O
Estado de São Paulo
07/03/2008
Crise da VarigLog abre novo mercado
para a TAM e a Gol
Empresa de cargas da TAM estuda
ter frota própria, enquanto a GolLog cresce 36%
em um ano
Alberto Komatsu
A
crise da maior transportadora de cargas aéreas
do País, a VarigLog, está dando uma força
para os negócios da TAM e da Gol. As duas maiores
companhias de vôos regulares de passageiros estão
sendo alçadas à condição
de importantes competidoras no transporte de cargas.
A TAM Cargo, por exemplo, admite a possibilidade de
se tornar uma empresa com frota própria e seu
faturamento pode ter encostado no da VarigLog, em 2007.
A Gollog, da Gol, por sua vez, teve aumento de 36,4%
na sua receita, crescimento bem superior ao da sua atividade
principal, que cresceu 12%.
A
VarigLog viu seu faturamento desabar pela metade a partir
do ano passado. A empresa informa que sua receita em
2007 chegou a R$ 760 milhões. Sua receita mensal
girava em torno de R$ 70 milhões, mas a briga
entre os sócios engessou o seu fluxo de caixa
e gerou uma crise de credibilidade no mercado, que custou
uma renda de cerca de R$ 35 milhões.
“É
uma tendência natural que a empresa venha no futuro
a estudar ter uma frota própria para cargas,
mas no longo prazo. Desde 2002, a TAM cresce pelo menos
20% ao ano na área de cargas”, afirma o
vice-presidente comercial e de marketing da TAM, Wagner
Ferreira. Como a companhia geralmente faz a programação
de compras de aviões com bastante antecedência,
o executivo revela o interesse no recém-lançado
cargueiro da Airbus, o A330-200. “Não tem
nada encomendado, mas o A330-200 é uma tendência”,
acrescenta o executivo.
De
janeiro a setembro de 2007, a TAM Cargo registrou faturamento
de R$ 552 milhões, o que representou um crescimento
de 62,5% em relação ao mesmo período
do ano passado. Esse ganho indica uma média mensal
de R$ 61,3 milhões. Caso esse resultado se repita
no último trimestre, a TAM Cargo poderá
ter um faturamento de R$ 735 milhões, bem próximo
ao desempenho da VarigLog no ano passado. Enquanto as
concorrentes avançam, a ex-subsidiária
da Varig busca no mercado cerca de R$ 60 milhões
para equacionar sua operação, que está
sob intervenção judicial.
“É
óbvio que, se tem um concorrente direto que de
certa forma está se enfraquecendo, não
é só a TAM que se beneficia, mas todas
as outras empresas”, diz Ferreira. Só no
mercado internacional, a TAM Cargo tem capacidade de
transporte de cargas de 440 toneladas por dia, por meio
dos porões dos aviões de passageiros,
basicamente o A330.
No
segundo semestre, a capacidade diária de carga
da TAM vai aumentar para 600 toneladas por dia em vôos
ao exterior, com a chegada de quatro aviões 777
da Boeing, mais duas unidades do A330. Só em
infra-estrutura e um novo sistema de gestão de
cargas, a TAM Cargo vai aplicar R$ 30 milhões
este ano.
A
Gollog também está investindo em um novo
sistema para o gerenciamento de cargas tanto da Gol
quanto da Varig, empresa adquirida pelo grupo no ano
passado. Esse nicho de mercado, segundo o vice-presidente
de marketing e serviços, Tarcísio Gargioni,
já responde por 4% do faturamento da Gol. No
ano passado, a Gollog teve receita de R$ 172 milhões,
o correspondente a uma expansão de 35,4% na comparação
com igual período do ano anterior.
A
partir de maio, Gargioni conta que a Gollog passará
a oferecer um novo serviço de entrega expressa
de encomendas, a Gollog Express. “O modelo low
cost, low fare (custos e tarifas baixas) não
considera o transporte de cargas. Nós é
que avançamos um pouco”, diz Gargioni.
Segundo ele, porém, não há planos
de montar uma frota própria para atender à
demanda de cargas.
A
Gollog usa os porões dos aviões da Gol
e da Varig para transportar cargas. O principal avião
em uso por ambas as companhias é fabricado pela
americana Boeing, modelo 737-800. Segundo Gargioni,
são 800 vôos diários só no
mercado doméstico, considerando a malha aérea
das duas empresas.
