Jornal do Brasil
10/08/2007
PDT, de Lupi, contesta Lei de Falências
Luiz Orlando Carneiro
BRASÍLIA. Ação de inconstitucionalidade
proposta pelo PDT ao Supremo Tribunal Federal contesta
dispositivos da nova Lei de Falências (11.101/05),
segundo os quais na alienação judicial de
ativos da empresa em recuperação -
como foi o caso da Varig - o comprador fica
isento de quaisquer obrigações do devedor
"derivadas da legislação do trabalho".
Assim, de acordo com a petição, a lei acabou
por criar "uma forma nova de extinção
do emprego, sem garantir qualquer indenização
ao empregado ou impor qualquer responsabilidade ao adquirente".
A lei atacada pelo PDT - do qual é presidente
o atual ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que
assina a petição juntamente com os advogados
do partido - "regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência de empresário
e de sociedade empresária". Foi promulgada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 9
de fevereiro de 2005. O ministro do Trabalho, na época,
era o hoje presidente do PT, Ricardo Berzoini.
Na ação, o PDT sustenta que a lei conflita
com as garantias trabalhistas previstas no artigo 7º
da Constituição, principalmente no que se
refere à garantia de emprego, irredutibilidade
de salários e participação nos lucros.
Os advogados Sebastião José da Motta e Otávio
Bezerra Neves argumentam, também que a Constituição
reserva à lei complementar (e não lei ordinária)
a regulação da relação de
emprego protegida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa.
Ainda conforme a petição inicial, a nova
Lei da Falência foi "testada" no caso
Varig, quando os novos controladores afirmaram serem imunes
às obrigações trabalhistas, "como
se fosse possível adquirir postos de trabalhos
vazios". Lembram os advogados que, "como conseqüência
lógica desse fato, milhares de ações
judiciais trabalhistas acabaram sendo ajuizadas em varas
federais de trabalho pelo país afora, pelos empregados
do grupo Varig, em defesa de seus direitos sociais, cláusulas
pétreas da Constituição".
A ação de inconstitucionalidade proposta
pelo PDT ao STF tem como relator o ministro Ricardo Lewandowski.
Jornal do Brasil
10/08/2007
Crise aérea ameaça
a credibilidade
O Brasil corre o risco de ser rebaixado do grupo de elite
da Organização de Aviação
Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês),
da ONU, caso a crise aérea não seja resolvida.
O alerta foi feito ontem pelo presidente da Associação
de Pilotos da Varig, comandante Elnio Borges Malheiros,
durante seminário sobre a crise aérea promovido
pela Coppe/UFRJ.
Periodicamente, observadores da ICAO auditam países
que compõem a organização. A Varig,
por anos símbolo da aviação brasileira
no exterior, sempre foi a empresa escolhida para ser vistoriada.
Agora, com a quebra, TAM ou Gol têm que ser escolhidas
no ano que vem, quando os técnicos estrangeiros
estarão no Brasil. A ICAO avalia a competência
de gestão do país na aviação
civil.
- Com essa crise, a chance de o país ser rebaixado
e perder o grupo 1 é muito maior - ressalta Elnio.
- O que temos hoje, com todo respeito, não dá
para comparar com a Varig.
O piloto lembra que deixar o seleto grupo 1 faz com
que o país perca série de benefícios.
Não poderá mais certificar produtos aeronáuticos.
Seria como, lembra Elnio, se a Embraer construísse
aviões e eles fossem homologados por concorrentes
fora do Brasil.
Tribuna da Imprensa
10/08/2007
Um ato coerente de Lupi
A atitude do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em relação
ao caso da Varig, foi uma rara demonstração
de independência e lucidez. Embora como ministro
venha tentando uma solução negociada para
o problema, que configura um desrespeito total ao mais
elementar direito trabalhista - a demissão com
a correspondente indenização -, Lupi, na
condição de presidente nacional do PDT,
não pestanejou. Assinou uma ação
judicial contra artigos de uma lei, bancada pelo governo
Lula, que só veio para sacrificar ainda mais os
trabalhadores.
