:::::RIO DE JANEIRO - 09 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Valor Econômico
09/06/2006
Juiz decide hoje se Varig vai à falência, mas dia D pode ser terça
Vanessa Adachi, Cláudia Schüffner e Janaina Vilella

Qualquer que seja a decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, hoje, parecem remotas as chances de recuperação da Varig. O juiz pediu prazo de 24 horas para dizer se considera válida a única proposta de compra da companhia aérea feita no leilão de ontem pela associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). Se não considerá-la consistente, poderá decretar a falência da empresa.

Nenhum grupo empresarial quis tomar o risco da sucessão do passivo bilionário da Varig, que fatalmente surgiria com a sua compra, e o leilão fracassou. TAM, Gol, Ocean Air e o fundo Brooksfield se habilitaram a fazer propostas antes do leilão, realizado ontem num abafado hangar do aeroporto Santos Dumont, no Rio. Mas tudo não passou de jogo de cena para forçar eventuais interessados a elevar seu lance inicial, que teria que ser feito em envelope lacrado.

A maioria dos espectadores do drama da Varig não acreditava, ontem, que o juiz Ayoub tome a decisão de decretar a falência da empresa. Se o fizer, será uma surpresa. O cenário mais provável é que ele busque uma forma de prolongar a agonia para não assumir o ônus de de encerrar a história da empresa com uma canetada sua.

A proposta do TGV não parece ser adequada para sanar as dificuldades da Varig e tampouco a associação e seus eventuais parceiros teriam poder de fogo para capitalizar a Varig. Para analistas, qualquer decisão do juiz não surtirá efeito muito diferente e sinalizaram acreditar que a empresa, no mínimo, continuará a minguar.

Carlos Albano, da corretora Unibanco, escreveu ontem que o "TGV não parece ter força financeira" para capitalizar a Varig e torná-la lucrativa e capaz de pagar a dívida da empresa. Jander Medeiros e Ricardo Kobayashi, do Banco Pactual, foram na mesma linha e disseram que "o envolvimento direto de funcionários na gestão da empresa limitaria sua capacidade de aumentar a lucratividade". Acrescentaram que também estaria comprometida a capacidade de investimento e capital de giro.

Dados do setor relativos ao mês de maio já estariam indicando que a participação da Varig no mercado doméstico caiu para algo em torno de 13% e 14%, com queda expressiva em relação aos 16,5% de abril e metade dos 26,7% registrados apenas um ano atrás.

Três escritórios de advocacia que representam empresas de leasing de aviões e outros fornecedores disseram que agora vão esperar pelos acontecimentos da próxima terça-feira. Nenhum deles acredita na decretação da falência hoje.

Na terça, dia da estréia da seleção na Copa, o TGV terá que fazer o primeiro depósito de US$ 75 milhões, previsto no edital do leilão. No mesmo dia, acontece audiência na corte de falências de Nova York, porque acaba o prazo de uma liminar dada pelo juiz Robert Drain, evitando o arresto de aviões. Ainda na terça, a Varig terá que negociar com a BR Distribuidora mais uma semana de suprimento de combustíveis.

"Terça-feira é o novo 'dia D' da Varig", disse Felipe Câmara, do escritório Tozzini, Freire. "Se o TGV pagar os US$ 75 milhões, não temos objeção. Se não pagar, teremos que ver o que decidirão os juízes brasileiro e americano", completou. Um outro advogado adiantou que a posição de seus clientes, todos empresas de leasing, é mais dura e a ordem continua ser retomar os aviões rapidamente.

A proposta do TGV foi feita por meio da NV Participações, uma sociedade de propósito específica (SPE), que ofereceu pela companhia US$ 448,9 milhões - equivalentes a R$ 1,010 bilhão, segundo a Ptax de quarta-feira.

Deste total, apenas R$ 285 milhões seriam pagos em dinheiro, mas até ontem não estava claro de onde viriam os recursos. Outros R$ 225 milhões se referem a créditos concursais e extra-concursais dos trabalhadores a serem abatidos e mais R$ 500 milhões seriam levantados com a emissão de debêntures da nova empresa. Os créditos concursais são aqueles repactuados no plano de recuperação. Os extra-concursais foram contraídos depois do pedido de recuperação.

"Se esta proposta, que não conheço em detalhes, for viável para a manutenção da empresa, eu acatarei, aceitarei e homologarei", disse Ayoub após o leilão.

Ele descartou a possibilidade de ser realizado um novo leilão e admitiu que, caso a oferta seja considerada inválida, o caminho para a empresa seria a falência.

Os US$ 75 milhões que o TGV teria que depositar na terça seriam destinados ao pagamento de gastos correntes da companhia atualmente em atraso. O valor oferecido pelo TGV representa pouco mais da metade do preço mínimo de US$ 860 milhões fixado pela Justiça para a venda da parte operacional da Varig, que inclui as linhas domésticas e internacionais. O dinheiro, no entanto, será insuficiente para pagar os credores da empresa, que tem dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões.

Segundo Oscar Bürgel, presidente da Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig (que integra a TGV), existem três grupos estrangeiros interessados em dar suporte financeiro à proposta. Ele não revelou os nomes dos investidores, alegando que essas empresas ainda aguardavam aprovação dos seus conselhos. Especula-se no mercado que um desses investidores seria o fundo de investimentos americano Brooksfield.

Segundo ele, os recursos para o pagamento da empresa já estariam depositados no Brasil. Bürgel disse também que junto com a proposta encaminhada à Justiça estaria uma carta dos três investidores garantindo a origem desse dinheiro. Ele descartou a possibilidade de financiar parte deste montante com empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco estava disposto a financiar até dois terços do vencedor.

Em maio deste ano, a TGV, por meio da NV Participações, e outros dois grupos, protocolaram no BNDES propostas para participar do empréstimo-ponte da Varig. Os pedidos foram negados pelo banco. Os candidatos não teriam entregue carta de fiança bancária e não teriam informado previsão de recursos próprios para a complementação do empréstimo-ponte.

O consultor econômico do TGV, Paulo Rabello de Castro, e os representantes de parte dos trabalhadores da empresa se reuniram ontem após o leilão para acertar detalhes da proposta. O diretor da consultoria Alvarez&Marsal, encarregada da reestruturação da Varig, Marcelo Gomes disse que "para uma TAM ou uma Gol a falência (da Varig) seria o melhor". "Esperávamos que os outros investidores fizessem propostas, mas infelizmente isso não aconteceu", lamentou.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que o juiz Ayoub deverá se basear "na continuidade dos serviços da Varig" ao dar a sua decisão hoje.

 

 

Valor Econômico
09/11/2006
Decisão do STF reduz chance da Transbrasil voltar a decolar
Juliano Basile

A Transbrasil sofreu, ontem, uma derrota no Supremo Tribunal Federal (STF) e está, agora, distante de voltar a operar vôos comerciais. Os ministros do STF negaram, por nove votos a dois, um pedido de companhia para que seja retomada a concessão de suas linhas aéreas.

