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Folha
de São Paulo
10/07/06
VarigLog diz que não melhora
proposta
Diretor da Volo nega acusação
de que seja "laranja" de estrangeiros e diz que
TAM e Gol querem dominar mercado
Audi diz que não pode se responsabilizar por dívidas
da aérea e que oferta atual, considerada insuficiente,
é o máximo que tem a dar
MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
"Não
tem problema, a gente sai fora." Essa é a resposta,
sem meias palavras, do empresário Marco Antonio Audi,
sócio-diretor da Volo do Brasil, dona da VarigLog,
quando a pergunta é o que acontece se o fundo de
pensão dos funcionários da Varig, o Aerus,
não aceitar a proposta atual da ex-subsidiária
de cargas pela companhia aérea.
A frase dá o tom da postura que a VarigLog vem adotando
na negociação: com a única proposta
mais concreta na mesa pela companhia -outros interessados
não conseguiram provar a origem dos recursos- o discurso
é na base do "take-it-or-leave- it" (pegar
ou largar), o que rendeu acusações de que
a empresa da Volo quer comprar a Varig na "bacia das
almas".
Avaliação divulgada na sexta-feira pela Deloitte,
administradora judicial da Varig, condena os principais
pontos da proposta e diz que a falência seria uma
solução melhor para os credores do que a venda
à VarigLog. A empresa ofereceu R$ 277 milhões
pelas operações da Varig. O valor deveria
ser repassado à "velha Varig", a parcela
da empresa que permanece em recuperação judicial,
e é destinado ao pagamento de credores.
A Justiça marcou uma nova audiência para hoje,
quando a VarigLog pode modificar sua oferta. Em entrevista
concedida à Folha na última sexta-feira, Audi
disse que "a gente fez o máximo que dava para
fazer".
"Não fui eu quem criei a Varig, não fui
eu quem criou a dívida da Varig. Não posso
falar que vou dar um jeito na dívida da Varig. A
dívida da Varig tem jeito com a liquidação
dos ativos e os passivos [encontro de contas entre as obrigações
do governo com a Varig e as dívidas da aérea
com a União]."
Sobre a acusação do Snea (Sindicato Nacional
das Empresas Aéreas) de que a brasileira Volo é
"laranja" do fundo americano Matlin Patterson
(no Brasil, companhias aéreas não podem ter
mais de 20% de participação estrangeira),
Audi rebate que TAM e Gol querem dominar o mercado. "É
uma guerra. É uma guerra violenta, uma guerra de
titãs", declarou.
Sob forte pressão política, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) aprovou a venda
da VarigLog, que também é uma empresa aérea,
à Volo no final de junho. A aprovação
teria sido condição para a proposta pela Varig
ser realizada. Acompanhe abaixo trechos da entrevista concedida
à Folha na sexta-feira.
FOLHA
- Quantos funcionários vocês pretendem manter
na Varig [a companhia aérea possui hoje cerca de
10 mil trabalhadores]?
MARCO ANTONIO AUDI - A VarigLog é uma empresa de
quase 6.000 funcionários. Boa parte desses funcionários
depende do porão dos aviões da Varig. Você
tem a VEM que é de manutenção, são
4.700, a Sata que são 5.500, só aí
estamos contando com 17.000 funcionários. A Varig
hoje opera apenas 16 aviões e com tendência
de parar outros na segunda [hoje], na terça-feira
por causa dos lessors [empresas de leasing] que querem retomar
aviões. O potencial dela, olhamos toda a frota, é
ficar com esses aviões e mais um pouco, vai dar mais
ou menos 25 aviões, no máximo 30 aviões.
Seria uma empresa para iniciar de 2.800 funcionários
mais ou menos, mas queremos voltar para 80 aviões
o mais rápido possível.
FOLHA - Pela proposta, a VarigLog conta com rotas que a
Varig operava há um ano e que ela já perdeu.
AUDI - Em maio, foi feita uma junção de todas
os hotrans [horários de transporte de vôos]
da Varig, no primeiro leilão. Estamos nos baseando
naqueles hotrans, mas não vai ser possível
operar todos. Vamos perder rotas. Não vai ser possível
porque não há avião, conseguir avião
hoje é difícil e demorado. Mas não
estamos entrando para ser uma empresa de 15 aviões.