O PDT ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade,
no STF, contra artigos da lei de recuperação
judicial (Lei 11.101/2005). O partido alega que o inciso
II do artigo 141 cria "uma forma nova de extinção
do emprego, sem garantir qualquer indenização
ao empregado ou impor qualquer responsabilidade ao adquirente".
O dispositivo estabelece que na alienação
judicial "conjunta ou separada" de ativos o
adquirente fica isento de quaisquer obrigações
do devedor "derivadas da legislação
do trabalho".
O partido afirma que esse dispositivo conflita com as
garantias trabalhistas previstas no artigo 7º da
Constituição, em especial a de garantia
de emprego, irredutibilidade de salários, participação
nos lucros e qualquer outro direito trabalhista. De acordo
com a ação, a norma fere também o
artigo 170, quando trata da ordem econômica "fundada
na valorização do trabalho humano".
Na ação, o partido sustenta que a recuperação
judicial da Varig, que serviu como um teste da aplicação
da Lei 11.101/05 na prática, teve o "nefasto
efeito do perecimento de quase 10 mil empregos diretos
e dezenas de milhares de outros indiretos".
O partido propõe, também, que seja analisado
o inciso I do artigo 83, que limita a 150 salários
mínimos por credor os créditos que venham
a ser reconhecidos como sendo de natureza trabalhista
ou decorrentes de acidentes de trabalho, em processos
falimentares ou de recuperação judicial
de empresas. Segundo o partido, esse dispositivo conflita
com o inciso XXXVI do artigo 5º da CF ("a lei
não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada").
O Estado de São Paulo
10/08/2007
Gol sugere a Jobim voar Varig
Para Constantino, empresa tem
mais espaço para passageiros altos, como ministro,
de 1,90 m
Beth Moreira e Sergio Gobetti
Questionado sobre a exigência do ministro da Defesa,
Nelson Jobim, de que as empresas aumentem o espaço
entre as poltronas dos aviões, o presidente da
Gol, Constantino de Oliveira Júnior, sugeriu ontem
a ele que voe pela Varig - comprada pela Gol. Constantino
afirmou que a mudança da malha da empresa, com
a transferência ou cancelamento de vôos, pode
levar a aumento das tarifas para operações
no Aeroporto de Congonhas.
“Soube disso (da questão das poltronas)
pela imprensa e ainda não há nada oficial.
Mas a Varig já oferece isso, tem mais espaço,
menos escalas. É ideal para passageiros premium
como o Jobim”, disse Constantino. O ministro, de
1,90 metro e 110 quilos, afirmou anteontem no Senado que
se sente desconfortável durante os vôos.
Se Jobim seguir o conselho, perderá muito mais
tempo no trajeto entre Brasília e Porto Alegre,
onde vive sua família. O vôo mais rápido
da Varig leva 3h45, se a escala em Congonhas não
atrasar. Em alguns casos, como o do vôo que sai
ao meio-dia de Brasília, a viagem dura sete horas.
Pela Gol e pela TAM, o trecho pode ser feito em vôos
diretos, diariamente, com até 2h20 de duração.
Outro exemplo: o morador de Brasília que quiser
passar o fim de semana em Copacabana, no Rio, gastará
pelo menos 3h15.
Embora teoricamente mais confortáveis, segundo
Constantino, os aviões da Varig operam com várias
escalas. Só ontem, a empresa suspendeu vôos
que partem de Cumbica e do Galeão para Buenos Aires,
por problemas operacionais.
Em relação às mudanças em
Congonhas, Constantino afirmou que a produtividade será
reduzida. “Isso pode ser repassado para as tarifas.”
Em teleconferência com analistas do setor, o executivo
ressaltou que os vôos de Cumbica terão tarifas
menores. “Teremos uma diferença de preços
entre Congonhas, que é central, e Guarulhos, mas
a média de preços não deverá
mudar.”
