O Estado de São Paulo
10/10/2007
Uma luz no apagão da CPI
Os primeiros movimentos da CPI do Apagão Aéreo
sugerem a forte possibilidade de que a ela não
se aplique o aforismo atribuído ao frasista Ulysses
Guimarães, que os políticos não se
cansam de repetir, segundo o qual sabe-se como as comissões
parlamentares de inquérito começam, mas
não se sabe jamais como terminam. Por enquanto,
de fato, vão se confirmando os receios de que a
base governista amplamente majoritária na Câmara
se empenhará em esterilizar a investigação
que precisou de ordem judicial para ser instalada, depois
das irregulares manobras destinadas a engavetá-la.
As prioridades estabelecidas pelos condutores da comissão
deixam claro o seu intuito de deixar que o tempo se incumba
de afastar o inquérito dos assuntos potencialmente
menos inconvenientes para o Planalto.
Conforme o cronograma dos trabalhos divulgado pelo relator
da comissão, o petista gaúcho Marco Maia,
só em agosto, na última fase das apurações
que antecederão os 15 dias reservados para o preparo
e votação do relatório final, é
que a CPI se voltará para a questão básica
da infra-estrutura aeroportuária do País
- que gira em torno dos atos da estatal do setor, a Infraero,
nos últimos anos, incluindo desde evidências
de descaso com as condições operacionais
dos mais movimentados campos de pouso do País até
práticas de corrupção já identificadas
pelo Tribunal de Contas da União. Desde a primeira
hora, na defensiva, o governismo propagou a falácia
de que as decisões tomadas, ou que deixaram de
ser tomadas, em relação aos aeroportos apenas
tangenciam, se tanto, a crise do sistema da aviação
comercial brasileira, que eclodiu na esteira do pior acidente
já ocorrido no espaço aéreo nacional,
em setembro passado.
Além de apostar na passagem do tempo para esfriar
a questão da Infraero, os inquiridores da Câmara
afinados com os interesses do lulismo definiram um rol
inicial de 13 depoentes, todos eles em funções
ou papéis que os vinculam à colisão
do Boeing da Gol com o Legacy da ExcelAire, o ponto de
partida da CPI - a exemplo, notadamente, dos pilotos americanos
do jato da Embraer -, mas, sintomaticamente, nenhum controlador
de vôo. Apenas numa hipótese estapafúrdia
caberia tomar o depoimento da quase totalidade dos 13
- caso não tivesse sido aberto e não estivesse
para terminar o inquérito da Polícia Federal
sobre a catástrofe. (O delegado responsável
será o primeiro a depor.) À redundância
se soma a ignorância. Na avaliação
implacável do deputado Sílvio Costa, do
PMN de Pernambuco, “a intimidade que a maioria dos
membros da CPI tem com tráfego aéreo é
a mesma que eu tenho com a Cláudia Raia: nenhuma”.
Não é só na Câmara que a base
do governo se atém à pauta que convém
ao oficialismo. Os seus equivalentes no Senado já
mexem os pauzinhos para impedir a instalação
de Comissão Parlamentar de Inquérito equivalente,
de iniciativa da oposição e que, à
maneira da outra, cumpriu os requisitos necessários
ao seu funcionamento. Uns contestam a legalidade de dois
inquéritos sobre idêntica matéria.
Outros, a sua racionalidade. Mas esses são argumentos
de ocasião. Se é verdade que o ideal teria
sido a formação de uma CPI mista de deputados
e senadores, é verdade também que tais objeções
são meramente oportunistas. O direito da minoria
no Senado é tão legítimo quanto na
Câmara - e só ela pode desistir da segunda
investigação, se assim entender conveniente,
em acordo com a maioria. Os governistas mais sensatos
já perceberam isso.
Mas nem tudo é apagão no inquérito
legislativo recém-iniciado. Em boa hora se resolveu
acrescentar à sua agenda original - que em última
análise focaliza o problema da segurança
de vôo no País - a questão normalmente
desconsiderada da responsabilidade das companhias aéreas
pelos padecimentos dos seus passageiros, sem relação
direta, ou sem relação alguma, com as graves
deficiências do sistema de controle de vôo
e da gestão da rede nacional de aeroportos. Tem
todo cabimento investigar o descalabro do overbooking,
o atendimento de segunda dispensado aos clientes, a loteria
dos vôos fretados, as irracionalidades no traçado
da malha aérea, provocando atrasos em cascata -
em suma, a qualidade do transporte aéreo no País,
cujas mazelas parecem acompanhar o aumento da procura
pelo serviço.
