirmaram que em nenhum
momento desviaram dos parâmetros do plano de avô
(como altitude e aerovia selecionada) que havia sido definido
pela Embraer, fornecedora do jatinho.
Na semana passada, o advogado contratado
para defender os tripulantes do jatinho no Brasil, José
Carlos Dias, deu uma justificativa diferente. Segundo ele,
os tripulantes não se sentiram autorizados a mudar
a altitude após várias tentativas sem sucesso
de entrar em contato com o centro de controle aéreo
de Brasília.
Lepore e Paladino disseram aos diretores
da ExcelAire (proprietária do jatinho) que as práticas
aeronáuticas nos Estados Unidos proíbem mudança
de altitude sem conhecimento do controle de radares.
Folha de São Paulo
10/10/2006
Documento descreve trajeto aéreo
DA REPORTAGEM LOCAL
O plano de vôo é um documento no qual um piloto
ou uma empresa descrevem as características da aeronave
e do trajeto -como velocidade, hora e altitude- programadas
antes da decolagem.
O formulário é avaliado 45 minutos antes
da partida, geralmente por um sargento da Aeronáutica,
que confere as condições apresentadas e, se
necessário, faz modificações e avisa
a tripulação por rádio.
Nessa comunicação, a regra da aviação
prevê um procedimento de cotejamento -pelo qual um
piloto, depois de receber as instruções, é
obrigado a repeti-las para confirmar se entendeu tudo. As
conversas são gravadas.
O plano de vôo aprovado é digitado num computador
e os dados vão para os centros de controle do tráfego
aéreo.
O modelo do plano de vôo no Brasil, que é
diferente do usado nos EUA, contém um espaço
com destaque, intitulado "nível", no qual
deve ser preenchida a altitude de cruzeiro planejada "para
a primeira parte ou a totalidade da rota". No caso
do Legacy, segundo um oficial da Aeronáutica, nessa
parte constava a indicação de 37 mil pés.
Em seguida, há um espaço para detalhamento
da rota, com as eventuais mudanças de altitude em
cada ponto -no caso do Legacy, para 36 mil pés e
38 mil pés.
O
Globo Online
09/10/2006 às 21h32m
Plano de vôo mostra que Legacy
estava na altitude errada na hora do acidente
RIO - O plano de vôo do avião Legacy, que atingiu
o Boeing 737-800 da Gol no acidente que matou 154 pessoas
há dez dias, mostra que o jato da Embraer não
deveria estar a 37 mil pés de altitude no momento
da colisão, segundo reportagem do Jornal Nacional,
nesta segunda-feira.
De acordo com o plano de vôo, assinado
por Welder Cabreira, da Embraer, e aprovado pelo sistema
de controle do espaço aéreo brasileiro, o
Legacy deveria ter mudado de altitude depois de sobrevoar
Brasília. Em reportagem exibida neste domingo pelo
Fantástico, os pilotos do Legacy confirmaram que
estavam na mesma altitude do avião da Gol.
O Legacy decolou de São José
dos Campos (SP) e tinha autorização para voar
a 37 mil pés somente até Brasília,
como informa o plano de vôo. Ao passar pela capital
federal, o avião deveria descer para 36 mil pés
e manter essa altitude por cerca de 513 km, até a
Posição Teres, um ponto virtual de controle
aéreo.
Quando passasse pela Posição
Teres, o Legacy deveria subir para 38 mil pés. Segundo
especialistas, essa subida de dois mil pés leva aproximadamente
um minuto e equivale a 15 quilômetros. No momento
da mudança de altitude, os dois aviões ainda
estariam a 600 quilômetros um do outro - a Posição
Teres fica a 307 quilômetros do local da colisão.
Em comunicado oficial emitido nesta segunda-feira,
a Gol informou que já iniciou os contatos com familiares
da vítima para tratar das indenizações
, que segundo a empresa deverão ser calculadas individualmente.
Especialistas afirmam que o Legacy deveria
ter mantido o plano de vôo original, mesmo que estivesse
sem comunicação com o centro de controle aéreo,
e que qualquer mudança teria de ser pedida e autorizada
pelo sistema de controle.
Panrotas
09/10/2006 16:49:00 - Plantão de Notícias
Total endossa bilhetes Varig para
Noronha
A Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) informa que a Total Linhas Aéreas está
endossando os bilhetes emitidos pela Varig para evitar transtornos
aos passageiros que voam para Fernando de Noronha, em Pernambuco.
