O
Estado de São Paulo
07/02/2007
Congonhas: recurso para manter vôos
e evitar prejuízo para 10 mil
União tenta reverter proibição,
a partir da meia-noite de hoje, de operações
de Fokker e Boeing
Tânia Monteiro
Depois de uma reunião com o ministro
da Defesa, Waldir Pires, a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
(Infraero) decidiram entrar com três ações
no Tribunal Regional Federal de São Paulo para tentar
reverter a decisão do juiz substituto da 22ª
Vara Cível Federal de São Paulo, Ronald Carvalho
Filho. Ele proibiu, a partir da meia-noite de hoje, qualquer
vôo no Aeroporto de Congonhas feito em aviões
Fokker 100, Boeing 737-700 e Boeing 737-800.
Por dia, caso não se conceda nenhuma
liminar contrária, pelo menos 10 mil passageiros,
só em Congonhas, serão prejudicados, segundo
a Anac.
Os vôos proibidos pelo juiz representam
42% do movimento diário do aeroporto, que é
de 629 pousos e decolagens, com transporte de 60 mil passageiros.
Como são aviões menores, a proporção
da quantidade de passageiros afetados é menor.
Com a decisão da Justiça,
265 vôos deixarão de ser realizados em Congonhas.
Desses, o Aeroporto de Guarulhos tem capacidade para receber
20%. Outros 2% poderão ser absorvidos por Viracopos,
em Campinas.
A Anac e a Infraero ainda não
sabem o que fazer com os 78% restantes.
'As áreas técnicas estão
trabalhando alternativas', disse a diretora da Anac, Denise
Abreu. Ela admitiu que poderá haver transporte de
passageiros por ônibus. Sendo assim, um passageiro
de São Paulo para Salvador seguiria para o Rio de
ônibus e de lá iria de avião.
A diretora da Anac explicou que ainda ontem
seriam impetradas duas ações: um agravo de
instrumento e um pedido de reconsideração
de decisão diretamente a Carvalho Filho. Hoje, a
agência entrará com uma terceira ação,
de pedido de suspensão da liminar que restringe os
vôos. A expectativa da Anac é reverter rapidamente
a decisão, caso contrário será necessária
a readequação da malha pelas companhias.
Ao ser questionado se há risco de
um apagão aéreo no carnaval, causado pelas
restrições, o presidente da Infraero, brigadeiro
José Carlos Pereira, preferiu destacar que acredita
'na solução pelo Poder Judiciário'.
'Mas eu concordo com isso (que haverá problemas e
atrasos nos aeroportos) até certo ponto', afirmou,
destacando que 'toda a malha aérea do País
será afetada'.
FRÁGIL
Depois de reiterar que a decisão
da Justiça será cumprida, o presidente da
Infraero classificou de 'tecnicamente frágil' as
argumentações do juiz. Segundo o brigadeiro,
foram suspensas todas as operações em Congonhas
com o Fokker 100 e os Boeings 737-700 e 800 mesmo quando
não há chuva e a pista está seca, apesar
de o próprio magistrado reconhecer que os problemas
ocorrem por causa da pista molhada. Esses 'equívocos'
motivaram o governo e a FAB a entrarem com processos técnicos
para serem avaliados por outros juízes.
Denise Abreu pediu que os passageiros que
já compraram passagem para os próximos dias
e o carnaval 'aguardem um pouco' para saber o que fazer.
Ela acredita que uma solução saia em 24 horas.
O Estado de São Paulo
07/02/2007
A pista de Congonhas
A decisão liminar adotada pelo
juiz da 22ª Vara Cível Federal, proibindo operações
de aviões dos tipos Boeing 737-700 e 800 e Fokker
F-100 na pista principal do Aeroporto de Congonhas, a partir
de amanhã (quinta-feira), é bastante controvertida.
Certamente ensejará recursos à Justiça,
tanto por parte das empresas aéreas prejudicadas
como da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e da Infraero, pelas conseqüências
danosas que a liminar poderá ter sobre a já
precária regularidade dos serviços de transporte
aéreo.