Constantino disse, ainda, que a Gol está trabalhando
na redefinição da malha, que deverá
estar pronta em 60 dias. Questionado sobre a criação
de novos hubs (pontos de conexão), explicou que
a nova malha vai respeitar a demanda. “Não
adianta transferir vôos para destinos onde os passageiros
não têm intenção de voar”,
disse. Para ele, Galeão, Brasília e Confins
(Belo Horizonte) são hubs naturais.
ALTA EM JULHO
Os preços das passagens subiram 11,15% em julho,
na alta mais intensa para o mês em sete anos, segundo
a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar do salto, os preços ainda acumulam queda
de 10,61% no primeiro semestre. Para o economista da FGV
André Braz, julho é um período tradicional
de alta nas passagens, mas as empresas podem ter aproveitado
as férias para recuperar margens de lucro. Nos
últimos 18 meses, o preço das passagens
caiu 34%.
Apesar da crise na aviação, o mercado da
aviação cresceu 9,3% em julho, na comparação
com o mesmo mês de 2006.
O Estado de São Paulo
10/08/2007
'Não sei por que criaram
essa Anac', diz ministro
Brasília
Em reunião com o Conselho Político do governo,
no Palácio do Planalto, o ministro da Defesa, Nelson
Jobim, pôs ontem em dúvida a necessidade
de existência da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Diante de deputados de 11 partidos, Jobim
fez um duro diagnóstico sobre o trabalho da agência.
“Não sei por que criaram essa Anac.”
O governo quer mudar o projeto de lei que reestrutura
as agências para permitir que os atuais diretores
possam ser demitidos. Jobim apontou que nada mudou na
aviação civil após a criação
da agência, em 2006. Jobim avaliou que, quando há
problema, diretores jogam a crise para o governo.
Um acordo de líderes deverá permitir a
votação do projeto que muda o estatuto das
agências na quarta-feira. Há a idéia
de avaliar, a cada dois anos, os diretores.“Há
um sentimento na Câmara e no Senado de que temos
de fazer mudanças, sem emoção”,
disse José Múcio (PTB-PE).
Após ouvir procuradores do Ministério Público
Federal sobre aeroportos de seis Estados, o relator da
CPI do Apagão Aéreo no Senado, Demóstenes
Torres (DEM-GO), disse estar certo de “crime organizado”
na Infraero. “Um grupo de sete ou oito empreiteiras
arrebataram todas as obras (de modernização
dos aeroportos)”,disse
A diretora da Anac, Denise Abreu, deve entrar hoje com
ação na Justiça contra o brigadeiro
José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero,
que a acusou de tentar beneficiar um amigo no setor de
cargas aéreas.
O Estado de São Paulo
10/08/2007
CPI libera mais diálogos
com torre
Piloto do Airbus da TAM foi
informado sobre pista escorregadia 2 minutos antes de
aterrissar
Luciana Nunes Leal e Camilla Rigi, Brasília
Deputados da CPI do Apagão Aéreo divulgaram
ontem gravação com trechos dos últimos
30 minutos de diálogos entre controladores de vôo
e o piloto do Airbus A320 da TAM, Kleyber Aguiar Lima,
no dia 17. Kleyber comunicou-se primeiro com Ziloá
Miranda Pereira, depois com Luana Morena Maciel Araújo,
ambas do centro de controle de aproximação
do Aeroporto de Congonhas. Quando o piloto avistou a pista,
passou a se comunicar com Celso Domingos Júnior,
na torre de controle. Kleyber só foi informado
da pista escorregadia 2 minutos antes do pouso.
Kleyber, 14 minutos antes do pouso, perguntou a Ziloá
se chovia em Congonhas. “Chuva leve e contínua,
mas não foi reportada ainda pista escorregadia,
OK?”, respondeu Ziloá. Antes, ela relata
“problemas na freqüência” e pede
ao piloto que reduza ao máximo a velocidade. “No
meu turno, não tinha essa informação.