Agência Estado
09 de maio de 2007 - 13:22
Gol confirma pedido à Anac
sobre rotas da Varig
Companhia áerea quer
mais prazo para retomar rotas internacionais da nova Varig
Nalu Fernandes
NOVA YORK - O vice-presidente financeiro e diretor de
relações com investidores da Gol Linhas
Aéreas, Richard Lark, confirmou nesta quarta-feira,
9, o envio de um pedido à Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) para a retomada
das rotas internacionais da nova Varig. A expectativa
do executivo, que evitou usar o termo prorrogação
em relação aos vôos, é de que
a proposta seja aprovada pelo órgão regulador
em duas semanas.
"Não é tão simples como uma
prorrogação. É um processo complexo.
Mas nossos pedidos estão sendo analisados e estamos
otimistas que nosso plano será aprovado",
afirmou Lark à Agência Estado.
A Agência Estado obteve com exclusividade documento
enviado no dia 2 de maio com requerimento à Anac
solicitando a prorrogação do prazo para
reativar as operações de algumas de rotas
internacionais da nova Varig.
O pedido de prorrogação do prazo, que vence
em junho, já havia sido cogitado pelo presidente
da Gol, Constantino de Oliveira Junior, no final de março,
quando a empresa anunciou a compra da nova Varig.
Conforme o documento, a Gol pretende operar as rotas
Rio-São Paulo-Londres e São Paulo-Paris-Roma
somente a partir de 1º de novembro. A linha de São
Paulo a Madri deve ser reativada em 1º de agosto.
O segundo vôo da linha São Paulo-Frankfurt
deve começar em 1º de setembro.
Em evento realizado para investidores em Nova York, Lark
afirmou que os vôos internacionais devem receber
estímulo com a valorização do real
em relação ao dólar. Para 2007, a
empresa trabalha com projeção média
para a moeda brasileira de R$ 2,10 por dólar. "O
real forte deve ser uma tendência de longo prazo
e dá suporte à demanda por vôos internacionais",
disse ele.
Correio Braziliense
09/5/2007
Acaba a paciência
Por causa do “apagão”,
Brasil corre o risco de perder sua vaga na elite do transporte
aéreo internacional. Companhias aéreas brasileiras
podem ser impedidas de voar para a Europa e os Estados
Unidos
Claudio Dantas Sequeira
O Brasil corre o risco de ser rebaixado do Grupo 1 do
Conselho Executivo da Organização de Aviação
Civil Internacional (Oaci). Tal fato é inédito
na história da aviação e, se ocorrer,
terá efeito devastador sobre a economia do setor.
Sem credibilidade, as empresas brasileiras podem até
ser impedidas de voar para destinos como Estados Unidos
e Europa. O Correio teve acesso à íntegra
da pauta da 36ª Assembléia Geral da Oaci,
que se reunirá em setembro, no Canadá. Os
189 estados membros vão eleger os 11 integrantes
do Conselho — uma espécie de primeira divisão
da aviação mundial —, além
de analisar o relatório anual de atividades e a
estratégia global para a segurança de vôo.
Fontes da Oaci garantiram à reportagem que será
votada uma advertência formal ao Brasil por causa
do “apagão aéreo”, bem como
recomendações sobre mudanças no sistema
de controle do setor, inclusive a desmilitarização.
A medida é vista como primeiro passo para derrubar
o país do Grupo 1. A campanha contra o Brasil na
Oaci tem o apoio velado das principais associações
de controladores, além de governos e grandes empresas
de aviação.
A Oaci, criada há 60 anos, é o fórum
mais importante da aviação civil internacional.
Dela emanam as diretrizes sobre controle de tráfego
aéreo, transporte de passageiros e cargas, normas
de segurança e regimes de trabalho. Essa agência
das Nações Unidas também é
responsável por fiscalizar o cumprimento das normas
pelos países membros, que, por sua capacidade operacional,
são classificados em três níveis no
Conselho Executivo (veja quadro). O Grupo 1, do qual o
Brasil sempre fez parte, reúne 11 “países
de maior importância no transporte aéreo”.
As conseqüências da não reeleição
do Brasil são desastrosas. Se perder a capacidade
de influenciar no processo decisório e na formulação
das políticas para o setor, o governo brasileiro
ficará a reboque dos interesses dos países
desenvolvidos e sofrerá pesadas restrições.