É bem verdade que a liminar está
aquém do que pedia o Ministério Público:
a interdição total da pista principal até
o final da sua completa reforma. Se esse pedido fosse atendido,
somente poderiam operar em Congonhas pequenos aviões
e todo o sistema de tráfego aéreo comercial
entraria em colapso, mais uma vez.
Na pista principal de Congonhas, com chuvas
fortes, formam-se lâminas d’água. Nos
últimos 11 meses, ocorreram cinco incidentes de derrapagem
com aviões que pousavam. Para eliminar o problema
é necessário uma completa reforma da pista,
prevista para começar em junho após a conclusão
das obras na pista secundária, que devem ser iniciadas
no final deste mês.
Mas as autoridades aeronáuticas
não ficaram indiferentes aos riscos criados pelas
condições da pista principal. Há semanas
a Infraero determinou a suspensão das operações
sempre que houver chuva moderada ou forte. Estabeleceu critérios
de operação que são mais rigorosos
que os padrões da segurança aérea internacional.
Isso foi reconhecido pelo juiz da 22ª Vara, que acrescentou:
“A manutenção da restrição
tal como acima descrita é fundamental para a segurança
das operações na pista principal de Congonhas,
de modo que adoto tal medida como medida de cautela do juízo.”
Ou seja, transformou uma decisão administrativa e
técnica numa decisão judicial, por considerá-la
suficiente para os padrões de segurança.
Surpreendentemente, no entanto, o juiz
decidiu ampliar as restrições. Montou uma
equação da qual resultou um coeficiente de
segurança equivalente a 20% do comprimento da pista,
ou 388 metros. Depois, utilizando-se de uma tabela que mostra
os padrões de utilização da pista de
Congonhas, quando molhada, por cada um dos aviões
de grande porte que usa aquele aeroporto, chegou à
conclusão de que a operação dos Boeings
737-700 e 800 e dos Fokkers F-100 é insegura. Os
Fokkers F-100, por exemplo, teriam uma distância remanescente
de 378 metros na pista de 1.940 metros, quando a margem
de segurança resultante da fórmula do juiz
é de 388 metros.
O problema é que a tabela que o
magistrado usou é a da homologação,
pelas autoridades aeronáuticas, dos aviões
para operação na pista de Congonhas. E, segundo
os padrões oficiais de segurança, a distância
remanescente - a distância que falta para o avião
chegar ao fim da pista - já inclui uma margem de
40%. Assim, a esses 40%, o juiz acrescentou 20% - pretendendo
que o avião utilize apenas 40% da pista para um pouso
seguro em pista molhada.
Melhor teria sido se o juiz tivesse determinado
a suspensão das operações de pouso
em Congonhas sempre que qualquer trecho da pista apresentasse
lâmina d’água igual ou superior a 3 milímetros.
Teriam sido redobrados os cuidados já tomados pela
Infraero, as companhias aéreas e os passageiros não
seriam prejudicados e não haveria risco de volta
ao caos nos aeroportos.
Mas o melhor mesmo teria sido as autoridades
aeronáuticas terem providenciado, há tempos,
a reforma das pistas de Congonhas. Seus problemas de drenagem
de água são antigos e, se não foram
corrigidos em tempo, é porque o governo federal,
por razões de política partidária,
não deu à estrutura aeroportuária paulista
a importância devida. São Paulo tem os aeroportos
mais movimentados do País. Aqui é gerada a
maior parte do tráfego. O movimento de aviões
e passageiros tem crescido a uma média superior a
8% ao ano, durante a última década. No entanto,
as melhorias promovidas pela Infraero ficaram circunscritas
à transformação das estações
de passageiros em grandes shopping centers que rendem polpudos
aluguéis. As pistas de Congonhas foram esquecidas
por longo tempo. A terceira pista de Guarulhos é
um projeto. Esse é o verdadeiro problema.
