::::: RIO DE JANEIRO - 09 DE JUNHO DE 2007 :::::

 

O Dia
09/06/2007
Pilotos já voam por rotas aéreas alternativas no Rio
A medida foi tomada para escapar das áreas com risco de tiroteio, como a região da Penha
Maria Mazzei

Rio - Pilotos de aeronaves civis se anteciparam à determinação do Estado-Maior da Aeronáutica e já estão trafegando em percursos alternativos, para passar longe das áreas de risco, como a chamada Rota da Penha, considerada de extremo perigo por seguradoras. A Aeronáutica informou que, a partir do dia 28, novos procedimentos de vôos, como alterações em atitudes e trajetos, entrarão em vigor em função das possibilidades de tiros atingirem helicópteros, monomotores e bimotores.

A medida foi aplaudida pelas seguradoras, que já pensam em triplicar o valor das apólices de helicópteros no Rio ou até recusar clientes, caso o risco permaneça. Segundo levantamento feito pela Correcta Seguros, especializada no mercado aeronáutico, entre janeiro e maio, 10 helicópteros foram atingidos por tiros no espaço aéreo do Rio. Relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) registrou seis ataques graves a helicópteros civis — a maioria de passeios turísticos — enquanto sobrevoavam favelas da cidade.

“Informalmente, os pilotos já estão adotando outras rotas como meio de tentar fugir de ataques de bandidos, principalmente nos complexos de favelas próximos à Penha (Alemão e Vila Cruzeiro), que estão em guerra. Tem sido cada vez mais comum aeronaves pousarem no Aeroporto de Jacarepaguá com perfurações de tiros. Não podemos esperar que uma desgraça aconteça para tomarmos as providências”, disse o presidente da Associação dos Controladores do Tráfego Aéreo, Jorge Nunes de Oliveira.

Para Gustavo Mello, sócio da Correcta Seguros, se o risco para aeronaves persistir, poderá acontecer no Rio o que já houve no Equador e na Colômbia, onde seguradores internacionais não aceitam garantias em determinados territórios, as chamadas “zonas excluídas”. Essas área são locais de guerras e de conflitos provocados pela disputa no narcotráfico.

Neste sábado, no Rio, há 202 helicópteros, conforme dados da Anac. Normalmente, um contrato de seguro varia entre 2% e 3% do valor total da aeronave. “As seguradores vão começar a recusar clientes. Ou para não terem prejuízos, os valores das apólices ficarão três vezes mais caros. As seguradoras já oferecem ‘cobertura de guerra’, ou seja, se uma aeronave for alvejada enquanto sobrevoa um morro do Rio e não tiver o serviço, a seguradora não vai pagar o prejuízo”, afirmou Gustavo Mello.

A blindagem, medida adotada por motoristas que trafegam em vias expressas da cidade, não seria eficiente para helicópteros, na opinião de especialistas. Além do seguro ficar dez vezes mais caro, a quantidade de combustível necessária também seria maior.

Como O DIA mostrou nesta sexta, há pelo menos 11 áreas de risco no espaço aéreo do Rio.

Ajuda de fora para a segurança do Pan

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) informou ontem que, além do FBI — Polícia Federal Americana —, agentes de outros países também farão levantamentos sobre a segurança no Rio antes do início dos Jogos Pan-Americanos, no mês que vem.

De acordo com a Senasp, a medida é praxe em todo grande evento esportivo internacional. Foi dessa forma, por exemplo, que o Brasil agiu na Copa do Mundo da Alemanha, ano passado.

Quinta-feira, o prefeito Cesar Maia havia anunciado que agentes do FBI estão na cidade realizando levantamento aerofotogramétrico — fotografias aéreas —, para mapear os pontos críticos de violência e auxiliar no planejamento de ações de segurança do Pan. O levantamento é acompanhado por funcionário da coordenação de segurança dos jogos, subordinado à Senasp.

A assessoria de imprensa do Consulado dos Estados Unidos no Rio informou nesta sexta, através de e-mail, que o FBI tem “colaborado com as autoridades locais na área de segurança e tem o interesse comum em garantir que os Jogos Pan-Americanos transcorram de forma segura para todas as delegações”.

Mudança provocada por tiros

Apesar de rotas comerciais também sobrevoarem áreas de risco, a determinação da Aeronáutica de alterar os corredores só será aplicada a aeronaves como os táxis aéreos e os helicópteros particulares.

Na madrugada de terça-feira, o apresentador Jô Soares comentou em seu programa que, na sexta-feira anterior, o vôo em que estava havia atrasado 30 minutos porque o piloto não sobrevoou o Leme, temendo ser alvejado por tiros durante confronto entre traficantes e policiais no Morro do Chapéu Mangueira. Quinta-feira, O DIA noticiou que piloto da Varig avistou balas traçantes durante o conflito no Leme e avisou a torre de comando.

De acordo com a Anac, em outubro, um helicópteros com capacidade para 12 pessoas foi atingido por tiros ao passar pela Vila Cruzeiro, na Penha. No dia 26 de dezembro, dois disparos de fuzil perfuraram o assoalho de modelo Esquilo. Um acertou o painel e varou o pára-brisa e o outro, o rotor da aeronave.

