Valor
Econômico
06/10/2006
Acionista da Varig critica 'demora'
da Anac
Ana Paula Grabois
A demora da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) em conceder Certificado de Homologação
de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta) à nova
Varig pode prejudicar os investimentos da empresa, segundo
afirmou ontem o executivo do fundo de investimentos MatlinPatterson,
Lap Chan, após depor na Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) aberta pela Assembléia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar
a venda da Varig.
O fundo MatlinPatterson
é um dos acionistas da Volo, empresa controladora
da VarigLog que, por sua vez, comprou a Varig. "A definição
do investimento vai depender da Anac", disse Chan,
acrescentando que se a posição da agência
continuar indefinida, o aporte de investimento previsto
pode ser comprometido.
A VarigLog já aportou
US$ 95 milhões na nova Varig. Desse total, US$ 20
milhões se referem ao valor mínimo da compra
da companhia e o restante foi desembolsado poucos dias após
o leilão da aérea. Outros US$ 75 milhões
estão previstos, mas só devem ser liberados
após a autorização do certificado a
ser dado pela Anac.
Na semana passada, a agência
reguladora autorizou o funcionamento jurídico da
nova Varig sob o nome de VRG, mas não concedeu ainda
o certificado que permite à empresa operar aviões.
Desde que comprou a companhia aérea, em 20 de julho,
a nova Varig opera suas aeronaves com as concessões
da antiga Varig.
Segundo o executivo Lap
Chan, a VarigLog negocia o aluguel de 14 aviões.
Entretanto, o fechamento desses contratos também
depende da autorização da Anac. "Tem
uma hora que a paciência tem limite. Vai ficando difícil",
reiterou.
A autorização
da Anac é ainda uma pré-condição
para a companhia aérea fechar o empréstimo
de US$ 1,6 bilhão junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para comprar 50 aeronaves
da Embraer. O advogado da VarigLog, Cristiano Martins, disse
que todos os documentos solicitados pela Anac foram entregues.
Segundo a Anac, o parecer
que falta para a concessão do Cheta ainda está
em análise na sua superintendência de segurança
operacional. A agência acrescenta que está
realizando uma "criteriosa avaliação"
para verificar se a nova empresa tem condições
de operar suas aeronaves. Os parlamentares da CPI da Varig
decidiram que vão convocar o presidente da agência
reguladora, Milton Zuanazzi, para prestar esclarecimentos
sobre o assunto.
Atualmente, a Varig opera
com 15 aviões. Entretanto, a empresa planeja ter
uma frota de 80 aeronaves. A companhia voa para quatro destinos
internacionais: Frankfurt, Buenos Aires, Caracas e Bogotá.
De acordo Lap Chan, a aérea vai priorizar o aumento
da malha doméstica.
O ESTADO DE SÃO
PAULO
06/10/2006
Controlador da Varig ameaça
sair da empresa
Em depoimento a CPI, Lap Chan
diz que empresa fica inviável se herdar dívidas
trabalhistas
Mônica Ciarelli
O empresário chinês
Lap Chan, principal executivo da VarigLog, empresa que comprou
a Varig, reafirmou ontem em depoimento na CPI do caso Varig,
na Assembléia Legislativa do Rio, que poderá
sair do negócio caso a empresa tenha de assumir o
passivo trabalhista da antiga companhia aérea. 'Se
for assim, não tem como ela ser viável no
dia-a-dia', disse. Chan já havia ameaçado
abandonar o negócio, pelo mesmo motivo, em reuniões
com os funcionários da empresa.
Chan criticou a demora da
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
em liberar o Certificado de Homologação de
Empresa de Transporte Aéreo (Cheta) e as concessões
que permitirão à Nova Varig entrar em operação.
Segundo ele, esse atraso vem ameaçando o plano de
investimento da companhia, elaborado para atender o tradicional
crescimento no movimento das companhias aéreas nas
férias de final de ano.