Folha de São Paulo
07/02/2007
Interdição em Congonhas
irá afetar 40% dos vôos
Segundo o governo, 10 mil passageiros
serão prejudicados; Anac e Infraero já recorreram
Juiz federal vetou o pouso de Boeings 737-700 e 737-800
e de Fokkers-100 no local; medida deverá entrar em
vigor a partir de amanhã
IURI DANTAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FABIANE LEITE DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 10 mil passageiros e aproximadamente
40% dos vôos do aeroporto de Congonhas (zona sul de
SP) serão afetados diariamente com a decisão
da Justiça Federal que impede, a partir da 0h de
amanhã, o pouso e decolagem de Boeings 737-700 e
737-800 e de Fokkers-100 no local.
A Agência Nacional de Aviação Civil
e a Infraero, estatal que administra os aeroportos, recorreram
ontem da interdição parcial da pista principal
de pouso de Congonhas (zona sul de SP). Apontaram equívocos
técnicos na decisão.
A Anac já admite utilizar ônibus para substituir
vôos domésticos. "A palavra caótica
é complicada, mas concordo com ela em parte",
disse o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente
da Infraero, ao falar da possível interdição.
Ontem, Pereira participou de reunião com o ministro
da Defesa, Waldir Pires, e com a diretora da Anac, Denise
Abreu. De largada, concluíram que 16,7% dos usuários
diários de Congonhas ficariam sem avião.
Na avaliação do governo, quatro a cada dez
vôos que chegam ou saem de Congonhas são das
aeronaves vetadas. São 629 pousos e decolagens diários.
O governo deverá apresentar recursos ao juiz do caso
e ao Tribunal Regional Federal de São Paulo. Segundo
Pereira, o juiz, que escolheu os aviões com base
em sua capacidade de frenagem em dias de chuva, não
levou em conta o uso de turbinas durante o pouso. Além
disso, afirma, a interdição parcial vale para
horários com e sem chuva, quando os problemas só
ocorrem quando chove.
O governo diz estimar que o aeroporto de Guarulhos absorveria
apenas 20% da demanda de Congonhas e o de Viracopos, em
Campinas, outros 2%.
O superintendente da regional Sudeste da Infraero, Edgar
Brandão Júnior, disse que os dois aeroportos
devem conseguir atender a demanda de passageiros gerada
pela proibição de pousos em horários
hoje ociosos. O problema é as empresas aéreas
aceitarem alterações de pousos e decolagens.
"Estamos preparados. Agora depende das companhias e
da Anac", afirmou Brandão.
Nos ofícios à Justiça, a Anac propõe
a transferência do pouso das aeronaves para Guarulhos
em caso de chuva e a redução na ocupação
dos aviões (o que reduz o peso das aeronaves durante
a frenagem) como saídas para evitar a interdição.
Segundo Brandão, a Infraero estuda fazer uma contratação
emergencial (sem licitação), para acelerar
a reforma da pista principal de Congonhas.
Caso o contrato emergencial não se concretize, não
há previsão para o início das obras.
O edital para a licitação só deve ser
concluído hoje. Depois disso, a Infraero tem até
45 dias para publicá-lo, mas não há
data para começar a reforma.
As obras da pista auxiliar aguardam liberação
da Anac e têm previsão de começar em
27 de fevereiro, apesar de terem sido licitadas em 2003.
Para Adalberto Febeliano, da Associação Brasileira
de Aviação Geral, se mantida a proibição,
a pista auxiliar, menor do que a principal, poderá
ser alternativa para o pouso dos Fokkers-100 e dos Boeings
737-700, aviões mais leves.
Folha de São Paulo
07/02/2007
Empresa mais afetada, Ocean
Air critica decisão "absurda" e espera
liberação hoje
PAULO DE ARAUJO - COLABORAÇÃO
PARA A FOLHA
A Ocean Air espera que a decisão
da Justiça de proibir três modelos de aeronaves
de operar na pista principal do aeroporto de Congonhas seja
revertida ainda hoje. Com metade de sua frota composta por
aviões Fokker-100 (um dos vetados), a Ocean Air é
a empresa mais afetada pela determinação.