A torre passa tudo que muda: vento, chuva, visibilidade”,
disse Ziloá à CPI.
Os últimos registros, às 18h46, mostram
o piloto já em contato com a torre, quando recebe
o informe de Domingos: “Pista molhada e escorregadia.”
Segundo o controlador, a informação chegou
à torre a partir de relatos de pilotos.
Segundo o Serviço Regional de Proteção
ao Vôo de São Paulo (SRPV), o último
relato de pista escorregadia feito à torre ocorreu
às 17h04. O SRPV pediu a medição
da lâmina d’ água à Empresa
Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
Às 17h20 a torre voltou a operar. Mesmo sem novos
relatos, controladores da torre continuaram alertando
os pilotos.
Quando Kleyber soube da pista escorregadia, estava a
quase 4 quilômetros do aeroporto. E, segundo oficiais
da Aeronáutica, ainda teria 1 minuto e meio para
decidir arremeter. “O controle de aproximação
não tem obrigação de informar os
pilotos sobre condições da pista, somente
se perguntado. Existe uma freqüência chamada
ATIS que informa todas as condições relevantes
dos principais aeroportos e todos os pilotos tem que ficar
sintonizados nela”, disse o chefe do SRPV, coronel
Carlos Minelli de Sá.
Na CPI, o vice-presidente de Segurança da Airbus,
Yannick Malinge, reafirmou que a análise das caixas-pretas
mostra que “não houve pane mecânica”
no avião.
O Estado de São Paulo
10/08/2007
Avião com 15 deputados faz
pouso de emergência
Alexandra Penhalver e Luciano Coelho
O pouso de emergência do vôo 1205 da Gol,
que saiu de Brasília ontem às 14 horas rumo
a São Paulo, e desceu no Aeroporto de Cumbica por
volta das 16 horas, assustou os passageiros, entre eles
um grupo de 15 deputados federais. O piloto decidiu pousar
em Cumbica (Guarulhos), em vez de Congonhas, depois que
o painel da aeronave emitiu aviso de luz de que havia
problemas no sistema anti-skid do freio da aeronave (semelhante
ao ABS do freio dos automóveis), segundo nota da
Gol.
O piloto do vôo 1205 avisou à torre de controle
de Cumbica sobre o pouso de emergência, e os bombeiros
aeroportuários e ambulâncias foram acionados.
“Tinha tantos Bombeiros e tantas ambulâncias
na pista que ficamos mais assustados ainda”, contou
o deputado Júlio César Lima (DEM-PI). O
piloto conseguiu pousar a aeronave em segurança,
informou a Gol.
Segundo a Assessoria de Imprensa da Infraero, é
o piloto quem decide se é necessário acionar
a segurança. Informa que Cumbica tem a estrutura
necessária para atender pousos de emergência,
e que os bombeiros estão instalados ao lado da
pista, de acordo com as normas internacionais de segurança.
O deputado Frank Aguiar (PTB-SP) também estava
no vôo. “O pouso devia ser às 15 horas,
mas descemos às 16 horas. Acho que o piloto quis
gastar o combustível”, disse. “O piloto
preferiu ir para Cumbica, pois em Congonhas não
há área de escape. Mas deu tudo certo.”
O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati
(CE), lamentou o incidente com o vôo da Gol. “Essa
crise tem a ver com a tônica da gestão da
política econômica do governo: promover os
oligopólios e monopólios com a queda de
eficiência do serviço aéreo.”