A Transbrasil perdeu a concessão com a abertura de procedimento administrativo pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), em 2002. A empresa parou de voar em dezembro de 2001. Entrou em falência e, depois, iniciou processo de recuperação.

Após o julgamento, a advogada da Transbrasil Valeska Teixeira Martins afirmou que irá estudar formas de recorrer da decisão ao próprio STF. Segundo ela, a retomada da concessão das linhas era a única coisa que faltava para os investidores voltarem a atuar com a companhia. "Este processo era o nosso único obstáculo", lamentou Valeska. Ela reclamou de um tratamento desigual com relação a Vasp, que mesmo em processo de falência manteve a concessão de suas linhas aéreas.

No Supremo, a Transbrasil tem duas ações fundamentais para os planos de voltar a voar. Numa, a companhia questiona a decretação de sua falência. E, na que foi julgada ontem, a Transbrasil pedia o retorno de suas linhas.

Nas duas ações, a Transbrasil obteve liminar. O ministro Eros Grau foi favorável à empresa, suspendendo o processo de decretação de falência, em fevereiro de 2005. Essa decisão está até hoje em vigor. Já o ministro Nelson Jobim, hoje aposentado do STF, concedeu liminar para que a companhia retomasse a concessão de suas linhas, em janeiro deste ano.

No julgamento de ontem, os ministros resolveram derrubar a liminar de Jobim com base numa questão formal. A companhia alegou que não foi comunicada oficialmente do processo administrativo aberto pelo DAC para a decretação de caducidade de suas linhas aéreas e, portanto, teria ocorrido cerceamento de seu direito de defesa. Mas, para a maioria dos ministros do STF, a Transbrasil soube do processo do DAC e pôde se defender.

"Não houve a menor comunicação da instauração deste processo administrativo e de qualquer ato realizado em seu curso", reclamou aos ministros o advogado da Transbrasil Cristiano Zanin Martins. "O que houve foi a publicação de uma notícia de um boletim interno do DAC", completou.

Mas, o advogado-geral da União, ministro Álvaro Augusto Ribeiro Costa, alegou que a Transbrasil foi notificada publicamente. "As razões de instauração do processo administrativo eram de pleno conhecimento da empresa", disse Costa.

O relator do processo no STF, ministro Gilmar Mendes, concluiu que a Transbrasil se manifestou no processo aberto pelo DAC e, assim, teve a oportunidade de se defender. Ele foi seguido pelos ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Celso de Mello, Sepúlveda Pertence, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie. Apenas os ministros Eros Grau e Marco Aurélio Mello entenderam que não houve a devida chance de a Transbrasil se defender.

Zanin Martins afirmou que irá recorrer ao STF, pois a pessoas que se manifestou pela Transbrasil no processo do DAC não estava autorizada pela empresa.

 

 

JORNAL DO BRASIL
09/11/2006

 

Valor Econômico
09/06/2006
Céticos, credores externos buscam alternativa no Brasil

Ricardo Balthazar

Empresas americanas que alugam boa parte dos aviões que compõem a frota da Varig estão oferecendo as aeronaves a outras companhias aéreas brasileiras, numa tentativa de diminuir os prejuízos que vêm sofrendo com a crise financeira da Varig e numa demonstração clara do ceticismo com que assistem aos esforços para salvar a empresa.

Os credores da Varig nos Estados Unidos são donos de 27 aviões usados pela companhia. Ela não tem pago em dia o aluguel e deve pelo menos US$ 71 milhões aos americanos, que brigam na Justiça para que a Varig devolva as aeronaves. Alguns aviões estão parados porque não existe dinheiro para contratar serviços de manutenção. Dois estão com os contratos vencidos.

De acordo com documentos depositados em juízo nos Estados Unidos nas últimas semanas, a possibilidade de trocar rapidamente a Varig por clientes capazes de pagar pelos aviões tem sido apresentada pelos credores como mais uma razão para a Justiça obrigar a companhia aérea brasileira a devolver as aeronaves de uma vez, sem esperar que a Varig encontre uma solução para a crise que atravessa.

Mesmo que a empresa fosse forçada a devolver os aviões hoje, seus credores teriam que esperar um bom tempo até recuperar as aeronaves, por causa da burocracia envolvida na transferência dos aparelhos para os Estados Unidos. Mas os donos dos aviões ficariam livres dessa dificuldade se encontrassem outras companhias aéreas brasileiras dispostas a alugar as aeronaves.

Essa possibilidade foi sugerida recentemente por um representante do maior dos credores da Varig. "[Estamos] em negociações com outras companhias aéreas brasileiras com respeito à maioria dos aviões", disse um dos vice-presidentes da International Lease Finance Corporation (ILFC), William MacCary, numa declaração apresentada na semana passada à Justiça. Ele não deu os nomes das empresas com as quais está conversando.

Subsidiária do grupo AIG, a ILFC é dona de 11 aviões alugados pela Varig, incluindo os dois que estão com os contratos vencidos. Um deles foi para a oficina outro dia e o serviço só foi feito porque a própria ILFC pagou. O outro está com uma turbina na revisão, mas o serviço só será feito depois que for paga uma dívida de US$ 5 milhões da Varig com a empresa de manutenção.

Procurados pelo Valor, os advogados da ILFC e de outros dois credores da Varig nos Estados Unidos não quiseram se manifestar sobre o resultado do leilão de ontem. Na última audiência do processo na Justiça americana, há uma semana, eles deixaram bem claro que tinham poucas esperanças na possibilidade de o leilão ser bem-sucedido.

O juiz Robert Drain, do tribunal de falências de Nova York onde tramita o processo, tem impedido a apreensão dos aviões da Varig com uma série de decisões proferidas desde o início do processo de recuperação judicial da empresa na Justiça do Rio. Ele deverá voltar a examinar o assunto numa audiência na próxima terça-feira.


Valor Econômico
09/06/2006
Só empregados fazem oferta e a Varig poderá ir à falência

Vanessa Adachi, Daniel Rittner, Cláudia Schüffner e Janaina Vilella

As chances de recuperação da Varig tornaram-se mais remotas ontem, depois que só a associação de Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) apresentou proposta de compra da empresa. O juiz Luiz Roberto Ayoub decide hoje se a oferta é válida. Caso contrário, poderá decretar a falência - possibilidade considerada remota. TAM, Gol, Ocean Air e outros grupos não quiseram assumir o risco da sucessão do passivo bilionário.

Para analistas, mesmo que o juiz não decrete a falência, a empresa continuará a minguar. O TGV e seus eventuais parceiros não teriam condições financeiras de capitalizar a empresa e recuperá-la. O TGV não revela o nome dos parceiros. Dados do setor relativos a maio devem apontar sua participação no mercado doméstico em torno de 14%, abaixo dos 16,5% de abril e quase metade dos 26,7% de um ano atrás.