Vamos voltar para uma empresa de 80 aviões. Estamos
trazendo investidores estratégicos. Não posso
dar os nomes porque ainda não assinamos.
FOLHA
- O Cerberus [fundo de investimentos que é um dos
acionistas da Air Canada] está entre eles?
AUDI - Eles estão entre os fundos que estavam conversando
com a gente, mas há uma infinidade. Independentemente
disso vamos, nós e o fundo de investimentos Matlin
Patterson, fazer o negócio.
FOLHA
- Essa proposta encontra muita resistência dos credores,
principalmente do Aerus. Hoje [última sexta-feira]
a Deloitte, administradora judicial, fez uma lista de críticas
à proposta. Existe espaço para melhorar e
flexibilizar a oferta?
AUDI - Primeiro queria te dar minha impressão como
pessoa, fora da Volo do Brasil e da VarigLog. Sentei com
o fundo de pensão Aerus, com o Brentano [Erno Dionízio
Brentano, interventor do fundo]. Sabe quanto tempo levou
a reunião? Cinco minutos. Ele sentou e falou: "Eu
não aceito nada. Se não melhorar qualquer
coisa para mim eu não aceito nada". "Então
me diz uma coisa", eu disse, "o que é melhor
para você, a morte da companhia, e o conseqüente
desemprego de todos esses brasileiros, ou se é a
mesma coisa para você pelo menos falar: eu estou ajudando
a salvar os empregos?". Ele parou e falou: "Continuo
na mesma. Para mim não faz diferença nenhuma
se vai ter emprego ou não". Acabou a reunião.
FOLHA
- E se o Aerus manter a postura e não aceitar [a
VarigLog ofereceu R$ 24 milhões ao fundo, que é
credor da companhia em R$ 2,3 bilhões, R$ 1,1 bilhão
repactuados durante a recuperação judicial]?
AUDI - Não tem problema, a gente sai fora.
FOLHA
- Não tem espaço para flexibilizar a proposta?
AUDI - Se você visse o tamanho da equipe que está
trabalhando nisso, da área financeira, da área
de logística. A gente fez o máximo que dava
para fazer. A gente acredita tanto no negócio que
da semana passada para essa está colocando US$ 20
milhões na companhia a fundo perdido. Se alguém
comprar recuperamos nosso dinheiro, se alguém não
comprar, o dinheiro foi embora.
FOLHA
- A reclamação é que o percentual de
faturamento que iria para a Varig "velha", que
fica com as dívidas, é muito baixo.
AUDI - R$ 278 milhões vão ser colocados na
Varig velha, mais todo o patrimônio [segundo a Deloitte,
o real valor da oferta é de R$ 126,96 milhões;
o valor anunciado estaria inflado porque inclui componentes
como aluguéis e arrendamentos]. É muito desencontro
de informações, não sei quem tem interesse
de fazer todo esse desencontro de informações
para que fique essa bagunça no mercado. Agora não
fui eu quem criei a Varig, não fui eu que criou a
dívida da Varig. Não posso falar que vou dar
um jeito na dívida da Varig. A dívida da Varig
tem jeito com a liquidação dos ativos e os
passivos. Nossa solução pode não ser
a melhor, mas é a solução que a gente
pode dar, é onde a gente pode chegar.
FOLHA
- Um parecer da Superintendência de Serviços
Aéreos diz que a Volo tem 94% de capital estrangeiro.
Ou seja, a Volo seria uma empresa controlada por estrangeiros.
A legislação brasileira coloca o limite de
20% de participação de estrangeiros em companhias
aéreas.
AUDI - Não estamos falando de investimentos de milhões
de reais, mas em milhões e milhões de dólares.
Os maiores investidores do Matlin Patterson nos EUA são
fundos de pensão, é tudo fundo público.