Em seu depoimento na Assembléia,
Chan sustentou que todas as informações exigidas
já foram encaminhadas à Anac. Entretanto,
até o momento o certificado ainda não foi
aprovado. Apesar de considerar estranha a demora do órgão
regulador, o empresário chinês acredita que
a liberação deva ser aprovada ao longo das
próximas duas ou três semanas
Chan revelou que muitos
investimentos que poderiam expandir as atividades da empresa
recém-adquirida vêm sendo protelados. 'Chega
uma hora em que a paciência tem limite', disse. Ele
chegou a afirmar que as empresas concorrentes são
as principais beneficiadas pela demora da Nova Varig em
absorver o espaço deixado pela antiga companhia aérea.
A VarigLog já tem
contrato para aquisição de 14 aviões
com empresas de leasing. Mas a conclusão do negócio
está condicionada à liberação
dos certificados pela Anac. Chan disse que, diariamente,
o grupo negocia um prazo maior com as arrendadoras de aviões
para que a Nova Varig não perca esses aviões,
que seriam importantes nos planos de expansão da
companhia. 'Estamos negociando com os arrendadores. Mas
eles não querem negociar e fechar acordos com a antiga
Varig', afirmou.
O presidente da CPI, deputado
Paulo Ramos (PDT), informou que irá convocar o presidente
da Anac, Milton Zuanazzi, para depor, provavelmente no dia
10 de outubro.
No depoimento, o empresário
chinês negou que tenha sido beneficiado no leilão
de compra da empresa aérea, realizado no dia 20 de
julho. Chan informou ter sido convidado a participar do
negócio por Marco Antônio Audi, atual vice-presidente
do conselho de administração da VarigLog.
No evento, ele foi muito
questionado sobre o quanto pagou pela empresa e quais suas
relações com os juízes responsáveis
pelo processo de recuperação judicial da companhia
aérea. O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos
(PDT), chegou a dizer que apenas a VarigLog quis 'aquele
mico'. Chan rebateu alegando que, quando o grupo fez o investimento,
já tinha noção dos riscos envolvidos
no negócio.
O ESTADO DE SÃO
PAULO
06/10/2006
Legacy cortou asa direita do Boeing
Investigações indicam
que jato passou por baixo de avião da Gol antes de
atingi-lo; queda durou 2 minutos e meio
Alberto Komatsu
O Comando da Aeronáutica
já concluiu que a colisão entre o Legacy e
o Boeing 737-800 cortou um pedaço da asa direita
do avião da Gol, revelou uma fonte próxima
às investigações. Isso aconteceu porque
o jato da Embraer passou por baixo do 737-800. O impacto
explica a queda do avião em forma de espiral, pois
a asa danificada tende a virar para baixo e a asa intacta
sobe, fazendo com que a aeronave caia de nariz. Segundo
as investigações, a queda teria durado dois
minutos e meio.
'O Comando da Aeronáutica
já concluiu que a colisão atingiu a asa, e
não o corpo do avião. O winglet (extremidade
da asa do Legacy com a ponta virada para cima) é
como uma faca. Cortou um pedaço da asa, atingindo
o estabilizador, mas não o tanque', afirma a fonte.
Um acidente aéreo
é provocado pela sucessão de cinco ou seis
erros, e não apenas um, segundo um estudo apresentado
ontem pelo especialista em segurança de vôo
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), coronel Douglas Machado. De acordo com ele, um levantamento
feito a partir de 238 acidentes aponta que 75% das causas
são operacionais, envolvendo o homem e a máquina.Outros
20% estão relacionados com fatores humanos, e os
5% restantes são de causas materiais (problemas de
fabricação). 'O avião é tão
perfeito que não existe jeito de um só fator
provocar um acidente. A experiência diz que entre
cinco e seis erros provocam um acidente. Se você cometer
quatro, só se der muito azar. Leva um susto, mas
não quebra o avião', afirma Machado.
De acordo com o estudo,
elaborado pela Organização Internacional de
Aviação Civil (Icao, na sigla em inglês),
fatores operacionais incluem a parte mecânica, de
pilotagem e controle de vôo. 'Temos o fator puramente
humano, que seria a parte do aspecto psicológico.
E o fator material, que é problema de fabricação,
muito raro', afirma o coronel. De acordo com ele, 90% dos
acidentes poderiam ser evitados com uma boa supervisão
de tráfego aéreo, manutenção
e operação.