Caso a proposta seja aceita pela Justiça, a Varig enfrentará na terça-feira um novo desafio. O TGV terá de fazer o primeiro depósito de US$ 75 milhões na mesma data em que vence em Nova York a liminar que protege a empresa do arresto de seus aviões. A Anac tem um plano de contingência para o caso de falência que prevê três etapas: as ações a serem tomadas nas primeiras 24 horas, na primeira semana e a ocupação das linhas por outras empresas. A maior preocupação é com as rotas internacionais. Orientações para embaixadas e consulados brasileiros já foram transmitidas pelo Itamaraty. A Copa do Mundo é um complicador para a execução do plano, por causa do grande número de turistas que lotam os vôos para a Europa.


O Globo
09/06/06
24 horas de suspense

Erica Ribeiro e Sabrina Valle*

Um consórcio formado pelos trabalhadores da Varig foi o único interessado, dos cinco cadastrados no leilão da Varig ontem, no Rio, a apresentar proposta pela empresa. A associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), representada pela NV Participações, fez uma oferta de R$ 1,01 bilhão (US$ 449 milhões) pela Varig Operações (partes doméstica e internacional), quase metade do preço mínimo estipulado, de US$ 860 milhões.

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8 Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, que acompanha o processo de recuperação judicial da Varig, pediu 24 horas e decide hoje se a proposta é válida. Se vetar a oferta, ele cogita a decretação da falência. No entanto, Ayoub disse estar otimista e pondera que, mesmo que a Lei de Recuperação de Empresas (a nova Lei de Falências, que completa um ano hoje) preveja a quebra, caberá a ele interpretá-la. Ele descartou um novo leilão.

— Não há ainda nada definitivo. Vou ter que estudar. Não posso ser leviano em dizer uma coisa da qual ainda não sei — disse Ayoub.

O TGV propôs pagar R$ 225 milhões em créditos concursais (que fazem parte da recuperação judicial, incluindo os trabalhistas) e extraconcursais (que estão fora da recuperação judicial); R$ 500 milhões em debêntures da nova empresa e R$ 285 milhões em dinheiro. Ficaria com os atuais controladores a Varig velha, com a dívida de cerca de R$ 7,5 bilhões. Para o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a proposta contempla as necessidades da Varig.

Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal — responsável pela reestruturação da Varig — esperava uma disputa vinda de investidores como a OceanAir e o fundo Brooksfield. Para Gomes, o resultado pode ter sido manobra da concorrência:

— Agora, vamos esperar a decisão do Poder Judiciário. Já sabíamos que para uma TAM ou uma Gol a falência seria o melhor. Mas esperávamos que os outros investidores bidassem a proposta (fizessem uma oferta).

Diretor do TGV diz que dinheiro está garantido

O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, disse que não houve tempo suficiente para avaliar a possibilidade de compra. Ele afirmou que, caso o juiz não aprove a oferta da NV, a OceanAir poderá fazer uma proposta.

— Já reiteramos várias vezes o interesse da OceanAir na Varig. O ponto chave foi o tempo.

Na abertura do leilão, cinco empresas se cadastraram: TAM, Gol, OceanAir, Brooksfield e a NV, mas não houve proposta pelo lance mínimo, de US$ 700 milhões pela Varig Regional (parte doméstica) ou US$ 860 milhões pela Varig Operações. A NV não foi citada entre as empresas que entraram no data-room nos dias que antecederam o leilão. Na segunda rodada do leilão, para ofertas abaixo do lance mínimo, a NV entregou o envelope faltando poucos segundos para terminar o prazo.

Integrante do TGV, o presidente da Associação de Mecânicos da Varig (Amvar), Oscar Bürgel, afirmou que três investidores estrangeiros participam do consórcio e já sinalizaram que estão com as garantias necessárias para o aporte inicial de US$ 75 milhões em um prazo de três dias, como determina o edital do leilão. Por lei, a participação estrangeira em uma companhia aérea tem de se limitar a 20%. Bürgel afirmou que a NV não está contará com recursos do BNDES, que estava disposto a financiar o comprador da Varig.

— Tenho certeza de que esses investidores vão confirmar (o aporte). Mas o dinheiro não está debaixo do colchão. As tratativas com os investidores estão sendo feitas pelo nosso representante financeiro, a consultoria Invest Partners — disse Bürgel

A Invest Partners, segundo fontes, tem a participação de executivos da NV, para quem presta serviços, e também trabalha para a Varig desde dezembro do ano passado.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse, ao sair do leilão, que a agência ainda não pensa em um plano de contingência, previsto em caso de falência da Varig. Para o advogado especialista na área de recuperação de empresas Felipe Camara, do escritório Tozzini, Freire, Teixeira, Silva Advogados, o prazo de 24 horas é factível para que o juiz possa entender melhor os termos da proposta apresentada pela Varig e avaliar se o preço é justo:

— Se o juiz não considerar o preço justo, a falência pode acontecer. Isso só mudaria se um novo investidor fizesse aporte direto, e não há impedimento legal para isso. No momento, o compasso é de espera para todos, inclusive os credores, que estão de fato financiando a Varig. O juiz precisa avaliar e o proponente, apresentar o dinheiro.

A Varig está há dois meses sem pagar o salário dos funcionários. A BR fornece combustível em troca de recebíveis de cartões de crédito. No dia 13, uma nova audiência será realizada na Justiça americana para decidir se a proteção contra o arresto de aviões por empresas de leasing será mantida ou não.


O Globo
09/06/06
O perfil do consórcio


A NV Participações, consórcio que fez a única proposta de compra da Varig, foi criada em outubro de 2003, a partir da união da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), da Associação de Comissários da Varig (Acvar) e da Associação de Mecânicos de Vôo da Varig (Amvar). Essas associações de empregados já tinham formado, um ano antes, o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), cuja proposta para salvar a Varig incluía o dinheiro dos participantes do fundo de pensão Aerus.

O TGV e os sindicatos que representam aeronautas e aeroviários há anos travam batalhas políticas e jurídicas. Na briga pela representação dos empregados nas assembléias de credores, o TGV conseguiu liminares que impediram o voto dos sindicatos em nome dos trabalhadores.


Folha de São Paulo
09/06/06
Risco e falta de dados afastam os investidores

Eles dizem que faltou tempo para análise e que informações não eram confiáveis
Presidente da OceanAir afirma que ainda tem interesse se tiver mais tempo, mas juiz descarta novo leilão da Varig


O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, admitiu ontem a possibilidade de a companhia aérea ainda apresentar uma proposta pela Varig se houver mais tempo para estruturá-la. Mas o juiz Ayoub descartou ontem um novo leilão.

"Faltou tempo para fazer uma análise melhor da situação. Isso dificultou bastante na hora de fazer uma engenharia financeira", afirmou Ebner.

A falta de propostas no leilão, apesar da presença de representantes de cinco investidores em potencial, pode ser explicado principalmente pelo receio do risco de sucessão de dívidas.

Pesou também o pouco tempo para avaliar a situação da empresa, já que o leilão foi adiado devido à sua frágil situação de caixa: o "data room" (disponibilização de informações confidenciais da Varig aos interessados) ficou aberto por apenas três dias úteis.