A companhia aérea não deixou de vender passagens
nem informou os passageiros sobre a proibição
porque considera que a medida será revogada. Caso
seja mantida, no entanto, a proibição começará
a valer a partir de amanhã.
O presidente do Grupo Sinergy -controlador da Ocean Air-,
German Efromovich, classificou ontem de "absurda"
a decisão do juiz Ronald Carvalho Filho, da Justiça
Federal de São Paulo. "Se um juiz se coloca
no direito de dar um laudo técnico, acaba se equivocando.
Aparentemente ele colheu informações de várias
fontes e concluiu o que pode e o que não pode. Ele
está enganado."
A linha de argumento da Ocean Air é que o Fokker-100
precisa de 900 metros de pista seca ou de 1.035 metros em
solo molhado para aterrissar com segurança. A extensão
da pista principal do aeroporto de Congonhas é de
1.940 metros.
"Ou seja, as operações estão sendo
feitas em segurança", afirma Efromovich.
A Ocean Air tem 28 "slots" (espaços de
pouso e decolagem) no aeroporto de Congonhas diariamente,
dos quais 90%, segundo Efromovich, são para as aeronaves
Fokker-100.
O presidente do Grupo Sinergy disse que, se a decisão
perdurar, "2.500 pessoas terão de ir para a
rua". Afirmou também que, sem Congonhas, "as
operações da Ocean Air não fazem sentido",
pois seria inviável transferir todos os seus vôos
para outro aeroporto.
De uma frota total de 20 aeronaves, a Ocean Air opera com
dez Fokker-100.
Outras
empresas
Dos 65 aviões operados pela Gol, 51 são dos
modelos 737-700 e 737-800, também proibidos de usar
a pista principal de Congonhas. A TAM opera 21 Fokker-100,
em uma frota composta por 98 aeronaves. Nenhuma das companhias
se pronunciou sobre a decisão da Justiça.
A Varig e a BRA não foram afetadas, já que
não trabalham com os modelos barrados no aeroporto
paulistano.
O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias)
preferiu não se manifestar.
Site - www.claudiohumberto.com.br
06/02/2007 - 17:55h
Varig: problemas na Espanha
O protesto de funcionários na Espanha
da VarigLog, Varig Logística e Varig, no estande
da empresa na Feira Internacional de Turismo de Madrid,
terá desdobramentos: com ajuda de sindicatos espanhóis,
eles vão exigir no Parlamento Europeu o pagamento
da dívida de 6 milhões de euros e o respeito
ao direito de cidadãos europeus, o que poderia impedir
as empresas do grupo de atuarem na Espanha.
Os funcionários também vão
procurar o Ministério de Desenvolvimento e a agência
de avião civil espanholas. Domingo, a coluna mostrou
o protesto, em que usando camisetas com o slogan "
A Varig não paga", protestavam contra a demissão
de quarenta e um colegas.
O Estado de São Paulo
06/02/2007
Estudo projeta colapso em aeroportos
até 2015
Estudo do Instituto Tecnológico
de Aeronáutica (ITA) sobre o sistema aeroportuário
de São Paulo, baseado em projeções
de aumento do número de vôos nos próximos
anos, afirma que os aeroportos de Guarulhos e Congonhas
entrarão em colapso até 2015 caso não
haja investimentos pesados para ampliar sua capacidade.
Os dois aeroportos são os mais movimentados do País.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo,
que teve acesso ao documento inédito, seria preciso
ampliar de 220% a 350% a capacidade de Congonhas nos próximos
oito anos, com ampliação das pistas entre
50% e 130% e do pátio de aeronaves em 410% a 620%
- o que é impossível, dado o espaço
físico disponível no aeroporto da capital
paulista.
Em Guarulhos, na Grande São Paulo,
seria necessário ampliar de 40% a 100% a capacidade
do terminal e do pátio, com reforço 20% nas
pistas. As projeções consideram a capacidade
máxima dos aeroportos, em horários de pico,
todos os dias da semana.