NÚMEROS
R$
760 milhões
foi a receita da VarigLog no ano passado
R$
753 milhões
é a estimativa de faturamento da TAM Cargo em
2007
36,4%
foi quanto aumentou a receita da Gollog em 2007, bem
acima dos 12% no transporte de passageiros
O
Estado de São Paulo
07/03/2008
Avião da TAM desiste de
decolagem em SP
Um Airbus da TAM que faria o vôo JJ 3055, de São
Paulo (Congonhas) a Porto Alegre, ontem às 16h50,
interrompeu a decolagem, quando ganhava velocidade na
pista, por causa de alerta no painel sobre o aquecimento
do sistema de refrigeração dos computadores.
Havia 87 passageiros a bordo; ninguém se feriu.
Eles decolaram às 18h07.
Jornal do Brasil
07/03/2008
Segredo cerca a criação
de mais uma empresa aérea
O
anúncio oficial ainda não foi feito, mas
já é certo que David Neeleman, responsável
pela transformação da americana JetBlue
em uma das maiores companhias aéreas dos EUA,
vai criar uma nova empresa, que começa a operar
no Brasil provavelmente no fim do ano. Neeleman, que
nasceu em São Paulo, disporia de US$ 200 milhões
iniciais para o empreendimento.
O tamanho da frota, o equipamento que será utilizado,
o modelo de atendimento (a JetBlue opera no segmento
de baixo custo e baixa tarifa e foi considerada a melhor
do país pelo guia Condé Nast) e as freqüências
a serem atendidas são ainda parte de um plano
de negócios não divulgado. Tanto a assessoria
do executivo no Brasil quanto os auxiliares diretos
na sede em Nova York evitam dar qualquer informação.
O voto de silêncio, afirmam, acaba no fim do mês.
Nos bastidores, no entanto, muita coisa já está
sendo comentada. Entre os futuros concorrentes, dá-se
como certa a montagem de uma frota com aviões
fabricados pela Embraer, sobretudo os EMB 190, com 100
lugares. Isso seria possível porque a diretoria
da JetBlue - cliente tradicional da Embraer - que assumiu
depois da saída de Neeleman do cargo de CEO em
maio, cancelou pacote de encomendas como parte de um
plano de recuperação econômica diante
da crise atravessada no ano passado, quando uma nevasca
violenta no Norte dos EUA obrigou o cancelamento de
cerca de 1.200 vôos. Hoje, os números são
favoráveis, com aumento do índice de ocupação
76,8% para 80%.
O
novo empreendimento, segundo fontes da companhia nos
EUA, "não tem relação direta
com a JetBlue", embora Neeleman continue como presidente
do Conselho de Administração. Entre seus
hábitos, manteve o de voar uma vez por semana
num jato da empresa apenas para conversar com os passageiros.
A questão das rotas futuras é outro segredo.
Entre os especialistas, a aposta está em vôos
ligando centros regionais não atendidos diretamente,
como por exemplo entre Belo Horizonte e Curitiba. Há,
ainda, quase certeza que, ao mesmo tempo, tais linhas
com demanda incerta seriam compensadas com slots (autorizações
para pouso e decolagem) em aeroportos de grande movimento
como Congonhas e Santos Dumont, já sinalizados
pela Agência Nacional de Aviação
Civil.
Ryanair
Outra
companhia aérea prestes a desenbarcar no país
é a irlandesa Ryanair, da família Ryan.
Dona da Tyger, em Cingapura e da Viva Aerobus, no México,
a empresa colocou o Brasil na mira em seu último
plano estratégico. Também é especializada
no ramo de custo baixo e preço baixo, procura
sócios locais.
Com base em Dublin, na Irlanda, a empresa opera a maioria
de conexões a partir do Reino Unido. É
atualmente uma das maiores companhias aéreas
da Europa nesse setor e também uma das mais polêmicas.
Em janeiro, a empresa publicou um anúncio não
autorizado com foto do primeiro ministro da França,
Sarkozy, e sua namorada.
Valor
Econômico
07/03/2008
Infraero terá capital aberto,
mas sob controle da União
Claudia Safatle
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já
bateu o martelo sobre a abertura de capital da Infraero,
estatal que administra 67 aeroportos do país.
A informação foi confirmada ontem ao Valor
pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Não
haverá privatização nem regime
de concessões dos aeroportos existentes. Será
abertura de capital na Bovespa", garantiu a ministra.
Para a construção de novos aeroportos,
informou Dilma, o governo já começa a
testar o sistema de Parceria Público Privada
(PPP) na obra do aeroporto de São Gonçalo
do Amarante, no Rio Grande do Norte. O aeroporto foi
incluído, em fevereiro, no Programa Nacional
de Desestatização (PND).