 

 

Revista IstoÉ
09/06/2007
Infraero tira a secretária de Lula
Mônica Zerbinato deixa o gabinete do presidente no momento em que se intensificam as investigações na estatal dos aeroportos
Hugo Marques

Seja como presidente do PT, candidato à Presidência da República ou presidente do Brasil, nos últimos 13 anos Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve seus lugares de trabalho ornados com lírios brancos e cravos vermelhos.

E, nos últimos 13 anos, quem escolheu pessoalmente as flores foi sua secretária particular, Mônica Zerbinato. Nem mesmo o envolvimento do marido, Osvaldo Bargas, no escândalo da compra do dossiê contra os tucanos, no ano passado, chegou a abalar o cargo de Mônica no Palácio. Na terça-feira 5, porém, ela trocou de emprego.

Começou a trabalhar no Setor Bancário Norte de Brasília, como chefe de gabinete na Agência de Promoção de Exportações e Investimentos. A mudança do local de trabalho foi discreta, mas carrega consigo uma boa explicação. É que, na mesma semana em que Mônica deixou o Palácio, chegaram a Brasília e começaram a circular no Ministério Público e na CPI do Apagão Aéreo as cópias dos cinco depoimentos que a empresária Silvia Pfeiffer prestou à Polícia Federal no Paraná. Em suas declarações, a empresária aponta para uma suposta participação de Mônica em irregularidades na Infraero, com o intuito de arrecadar dinheiro para o PT.

A troca de emprego de Mônica é uma tentativa de tirar o Palácio do caminho da CPI do Apagão, onde, apesar do esforço dos parlamentares governistas, as irregularidades cometidas na Infraero serão abordadas. “Vamos entrar com todo o gás na Infraero”, avisa o relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Silvia Pfeiffer deve depor dentro de duas semanas na CPI e, se reafirmar o que já dissera a ISTOÉ e confirmou na PF, poderá levar a própria Mônica a também se explicar. Em 11 de maio, Silvia assegurou ao delegado Flúvio Cardinelli Oliveira Garcia que o empresário Valter Samara, amigo pessoal de Lula, lhe prometeu facilitar negócios junto à Infraero, por intermédio de Mônica, em troca de 10% de propina para o partido do presidente.

De acordo com o depoimento, na primeira quinzena de novembro de 2004 Silvia viajou com Samara no mesmo avião para Brasília e este a convidou para um churrasco no Lago Norte. Na festa, Samara avisou que Silvia poderia procurar “Mônica Bargas”, para que a secretária particular de Lula “interviesse junto à Infraero a fim de facilitar concessões de publicidade”. O churrasco ocorreu em uma casa alugada pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil, que representa os cartórios.

Samara, que é dono de cartório em Ponta Grossa (PR), confirma alguns capítulos da história contada por Silvia, mas apresenta um novo enredo. O empresário diz que se encontrou com Silvia no Aeroporto de Curitiba e viajou com ela no mesmo avião para Brasília. Silvia, diz ele, ia resolver problemas ligados à Infraero. “Ela não tinha dinheiro para pagar a conta do hotel, para tirar a bagagem dela que estava no hotel”, diz Samara. “Eu tinha uns 200, quase 300 reais no bolso, peguei e dei para ela”.

Afinal, onde entra Mônica nessa história contada por Samara? O empresário diz que Silvia reclamou de um problema no braço, “meio amortecido”, e precisava de uma consulta médica. “Foi aí é que veio a história da Mônica”, diz Samara. “Eu falei para ela: ‘Olha, tem uma amiga minha que pode te arrumar lá no hospital Sara Kubitschek.’” O empresário nega que Mônica tenha sugerido abrir as portas da Infraero para negócios escusos. “Para dar dinheiro para o PT, nunca seria a Mônica”, conclui Samara. “A pessoa para isso seria o Delúbio, o presidente do PT, que na época era o Genoino, o José Dirceu, qualquer um desses caras, menos a Mônica.” A ex-secretária de Lula, procurada por ISTOÉ, afirmou que nada iria declarar sobre o assunto.

Para tirar essas dúvidas e desvendar os segredos da Infraero, o Ministério Público Federal está montando uma força- tarefa com o TCU e a CPI do Apagão no Senado. O representante do Ministério Público no TCU, Lucas Furtado, declarou que a Infraero “é uma caixa-preta em todos os sentidos”. Já foram identificadas irregularidades em obras da Infraero em dez Estados. O MP está rastreando as empresas que dividiram o mercado superfaturado das obras da Infraero no País. Até a Gautama de Zuleido Veras ganhou obra.

 



Zero Hora
09/06/2007
Infraero em cena

A CPI do Apagão Aéreo na Câmara ouvirá na terça-feira o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, atual presidente da Infraero. A empresa é investigada pelas suspeitas de irregularidades na gestão do ex-presidente Carlos Wilson (PT-PE), hoje deputado federal.

Pereira já reclamou do loteamento político da empresa. Wilson será ouvido na quinta-feira.