"Existe uma demanda por transporte
aéreo em São Paulo que a infra-estrutura instalada
não suporta sem a redução do nível
de serviço oferecido aos usuários", afirma
o levantamento do ITA, assinado por Cláudio Jorge
Pinto Alves e German Alberto Barragán de los Rios,
professores do instituto.
Apesar de a Infraero apontar que o setor
aeroportuário necessita de investimentos de R$ 7
bilhões, o recém-anunciado Programa de Aceleração
de Crescimento (PAC) prevê gastos de R$ 3 bilhões
em 20 aeroportos brasileiros até 2010, quando termina
o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. O PAC contempla obras para um terceiro terminal
de passageiros em Guarulhos, além de reformas nas
pistas e pátio desse aeroporto e de Congonhas, porém
especialistas defendem a necessidade de mais intervenções,
como a construção de uma terceira pista em
Guarulhos - obra não prevista no programa.
O relatório do ITA cogita a necessidade
de se contruir um terceiro aeroporto no Estado de São
Paulo, cuja construção duraria cerca de 10
anos. Os professores do ITA afirma, que, na hipótese
de a obra ser inviável, parte dos vôos teria
necessariamente de ser transferida para outros aeroportos.
O Estado de São Paulo
06/02/2007
Guarulhos suporta apenas mais
cinco anos de crescimento
A principal e mais cara obra prevista pela
Infraero para São Paulo nos próximos anos
- a construção do terceiro terminal de passageiros
em Guarulhos - só faz sentido com a construção
de um terceiro sistema de pista e pátio, avalia o
professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), Cláudio Jorge Pinto Alves.
“Hoje a capacidade das pistas é
maior que a dos terminais. Mas o novo terminal, que elevará
a capacidade de 18 milhões de passageiros para 30
milhões, ficará ocioso sem uma nova pista.”
Ele estima que, sem a terceira pista, a vida útil
de Guarulhos é de cinco anos. “A partir daí,
teremos problemas parecidos com o que temos hoje em Congonhas.”
“Guarulhos precisa de uma terceira
pista de qualquer jeito. Caso contrário, terá
de começar a operar no sistema de slots (vaga cativa
para empresas), o que dificulta a entrada de novas empresas
e trava o crescimento do setor”, completa o diretor-executivo
da Associação Brasileira de Aviação
Geral, Adalberto Febeliano.
O governo, porém, “jogou a
toalha” em relação à terceira
pista de Guarulhos, segundo declarou recentemente o presidente
da Infraero, José Carlos Pereira. A terceira pista
faz parte do projeto original do aeroporto. Para tirá-la
do papel, seria preciso enfrentar questões ambientais
e sociais.
O entorno do aeroporto hoje é uma
Área de Proteção Ambiental. E o local
onde seria a pista virou uma favela com 5,3 mil barracos.
“A cada dia, fica mais caro e mais difícil
iniciar as obras”, diz Febeliano.
Revista Consultor Jurídico,
6 de fevereiro de 2007
Perigo no ar
MPF recorre para que pista de Congonhas
seja fechada
O Ministério Público Federal
em São Paulo insiste para que seja interditada imediatamente
a pista do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista.
Para o MPF, todos os aviões deveriam ser impedidos
de pousar na pista, e não apenas os Fokker 100 e
Boeings 737-700 e 737-800. O MPF anunciou nesta terça-feira
(6/2) que vai entrar com recurso.
A decisão de manter a pista aberta
e impedir apenas o pouso destas aeronaves foi tomada pelo
juiz Ronald de Carvalho Filho, da 22ª Vara Cível
Federal de São Paulo. A decisão surpreendeu
o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos
Pereira, que não entendeu o porquê do cancelamento
da operação dos Fokker 100. Segundo ele, são
aviões leves e que pousam em pistas com piores condições
que a de Congonhas, nos aeroportos do interior do país.
O advogado Cristiano Zanin Martins, especialista,
em Direito Aeronáutico, criticou a proibição
de pouso no aeroporto. “É uma medida muito
drástica e desnecessárias. Isto está
demonstrado por estudos da Anac e da Infraero.”