A decisão foi tomada em reunião recente
de Lula com os ministros da Defesa, Nelson Jobim, da
Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo,
além de Dilma. No encontro, o presidente recebeu
um balanço do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), justamente sobre a parte relativa
às obras nos aeroportos do país.
A privatização da Infraero vinha sendo
defendida pelo BNDES, pelo ministro do Desenvolvimento,
Miguel Jorge, e pela presidente da Agência Nacional
da Aviação Civil (Anac), Solange Vieira.
Assessores da Fazenda e empresários interessados
em investir no setor aeroportuário também
advogaram, em encontros com representantes do governo,
a adoção de um regime de concessões.
Ontem, Jobim mencionou publicamente a hipótese
das concessões.
Na reunião com os ministros, o presidente decidiu
optar pela abertura de capital da Infraero. Para poder
vender ações em bolsa de valores, mantendo
o controle da empresa nas mãos da União,
o governo promoverá uma profunda reforma de gestão
e governança na Infraero, "compatível
com o nível 2 da Bovespa (o mais exigente em
termos de governança corporativa)", explicou
a ministra. Como a estatal não possui ativos
- os 67 aeroportos pertencem à União -,
o governo terá que formalizar em ato legal a
transferência de todos os ativos para a companhia.
O ministro da Defesa já foi autorizado pelo presidente
Lula a conversar com o BNDES para montar o novo modelo
de funcionamento da estatal. O banco poderá contratar
uma empresa de consultoria nacional ou internacional
para ajudar na tarefa. Segundo a ministra, Jobim é
quem coordenará o processo.
A idéia de concessão chegou a ser cogitada
em algumas áreas do governo e estava animando
empresas interessadas em investir na administração
de aeroportos. Um modelo chegou a ser montado, mas não
progrediu. Tal concepção pressupunha transportar
para os aeroportos o modelo adotado na privatização
do Sistema Telebrás, em 1998.
O governo criaria lotes de aeroportos. Dentro de cada
lote, haveria um aeroporto rentável - a Infraero
estima que apenas dez, dos 67, são lucrativos
- e outros deficitários. Cada lote seria licitado
em regime de concessão à iniciativa privada
- na telefonia, o sistema também é de
concessão, a diferença é que as
teles privatizadas tinham patrimônio. Nem todos
os aeroportos seriam entregues à iniciativa privada.
Os que não fossem seriam bancados pela Infraero,
cujos investimentos seriam financiados pelo pagamento
dos aeroportos licitados.
A ministra da Casa Civil assegurou, no entanto, que
o modelo que vai vigorar para a Infraero "será
o da Petrobras". No caso da estatal de petróleo,
no passado o governo abriu o capital, manteve o controle
(51% das ações) nas mãos da União
e vendeu as ações excedentes no mercado.
Uma parte das ações foi ofertada aos trabalhadores
que possuíam saldos no Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS).
A Infraero administra, além dos 67 aeroportos,
80 unidades de apoio à navegação
e 32 terminais de logística de carga. Possui
26,5 mil funcionários, entre servidores de carreira
e terceirizados. Apenas dez aeroportos- entre eles,
os de Congonhas, Galeão, Guarulhos, Viracopos
e Santos Dumont - são considerados lucrativos.
Folha
de São Paulo
07/03/2008
Jobim descarta privatização
da Infraero
DA SUCURSAL DO RIO
O
ministro da Defesa, Nelson Jobim, afastou a possibilidade
de privatizar a Infraero, mas admite abrir concessões
para a iniciativa privada administrar aeroportos pelo
país ou para capitalização de recursos.
Em visita ao Arsenal da Marinha, no Rio, o ministro
afirmou que nunca houve a intenção de
privatizar a estatal e que prioridade agora é
reconstituir e recuperá-la. Jobim se encontrou
ontem com o presidente do BNDES para fechar parceira
na reestruturação da Infraero.
"Não se fala em privatizar, mas em se caminhar
para as concessões", disse. De acordo com
o ministro, antes da recuperação da Infraero,
"ninguém vai botar dinheiro ali".
A proposta de concessões de exploração
de aeroportos pela Infraero passará por estudos
para verificar sua viabilidade. Segundo Jobim, apenas
10 de 60 aeroportos no país são rentáveis.
Coluna
Claudio Humberto
07/03/2008
Bombas
Os aviões da TAM supostamente carregados de armas
só causariam apreensão na Venezuela se
estivessem carregados de barras de cereais.
Tolerância
de meia hora
As autoridades de aviação civil decidiram
acabar a regra que reconhece atrasos de vôo somente
aqueles superiores a uma hora. O limite será
reduzido para trinta minutos, que é o padrão
internacionalmente aceito.