A agência esclarece que por medidas
de segurança e para garantir a tranqüilidade
dos passageiros e profissionais que trabalham no aeroporto
de Fernando de Noronha estão suspensos os vôos
com aeronaves jatos de grande porte. Somente podem operar
aeronaves de médio porte. O governo de Pernambuco
prometeu resolver os problemas de segurança e de
infra-estrutura do aeroporto o mais breve possível.
Panrotas
09/10/2006 13:37:00 - Plantão de Notícias
Vem nomeia novo diretor-presidente
Filipe Morais de Almeida foi nomeado diretor-presidente
da Vem, ex-empresa de manutenção do Grupo
Varig e que foi vendida para a Tap no final do ano passado,
substituindo Evandro Braga de Oliveira. Filipe Morais de
Almeida será também membro do Conselho de
Administração da Vem, substituindo Sérgio
Ferolla e acumulando interinamente cargos de diretoria até
a nomeação da nova equipe da empresa.
Filipe Morais de Almeida é formado
em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico
de Lisboa e Mestre em Administração e Gestão
de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa
e até o presente momento exercia a função
de Presidente do Conselho de Administração
da Bombardier Portugal.
G1 - Portal de Notícias
do Globo
09/10/2006 - 08h50m - Atualizado em 09/10/2006 - 09h24m
EQUIPE DE RESGATE RECEBE REFORÇO
EM MATO GROSSO
Oitenta militares especializados
em atuação na selva chegaram ao local onde
caiu o Boeing da Gol
As buscas pelos corpos das vítimas
da queda do Boeing da Gol no dia 29 de setembro, no Parque
do Xingu, em Mato Grosso, continuam nesta segunda-feira
(9). Oitenta militares especializados em operações
na selva chegaram ao local para reforçar as equipes
de resgate.
Cento e cinqüenta e quatro pessoas
estavam no avião. A Aeronáutica informou que
129 corpos já foram localizados.
Oitenta e sete corpos foram encaminhados
para o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília
e 61 já foram oficialmente identificados.
Três corpos terão que passar
por exames de DNA, pois não é possível
fazer o reconhecimento pelas impressões digitais.
Em Mato Grosso, as maiores dificuldades
das equipes de resgate são a mata fechada e os riachos
que têm de ser atravessados. O comando da operação
informa que os homens são treinados para andar quatro
quilômetros por hora, mas, devido ao trabalho detalhado
de busca, eles estão caminhando cerca de 500 metros
por hora.
No domingo (8), equipes de jornalistas
sobrevoaram a área do acidente. Do helicóptero
da Força Aérea Brasileira (FAB), foi possível
observar os destroços do avião e locais onde
estão concentradas as bagagens das vítimas.
Veja aqui a reportagem.
Investigações
A Polícia Federal e uma comissão
formada por especialistas do setor estão investigando
as causas do acidente.
Peritos da Aeronáutica chegaram
a afirmar que os pilotos do jato Legacy, da empresa americana
de táxi aéreo ExcelAire, desobedeceram o plano
de vôo, que previa que eles voassem a uma altitude
de 36 mil pés.
O jato teria se chocado com o Boeing da
Gol a 37 mil pés (11,2 km), na região da divisa
entre o Pará e Mato Grosso. O Legacy fez um pouso
de emergência e nenhum dos sete ocupantes ficou ferido.
Em depoimento à Polícia Civil
mato-grossense, os pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino
confirmaram que voavam a 37 mil pés.
Eles disseram que seguiam orientação
do plano de vôo feito pela Embraer, em São
José dos Campos (SP), de onde partiram.
Os passaportes de Lepore e Paladino foram
apreendidos, por determinação na Justiça
do Mato Grosso.
O delegado da PF, Renato Sayão,
deve montar uma equipe de trabalho na Coordenação
de Aviação Operacional da corporação
nesta semana. Segundo ele, os controladores de vôo
que monitoravam as rotas dos aviões vão ser
ouvidos. Sayão pretende ainda pedir à Justiça
Federal a retenção dos passaportes dos pilotos
americanos, para garantir que eles permaneçam no
País até que o caso seja resolvido.
O plano de vôo do Boeing da Gol foi
localizado no domingo (8), junto aos pertences do co-piloto,
Thiago Jordão Cruso.
Indenizações
O desembargador João Mariozi, do
Distrito Federal, concedeu no sábado (7) liminar
que impede que o Legacy saia do Brasil.
O processo foi movido por Bernardo Álvares
da Silva Campos, que perdeu a mulher Patrícia de
Souza Moreira, no acidente, e tem como objetivo garantir
o pagamento de indenizações.
Parentes de vítimas já procuraram
escritórios internacionais de advocacia, que podem
ser acionados caso seja provado que empresas de outros países
tenham responsabilidade pela queda do Boeing da Gol.