Você acha que um fundo público desse iria fazer
qualquer coisa contra a lei? Não iria. Eu tenho 30
e poucos anos de mercado, eu jamais iria me prestar a um
papel desses. A pessoa que está dizendo isso [que
a Volo é controlada por estrangeiros] é uma
só, se chama Anchieta Hélcias [diretor do
Snea]. Eu fui lá [ao Snea], me apresentei, mas fui
tão mal tratado que fui embora. Fomos descobrir que
o Anchieta é diretor de relações da
TAM. Só tem uma coisa que enxergo disso tudo: sabe
qual o único lugar do mundo em que uma companhia
aérea tem acima de 30% de ebitda [lucro antes dos
juros, impostos, depreciações, amortizações
e leasing]? É só no Brasil. O que você
acha que eles vão fazer até o fim? Vão
brigar contra a gente, eu garanto. É uma guerra,
é uma guerra violenta, é uma guerra de titãs.
Hoje até brincando um dos sócios nossos, um
americano, virou para mim e falou: "Marco, fica esperto
que vão mandar matar você". Aí
disseram: o dinheiro [para constituir a Volo] não
tem origem. Está tudo lá no Banco Central.
Você acha que dá para trazer um dinheiro desse
tamanho nas costas?
Folha
de São Paulo
10/07/06
Empresário nega acusações
de irregularidades
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidente
do conselho de administração da VarigLog e
sócio-diretor da Volo, Marco Antonio Audi é
um empresário no mínimo cuidadoso. Recebeu
a Folha no hangar da Tucson Aviação, sua empresa
que fica no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo,
com quatro advogados, entre eles Roberto Teixeira, compadre
do presidente Lula. E preferiu não ser fotografado.
Audi recebeu a reportagem para falar sobre acusações
feitas contra ele por Jefferson Araújo de Almeida,
sócio afastado da Tucson Aviação.
Entre elas, a de que Audi subloca ilegalmente o espaço
da Tucson no Campo de Marte, que é administrado pela
Infraero, para hangaragem de helicópteros da Polícia
Civil. Almeida diz que há um parecer do TCE (Tribunal
de Contas do Estado) -o que foi confirmado pela reportagem
no Tribunal-, afirmando que a licitação vencida
por Audi na Polícia Civil é ilegal, entre
outros motivos porque quem a venceu foi a Lumber, outra
empresa de Audi, e não a Tucson, que é a concessionária
da Infraero. "A Lumber é dona da Tucson, participou
da licitação e fizemos tudo dentro da legalidade",
responde Audi.
Audi entrou na Justiça contra a Infraero quando a
estatal informou, em 2002, que não renovaria o contrato.
A estatal pediu reintegração de posse, mas
a Tucson conseguiu liminar para continuar operando no aeroporto.
Hoje ocorre uma audiência entre as partes.
O empresário, revendedor no Brasil dos helicópteros
Robinson, é filho de Nagib Audi, que era dono da
Química Industrial Paulista. Em 2003, uma ação
trabalhista de um dos funcionários da Química
terminou no bloqueio parcial de contas da Tucson -a maior
parte foi desbloqueada, segundo Audi.
Almeida afirma que Audi falsificou a assinatura de um sócio
da Lumber, Palmarino Landi Netto, em uma alteração
contratual de 1999 em que este, com 1% das cotas, se retirava
da sociedade. Netto havia morrido em 95. Audi admite que
usou a assinatura, mas diz que Netto lhe deixou um papel
assinado antes de morrer. (MP)
Valor
Econômico
10/07/2006
Proposta da VarigLog ameaça
as estatais
Janaina Vilella
Uma
estimativa da administradora judicial da Varig, a Deloitte,
com base na proposta de compra apresentada pela VarigLog,
revela que restariam apenas R$ 4 milhões para o pagamento
de rescisões trabalhistas e dos débitos de
credores da classe 3 (Infraero, BR Distribuidora, Banco
do Brasil, entre outros). Só as dívidas concursais
desse grupo, aquelas previstas no plano de recuperação
judicial da companhia, somavam R$ 2,56 bilhões, em
31 de dezembro de 2005.
No
parecer entregue à Justiça, na sexta-feira,
a Deloitte contesta o preço mínimo de R$ 277
milhões fixado pela VarigLog para a compra da Varig
"velha", aquela que não irá a leilão
e continuará em recuperação judicial.
Segundo a administradora, esse valor estaria inflado, uma
vez que a ex-subsidiária de transporte de cargas
e logística da Varig incluiu como parte do preço
mínimo receitas futuras com aluguéis de imóveis
e arrendamentos de aeronaves. Feitas as devidas correções,
o valor cairia para R$ 126,9 milhões. Desse total,
as três classes de credores receberiam R$ 86, 9 milhões.