Segurança em jogo
Para o MPF, a reforma da pista principal
e o reagendamento dos vôos para os aeroportos de Cumbica
(Guarulhos) e Viracopos (Campinas) ainda é a melhor
solução possível para minimizar o desconforto
dos consumidores, que constantemente têm seus vôos
adiados em virtude das chuvas na cidade, apontada como o
motivo para sucessivas interrupções de pousos
e decolagens na pista.
“O que é melhor? Descer em
Congonhas sem saber a hora ou descer em Cumbica com horário
pré-programado?”, questiona a procuradora da
República Fernanda Taubemblatt. Para o MPF, a reforma
deve começar pela pista principal, não pela
auxiliar e o mais rapidamente possível, e não
somente depois do carnaval, como anunciado pela Infraero.
O MPF lembra que a decisão de primeira instância
não atinge, por exemplo, o Boeing 737-300. De acordo
com o Ministério Público, este avião
derrapou no último dia 6 de outubro, um dos quatro
incidentes ocorridos nos últimos 11 meses.
“A decisão atual de se interditar
a pista em caso de chuvas sujeita a aviação
civil do país às incertas condições
do clima de São Paulo, causando atrasos em cascata
e incertezas aos usuários quanto ao cumprimento dos
horários pelas empresas”, afirmou o procurador
da República Marcio Schusterschitz, co-autor da ação.
Os procuradores entendem que deixar a segurança
do aeroporto para o controle caso a caso das condições
de chuva em um momento de pressão sobre o sistema
de aviação civil no país aumenta os
riscos de falha humana ou técnica e não é
a melhor medida de segurança a ser tomada.
Em 28 de dezembro, foi determinado que
a pista deverá ser interditada em condições
de chuva. Quem define o momento da interdição
é o Serviço Regional de Proteção
ao Vôo (SRPV-SP). Porém, o MPF conta que, mesmo
após a adoção dessa medida, uma derrapagem
aconteceu no último dia 17 de janeiro, após
o piloto de um Boeing da Varig fazer uma freada busca para
evitar um alagamento no meio da pista principal de Congonhas.
Para o MPF, outro ponto que afeta a segurança
foi a recente reforma no aeroporto. No recurso, o MPF insiste
também na proibição das operações
do aeroporto de Congonhas após as 23 horas.
Veja a decisão que proibiu o
pouso de algumas aeronaves em Congonhas
Vistos em apreciação
de pedido liminar.
Trata-se de Ação Civil Pública
com pedido de liminar em que se pretende interdição
da pista principal do Aeroporto Congonhas, até a
conclusão da obra de recuperação geométrica
de toda pista.
Requer, ainda, que durante o período
de interdição às rés, seja determinado
às rés que não ampliem o horário
de funcionamento do aeroporto além das 23 horas,
bem como o uso deste seja adequado as suas limitações
e condições.
Requer, ainda, a dispensa do pagamento
de custos, nos termos do art.18 da Lei 7347/85.
Acosta aos autos os documentos de folhas
66/324.
Devidamente intimadas a ANAC e a Infraero
se manifestaram sobre o pedido da parte autora, trazendo
as informações determinadas pelo juízo.
Folhas 275/325.
É o relatório. Decido.
Defiro a dispensa de custos requerida pelo
MPF.
A concessão de tutela preventiva
exige a presença de dois requisitos conforme se depende
da leitura do artigo 273 CPC: Verossimilhança de
alegação da parte autora e perigo de dano
irreparável de difícil reparação.
Aliada a esses requisitos deve haver a proporcionalidade
de medida de cautela e o perigo presente na situação
concreta.
Passo a análise dos três
requisitos acima mencionados.
Da verossimilhança da alegação.
A existência de deficiência
na pista principal do Aeroporto de Congonhas pode ser considerada
fato incontroverso nesta demanda, vez que as próprias
rés reconhecem necessidades de obras na referida
pista. Nota-se, inclusive, já há audiência
marcada e o processo licitatório está prestes
a ocorrer. Saliente-se que a atuação de administração
pública deve se dar pelo princípio da eficiência
(art. 37 CF). Assim, se a Administração Pública
vai realizar uma obra, resta evidente a deficiência
de drenagem da pista, vez que se assim não fosse,
haveria desperdício de dinheiro público.