Folha de São Paulo
10/08/2007
Caos aéreo e compra da Varig
pioram os resultados da Gol
Companhia diz que crise nos
aeroportos reduziu ganhos em mais de R$ 200 mi
Negociação com a Varig, que teve prejuízo
operacional, e competição tarifária
no 2º trimestre prejudicaram balanço, afirma
companhia
MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
A Gol voltou a apresentar ontem um resultado para o último
trimestre impactado negativamente pela crise no setor
aéreo (desta vez com o agravante do acidente da
TAM) e também pela compra da Varig -cujos números
foram incorporados ao balanço da companhia e que
teve prejuízo operacional.
A companhia estima que deixou de ganhar R$ 185 milhões
e aumentou suas despesas em outros R$ 25 milhões
(em custos extras como hospedagem e alimentação
para passageiros de vôos atrasados ou cancelados,
por exemplo) com a crise.
O cenário, já esperado pelo mercado, foi
amenizado por um efeito causado pela contabilização,
pela Gol, de benefícios fiscais futuros da Varig
avaliados em R$ 200 milhões.
Essa contabilização teve efeito apenas nos
resultados divulgados pelo padrão contábil
brasileiro: nesse caso, o lucro líquido de abril
a junho foi de R$ 157,07 milhões, um crescimento
de 60% na comparação com o mesmo período
de 2006.
Quando o padrão contábil analisado é
o americano, o prejuízo foi de R$ 35,37 milhões,
ante um lucro de R$ 106, 68 milhões de abril a
junho do ano passado. A companhia informa seus resultados
nos dois padrões contábeis, pois está
nos dois mercados financeiros.
As ações da
companhia fecharam em alta ontem: as preferenciais subiram
2,54%.
Com os atrasos e cancelamentos de vôos, que já
vinham ocorrendo e foram intensificados com as conseqüências
do acidente da TAM, a taxa de ocupação dos
aviões da companhia caiu de 74,3%, no segundo trimestre
de 2006, para 65,7%, no mesmo período deste ano.
Ao mesmo tempo, o cenário no segundo trimestre
foi de acirrada competição tarifária,
com queda dos chamados "yields", ou seja, indicador
das companhias de quanto cada passageiro paga a cada quilômetro
voado (leia texto nesta página). Isso também
determinou um resultado pior.
Um dos principais fatores apontados, entretanto, foi a
incorporação aos resultados dos números
da Varig, que teve um prejuízo operacional de R$
94 milhões no segundo trimestre. A Gol apontou
que a subsidiária está passando por uma
reestruturação -seus custos foram reduzidos
em 17%- e que deve atingir o "break even", ou
seja, o equilíbrio entre receitas e despesas, neste
trimestre.
A Gol voltou a reduzir suas projeções para
o ano. Sua nova previsão para a receita líquida,
por exemplo, é R$ 5,7 bilhões -a última
era de R$ 6 bilhões.
O presidente da empresa, Constantino Júnior, disse
que a nova malha aérea do país será
terminada em 60 dias -como conseqüência do
acidente da TAM, o governo quer uma malha mais "folgada"
e menos concentrada em Congonhas. "Além de
São Paulo, aí incluídos Congonhas
e o aeroporto de Guarulhos, os "hubs" [centros
de distribuição de vôos] naturais
são o Galeão [RJ], Confins [MG] e Brasília",
disse.
Folha de São Paulo
10/08/2007
Decisão na Argentina impede
que Varig opere vôos no país
DA REPORTAGEM LOCAL
A Varig informou que foi proibida pelo governo da Argentina
de voar, desde ontem, para o país vizinho. A alegação
do governo argentino é que não reconhece
a companhia como empresa de transporte aéreo.
Em vez da "nova Varig", que é a companhia
em operação hoje, quem vinha operando para
a Argentina era a "velha Varig", já que
a nova ainda não havia recebido permissão
dos argentinos para voar ao país.
Em nota, a Varig afirmou que reacomodará, "de
acordo com a disponibilidade", os passageiros em
vôos da Gol ou de outras companhias.
A "nova Varig" afirmou ainda que a autorização
não foi concedida "por razões absolutamente
fora do contexto do acordo Brasil-Argentina".