Segundo o estudo da Icao,
em 2000 foram realizadas 18 milhões de decolagens,
com 15 acidentes, o que leva a uma proporção
de 1 acidente para cada 1,2 milhão de vôos.
As projeções da organização
para 2015, levando em conta nenhum tipo de programa de prevenção,
indicam que o número de decolagens e o de acidentes
vai dobrar. Outra projeção, incluindo um programa
de prevenção, mostra que a aviação
mundial poderia chegar a 2015 com 36 milhões de decolagens
e 15 acidentes, dobrando a relação para 1
acidente a cada 2,4 milhões de vôos.
O ESTADO DE SÃO PAULO
06/10/2006
Torre de Manaus diz que alertou Boeing
Para técnicos do Cindacta-4,
piloto da Gol agiu da forma certa: não saiu da rota
'1 milha sequer'
Liège Albuquerque
'Absurda bobagem.' Essa foi a reação
de uma fonte do controle de vôos do Destacamento de
Tráfego e Controle Aéreo do Aeroporto Eduardo
Gomes (Detecea-EG), em Manaus, ao saber da versão
de que o Boeing da Gol não teria sido avisado d a
presença de outro avião trafegando na mesma
rota. A fonte disse que a degravação das caixas-pretas
dos aviões mostrará que Manaus se comunicou
com o Boeing e o piloto do vôo 1907 fez a única
coisa certa nesses casos: não sair da rota.
O Detecea-EG é subordinado ao Centro
Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego
Aéreo (Cindacta-4). Segundo os técnicos do
destacamento, além de ter sido avisado pelo Cindacta
4, o piloto do Boeing tinha essa informação
em seu Traffic Collision Avoidance System (TCAS). O sistema
indica ao piloto que há aeronave ao seu redor, o
que normalmente impede a colisão.
'No TCAS da Gol havia um plot intermitente,
identificando uma aeronave próxima, mas não
tinha como saber sua altimetria, onde exatamente ela estava',
explicou um técnico do Detecea-EG.
Segundo os técnicos do centro de
controle de Manaus, diante desse cenário, a alternativa
mais segura, sem saber a qual altitude vinha o outro avião,
seria seguir seu próprio curso. 'Um piloto com a
experiência de 10 mil horas de vôo, como o do
Boeing, sabia que a atitude mais segura era a de seguir
seu próprio curso, não mudar 1 milha sequer
em sua aerovia autorizada', disse.
'ATERRISSAR NA SELVA?'
'O que é uma bobagem absurda é dizer que o
Cindacta-4 não avisou ao Cindacta-1 que o jato tinha
sumido do radar: o que acham que o Boeing poderia fazer?
Saber que a aeronave vizinha estava sumida do radar e aterrissar
na selva? E se na aterrissagem batesse no jato?', questionou
um controlador de vôo.
Para os técnicos, 'a cada dia fica
mais evidente que o transponder do Legacy estava desligado'
e, por isso, se tornou invisível aos radares dos
Cindactas e ao TCAS do Boeing. Os técnicos acreditam
que o Boeing não teve a menor chance de desviar do
Legacy.
O ESTADO DE SÃO
PAULO
06/10/2006
Pilotos culpam torre por vôo
na rota errada; Aeronáutica rebate
Americano admite que descumpriu
plano de vôo, mas diz que fez isso por não
conseguir contato com controle
Roberta Pennafort
Advogado dos pilotos americanos
do jato Legacy, o ex-ministro da Justiça José
Carlos Dias disse ontem que os dois nunca desligaram o transponder
(mecanismo que dá o 'RG' do avião no radar)
e só não seguiram o plano de vôo traçado
por eles mesmos por uma falha na comunicação
com o controle de tráfego aéreo. O Legacy,
cujo plano previa voar a 36 mil pés, chocou-se a
37 mil pés com um Boeing da Gol, há uma semana,
matando 154 pessoas.
'Eles estavam seguindo o
plano de vôo estritamente. Ao se aproximarem de Brasília,
entraram em contato com a torre, para checar se deveriam
mesmo diminuir a altitude, e não conseguiram se comunicar.