Mesmo com os esforços de última hora do governo e da Justiça para desvincular do novo comprador o imenso passivo da Varig (estimado em R$ 7,9 bilhões, segundo o último balanço), a companhia chegou ao dia do leilão representando um alto risco de sucessão trabalhista e também fiscal.

O Ministério Público do Trabalho, por exemplo, informou que pretende recorrer da decisão da Justiça fluminense que determina que o comprador não herdará as dívidas da companhia com os trabalhadores.

A TAM informou que, após avaliar detalhadamente o investimento e a relação risco-retorno do negócio, decidiu não oferecer lance no leilão.

Outro problema apontado é a falta de clareza nas informações do "data room". Para acessá-las, os interessados tiveram que assinar documento assinalando que a empresa não garantia sua veracidade. A avaliação é que TAM, Gol e Aero-LB (consórcio da TAP) entraram no "data room" só para ter acesso a dados confidenciais da Varig.

Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, reestruturadora da Varig, não descarta a hipótese de manobra da concorrência. "Para TAM e Gol, era muito melhor a falência [da Varig]."


Folha de São Paulo
09/06/06
Leilão em hangar de aeroporto tem torcida, bandeiras e discursos

DA ENVIADA AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Da comemoração antecipada -com direito a bandeiras do Brasil, discursos, torcida e claque- à água fria de uma única proposta de compra, vinda de uma associação de funcionários que está longe de ser unanimidade mesmo entre os trabalhadores.

Foi nesse clima que aconteceu ontem o leilão de venda da Varig, no hangar ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

O espaço ficou lotado de funcionários, que acompanharam os acontecimentos com bandeiras e camisetas de incentivo à empresa. Antes do início do leilão, Hino Nacional em gravação de Fafá de Belém e discursos de artistas que contaram com o patrocínio da Varig em telão deram o tom do evento.

O juiz do caso Varig, Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que já se autodenominou "o anjo da Varig", virou estrela entre os funcionários pelas decisões que permitiram a viabilidade da companhia, e chegou a ser mais aplaudido do que o presidente da empresa, Marcelo Bottini.

Seu discurso, que precedeu o leilão, pontuado de referências à "belíssima companhia aérea", foi ovacionado pelos trabalhadores. "Estou otimista, como um bom botafoguense, nesse dia belíssimo, em que certamente em breve passará uma estrela", disse.

A estrela em questão era uma referência ao símbolo da Varig. E, tal qual a previsão, um Boeing-737 pousou no Santos Dumont durante o discurso. O comandante da aeronave colocou uma bandeira do Brasil do lado de fora e foi aplaudido de pé pelos funcionários, de forma similar ao que ocorreu na última assembléia da companhia.

Na platéia, entre os credores da empresa que acompanhavam o leilão, chamava a atenção Amaury Antunes Guedes, 71, que carregava uma bandeira brasileira. Aposentado pela Varig há 16 anos, contava que foi ao leilão para torcer por uma "vitória" da empresa.

"A Varig não falindo já é uma vitória. Tem que ganhar nem que seja por 1 a 0", dizia ele, que trabalhou por 36 anos na empresa em diferentes funções, como comissário de bordo e aeroviário (trabalhador em terra), entre outras.

A percepção de que a crise da Varig se prolonga indefinidamente foi motivo de reclamações. "A gente quer um desfecho, não agüentamos mais essa situação. Estamos sem motivação para trabalhar. A única motivação é o amor pela empresa", afirmou Giane Carvalho, 29, analista de informações de vôo.

Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, após a proposta do TGV, o clima do leilão passou a ser de velório. "Ficou todo mundo mudo e chocado com aquilo. Meu sentimento é de derrota. Quem disse que o TGV pode usar os créditos extraconcursais dos trabalhadores? Nós não aprovamos isso. De onde eles vão tirar o dinheiro?", disse.

Caso a proposta não seja aprovada, Balbino afirma que a única saída para a Varig é uma intervenção do governo. "O governo tem a responsabilidade de ver que todos os esforços já foram feitos para salvar essa empresa", disse.

A consultora de desenvolvimento de recursos humanos Rosiléa Amatto, 47, ficou decepcionada com a falta de interesse das concorrentes. "Foi meio desolador. Uma empresa com a reputação da Varig, e só aparece uma proposta, dos próprios funcionários", disse. Ela trabalha na companhia há 17 anos.


O Dia
9/6/2006 00:06h
Plano B no caso de uma rejeição


Se a proposta da TGV não for aceita, o diretor-presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, admitiu ter um “plano de contingência”, para garantir aos clientes as passagens compradas e o programa de milhagem. Carlos Hebner, da Ocean Air, disse que a antecipação da data prejudicou o leilão — previsto para 9 de julho.

Os trabalhadores se vestiram de verde e amarelo, levaram bandeiras brasileiras e acompanharam cada passo do leilão. O silêncio na hora da entrega dos envelopes gerou tensão, mas era esperado. A oportunidade de fazer lances menores que o preço mínimo, na segunda etapa, aquietou os interessados.

A preocupação dos trabalhadores agora é com relação à possibilidade de falência. Eles temem que a empresa só tenha condições de operar até domingo. Mas é só um dos problemas. O destino do Aerus, fundo de pensão da Varig, e a pressão dos credores são outros.

A NV Participações foi criada em 2003, um ano depois de 62 pilotos terem sido demitidos pela empresa. Eles se organizaram com o objetivo de captar recursos para investir na empresa, a exemplo de experiências de outros países. Segundo Alexandre Moraes, o grupo pretende buscar soluções para evitar falência e transferência gradativa de ativos. “Como ocorreu com a VarigLog e com a Vem”, lembra.


Tribuna da Imprensa
09/06/06
Funcionários dão R$ 1 bilhão pela Varig

A NV Participações, empresa formada pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), fez ontem a única oferta pela Varig Operações, durante leilão judicial. A proposta de R$ 1,010 bilhão (US$ 449 milhões), quase metade do preço mínimo exigido, e com recursos de origem incerta, vai depender da aprovação do juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo caso Varig, que pediu 24 horas para decidir. O prazo termina hoje, no final do dia. A rejeição da proposta pode levar à falência da companhia.

O resultado do leilão foi recebido com desconfiança em Brasília, principalmente pela falta de informações sobre a origem do dinheiro. Nos bastidores da Esplanada dos Ministérios, o comentário era de que a tendência é a empresa ir à falência, mais cedo ou mais tarde. A reação mostra que o governo não pretende fazer mais nada em relação à Varig.

Diante da má repercussão da proposta, as ações da companhia caíram 58%, encerrando o dia cotadas a R$ 1,51. As ações das concorrentes Gol e TAM subiram 4,92% e 7%, respectivamente. O juiz Ayoub descartou a possibilidade de um novo leilão. Mas deixou no ar qual seria sua atitude caso a proposta seja rejeitada - se decretaria ou não a falência, como previsto na lei.