As companhias aéreas brasileiras podem ser impedidas
de operar, por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa
— principais destinos dos passageiros brasileiros
e sul-americanos. A Embraer também enfrentaria
problemas para conseguir licenças e homologações
aos componentes e aeronaves que produz, para citar apenas
alguns exemplos.
Inspeção
Pela primeira vez, foi incluída na pauta da reunião
de setembro a possibilidade de o Conselho Executivo “apresentar
informes separados sobre assuntos não previstos”.
Entre esses informes, preocupa as autoridades brasileiras
o que pensa a Administração Federal de Aviação
(FAA), dos Estados Unidos. Representantes do órgão
estiveram no Brasil no mês passado para avaliar
o sistema de controle de tráfego. O problema preocupa
o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea)
e a FAB.
Em audiência no Senado, no início deste
mês, o comandante Juniti Saito alertou sobre “o
risco de rebaixamento” e sobre “uma campanha
internacional de difamação” do país.
De fato, essa ofensiva serve aos interesses das associações
de trabalhadores do setor aéreo, que ganharam força
inédita. São freqüentes as opiniões
de Ted Murphy, presidente da Federação Internacional
das Associações de Pilotos de Linhas Aéreas
(Ifalpa). Em janeiro, a Ifalpa publicou relatório
com críticas ao sistema de controle de vôo
brasileiro. Para as autoridades aeronáuticas do
país, o informe carece de consistência. Em
2006, a Ifalpa emitiu 15 relatórios de alerta contra
EUA, Europa, Ásia e o Oriente Médio.
Outro fator nesse cenário é a Federação
Internacional de Associações de Controladores
de Tráfego Aéreo (Ifatca), presidida pelo
suíço Marc Baumgartner. A última
edição da revista The Controller, publicada
pela Ifatca, é dedicada à colisão
entre o Boeing 737-800 da Gol e o jato executivo Legacy,
em setembro de 2006. Em artigo especial, o presidente
da Associação Brasileira de Controladores
de Tráfego Aéreo (ABCTA), Wellington Rodrigues,
dá sua versão do acidente, que matou 154
pessoas. Rodrigues chegou há pouco de Istambul,
na Turquia, onde participou da conferência anual
da Ifatca e propôs que o Brasil sedie o evento em
2010.
O ranking da Oaci
Grupo 1 Países mais importantes
Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China,
Estados Unidos, Federação da Rússia,
França, Itália, Japão e Reino Unido
Grupo 2 Países intermediários
Arábia Saudita, Argentina, Áustria, Colômbia,
Egito, Espanha, Finlândia, Índia, México,
Nigéria, Cingapura, África do Sul
Grupo 3 Representantes dos continentes
Camarões, Chile, Etiópia, Gana, Honduras,
Hungria, Líbano, Moçambique, Paquistão,
Peru, Coréia do Sul, Santa Lucía, Tunísia
Disputa na Argentina
Na Argentina, sindicatos de pilotos e controladores de
vôo protagonizam uma luta política com o
governo do presidente Néstor Kirchner. Ontem, a
ministra da Defesa, Nilda Garré, acusou as corporações
de criar pânico e desmoralizar as autoridades aeronáuticas,
com o objetivo de assumir a nova estrutura de controle
da aviação civil — criada com a desmilitarização
do setor, em março. “Há muitos interessados
em ocupar o lugar deixado pela Força Aérea”,
disse.
Garré, que se tornou o principal alvo das associações
de funcionários aeronáuticos, resolveu partir
para o ataque depois da denúncia de que dois aviões,
um da United Airlines e outro da Andes, teriam quase se
chocado em pleno ar numa rota entre Córdoba e Buenos
Aires. O suposto incidente foi tornado público
ontem de manhã pela Associação de
Pilotos de Linhas Aéreas (Apla), a Associação
de Pessoal Técnico Aeronáutico (Apta) e
a Associação de Controladores de Trânsito
Aéreo (Acta).
Segundo essas fontes, o acidente só não
ocorreu graças ao sistema de bordo anticolisões.
A Força Aérea e as empresas aéreas
negaram o incidente. “A Oaci ratificou que o problema
é por causa da rebeldia de funcionários
do controle de tráfego. Se nosso sistema fosse
inseguro, a Oaci diria que podemos continuar operando?”,
questionou Garré.