Mas não quero ficar atribuindo responsabilidade a
ninguém', afirmou Dias, contratado pela empresa de
táxi aéreo americana ExcelAire, dona do Legacy.
A afirmação
de Dias foi contestada por pilotos e pela Aeronáutica,
que desde o acidente fez 12 horas de vôo na rota percorrida
percorrida pelo Legacy para checar o funcionamento dos radares.
'Não foi detectada falha em nenhum equipamento',
disse o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço
Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Paulo Roberto Vilarinho.
Dias não soube informar
ao certo se o centro de controle com o qual o piloto do
Legacy, Joseph Lepore, e o co-piloto, Jan Paul Paladino,
não conseguiram fazer contato era o de Brasília
(Cindacta-1) ou o de Manaus (Cindacta-4). Não explicou
também por que ambos não seguiram o plano
de vôo. Redigido por Paladino e assinado por Lepore,
ele previa o vôo a 37 mil pés de São
José dos Campos a Brasília e, dali, a 36 mil
pés até Manaus. 'Se havia alguma dúvida,
a posição do Boeing tinha de ter sido mudada.'
Segundo Dias, os clientes
negam veementemente ter desligado o transponder ou feito
manobras fora do padrão. 'Eles são competentes
e prudentes', afirmou. 'Você acha que fariam alguma
estripulia no ar tendo a bordo um importante jornalista
do New York Times e diretores da Embraer? Nessas condições,
tinham que ser os mais bem-comportados do mundo.'
O Sindicato dos Aeronautas
garantiu que, em casos como o do Legacy, em que o plano
de vôo determinava uma descida de mil pés,
o procedimento padrão é: primeiro, faz-se
contato com o centro de controle para relatar a mudança;
caso não se consiga, o correto é buscar contato
com outros aviões para que eles façam uma
'ponte' com a torre; se o problema persistir, o correto
é indicar, pelo transponder, o código de falha
de comunicação (7600); e, acima de tudo, seguir
à risca o plano de vôo.
O sindicato informou que
o transponder, inoperante por 15 minutos no vôo do
Legacy, tem como funcionar em caso de falha. Isso porque
ele opera em duas freqüências. O equipamento
altera automaticamente a freqüência de transmissão
quando a primeira falha.
COLABORARAM RODRIGO MORAIS,
BRUNO TAVARES E ALEXSSANDER SOARES
Folha de São
Paulo
06/10/2006
Regra é seguir plano de vôo,
dizem técnicos
Para eles, a tripulação
do Legacy vai assumir um erro com o argumento de não
ter mudado de nível por falta de contato
"É impossível não conseguir esse
contato porque ele estava voando em cima de Brasília",
afirma um dos especialistas consultados
ALENCAR IZIDORO DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro especialistas -um
deles oficial da Aeronáutica- ouvidos pela Folha
avaliam que, no caso de dificuldade de comunicação
com controladores do tráfego aéreo, a obrigação
do piloto é seguir seu plano de vôo aprovado
na decolagem.
Ou seja, para eles, a tripulação
do Legacy vai assumir um erro se seguir a versão
de que não adotou a altitude prevista originalmente,
ficando na contramão do trajeto Brasília-Manaus,
por não ter conseguido conversar com a central.
"O correto é
informar qualquer mudança de nível [mesmo
prevista no plano de vôo]. Se não conseguir
contato, cabe ao piloto acionar um código do transponder
que avisa a falha de comunicação e seguir
aquilo que está no plano de vôo", afirma
José Ulisses Fontenele Figueira, investigador de
acidentes aeronáuticos. Ele diz que a norma é
"internacional".
"Mesmo se houver dificuldade
de comunicação, ele deve seguir aquilo que
está no plano de vôo", diz George William
César de Araripe Sucupira, presidente da Associação
de Pilotos e Proprietários de Aeronaves.
O fato de a posição
do Legacy -de 37 mil pés- ser contramão naquela
aerovia e trajeto (no sentido Brasília-Manaus, os
aviões só podem voar a altitudes pares) é
citado por ele como um problema adicional.
"A primeira atitude
é corrigir a posição. E, quando há
dificuldade de comunicação, é comum
fazer uma ponte", afirma Sucupira, em referência
ao procedimento de contatar outra aeronave que esteja próxima,
para que ela transmita um recado, no caso da impossibilidade
de falar diretamente com um controlador de tráfego
que esteja na base por terra.