Como
a proposta da VarigLog prevê o pagamento, já
ajustado pela Deloitte, de R$ 82,9 milhões em debêntures
aos credores das classes 1 (trabalhadores) e 2 (fundo de
pensão Aerus), sobrariam somente R$ 4 milhões
para cobrir os custos de demissão dos funcionários
e ainda quitar os débitos dos credores da classe
3. Pelos cálculos da administradora judicial, o custo
para a demissão de 7,5 mil funcionários, de
um total de 10 mil, é de US$ 65 milhões. A
nova Varig ficaria com 2,5 mil empregados.
"Verifica-se
que o valor real da proposta é ínfimo se comparado
ao montante dos créditos das empresas em recuperação
(...) A venda que se pretende, assim, não só
não recupera as concessionárias remanescentes,
como provavelmente assegurará a falência destas",
aponta o relatório. A Deloitte ressalta que se a
Varig entrasse em falência e vendesse todos os seus
ativos, obteria um valor superior ao preço oferecido
pela VarigLog. Levantamento realizado pela Appraisal em
2005 avaliou os ativos da aérea em R$ 268,35 milhões.
Em
razão do atraso na entrega do detalhamento financeiro
da proposta de compra da VarigLog, o juiz da 8ª Vara
Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, suspendeu a assembléia
de credores inicialmente marcada para hoje e o leilão
previsto para o dia 12. O documento ainda precisaria ser
analisado pela Deloitte e pelo Ministério Público
do Estado do Rio. Como a administradora judicial apresentou
uma série de questionamentos relativos à proposta,
convocou uma audiência para hoje com representantes
da VarigLog e da Varig para negociar um preço mínimo
melhor.
Segundo
uma fonte ligada ao processo, a principal preocupação
é que se a VarigLog não modificar a proposta
ou até mesmo retirá-la, a companhia não
teria fôlego financeiro para resistir mais uma semana.
Marcelo Gomes, da Alvarez & Marsal, responsável
pela reestruturação financeira da Varig, disse
que a VarigLog tem condições de alterar a
proposta de compra da companhia aérea para que a
Justiça convoque o mais rápido possível
a assembléia de credores para apoiar um novo leilão
da empresa.
Gomes
minimizou as conclusões do relatório da Deloitte:
"O relatório foi para informar que algumas coisas
deveriam ser alteradas na proposta para enquadramento na
lei. Não existe opinião contra (da Deloitte
em relação à proposta da VarigLog).
Existe opinião para que seja enquadrada proposta
dentro da lei", disse Gomes.
Desde
o dia 26 de junho, a VarigLog tem feito aportes diários
no caixa da Varig com o objetivo de manter a companhia em
operação até o leilão. A proposta
da ex-subsidiária prevê uma injeção
de até US$ 20 milhões. Até sexta-feira,
os depósitos já totalizavam US$ 11 milhões.
Credores e funcionários temem que com a demora do
processo, a empresa acabe indo à falência.
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, no entanto, descartou
a possibilidade de a Varig parar, caso a VarigLog não
faça um novo aporte de recursos. (Com Agência
Brasil e colaborou Ana Paula Grabois, do Valor Online)
O
Globo
10/07/06
VarigLog pode alterar proposta original
RIO e MADRI. A VarigLog pode reformular a proposta de compra
da Varig, afirmou ontem Marcelo Gomes, diretor da consultoria
Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação financeira
da companhia. Desta forma, a Justiça poderia convocar uma
nova assembléia de credores para aprovar a realização de
um leilão de venda da empresa. As informações são da Agência
Brasil.
Hoje,
as companhias se reúnem com o juiz Luiz Roberto Ayoub, titular
da 8 Vara Empresarial do Rio — que preside o processo de
recuperação judicial da Varig — para discutir a proposta.
Há a expectativa de que, no encontro, já sejam apresentadas
algumas mudanças na proposta original.
Na
última sexta-feira, um relatório da consultoria Deloitte,
administradora judicial da Varig, concluiu que a proposta
da VarigLog — de pagamento mínimo de R$ 277 milhões — seria
menos vantajosa do que a falência, pois o pagamento seria
feito em debêntures e contratos a longo prazo.