"O que diz a lei é uma coisa. A interpretação da lei é outra coisa e eu tenho que analisar o caso concreto", disse Ayoub. "Pela lei, seria a falência. Mas não posso dizer o que farei. Tudo depende do que eu interpretar. Se for viável para a manutenção da empresa, eu acatarei."

A proposta da TGV, que conta com a assessoria do consultor Paulo Rabello de Castro, é de R$ 1,010 bilhão, mas apenas R$ 285 milhões seriam em dinheiro vivo. E, mesmo assim, não ficou claro de onde sairia esse investimento, pois a NV Participações não dispõe do valor. Outros R$ 500 milhões seriam arrecadados com a emissão de debêntures lastreadas na expectativa de lucros da companhia.

Por fim, a proposta prevê mais R$ 225 milhões, que viriam de créditos que os trabalhadores têm a receber da empresa O diretor da TGV, Oscar Bürgel, garante que os R$ 285 milhões já estariam no Brasil e viriam de três investidores estrangeiros cujo nome ele não revela. "Cartas de garantias dos três investidores foram anexadas à proposta", afirmou.

Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, a conversão dos créditos dos trabalhadores depende da autorização de cada um. "Esperamos que o juiz Ayoub exija todas as garantias necessárias", disse Graziella, que é inimiga política do TGV. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse ter ficado "contente" de ter aparecido alguma proposta. "Não posso partir da premissa absurda de que a proposta não é séria."



Estadão
08 de junho de 2006 - 19:58
TGV: entenda quem é o investidor interessado na Varig
O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) foi criado em 2003 por um grupo de três associações de trabalhadores da empresa, representantes de pilotos (Apvar), comissários (Acvar) e mecânicos de vôo (Amvvar)
Mariana Barbosa e Alberto Komatsu

RIO - O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) foi criado em 2003 por um grupo de três associações de trabalhadores da empresa, representantes de pilotos (Apvar), comissários (Acvar) e mecânicos de vôo (Amvvar). No mesmo ano, as três associações criaram a NV Participações (sigla para Nova Varig), com capital social de R$ 4.500, e cujo objetivo específico era participar do capital da Fundação Ruben Berta. Nova Varig.

Assessorada pelo economista Paulo Rabello de Castro e pelo advogado Jorge Lobo, o TGV sempre defendeu o uso de recursos do fundo de pensão Aerus para capitalizar a Varig. Coordenado por Márcio Marsillac, o grupo acumula histórias polêmicas dentro da empresa.

No mês passado, o TGV foi autor de um dos três pedidos de empréstimo-ponte para capitalizar a Varig, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). A proposta, que dava como garantia operações de descontos na folha de salário dos funcionários e ações da própria Varig, foi rejeitada pelo BNDES, que considerou insuficientes as garantias.

O TGV foi responsável por incluir no leilão a proposta de venda da Varig Operacional (unindo as áreas doméstica e internacional), pelo preço mínimo de US$ 860 milhões. O formato inicial previa apenas a venda da parte doméstica, isolada da internacional - que continuaria com as dívidas - por US$ 700 milhões.

O grupo disputa poder político e a representatividade de funcionários com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), briga que já foi parar nos tribunais. Com base em uma liminar, o TGV é hoje o representante dos funcionários. O SNA alega que essa representatividade foi obtida com base em uma assembléia fraudada e acusa o TGV de conflito de interesses por defender interesses comerciais na NV. Na assembléia de credores que aprovou o plano de recuperação, em dezembro do ano passado, durante um bate-boca entre os dois grupos, um representante do TGV chegou a agredir fisicamente um dirigente do sindicato.

Na proposta apresentada hoje no leilão, a NV contou com a assessoria da consultoria financeira Invest Partners, com quem tem contrato assinado desde dezembro do ano passado. Pelo contrato, a Invest Partners se propõe a buscar investidores para capitalizar a Varig e estabelece uma comissão de 2,5% a 4% sobre investimentos e descontos em financiamentos obtidos no mercado.


Estadão
08 de junho de 2006 - 19:51
Governo lavou as mãos com relação à Varig
A avaliação que corria hoje nos bastidores da Esplanada dos Ministérios é que a tendência é a empresa ir à falência, mais cedo ou mais tarde
Lu Aiko Otta e Vera Rosa


BRASÍLIA - O governo lavou as mãos com relação à Varig. A avaliação que corria hoje nos bastidores da Esplanada dos Ministérios é que a tendência é a empresa ir à falência, mais cedo ou mais tarde. A única oferta do leilão de hoje, feita pelos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), foi recebida com desconfiança. Todos se perguntavam de onde viriam os US$ 448 milhões oferecidos pelos empregados da aérea.

"É importante uma solução que possa manter a Varig voando e prestando serviços, mas precisamos observar o valor da proposta feita e a capacidade que eles (os funcionários) têm de honrar esse compromisso", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Questionado sobre de onde viria o dinheiro oferecido pela TGV, o ministro da Defesa, Waldir Pires, respondeu: "não sei". Quando lhe perguntaram se o dinheiro existia, ele apenas sorriu.

Mesmo se a oferta da TGV for aceita e o negócio se concretizar, o futuro da Varig permanece inseguro, pois a empresa necessita urgentemente de capital de giro, avaliam técnicos. Além disso, ela está ameaçada de perder aviões a partir do próximo dia 13, quando acaba o prazo dado pela Justiça de Nova York, no processo movido pela empresa proprietária das aeronaves.

Os problemas não acabam aí. A Infraero, estatal federal que opera os aeroportos brasileiros, está pressionando o Ministério Público para que mova processo criminal contra os administradores da Varig por apropriação indébita de R$ 27 milhões em taxas de embarque. A aérea estaria recolhendo a taxa dos passageiros, mas não repassando os valores para a estatal dos aeroportos, como deveria. Esse montante se soma aos R$ 540 milhões devidos pela Varig em taxas à Infraero.

"Nós fizemos o possível", decretou Waldir Pires, que hoje ainda se dizia esperançoso quanto ao surgimento de uma solução de última hora. Ele lamentou o fato de as grandes empresas do setor não terem feito ofertas no leilão, apesar dos sinais emitidos nos últimos dias que estariam interessados na Varig. "A vontade da gente era acreditar que essa gente (as empresas) estava dizendo a verdade", comentou.

Para o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, é fácil entender por que as grandes aéreas não fizeram ofertas. Elas estariam esperando a Varig quebrar, pois nesse caso as linhas hoje operadas pela empresa serão redistribuídas. "A primeira regra de mercado diz que, se você pode obter algo de graça, não vai pagar por isso", disse. "Se a oferta da TGV não for aceita e o juiz decretar a falência da Varig, tudo vai cair no colo das empresas por um preço infinitamente menor do que o pedido no leilão."