Raio
Em 1º de março, um raio danificou o radar
de Ezeiza, o que levou a atrasos nos vôos. A situação
piorou nos dias seguintes, o que levou um ex-piloto e
o documentarista Enrique Piñeyro a apresentar denúncia
contra 11 militares da cúpula da Força Aérea
pelo “mau funcionamento” do radar. No dia
15, os pilotos da companhia Austral anunciaram greve,
e o presidente Kirchner passou o controle da segurança
aérea para uma nova agência civil.
Em 26 de março, o sistema principal de rádio,
que auxilia na operação de vôo sem
radar, ficou fora do ar por 20 minutos, congelando as
operações nos aeroportos de Ezeiza e Aeroparque.
A crise piorou na Semana Santa, e o diário Clarín
publicou um informe da Oaci que fala em "falta de
vigilância da segurança operacional por parte
da autoridade aeronáutica".
Jornal da Imprensa Paulista
Abril/2007
AERUS/VARIG / Uma situação
que exige solução urgente...
...para muitos a situação
chega a ser desesperadora...
Costa Carregosa
A repercussão, do artigo publicado na edição
passada, enfocando o alto risco de quebra que ronda os
Fundos de Aposentadoria e Pensões Privadas no Pais,
tomando como exemplo o caso AERUS/VARIG, permitiu aprofundarmos
nossas investigações, propiciando melhor
análise sobre o tema, que hoje, apesar de afetar
a vida de milhares de brasileiros, deixou de interessar
a denominada "Grande Imprensa". Temos em mãos,
relatos impressionantes com dados estarrecedores sobre
a situação vivenciada por contribuintes,
pensionistas e aposentados do AERUS e trabalhadores da
VARIG, Transbrasil, VASP etc.
É difícil compreender tamanha incompetência,
morosidade e até o descaso com que a situação
vem sendo tratada por entidades de governo, autoridades,
entidades fiscalizadoras. Políticos, Sindicatos,
Federações de Trabalhadores e demais organismos
envolvidos. Ninguém assume de maneira decisiva
a situação. Com que finalidade, afinal,
foi efetuada a intervenção no AERUS? Oficialmente,
em nome dos contribuintes, visando preservar seu patrimônio
e torná-lo operante, propiciando a recuperação
da liquidez. De prático até agora, as noticias
que o contribuinte (em nome de quem foi feita à
intervenção) recebe são as piores
possíveis. Enquanto os gestores do Fundo de Pensão,
alegando falta de liquidez (como se nada tivessem a ver
com a situação), recebem altas remunerações
e pagam empresas contratadas para prestar serviços,
os beneficiários têm seus proventos drasticamente
reduzidos e são brindados com o anúncio
(não formal) da proximidade de extinção
total dos pagamentos, colocando milhares de famílias
em desespero.
Como se concebe a omissão das autoridades responsáveis,
diante de uma situação em que trabalhadores
foram demitidos sem receber um centavo de seus haveres,
não receberam salários atrasados e não
conseguem receber o seguro-desemprego garantido legalmente?
Aposentados (que contribuíram durante décadas
para uma vida digna) que assistem à expropriação
de seus proventos graças á gestão
desastrosa (talvez até criminosa, ou no mínimo
inconseqüente) dos recursos do Fundo de Pensão!
Trabalhadores que não sabem o que fazer e muito
menos a quem recorrer, pois nem foram informados oficialmente
de sua demissão! Trabalhadores que (com a assistência
e homologação do Sindicato) foram induzidos
à aposentadoria antecipada, fizeram acordo relativo
aos direitos de seu tempo de serviço, e agora,
dispõem de Notas Promissórias sem valor,
já que ninguém sabe a quem executar ou cobrar!
Trabalhadores que estavam próximos à aposentadoria
e, portanto, tinham "estabilidade" no emprego,
que ficaram sem emprego, sem salário, sem aposentadoria
e sequer podem utilizar os recursos do FGTS, como qualquer
outro trabalhador brasileiro! Trabalhadores que foram
afastados do trabalho sob a alegação de
que a "velha empresa", não pode pagar
e a "nova" não os reconhece!
Advogados e Juristas não conseguem conceber que
caminho tomar judicialmente, já que foi criada
uma situação jurídica incompreensível
- aonde ninguém assume o prejuízo e muito
menos o passivo e o que havia de bom foi entregue livre
de qualquer responsabilidade!