"Os próprios
americanos têm um ditado que já diz: planeje
seu vôo e voe seu plano", diz Adalberto Febeliano,
presidente da Abag (Associação Brasileira
de Aviação Geral).
Ele considera não
ser possível a aeronave Legacy não ter conseguido
informar a mudança de altitude programada no plano
de vôo -de 37 mil pés para 36 mil pés-
ao sair da aerovia que é mão única
(São José dos Campos-Brasília) e entrar
na que é mão dupla (Brasília-Manaus).
Isso porque, segundo Febeliano, essa transição
se dá no espaço com boa cobertura e tráfego
intenso.
"É impossível
não conseguir esse contato porque ele estava voando
em cima de Brasília. Se ainda fosse perto da Amazônia...",
afirma Febeliano.
Um piloto que é oficial
da Aeronáutica disse que, se admitirem que não
saíram da contramão por falta de contato,
os responsáveis pelo Legacy assumirão uma
falha, mas, se for verdade, evitam que a responsabilidade
recaia só sobre eles.
Folha de São
Paulo
06/10/2006
Legacy deveria ter mudado de altitude
2 vezes
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais uma peça do
quebra-cabeças da tragédia foi adicionada
ao tabuleiro ontem: o plano de vôo original do Legacy
previa que ele mudasse de posição não
apenas uma, mas duas vezes antes do ponto onde houve o choque
com o Boeing da Gol.
Além de baixar de
37 mil para 36 mil pés ao passar por Brasília
e entrar na "aerovia" UZ6, ele deveria subir para
38 mil pés em um ponto da carta aeronáutica
chamado Teres, 480 km a noroeste de Brasília. O choque
ocorreu 400 km depois, sobre a serra do Cachimbo.
Em ambos os casos, o Legacy
deveria usar a pista par da aerovia -aviões rumo
a Manaus têm de ficar em altitude par (38 mil pés,
por exemplo), enquanto os que vêm de Manaus rumam
nas ímpares (37 mil pés).
Pelas regras vigentes no
espaço aéreo brasileiro, no caso de corte
completo de comunicações, o piloto deve seguir
seu plano de vôo original. Se não houver o
corte, o avião tem que pedir autorização
para qualquer mudança de nível.
O Legacy tem dois transponders,
a antena que transmite dados sobre altitude, identificação
e velocidade, além de conectar seu sistema anticolisão
ao de outros aviões. Ou seja, ontem era dada como
remota a hipótese inicial de ter havido mau contato.
Como o jato reapareceu na tela em Brasília com os
dados de seu transponder logo após o choque, a hipótese
de que a antena tenha sido desligada ganhou força.
Com tudo isso, boa parte
das atenções se volta para o comportamento
dos pilotos e o desempenho do controle em terra. Os americanos
dizem não ter mudado de altitude porque não
teriam conseguido contato com o Cindacta-1.
Relatos de operadores do
centro dão conta de que o avião deveria ter
sido contatado ao passar pela capital, mas que só
depois isso ocorreu -justamente quando foi notado que o
transponder estava inoperante.
Quando isso aconteceu, o
avião passou a ser um ponto na tela do chamado radar
primário do centro, sem as identificações,
que são captadas pelo radar secundário. Neste
momento, houve as tentativas, cinco por relatos extra-oficiais,
de contato entre Brasília e o Legacy. A Força
Aérea considera que o jato não respondeu aos
chamados, só não sabe por quê.
O Comando da Aeronáutica
admite que as freqüências de rádio na
região são de má qualidade, mas alega
que houve contato por elas com outros aviões no mesmo
trecho e horário.
Folha de São Paulo
06/10/2006
Na mata, militares encontram as duas
turbinas do Boeing da Gol
O ENVIADO A NOVO PROGRESSO
Homens do Exército e da Aeronáutica
localizaram as duas turbinas do Boeing-737/800 da Gol que
caiu sete dias atrás no extremo norte de Mato Grosso,
em meio a uma região densa da floresta amazônica.