Sem articulação

Não havia sinais de uma articulação de última hora do governo para salvar a empresa. "Não acredito que o governo vá arranjar uma solução mágica", disse o presidente da Infraero. Técnicos lembraram que, se fosse para arranjar alguma solução, o governo já o teria feito antes de a situação da Varig se tornar tão crítica. A tentativa mais concreta do Executivo de ajudar a Varig, empreendida há mais de um ano, foi inviabilizada pela resistência dos empregados, que não aceitaram medidas para cortar custos que envolvessem demissões.

Waldir Pires não quis comentar o possível desfecho do leilão da Varig, nem avaliar se o montante oferecido pela TGV, correspondente a metade do preço mínimo pretendido, seria satisfatório. "Essa é uma decisão que cabe ao juiz", disse.

Também o presidente da Infraero não quis arriscar um prognóstico. "Eu não queria estar na pele do juiz", disse. "A nós, da Infraero, só resta rezar." O brigadeiro comentou que, do ponto de vista da estatal, qualquer preço de venda da Varig maior do que zero estaria bom, na atual conjuntura. Ele duvidava, porém, se essa seria o melhor desfecho para o contribuinte brasileiro.

O ministro da Defesa lembrou que o governo ajudou a Varig tanto quanto pôde. "Nós fizemos tudo o que foi possível, demos uma colaboração muito grande de tudo o que foi possível dentro da lei, para que não faltassem os insumos básicos para que a Varig continuasse operando", disse.


O Globo
08/06/2006 - 19h17m
Deputada diz que funcionários da Varig impediram êxito dos que querem a falência da Varig


BRASÍLIA - A coordenadora do grupo parlamentar em Defesa da Varig, a deputada federal Yeda Crusius (PSDB), elogiou a iniciativa do consórcio TGV, formado pelos funcionários da companhia, que ofereceu R$ 1 bilhão pela compra da Varig no leilão realizado nesta quinta-feira. Apesar de o valor alcançado ter sido inferior ao mínimo estabelecido, Yeda elogiou o gesto dos funcionários.

Segundo ela, com a oferta, os funcionários impediram o êxito "daqueles que vêm trabalhando para levar a empresa à falência". O juiz responsável pela recuperação judicial da empresa, Luiz Roberto Ayoub, pediu 24 horas para confirmar ou não o negócio.


Invertia - Aviação
Quinta, 8 de Junho de 2006, 19h12 
Senador espera que entendimento possa evitar falência da Varig
Fonte: Agência Brasil

O senador Paulo Paim (PT-RS) disse hoje que espera por algum entendimento para evitar uma possível falência da Varig. O parlamentar coordena um grupo no Senado que trata de assuntos ligados à empresa.

"Espero que isso [a falência] não aconteça e se faça um grande acordo. A Varig é um patrimônio do país, uma referência mundial por tudo aquilo que foi e é. É uma empresa que, sem dúvida, é um orgulho para o país, que envolve diretamente quase 15 mil pessoas entre aposentados e trabalhadores, e também para o mercado consumidor, ou seja, os clientes da Varig", disse Paim.

De acordo com o senador, se empresa vier a falir, causará prejuízos de R$ 10 bilhões. "A Varig é fundamental para a segurança nacional e para a economia brasileira por tudo o que ela representa". Apesar de considerar a proposta da empresa NV Participações, que representa os funcionários do grupo Varig "elogiável", Paulo Paim disse que o preço mínimo de US$ 860 milhões pedido pela Varig Operacional não deveria ter baixado. O consórcio representante dos trabalhadores da companhia aérea ofereceu R$ 1 bilhão pela empresa

"A iniciativa dos trabalhadores é elogiável, merece toda nossa solidariedade, mas eu acho que o preço mínimo tinha que ser mantido e, pelas informações que recebi, a proposta apresentada é quase 50% do preço mínimo. Por isso, eu acho que o juiz deverá tentar outras alternativas", explicou o senador.

Segundo Paim, o senador Saturnino Braga (PT-RJ) deverá falar com o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, sobre o possível interesse de um grupo europeu em comprar a empresa por quase o dobro do proposto no leilão de hoje.

Na opinião de Paim, a falta de acordo sobre a situação da companhia aérea faz parte de um jogo de interesses. "O mundo da economia é muito grande. Tem gente interessada em falir a Varig para ficar com suas linhas. Já o outro lado, dos clientes e de grande parte do povo gaúcho e brasileiro, tem outra visão. Acha que bom para o cliente, bom para o país, é a Varig continuar voando". Por esse motivo, o senador defende a colaboração "dentro do possível".


Invertia - Aviação
Quinta, 8 de Junho de 2006, 19h08 
Leilão da Varig decepciona ministro da Defesa
Fonte: Investnews


A ausência de concorrência no leilão de venda da Varig decepcionou o ministro da Defesa, Waldir Pires. "Confesso que esperava uma disputa maior. As sinalizações apontavam nessa direção e nossa vontade sempre foi a de acreditar que os que se mostravam interessados estivessem sendo verdadeiros. Afinal, a Varig é um grande patrimônio do Brasil na área do transporte aéreo", afirmou o ministro por meio de comunicado oficial.

Pires disse ainda que o governo continuará a fazer "todo o possível para salvar e reerguer a Varig". "Sou um otimista, sempre. Aguardamos ainda com esperanças o desenrolar dos acontecimentos", concluiu o ministro.

Os funcionários da companhia aérea foram os únicos a dar um lance para arrematar a empresa. Ofereceram R$ 1,01 bilhão, mas o resultado final ainda será definido pela Justiça. Os outros quatro participantes do leilão - Gol, TAM, Ocean Air e o Consórcio Céu Azul - não apresentaram nenhuma oferta.Para o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, a falta de ofertas dos demais participantes do leilão demonstra que a estratégia das concorrentes da Varig foi apostar no fracasso do evento.

Se isso acontecer, disse, as demais operadoras poderão obter os slots (autorização dada pelos aeroportos para que as empresas pousem e decolem) da Varig sem pagar nada porque eles serão redistribuídos pelo governo."Eles (os concorrentes) esperam que dê errado para que os slots caiam em seus colos. Isso não é ilegal. É uma estratégia", disse o presidente da Infraero.


O Globo
08/06/2006 - 19h05m
Leilão da Varig é marcado por forte expectativa
Sabrina Valle - Globo Online


RIO - Mais de mil pessoas entre funcionários da Varig, interessados na compra da empresa e equipes de imprensa assistiram ao leilão da mais importante companhia aérea do país, realizado nesta quinta-feira no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Num clima de muita expectativa, especialmente por parte das centenas de funcionários presentes, foi feito apenas um lance, abaixo do preço mínimo estabelecido para a companhia.

Surpreendentemente, a oferta partiu de um consórcio (NV Participações) que representa o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), enquanto os investidores mais prováveis (GOL, TAM, Ocean Air e o fundo americano Brooksfield) não se manifestaram, embora tivessem enviado representantes que se qualificaram para participar do processo.

Na prática, foram realizados dois leilões consecutivos nesta quinta-feira, sendo que no primeiro, no qual havia um preço mínimo para as ofertas, não houve lances.