Segundo
o diretor da Alvarez & Marsal, o relatório apresentado
pela Deloitte à Justiça não foi contrário à venda da Varig
para a VarigLog:
—
O relatório da Deloitte serviu apenas para informar que
algumas coisas deveriam ser alteradas na proposta da VarigLog
para enquadramento na lei. Não existe uma opinião contra.
Existe, sim, opinião para que seja enquadrada uma proposta
dentro da lei — acredita Gomes.
—
As conversas continuam — afirmou também Marcelo Bottini,
presidente da Varig.
Greve
ameaça vôos da espanhola Iberia
Nesta
madrugada, os pilotos da espanhola Iberia se organizavam
para dar início a uma greve de sete dias, exigindo garantias
trabalhistas e salariais por causa dos planos da empresa
de criar, em outubro, uma nova companhia aérea de baixo
custo. Há três dias, os funcionários vinham negociando com
a Iberia, sem sucesso, a inclusão de garantias.
Os
1.900 pilotos da Iberia temem que a criação da nova empresa
acabe gerando demissões. Com a greve, a companhia espanhola
será obrigada a cancelar cerca de 240 vôos, afetando mais
de 200 mil passageiros e gerando perdas em torno de 35 milhões.
O
ESTADO DE S.PAULO
10/07/06
Audiência na Justiça
do Rio define hoje próximo passo do drama da Varig
Alberto Komatsu
Uma
audiência no Tribunal de Justiça do Rio deve
definir hoje a próxima etapa da crise da Varig. Representantes
da companhia, da ex-subsidiária VarigLog, da comissão
de juízes responsável pela recuperação
judicial, e da consultoria Deloitte, vão discutir
principalmente o preço mínimo do leilão
(R$ 277 milhões), considerado insuficiente para pagar
as dívidas.
Advogados
da VarigLog e executivos da sua controladora, a Volo do
Brasil, estiveram reunidos neste fim de semana para avaliar
as mudanças sugeridas num parecer da Deloitte, entregue
à Justiça na sexta-feira.
O
documento, de 40 páginas, faz restrições
á proposta da VarigLog, especialmente sobre o preço
mínimo do leilão, que será usado para
a Varig pagar uma passivo de R$ 7,9 bilhões. O relatório
do administrador judicial considerou a oferta da VarigLog
financeiramente pior que a arrecadação de
recursos numa eventual falência.
O
administrador judicial da Varig levantou dúvidas
sobre os R$ 277 milhões propostos pela VarigLog.
A Deloitte, usando a fórmula da ex-subsidiária,
informou que calculou que o valor seria menor que a metade
do preço mínimo proposto (R$ 126,9 milhões).
No total, a VarigLog se propõe a injetar em torno
de R$ 1 bilhão (US$ 485 milhões).
Outros
US$ 20 milhões estão sendo emprestados pela
VarigLog para custear as operações da Varig.
Até agora, já foram depositados pelo menos
US$ 11 milhões com essa finalidade.
Além da Justiça e da Deloitte, credores da
Varig têm questionado como a Varig antiga, que será
separada da atividade principal e terá 5% das ações
da nova Varig, vai conseguir ter fluxo de caixa suficiente
para abater débitos. Segundo fontes do mercado, o
fundo de pensão Aerus já ameaçou vetar
a oferta em assembléia de credores, que ainda terá
de ser convocada para votar a proposta. Caso seja aprovada,
a expectativa é fazer um novo leilão da companhia.
Os
questionamentos à proposta da VarigLog já
levaram a Justiça do Rio a adiar a convocação
da assembléia de credores e do leilão. Por
duas vezes, a Justiça do Rio pediu mais esclarecimentos
à ex-subsidiária. Na primeira vez, fontes
da VarigLog informaram que a oferta poderia “cair
no vazio”.
Estadão
09 de julho de 2006 - 23:33h
Reunião decide destino da Varig
Em termos financeiros, proposta
da VarigLog pode ser pior que a falência da companhia
Alberto Komatsu
RIO - Uma audiência na sede do Tribunal de Justiça
do Rio deve definir nesta segunda qual será a próxima
etapa da reestruturação da Varig.