Diariamente, a Varig operava dez vôos entre os aeroportos
de Guarulhos e do Rio e o aeroporto de Ezeiza, em Buenos
Aires.
Folha de São Paulo
10/08/2007
Piloto acertou manete em pouso anterior
Caixa-preta do Airbus indica
uso correto do equipamento, em Porto Alegre, pela mesma
tripulação que depois sofreu o acidente
Gravador registra que, em São Paulo, o manete da
turbina direita não se moveu, permanecendo em ponto
de alta aceleração
LEILA SUWWAN
FERNANDO RODRIGUES
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A caixa-preta de dados do Airbus-A320 acidentado em Congonhas
revela que os pilotos Kleyber Lima e Henrique Stephanini
di Sacco acionaram corretamente os manetes que aceleram
as turbinas no pouso anterior, em Porto Alegre.
No pouso da tragédia, o gravador registra que o
manete da turbina direita (que tinha o reversor inoperante
e pinado) não se movimentou nem sequer um grau,
permanecendo em ponto de alta aceleração.
Foi essa leitura que levou o computador a desativar o
acionamento automático dos freios aerodinâmicos
das asas, impediu a frenagem, manteve a aceleração
e levou o avião a ultrapassar a pista, deixando
199 mortos. A caixa-preta mostra que não houve
defeito no sistema de frenagem automática.
A Folha obteve acesso aos dados, que estão sendo
analisados pela comissão de investigação
da Aeronáutica e pela CPI do Apagão Aéreo.
São um conjunto de gráficos que comparam,
segundo a segundo, a reação dos equipamentos
do avião. Há tabelas referentes aos dois
pousos anteriores do PR-MBK -prefixo do Airbus-A320-,
em Porto Alegre e Congonhas. Há também o
cruzamento dos dados do pouso fracassado com as falas
finais na cabine.
Os dados confirmam a hipótese principal do acidente,
conforme a Folha revelou na quarta-feira da semana passada,
de falha operacional de posição dos manetes
(alavancas de controle da potência das turbinas).
A comparação da leitura dos manetes em ambos
os pousos realizados pela mesma tripulação
indica que os pilotos operaram corretamente os manetes
na aterrissagem em Porto Alegre, ocorrida antes do vôo
final para São Paulo.
Mesmo com um dos reversores inoperantes, as alavancas
devem ser colocadas em ponto morto ("idle")
pouco antes de tocar o solo e depois trazidas para a posição
de reverso máximo para ajudar a frear o avião.
Foi exatamente isso que fizeram ao pousar em Porto Alegre.
Ambos os manetes se movimentaram em sincronia, primeiro
para o "idle", em 0º, e depois para reverso
máximo em -20º, antes de reduzir a potência
do reverso e voltar para o "idle".
Em Congonhas, na mesma aeronave, com a mesma tripulação,
não foi isso que a caixa-preta registrou. O manete
direito permaneceu imóvel.
Uma hipótese já levantada seria que o piloto
tentou recuar a alavanca, mas a teria deixado poucos graus
acima da posição certa. Mas a leitura indica
que o manete ficou em quase 25º -isso equivale a
uma forte aceleração ("max climb").
Enquanto isso, o manete esquerdo foi trazido para reverso
máximo, posição a -20º, como
ocorrera em Porto Alegre.
"Esquecer" o manete nessa posição
durante um pouso é considerado por pilotos um erro
primário e improvável. Assim, há
a hipótese de que o manete teria sido movido corretamente,
mas por algum motivo isso não foi detectado. A
falha pode ser eletrônica, dos sensores ou até
mecânica.
Os pilotos comentaram, já no percurso de volta
a Congonhas, sobre o reverso desativado. Às 18h43,
cinco minutos antes de aterrisar, Kleyber diz: "Lembre-se,
nós só temos um reverso". O co-piloto
responde: "Sim... somente o esquerdo".