Havia duas propostas em questão: a venda da Varig Regional (com as operações domésticas), cujo valor mínimo era de US$ 700 milhões, e da Varig Operações (incluindo as rotas internacionais), que tinha o preço mínimo de US$ 860 milhões.

O leilão foi aberto pouco depois das 10h e os investidores tiveram até as 11h para se qualificar para a compra. NV Participações, GOL, TAM, Ocean Air e o fundo americano Brooksfield apresentaram os documentos. Os grupos AeroLB (a companhia portuguesa TAP, junto com investidores brasileiros e de Macau) e Amadeus (sistema de reservas), que haviam acessado informações sobre o leilão nos últimos dias, não se cadastraram.

O leiloeiro Acir Joaquim da Costa deu então três minutos para que os investidores fizessem os primeiros lances pela companhia. Os interessados pela Varig Regional deveriam entregar um envelope branco ao condutor do leilão. Os interessados pela Varig Operações, um envelope azul. Houve forte expectativa, mas ninguém entregou os documentos.

O leiloeiro fez então um intervalo de cinco minutos e abriu um novo leilão, em que seriam aceitos lances livres pela companhia. Outros três minutos foram concedidos e apenas o representante do TGV entregou o envelope, azul, sendo ovacionado pelo restante dos funcionários.

O envelope foi aberto, a proposta foi brevemente analisada pela mesa e o leiloeiro encerrou a sessão depois de resumir o lance: R$ 1,010 bilhão (cerca de US$ 449 milhões), sendo apenas R$ 285 milhões em dinheiro. Acir anunciou que o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, teria 24 horas para avaliar a proposta. Esse prazo, que segundo o juiz já estava estabelecido, não era de conhecimento público.

Ayoub fez um discurso inflamado sobre a companhia antes do início dos trabalhos. O leilão, realizado no hangar da Varig no Aeroporto Santos Dumont, foi duas vezes interrompido pelos aplausos dos funcionários, quando aeronaves da companhia pararam brevemente ao lado do local do leilão, durante o trajeto do estacionamento para a pista de pouso e decolagem, num gesto dos pilotos para marcar a presença. O piloto da segunda aeronave chegou a abrir a janela e exibir uma grande bandeira do Brasil para seus colegas.


Folha Online
08/06/2006 - 18h54
Venda da Varig para trabalhadores depende da Justiça
CLARICE SPITZ da Folha Online, no Rio


A Justiça deve definir nesta sexta-feira se aceita a proposta apresentada pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) durante o leilão de venda da companhia aérea realizado nesta quinta-feira no Rio de Janeiro.

A proposta, a única apresentada, prevê o pagamento de R$ 1,010 bilhão pela Varig. Somente R$ 285 milhões, no entanto, seriam pagos em dinheiro.

O TGV planeja utilizar R$ 225 milhões em créditos que possui como credora da Varig para o pagamento --essa possibilidade está prevista no edital de venda da empresa.

No entanto, os outros R$ 500 milhões viriam de debêntures e lucros futuros da Varig, e, por esse motivo, o dinheiro deve demorar a chegar aos credores, a quem caberá os recursos da venda.

O grupo também não revelou a origem dos R$ 285 milhões que seriam pagos em dinheiro. A Amvvar (Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig, que faz parte do TGV) afirmou que três investidores estrangeiros fazem parte da proposta do grupo de trabalhadores, mas não revelou quem seriam essas pessoas.

O mercado reagiu com forte ceticismo às possibilidade de que a proposta prospere. As ações preferenciais (que não dão direito a voto) da Varig perderam mais da metade de seu valor na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo): caíram 58%, para R$ 1,51.

O próprio juiz que cuida do processo de recuperação da Varig, Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, afirmou que não vai fazer outro leilão e que o caminho da empresa deverá ser a falência caso a proposta do TGV seja declarada inviável.

Garantias

Para que a Justiça confirme a validade do leilão, o TGV precisa comprovar que tem condições de pagar pela compra da Varig e também fazer o aporte necessário para dar continuidade aos vôos da empresa.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) rejeitou no mês passado conceder um empréstimo-ponte para que a Varig pudesse continuar a voar enquanto o leilão não era realizado.

Além da desconfiança sobre o fôlego financeiro do TGV, o valor oferecido pela Varig também não agradou os credores porque representa pouco mais da metade do preço mínimo de US$ 860 milhões inicialmente fixado pela Justiça para a venda da parte operacional da Varig, que inclui as linhas domésticas e internacionais.

O dinheiro será insuficiente para pagar os credores da empresa, que tem dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões.

O presidente da Infraero (empresa que administra os aeroportos brasileiros, credora da Varig), brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que resta à empresa onde trabalha "rezar" para receber o dinheiro devido pela Varig.

Ele atribuiu a ausência de mais interessados pela Varig a uma estratégia de empresas como TAM e Gol, que preferiram apostar na quebra da Varig para ganhar mercado.

Fontes da Varig divulgaram que outras quatro empresas teriam interesse na compra. TAM, Gol, OceanAir e Céu Azul (do escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um fundo de investimento) chegaram a se credenciar para apresentar propostas, mas não fizeram lances oficiais no leilão.

O desinteresse dessas empresas reflete dúvidas se o comprador da Varig teria mesmo garantias de que não herdará dívidas antigas da empresas aérea, principalmente trabalhistas e previdenciárias.

A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional chegou a emitir ontem um parecer favorável à não-sucessão das dívidas, condicionado, entretanto, a que o preço mínimo fosse suficiente para pagar todos os credores.

Edital

A empresa aérea poderia ser vendida integralmente --operação nacional e internacional, denominada Varig Operações-- ou separada --somente operações domésticas, chamada de Varig Regional.

Os preços mínimos iniciais eram, respectivamente, de US$ 860 milhões e US$ 700 milhões. Nos dois modelos de venda estavam excluídas as dívidas da companhia.

O edital de venda estabelece que o comprador da companhia terá de fazer um aporte de US$ 75 milhões na empresa em até três dias úteis após o leilão. Esse recurso ajudará a Varig a continuar operando durante o período de transição, inicialmente de 30 dias.

Durante a transição, o comprador precisará obter da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) as autorizações necessárias para operar. Somente depois disso a compra da companhia aérea será concluída.

O prazo de transição poderá ser prorrogado por mais 30 dias, desde que o comprador adiante mais US$ 50 milhões para a companhia.

Se no final do período o comprador não conseguir regularizar a situação na Anac, será chamado o segundo colocado no leilão e os recursos adiantados serão considerados como dívida extra-concursal --ou seja, o comprador que não obteve autorização torna-se um novo credor da Varig.

A Varig corre o risco ainda de perder aviões nos Estados Unidos. No próximo dia 13, o juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, decide sobre o arresto (apreensão) dos bens da Varig nos EUA em razão de dívidas da companhia anteriores a junho do ano passado, quando entrou em processo de recuperação.