Nesta fase de cognição sumária
pode-se concluir que a deficiência acima consignada
está intimamente ligada aos incidentes ocorridos
nos últimos onze meses (22/03/2006, 6/10/2006, 19/11/2006,
27/11/2006 e 17/01/2006).
Assim, levando-se em conta a deficiência
da pista principal e os incidentes ocorridos, reconheço
a verossimilhança da alegação da parte
autora.
Do perigo de dano irreparável
ou de difícil reparação.
A inserção do Aeroporto de
Congonhas em área densamente povoada e num local
em que o tráfego de veículos terrestres é
intenso, potencializa os resultados de um acidente aéreo
no referido aeroporto.
Note-se, ainda, que a pista principal de
Congonhas não dispõe de escape, de modo que,
no caso de a aeronave não conseguir fazer o pouso
nos 1980 metros de pista, o acidente aéreo é
inevitável.
A possibilidade de lesão aos passageiros
e tripulantes, bem como às pessoas que circulam nas
vias próximas ao aeroporto, assim como a perda de
vidas em um acidente aeronáutico é incontestável,
desse modo está presente o perigo de dano irreparável.
Constatados o perigo de dano irreparável
e a verossimilhança de alegação, deve-se
agora analisar a medida de cautela que o caso requer. Inicialmente,
deve-se verificar se o pedido de antecipação
de tutela de natureza cautelar realizado pelo M.P.F. é
adequado às condições de risco presentes
no aeroporto de Congonhas.
Do pedido de interrupção
de todas as operações de pouso e decolagem
na pista principal.
A medida de cautela solicitada pela parte
autor funda-se, basicamente, no Princípio da Prevenção.
Note-se, entretanto, que deve haver uma harmonização
entre este princípio e os princípios de proporcionalidade
e de razoabilidade.
A interrupção completa das
operações na pista principal e viola o princípio
da razoabilidade, vez que a vedação nas operações
perduraria mesmo em dias em que não houvesse chuvas.
Do mesmo modo, a completa cessação
dos pousos e decolagem impediria a operação
de naves de menor porte, que necessitam de menor comprimento
de pista para pouso.
Ante o exposto, a medida de cautela nos
termos em que foi pleiteada pela parte autora não
deve ser concedida.
Note-se, todavia, que a situação
posta em juízo requer a adoção de medidas
de cautela, que podem ser deferidas pelo juízo, independentemente
de requerimento das partes , nos termos do art. 273.
A manutenção da restrição
tal como acima descrita é fundamental para a segurança
das operações na pista principal de Congonhas,
de modo que adoto tal medida como medida de cautela do juízo.
Da necessidade e do critério
para adoção de medida de natureza cautelar
adicional
Observa-se, entretanto, que a medida acima,
adotada isoladamente, não oferece a segurança
necessária na operação das aeronaves
em dias de chuva em Congonhas. Tanto isso é verdade
que mesmo com estas medidas em vigor ocorreu incidente no
dia 17/01/2006.
No documento de fl. 298 verifica-se que
o termo trecho corresponde a ¼ da pista, ou seja,
cada trecho corresponde a 25% do comprimento da pista. De
acordo com o mesmo documento, haverá trecho contaminado
quando um trecho apresentar poças de água
com lâmina igual ou superior a 3mm. Conforme indicado
na manifestação da ANAC (fl. 282), a suspensão
da operação perdura enquanto houver lâmina
d’água igual ou superior a 3mm em comprimento
equivalente a 25% ou mais do comprimento da pista.
Note-se que, se existir contaminação
de 20% não haverá interrupção
das operações ou, no caso de estas já
estarem interrompidas, poderá haver reinício
das operações.
Considerando que a contaminação
de pequena parcela da pista implica possibilidade de aquaplanagem,
o que representa incremento na distância necessária
para pouso, entendo que deve ser adotado um coeficiente
de segurança no patamar de 20% do comprimento da
pista.