Das autoridades e organismos oficiais, não se
tem noticia de medidas efetivas, destinadas a resolver
o problema de milhares de trabalhadores, pensionistas
e aposentados. Enquanto o Sindicato é acusado de
omissão e favorecimento de interesses governamentais,
as Associações não conseguem se entender
entre si e nem com o Sindicato, resultando num mar de
denúncias e ações judiciais questionando
direitos de representatividade legal, lotando o Judiciário
e confundindo mais ainda a situação. Até
na OIT o problema foi denunciado sem qualquer resultado
pratico já que, não conseguiram formalizar
a denúncia através dos canais formais. A
cada dia nascem novas iniciativas isoladas que inviabilizam
mais ainda a formação de uma possível
frente comum. Muitos acreditam na instalação
de CPIs como forma de resolver o problema, ignorando o
resultado das CPIs dos Anões do Orçamento;
Mensalão; Sanguessugas; etc., que apenas serviram
para tumultuar a vida política do Pais sem qualquer
resultado prático. Denúncias de toda ordem
pipocam.
Não falta nada num tenebroso quadro de armações
urdidas numa cadeia e sucessão de fatos impressionantes,
resultando em que os responsáveis pela situação
(tanto da quebra da VARIG - e demais companhias aéreas
- quanto da insolvência do AERUS) permaneçam
impunes, consigam se proteger e terminem como principais
beneficiários.
Beneficiários também da dispersão
e desentendimento das vitimas que - em função
de residirem em diferentes estados brasileiros - não
conseguem unir forças, trocar informações,
ou realizar estudos e planejamento eficaz de maneira a
permitir a formação de uma FRENTE ÚNICA,
que possa vislumbrar, principalmente, a quem, de que forma
e através de quais canais recorrer de forma decisiva,
visando restaurar seus direitos.
Em recente pronunciamento na Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro, a Deputada Luciana Genro abordou dentre
outras, inúmeras questões que precisam ser
melhor investigadas pois sugerem armações,
tramóias e facaltruas elaboradas por mentes privilegiadas.
Como explicar os 21 contratos de repactuação
da divida da VARIG com o AERUS com prorrogações
e sucessivos acordos para pagamento dos valores descontados
dos funcionários pelas Empresas Aéreas (concedidas
pelas várias diretorias que passaram pelo Fundo
de Pensão, sob patrocínio do governo através
da Secretaria de Previdência Complementar) e que
nunca foram cumpridos? Como explicar a utilização
de recursos (obtidos e que deveriam ser aplicados para
garantir os benefícios dos contribuintes) do PLANO
l para formar fundos para um novo Plano denominado de
PLANO 2, e inviabilizar os dois planos? Como permitiram
a saída dos funcionários, e de uma grande
empresa aérea, uma das maiores do Pais ?
Como justificar os sucessivos e vultosos prejuízos
causados pela aplicação inadequada e temerária
dos recursos em projetos e aplicações financeiras
duvidosas? Aonde, afinal, foi parar o dinheiro dos contribuintes?
A quem pertence o patrimônio e os recursos financeiros
dos Fundos de Pensão e Aposentadoria Privada? Por
que não é dada aos constas e associados
a possibilidade de decidir (por Assembléia) os
destinos de seus recursos e do próprio Fundo? Para
que serviu a intervenção? Se cabe à
Secretaria de Previdência Complementar - órgão
do Governo Brasileiro - a função de fiscalizar
os fundos de aposentadoria e pensões, por que deixaram
a situação chegar a esse ponto? Qual a possibilidade
de investigação e apuração
por parte das autoridades do Ministério Público,
objetivando a restauração dos direitos das
vitimas e responsabilização civil e criminal
dos responsáveis (inclusive daqueles a quem cabia
fiscalizar e intervir, mas que se omitiram) pela situação?
Soluções certamente poderão ser viabilizadas
se, aposentados, pensionistas, aeronautas e aeroviários
unirem forças focando corretamente objetivos concretos,
ao invés de tratarem vários temas simultaneamente,
perdendo tempo, desperdiçando recursos e energia.
Uma delas pode ser a formação de urna FRENTE
AMPLA, que atue nas ações já existentes,
(existem ações em andamento visando responsabilizar
a União pela falta de fiscalização
adequada e que já permitiu a antecipação
de tutela que - não fosse a constante intervenção
do governo federal recorrendo da sentença - no
seu resultado final assegura vencimentos iguais aos que
eram pagos antes da intervenção aos aposentados
e pensionistas) concentrando a mobilização
em defesa dos mesmos argumentos.