Também ilustra como o piloto pisou nos pedais de
freios de roda, levando o avião a reduzir a velocidade
de cerca de 140 nós para cerca de 100 nós.
Enquanto isso, tentava manter o controle utilizando o
leme.
Mesmo quando o co-piloto grita "desacelera, desacelera",
não há indicação de que houve
movimento do manete direito para o reverso, conforme os
registros. Porém, o comandante responde: "Não
dá, não dá".
Os gráficos ainda deixam uma grande dúvida
sobre o que foi percebido pelos pilotos na cabine. Depois
de constatar que os spoilers não armaram, o comandante
diz: "Aiiii... Olha isso". Não é
possível perceber alguma alteração
significante nos gráficos.
O momento em que a aeronave começa a guinar para
a esquerda coincide com os gritos do co-piloto de "vira,
vira".
Folha de São Paulo
10/08/2007
CONFORTO NO AR: PRESIDENTE DA GOL
SUGERE A JOBIM QUE VOE DE VARIG
A Gol sugeriu ontem uma opção para o ministro
da Defesa, Nelson Jobim, voar com mais conforto. Segundo
Constantino de Oliveira Júnior, presidente da empresa,
ele pode viajar pela Varig -comprada pela Gol em março.
Anteontem, Jobim falou a senadores da CPI do Apagão
Aéreo sobre o desconforto nos vôos e determinou
o aumento do espaço entre as poltronas. "A
idéia da Gol em relação à
Varig é exatamente ter um serviço melhor
para clientes premium. Caso a vontade do ministro Jobim
e da demanda é esta, vamos ampliar a Varig para
atender este perfil", disse o executivo.
O Globo
09/08/2007 às 19h32m
Argentina proíbe vôos
da Nova Varig para o país
Geralda Doca
BRASÍLIA - O governo da Argentina proibiu a Nova
Varig de voar para o país, alegando que a empresa
não cumpriu com requisitos técnicos e operacionais
e que não reconhece a companhia brasileira como
uma empresa de transporte aéreo. Por trás
da medida está uma questão trabalhistas
dos antigos empregados argentinos da Varig, que até
hoje esperam indenização da empresa.
Segundo a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), a Nova Varig faz 35 vôos semanais
para o país vizinho. O governo argentino proibiu
também que a Gol, dona da Nova Varig, crie vôos
extras para transportar os passageiros da Nova Varig.
O último vôo da empresa foi autorizado a
deixar a Argentina nesta tarde. Cerca de 130 passageiros
que esperavam para embarcar foram realocados para outras
empresas.
Site da ALERJ
09/08/2007
CPI DA VARIG APRESENTARÁ
O RELATÓRIO FINAL NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
que investiga o processo de venda da Varig se reúne,
nesta segunda-feira (13/08), às 15h, na sala 316
do Palácio Tiradentes, para discussão e
votação do relatório final. A CPI,
que iniciou seus trabalhos na legislatura passada, ouviu
um total de 30 pessoas. Segundo o presidente da comissão,
deputado Paulo Ramos (PDT), ficou claro que o grupo Volo
do Brasil atuou como intermediário da Gol Linhas
Aéreas na compra da Varig. “Não houve
esforço algum para a recuperação
da empresa. Parece-me que a Gol foi conduzida para ser
a grande vencedora da disputa”, afirmou o parlamentar,
que enviará o relatório final para a CPI
do Apagão Aéreo, da Câmara Federal,
para o Ministério Público Federal, para
o Banco Central e a Polícia Federal, que poderão,
segundo ele, prosseguir com as investigações
e aprofundá-las. "Não é possível
que um caso desta dimensão seja sepultado. O relatório
será contundente e mostrará que a venda
da Varig foi um grande escândalo”, acrescenta
o pedetista, que espera que o relatório contribua
para dar fim às irregularidades apontadas pela
comissão. Depois de aprovado, o relatório
seguirá para a ordem do dia, onde será analisado
pelos 70 deputados da Casa.