Assim, será considerado por este
juízo como segura a operação de pouso
em que a aeronave tenha condições técnicas
de realizar o pouso sem a utilização dos últimos
388 metros da pista (20% x 1940 – comprimento da pista
principal de Congonhas).
A margem não utilizada acima indicada
funcionará como margem de segurança, a garantir
a integridade dos ocupantes da aeronave em caso de aquaplanagem.
Da limitação das operações
de pouso na pista principal de Congonhas
As. Operações de decolagem
não sofrem maiores impactos em virtude de pista molhada,
ante a possibilidade de adequação do peso
da aeronave pelo operador. Assim, não deve haver
restrição deste tipo de operação.
No que tange as operações
de pouso, devem ser analisados os parâmetros fornecidos
pela ANAC em atendimento à determinação
contida no item (1) do despacho de fls. 257 e 258.
De acordo com os documentos fornecidos
pela ANAC (fls. 285 a 296), quando a pista em uso é
a 35 (fls. 291 a 296), as distâncias para pouso na
condição “autobreak-WET”, para
todas as aeronaves conduzem a uma margem superior a 388
metros.
Note-se, entretanto, que deve haver restrição
quando o pouso se dá no sentido oposto. De acordo
com os dados contidos nas fls. 285 a 290, o comprimento
remanescente de pista na condição “autobreak-WET”
tem os seguintes valores:
Aeronave |
Distância
remanescente (metros) |
737 - 300 |
476 |
737 – 700 |
356 |
737 – 800 |
308 |
A – 319 |
603 |
A – 320 |
447 |
F – 100 |
378 |
Site Última Instância
Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
Juiz dá 5 dias para ex-presidente
da Varig explicar suposto privilégio
O ex-presidente da Varig, Marcelo Bottini,
terá um prazo de cinco dias para esclarecer sobre
o pagamento de créditos trabalhistas a 12 executivos
da companhia aérea, que teriam sido pagos em detrimento
dos de cerca de 5.000 ex-funcionários da empresa.
A determinação é do juiz Luiz Roberto
Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio, que reiterou
na sexta-feira (2/2) a intimação enviada no
dia 12 de janeiro.
De acordo com o Judiciário fluminense,
o pedido de explicações foi formulado pela
Delloite, administradora judicial da empresa em recuperação.
Segundo o advogado Luiz Alberto Fiore, os 12 funcionários,
considerados por Bottini indispensáveis para a reestruturação
da empresa em recuperação, teriam recebido
verbas internamente denominadas "Adiantamentos Vencimentos
- Brasil" em abril de 2006.
Eles seriam do alto escalão, das
áreas de gerências gerais de recursos humanos
e de finanças, venda, operações e assessoria
da presidência. Para a Delloite, o pagamento antecipado
em detrimento dos demais credores não encontra amparo
no plano de recuperação judicial.
"Considerando a gravidade dos fatos
trazidos ao conhecimento do Poder Judiciário, dê-se
imediato conhecimento ao Ministério Público",
afirmou o juiz na decisão. Em respeito ao princípio
da ampla defesa, previsto na Constituição
Federal, ele deu prazo improrrogável de cinco dias
para a manifestação dos executivos beneficiados
com o pagamento dos créditos.
Não havendo justificativa legal,
os diretores podem ser obrigados a devolver o dinheiro.
O Ministério Público do Trabalho
iniciou investigação no dia 10 de janeiro
para apurar denúncia de que funcionários do
alto escalão da antiga Varig teriam recebido suas
respectivas rescisões contratuais.
Cerca de 5.000 funcionários da empresa,
demitidos no ano passado, ainda não receberam as
rescisões trabalhistas e aguardam o recebimento de
salários atrasados.
De acordo com o MPT, há provas de
que cerca de 20 empregados, entre diretores e gerentes,
receberam os valores referentes a rescisão salarial.
Um dos funcionários teria recebido cerca de R$ 150
mil.
|