Questionar, sem participar ativamente, a legitimidade
da representação legal, ou o direcionamento
das finalidades sindicais, também não é
o melhor rumo a tomar. Forçados pela suspensão
do pagamento de suas aposentadorias, aeronautas aposentados
procuram retomar ao mercado de trabalho, ocupando postos
que poderiam ser ocupados por pessoal ativo demitido,
piorando ainda mais a situação dos desempregados.
"Pau que bate em João também bate em
Pedro", diz o dito popular. A questão da insolvência
e dos destinos do gigantesco AERUS interessa de perto
a todos os trabalhadores brasileiros que se filiaram e
contribuem com recursos para Fundos de Previdência
Privada, na esperança de uma aposentadoria digna
que a previdência Social não pode proporcionar.
Jornal da Imprensa Paulista
Abril/2007
O QUE O COLAPSO DO FUNDO
DE PENSÃO AERUS EVIDENCIA
*Elizabeth Leão
A percepção do esgotamento do sistema público
em face da crise da previdência intensifica a conscientização
do brasileiro quanto à importância da previdência
privada para sua qualidade de vida no futuro.
Analistas são unânimes em considerar que
o tipo clássico dos fundos de pensão está
em vias de extinção, o que aumenta a oferta
de aposentadoria complementar, além de demais planos
abertos. Os fundos fechados foram criados pelas empresas
sob o fundamento de garantir ao empregado segurança
ao seu padrão de vida após o inicio da aposentadoria.
A realidade tem sido estarrecedora. Riscos existem. O
triste exemplo dos montepios falidos bem como a atual
situação da AERUS, assombra a vida dos prejudicados
e cria instabilidade em relação à
segurança desses planos.
Em verdade, esse mercado perdeu credibilidade, principalmente
em face da má administração de recursos
e ao fraco controle dos organismos responsáveis
em relação à administração
temerária dessas instituições.
Frequentemente, empresas que criam o próprio fundo,
aplicam os recursos dos investidores em ativos de seu
conglomerado financeiro, ou seja, aplicam em papéis
da própria empresa. Se esta falir, o participante
perde o dinheiro investido.
Cabe observar que a Superintendência de Seguros
Privados - SUSEP, apesar de órgão responsável
pela fiscalização desse segmento, não
oferece qualquer segurança a eventuais prejudicados,
a não ser a possibilidade de o contribuinte se
valer do seu direito de portabilidade, do qual praticamente
ninguém tem conhecimento.
Contudo, caberia à SUSEP, enquanto agente fiscalizador
dos fundos, a responsabilidade de garantidor da higidez
eeonômico-fínanceira das instituições
de previdência privada. Os direitos adquiridos devem
ser preservados e a responsabilidade do Governo Federal
cresce na mesma proporção em que regula,
fiscaliza e incentiva os fundos de previdência privada,
na ânsia de transferir a eles um pouco da carga
do elefante branco em que se tomou o passivo da previdência
pública.
Regras transparentes, estimulo consciente, controles de
risco e melhores métodos de supervisão e
fiscalização, deveriam ser acompanhados
de normas rígidas de controle interno. Apesar da
promulgação da Lei 6435 de 1977, o Poder
Público não criou ainda uma estrutura regulatória
adequada. Como a SUSEP recebe relatório mensal
das seguradoras, isso deveria permitir antecipar e identificar
soluções para possíveis problemas
de solvência que uma entidade de previdência
privada possa vir a ter. No mínimo caberia à
SUSEP assegurar maior segurança e transparência
aos contribuintes, possibilitando a eles fazer uso do
seu direito à portabilidade.
Sugestões têm sido discutidas, como a criação
de um fundo garantidor como o que existe para a caderneta
de poupança. Hoje a legislação não
protege os recursos dos planos de previdência. Na
realidade, a quitação de dividas tributárias
tem preferência em caso de falência ou intervenção.
O risco, portanto, está na falência da empresa,
o que muitas vezes alcança a seguradora já
que os recursos que o contribuinte aplica nesses planos
não estão separados das reservas da seguradora.
Daí a maior responsabilidade da SUSEP. Cabe a essa
instituição garantir ao contribuinte que
não seja surpreendido com a noticia de que, após
anos de muito esforço e poupança regular,
a instituição na qual aplicava seu dinheiro
quebrou e não tem como arcar com o pagamento dos
benefícios acordados.
*Dra. Elizabeth Leão, Juíza
Federal, é presidente do INQJ - Instituto Nacional
da Qualidade Judiciária.