Representantes
da companhia e da ex-subsidiária de logística
e transporte VarigLog, além da comissão de
juízes responsável pela recuperação
judicial da empresa e o seu administrador judicial, a consultoria
Deloitte, vão discutir principalmente o preço
mínimo do leilão da Varig (R$ 277 milhões),
considerado insuficiente para honrar dívidas com
credores.
Advogados
da VarigLog e executivos da sua controladora, a Volo do
Brasil, estiveram reunidos neste fim de semana para avaliar
possíveis mudanças que foram sugeridas em
parecer da Deloitte, entregue à Justiça do
Rio na sexta-feira passada.
O
documento, de 40 páginas, faz questionamentos da
proposta da VarigLog, especialmente sobre o preço
mínimo do leilão, que será usado para
a Varig reduzir um passivo de R$ 7,9 bilhões. O relatório
do administrador judicial considera que a oferta da VarigLog
é financeiramente pior do que a arrecadação
de recursos num eventual processo de falência.
O
administrador judicial da Varig levantou dúvidas
sobre os R$ 277 milhões propostos pela VarigLog.
A Deloitte, usando a fórmula de cálculo da
ex-subsidiária, informa que calculou o valor seria
menor do que a metade do preço mínimo proposto
(R$ 126,9 milhões).
No
total, a VarigLog se propõe a injetar em torno de
R$ 1 bilhão (US$ 485 milhões). Outros US$
20 milhões estão sendo emprestados para custear
a operação da Varig. Até agora, já
foram depositados pelo menos US$ 11 milhões para
essa finalidade.
Além
da Justiça e da Deloitte, credores da Varig têm
questionado como a Varig antiga, que será separada
da atividade principal e terá 5% das ações
da nova Varig, vai conseguir ter fluxo de caixa suficiente
para abater débitos.
Segundo
fontes do mercado, o fundo de pensão Aerus já
ameaçou vetar a oferta em assembléia de credores
que ainda terá de ser convocada para votar a proposta.
Caso ela seja aprovada, a expectativa é a de realizar
outro leilão da companhia.
Os
questionamentos à proposta da VarigLog já
já levaram a Justiça do Rio a adiar a convocação
da assembléia de credores e do leilão. Por
duas vezes, a Justiça do Rio pediu mais esclarecimentos
à ex-subsidiária. Na primeira vez, fontes
da VarigLog informaram que a oferta poderia "cair no
vazio".
Agência
Brasil
09/07/2006 - 13h06m
VarigLog
pode alterar proposta para que novo leilão da Varig seja
convocado, diz executivo
RIO
- O diretor da consultoria Alvarez e Marsal Marcelo Gomes,
que faz a reestruturação financeira da Varig, afirmou neste
domingo que a VarigLog tem condições de alterar a proposta
de compra da companhia aérea para que a Justiça convoque
o mais rápido possível a assembléia de credores para aprovar
um novo leilão de venda da empresa.
Gomes negou que o relatório apresentado pela Deloitte, administradora
judicial da Varig, se posicione contra a proposta da VarigLog,
ex-subsidiária da Varig, atualmente sob controle da Volo
do Brasil.
- O relatório da Deloitte foi apenas para informar que algumas
coisas deveriam ser alteradas na proposta da VarigLog p??a???ara
enquadramento na lei. Não existe opinião contra. Existe
opinião para que seja enquadrada uma proposta dentro da
lei - analisou.
Gomes mantém a expectativa positiva em relação à realização
de um novo leilão judicial. Um dos pontos questionados pela
Deloitte na proposta diz respeito ao preço mínimo sugerido
para o leilão - de R$ 277 milhões.
Ele destacou, porém, que sobre esse valor, que corresponde
ao desembolso de dinheiro novo, têm que ser somadas duas
coisas:
- A VarigLog está assumindo o passivo referente ao programa
de milhagem Smiles, estimado em aproximadamente R$ 70 milhões.
Ela está assumindo também o passivo referente a transportes
a executar, isto é, passagens que foram emitidas que a VarigLog
vai honrar. Esse passivo está estimado em algo em torno
de R$ 500 milhões - disse o executivo.
De acordo com ele, incluindo o preço mínimo no leilão, o
total atinge cerca de R$ 850 milhões.
Nesta segunda-feira, estão agendadas reuniões da VarigLog
com a Varig e com o juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da
8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que preside o processo
de recuperação judicial da companhia.
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