Recuperação judicial

A Varig está em recuperação judicial desde junho do ano passado. Ela foi a primeira grande empresa do país a se beneficiar desse processo, que substitui a concordata, já que a Nova Lei de Falências foi aprovada no dia 9 de junho de 2005 e a empresa entrou com pedido no dia 17 daquele mês.

Esse instrumento de recuperação protegeu a Varig de ações movidas por credores, ajudou a empresa a continuar voando, a iniciar um processo de reestruturação e sobreviver até o leilão.


Estadão
08 de junho de 2006 - 18:52
À espera de falência, empresas não disputaram Varig, diz Infraero
"A primeira regra de mercado diz que, se você pode obter algo de graça, não vai pagar por isso", disse presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira
Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - As grandes empresas aéreas não fizeram nenhuma proposta para comprar a Varig porque uma eventual falência da empresa levará à redistribuição das linhas hoje operadas por ela. Essa é a teoria do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira.

"A primeira regra de mercado diz que, se você pode obter algo de graça, não vai pagar por isso", disse ele à Agência Estado. "Se a oferta da TGV não for aceita, e o juiz decretar a falência da Varig, tudo vai cair no colo das empresas por um preço infinitamente menor do que o pedido no leilão."

Ele informou que, do ponto de vista da Infraero, na atual conjuntura, "qualquer oferta maior do que zero é boa", referindo-se à oferta de US$ 449 milhões (cerca de R$ 1,010 bilhão) feita pela TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), que reúne funcionários da companhia aérea.

O brigadeiro tem dúvidas, porém, se esse seria o melhor desfecho para o contribuinte brasileiro. Segundo Pereira, a Varig deve R$ 540 milhões à Infraero, além de haver-se apropriado indevidamente de outros R$ 27 milhões.

Concorrência baixa

O sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, Marcelo Gomes, concorda com a avaliação da Infraero. Ele disse que esperava mais concorrência no leilão realizado esta manhã. Por outro lado, ele avaliou que a falta de lances das duas maiores concorrentes da companhia aérea, TAM e Gol, pode fazer parte de uma estratégia para ficar com as rotas da companhia.

"Para a TAM e para a Gol é melhor a falência do que comprar a Varig, pois assim elas ganhariam as rotas sem pagar nada", afirmou. Gomez disse que esperava que, assim que o primeiro investidor apresentasse uma proposta, todos os demais interessados acompanhariam o lance inicial, o que não acabou acontecendo.

O ministro da Defesa, Waldir Pires, lamentou a baixa concorrência no leilão da Varig. "Fizemos o que foi possível. Confesso que esperava um pouco mais de disputa, porque as sinalizações foram muito abertas e constantes no sentido da existência de interessados na Varig", afirmou. "Acho que a vontade da gente era acreditar que esta gente (as empresas que haviam manifestado suposto interesse) estava dizendo a verdade", lamentou.O ministro informou que ainda não conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito do leilão.

A TAM informou, em nota, que fez uma avaliação detalhada do risco e do retorno sobre um possível investimento na Varig e depois optou por não fazer um lance no leilão de hoje. De acordo com a companhia, ela mantém a estratégia de "crescimento orgânico e constante".

Considerada a empresa favorita para comprar a Varig, a Ocean Air também não participou do leilão. O presidente da Ocean Air, Carlos Ebner, alegou "falta de tempo" para que a companhia pudesse estruturar uma proposta pelo controle da empresa. A Ocean Air era tida como uma das favoritas, porque o seu dono, o empresário German Efromovich, negociou intensamente nos últimos dias com autoridades do governo e da Justiça garantias para entrar no leilão sem correr o risco de herdar dívidas da Varig.

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, se mostrou satisfeito com o fato de pelo menos uma empresa ter apresentado proposta. Segundo ele, para que a Varig continue operando seria preciso um aporte de US$ 100 milhões. O modelo de venda formatado para a Varig prevê que o comprador injete nas primeiras 72 horas US$ 75 milhões na companhia e mais US$ 50 milhões no curto prazo se for necessário.

Segundo ele, os investidores que se credenciaram para participar do leilão estavam mais preparados para fazer oferta no pregão de viva voz. Mas como foi apresentada uma proposta em envelope fechado, o leilão não chegou à etapa do pregão viva voz.

24 horas

O juiz responsável pela recuperação judicial da Varig, Luiz Roberto Ayoub, tem agora 24 horas para analisar a oferta do TGV. Ele já descartou a possibilidade de ser realizado um novo leilão pela Varig, caso a proposta não seja validada. O TGV entregou proposta para compra de toda a companhia aérea por uma valor inferior ao preço mínimo estabelecido. Ele descartou também a falência da empresa, mesmo que a proposta não seja aceita.

Segundo ele, apesar de a lei de recuperação judicial determinar a falência, o juiz pode interpretar que ainda existe viabilidade financeira para a companhia continuar operando. Ayoub esclarece que a Varig é uma empresa viável e que sofre de um problema de curto prazo.

Proposta do TGV

A oferta do TGV foi feita na segunda etapa do leilão, quando não há um preço mínimo para ofertas. Na primeira etapa, em que os lances deveriam ser de valor igual ou superior ao preço mínimo fixado tanto para a companhia inteira (US$ 860 milhões) como para a parte doméstica (US$ 700 milhões), não houve apresentação de nenhuma proposta.

Durante uma entrevista coletiva realizada no hangar da empresa no aeroporto Santos Dumont, onde foi realizado o leilão, o juiz fez questão de não tecer qualquer comentário sobre o teor da proposta do TGV. "Não posso ser leviano e dizer algo que ainda não estudei (...). Dizer o que vai acontecer agora seria no mínimo uma grande leviandade", disse Ayoub, ao se mostrar contente de ter aparecido pelo menos uma proposta no leilão de hoje.

"Não concebo pensar em rejeitar uma proposta assim que ela foi apresentada", afirmou, ao ser questionado sobre as características da oferta. O valor ofertado pelos trabalhadores da Varig corresponde a um deságio de 47,8% sobre o mínimo proposto na primeira fase do leilão, que era de US$ 860 milhões. A proposta do TGV equivale a R$ 1,010 bilhão. Desse total, R$ 225 milhões serão pagos em créditos concursais e extra-concursais, R$ 500 milhões em debêntures da nova companhia e R$ 285 milhões em dinheiro.


Investnews
08/06 - 18:08
Três investidores apóiam trabalhadores na compra
Rafael Rosas

RIO, 8 de junho de 2006 - O único dos representantes do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) a falar com a imprensa hoje durante o leilão de venda da Varig foi Oscar Bürgel, presidente da Associação dos Mecânicos da Varig (Amvar). Segundo o dirigente, a capitalização da empresa aérea com R$ 285 milhões em dinheiro previstos na proposta vencedora do leilão hoje será garantida por três parceiros internacionais.

Sem informar os nomes dos investidores, Bürgel citou que os três são estrangeiros e seriam uma empresa aérea, um banco e um fundo de investimentos. O dirigente garantiu ainda que os R$ 285 milhões já estariam disponíveis no Brasil.