:::::RIO DE JANEIRO - 08 DE OUTUBRO DE 2006 :::::

 

O Dia
08/10/2006
CPI vai ouvir presidente da Varig e representante dos trabalhadores

Rio - O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instlada na Assembléia legislativa do Rio para investigar a venda da Varig, deputado Paulo Ramos (PDT), convocou o presidente da VarigLog, João Luís Bermes de Souza, e o gestor da Varig e representante dos trabalhadores, Miguel Dau, a prestarem depoimento na próxima terça-feira, às 11h, na sala 316 do Palácio Tiradentes.

Na última reunião da CPI, em que o acionista da Volo Brasil, Lap Wai Chan, foi ouvido, Ramos ressaltou que o objetivo da comissão é desnudar o processo de compra da Varig e, principalmente, saber o que acontecerá com os funcionários da empresa, alguns deles sem receber salário há cinco meses.

"Queremos analisar este processo de sucessão dos controladores, que excluiu os responsáveis pela construção da companhia. A razão central da CPI é esta e, paralelamente, garantir os interesses do nosso estado", disse o parlamentar.

 

 

O Globo
08/10/2006
Alcelmo Góis

 

 

Diario de Natal
08/10/2006
Vôo da Gol 1907: a ironia de um destino
Paulo Celestino - jornalista

O acidente do Gol 1907 trouxe uma infeliz ironia. O choque foi entre duas aeronaves das empresas brasileiras que mais voam alto, financeiramente e em relação ao sucesso de seus serviços ou produtos. A fábrica brasileira de aviões Embraer tem sobrevivido muito bem no mercado exterior. Poderia ser melhor se pudesse contar com os possíveis usuários nacionais. A falta de linhas de crédito em reais é o maior impedimento para que as nacionais como a Gol ou TAM comprem os bens sucedidos jatos da fábrica de São José dos Campos. Enquanto isso, pouco tempo atrás a Gol anunciava a compra de mais de 100 unidades do 737-800 NG da fabricante americana Boeing. O Gol envolvido era uma destas aeronaves recém recebidas.

Pessoalmente, pude conferir um produto Embraer dentro de um próprio Legacy. Atuando um tempo em jornalismo de aviação, fui convidado pela empresa a fazer um vôo no jato executivo. O Legacy está entre os melhores de sua categoria, considerada intermediária entre os jatos executivos. Baseada na plataforma de um dos projetos mais bem sucedidos da empresa, o jato de passageiros ERJ-145, o Legacy é vendido com o alarde de apresentar um conforto ergonômico em relação a outros jatos. O seu bagageiro, por exemplo, é o maior entre os da sua categoria. A cabine também é uma das maiores. Ele tanto pode ser oferecido na versão executiva, super luxuosa, quanto na Shuttle, para transporte de passageiros de linhas de táxi aéreo.

Diga-se de passagem, que segundo os especialistas, o fato do Legacy estar baseado em uma plataforma, digamos, mais robusta, seria desprezível no caso do choque com o Gol na velocidade que soma 1.600 quilômetros por hora nos dois aviões. Durante o vôo entre São José dos Campos e a unidade da fábrica em Gavião Peixoto, pude apreciar ainda os sistemas de vôo da cabine. Relativamente simples, o Legacy apresenta poucos mostradores (displays), que concentram todas as informações de vôo necessárias para o piloto. Segue a filosofia moderna de poucos elementos que chamem a atenção do piloto, em vez daquela enormidade de botões e mostradores. No jargão aeronáutico, são chamadas de interfaces ‘amigáveis’. Com mais conforto na cabine e pilotagem simples, os pilotos do Legacy teriam menos condições estressantes para a operação.

Ainda ao pousar em São José dos Campos, pude perceber a atuação do TCAS û sistema anti-colisão das aeronaves modernas, aparelho em questão no caso Gol. Um CB (Cumulus Nimbus û nuvem pesada de chuva) encobria São Paulo, fechando seus principais aeroportos. Por estarmos próximos da terminal São Paulo, havia muitos aviões no tráfego perto de São José esperando a passagem da chuva. A comunicação do controle São Paulo com as aeronaves era intensa. No Legacy, os aviões se apresentavam identificados como pequenos pontos e com algumas informações de quem eram e em qual situação de vôo estavam. O piloto tem disponível no raio de detecção que varia entre mais de 80 milhas náuticas (aprox. 150 Km) na horizontal e mais de cinco mil pés (aprox. 1,5 Km) na vertical. O suficiente para detectarem e procederem em caso de rota de colisão. Era para ter sido assim também para as equipes do Gol e do Legacy sobre o Mato Grosso.

Simbolismos e ironias à parte, o caso do choque do Gol jamais pode cair no mero fatalismo. As regras aeronáuticas são precisas e exaustivamente cobradas durante a formação do novo piloto. Ainda cedo para apontar culpados, certamente, as investigações do acidente mostrarão falhas e lacunas de operação do sistema e operadores aeronáuticos que, diante da triste impossibilidade de fazer voltar o tempo, servirão para a instrução dos futuros pilotos para que nunca se volte a ocorrer tamanha tragédia.

 

 

Diário de Notícias
Domingo, 8 de Outubro de 2006
Avião da GOL ter-se-á despenhado em apenas dois minutos e meio

Investigações iniciais da Força Aére a Brasileira (FAB) indicam que o Boeing 737-800 da companhia GOL despenhou-se em apenas dois minutos e meio, após a colisão com um jacto executivo, informa hoje a imprensa brasileira.

A asa esquerda do jacto executivo Legacy, que aterrou em segurança numa base na região Norte do Brasil, teria atingido a parte inferior da asa direita do avião da GOL, numa colisão a 37 mil pés (mais de 11 quilómetros) de altitude, sexta-feira passada, segundo as avaliações preliminares.

Especialistas da FAB afirmaram que o avião da GOL despenhou-se numa trajectória espiral, sem possibilidade de controlo por parte dos pilotos, uma vez que a asa danificada força o avião para baixo, enquanto a asa intacta força o movimento contrário.

A companhia aérea divulgou um comunicado em que afirma que estavam a bo rdo do voo 1907, no trajecto entre Manaus e Rio de Janeiro, com escala em Brasíl ia, 154 pessoas e não 155 como havia informado inicialmente.

Segundo a empresa, houve um erro na composição da lista e o nome de um dos passageiros foi referenciado duas vezes, de forma diferente.

Até ao momento, já foram identificados nove corpos, dos 38 resgatados do acidente aéreo, em Brasília, para onde estão a ser levados os restos mortais dos passageiros.

O trabalho de identificação está a ser prejudicado pelo avançado estado de decomposição dos corpos e também porque muitos estão mutilados, segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, responsável pelo trabalho.

O Boeing 737-800 despenhou-se há uma semana numa região de difícil acesso, o que também está a prejudicar os trabalhos das equipas de resgate do pior a cidente aéreo da história da aviação brasileira.

Os destroços do avião da companhia da GOL foram encontrados a 200 quilómetros a Sudeste da cidade de Peixoto Azevedo, na região Norte do Estado do Mato Grosso, próxima da fronteira com o Estado do Pará.

Entre as vítimas da tragédia, estava o empresário português António Armindo, de 63 anos.

Entretanto, um Boeing 737 da GOL despistou-se hoje ao aterrar no aeroporto de Congonhas em São Paulo, com 128 passageiros, mas sem causar vítimas.