Folha Online
08/10/2006 - 23h25
Pilotos do Legacy dizem que voavam
na altura prevista no momento do acidente
Os pilotos do jato Legacy que colidiu com
o Boeing da Gol no dia 29 do mês passado disseram
em depoimento à Polícia Civil que estavam
na altura prevista no plano de vôo --37 mil pés--
no momento do acidente. Militares, porém, afirmam
que o Legacy deveria voar a 36 mil pés na região,
conforme estabelece a aerovia.
Os pilotos disseram, ainda, que o plano
de vôo foi produzido pela Embraer --fabricante do
jato, comprado pela empresa americana ExcelAire-- e que
tiveram autorização das torres para voar na
altura informada. As declarações dadas em
depoimento foram divulgadas neste domingo pelo programa
"Fantástico", da Rede Globo.
O piloto Joseph Lepore disse ter saído
da cabine por alguns instantes, para ir ao banheiro, e que,
quando retornou, encontrou o co-piloto tentando falar com
o controle de tráfego, sem sucesso. Em seguida, disse
ter ouvido um barulho, mas sem sentir nenhum impacto da
colisão, e que o avião desviou para a esquerda.
Falou também que um dos cinco passageiros entrou
na cabine para avisar que um lado da asa havia sido danificado
e que, durante o pouso, tentou usar a freqüência
de emergência, também sem conseguir contato.
Foi auxiliado por um avião de carga, que intermediou
a conversa.
O piloto disse ter treinado 20 horas em
simulador para o modelo e que havia cumprido cinco horas
efetivas de vôo nesse tipo de jato.
Lepore confirmou que não viu o Boeing
da Gol, que tinha a visão prejudicada pela posição
do sol e que o sistema anticolisão do Legacy não
funcionou. O piloto disse que ficou sabendo da queda do
Boeing --que resultou na morte dos 154 ocupantes-- somente
horas depois, quando jantava na base aérea do Cachimbo,
onde pousou. O avião caiu em uma área de mata
fechada em Mato Grosso.
O co-piloto Jan Paul Paladino confirmou
que o plano de vôo previa a viagem em 37 mil pés
--a mesma altura do avião da Gol-- e que havia sido
feito pela Embraer. Falou ainda que os equipamentos --como
o transponder-- aparentavam funcionar normalmente, antes
e depois do impacto, mas que o sistema anticolisão
não deu nenhum alerta. Em seu depoimento, Paladino
disse ter sentido o impacto da colisão, ao contrário
do piloto.
O piloto Joseph Lepore e o co-piloto Jan
Paladino, que conduziam o Legacy no momento do acidente,
tiveram seus passaportes apreendidos pela PF (Polícia
Federal) por força de uma ordem judicial e, consequentemente,
estão impedidos de deixar o país. Eles são
considerados testemunhas-chave no caso.
Reportagem publicada pela Folha na sexta-feira
(6) mostra que o plano de vôo original do Legacy previa
que ele mudasse de posição duas vezes antes
do ponto onde houve o choque com o Boeing da Gol.
O plano de vôo previsto para o Boeing
da Gol foi achado com o corpo do co-piloto da aeronave,
Thiago Jordão Cruso, 29, entre os destroços,
informou neste domingo a divisão de comunicação
da Polícia Civil do Distrito Federal. O documento
foi encaminhado à Aeronáutica, que lidera
a investigação sobre as circunstâncias
do acidente --o maior da história aeronáutica
brasileira.
Investigação
Muitas perguntas sobre o acidente permanecem
sem resposta. O conteúdo das caixas-pretas do Legacy
e do Boeing são determinantes para se chegar à
possível causa. Parte da caixa-preta do avião
da Gol ainda não foi localizada.
A FAB (Força Aérea Brasileira)
vai apurar se o transponder do Legacy apresentou a falha
apontada pelas autoridades americanas --que determinou um
recall do equipamento marcado para começar no dia
17 de outubro.
Reportagem publicada no sábado pela
Folha, mostra que a FAA (Administração Federal
de Aviação) indicou, em 12 de setembro, que
o transponder podia ficar inoperante inadvertidamente se
a tripulação manuseasse um botão no
painel de comunicação do avião por
mais de cinco segundos.
Seria apenas mais um fator contribuinte
para o acidente, uma vez que houve aparente falha de comunicação
entre pilotos e o controle de Brasília e o Legacy
estava na mesma altura do Boeing.
Sem o transponder, equipamento que transmite
dados como altitude e velocidade do avião para o
controle em solo e outros aviões, o sistema anticolisão
do avião não consegue 'avisar' o mesmo aparelho
em outra aeronave.
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