A Aeronáutica, no entanto, ainda
não sabe se terá de retirar os motores da
selva.
Em princípio, as duas turbinas serão
fotografadas, filmadas e examinadas em solo.
Todo o material será encaminhado
à comissão que investiga o acidente, que avaliará
a necessidade ou não de mais informações
ou da retirada dos motores da mata.
Ao analisar as turbinas será possível
aos técnicos verificar em qual potência estava
o motor da aeronave no momento exato do choque com o solo.
Por exemplo: se o motor, ao colidir com o chão, estava
parado, a deformação nas palhetas da turbina
atenderá a um padrão. Se, ao tocar o solo,
elas estavam em alta rotação, a deformação
da turbina terá outro. De acordo com o brigadeiro
Jorge Kersul Filho, que coordena as Forças Armadas
no local da tragédia, as turbinas são importantes
na investigação do acidente.
Ontem, em entrevista na base aérea
da serra do Cachimbo, em Novo Progresso (extremo sul do
Pará), Kersul admitiu que os problemas de comunicação
com os homens que atuam nas buscas na selva são o
principal "gargalo" até agora na operação
da Aeronáutica.
Árvores de até 40 metros
de altura muitas vezes têm impedido a utilização
de telefones por satélite.
Apesar disso, o coordenador da ação
não quer contar com o auxílio de índios
caiapós, que são moradores na região,
na busca das vítimas.
"A principal ajuda que os índios
poderiam nos dar no momento é não nos atrapalhar.
O meu pedido é esse: se eles querem nos ajudar, que
deixem os profissionais [militares] trabalharem", afirmou
o brigadeiro, que descartou pedir ajuda aos indígenas.
"Nós não vamos pedir [auxílio
aos caiapós]. Não gostaríamos que partisse
deles a iniciativa [de sair em busca dos corpos].
(EDUARDO SCOLESE)
Estadão
06 de outubro de 2006 - 07:11h
Boeing da Gol provoca susto no Aeroporto
de Congonhas
O aeroporto está fechado
para pousos e decolagens
Milton F.da Rocha Filho
SÃO PAULO - Um Boeing da Gol derrapou na pista do
Aeroporto de Congonhas,por volta das 6h40, quando chegava
do Rio de Janeiro, ficando atravessado e impedindo pousos
e decolagens. O aeroporto foi fechado, e segundo o piloto,
o aparelho teria se desgovernado por causa da pista excessivamente
molhada do aeroporto, que deve sofrer obras para reparar
o local e evitar a formação de poças
de água. Os passageiros nada sofreram.
Funcionários da Gol empurravam o
aparelho às 7h04, tentando retirá-lo da pista.
O saguão do aeroporto está lotado devido a
sua paralisação para serviços de pouso
e decolagem.
O avião havia acabado de pousar
e os passageiros não sofreram ferimentos. Eles foram
retirados do aparelho ainda na própria pista e levados
para a área de desembarque de Congonhas.
Estadão
05 de outubro de 2006 - 23:15
CHOQUE NO AR
Pilotos do Legacy afirmam que tentaram
contato com torre de controle
Aeronáutica se irrita com
declarações dos pilotos do Legacy
Joe Lepore e Jan Palladino disseram
que não desceram da altitude de 37 mil pés
e que não conseguiram manter contato com o controle
aéreo de Brasília
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Causou indignação e irritação
na Aeronáutica a declaração dos pilotos
do Legacy - Joe Lepore e Jan Palladino - de que não
desceram da altitude de 37 mil pés, autorizada a
partir de São José dos Campos, para 36 mil
pés, a partir de Brasília, porque não
teriam conseguido manter contato com o controle aéreo
de Brasília.
As chances de isso acontecer
pode-se dizer que são nulas até porque o piloto
tem outras alternativas de comunicação e o
acidente ocorreu mais de uma hora depois de ele passar por
Brasília, comentou uma alta fonte da FAB. E prosseguiu:
"E, se por algum acaso ele não tivesse conseguido
contato, este era mais um motivo para que o piloto respeitasse
o plano de vôo aprovado quando ele saiu de São
Paulo e não mudasse nada da rota pré-determinada".
Outro argumento a favor
do controle de vôo, de acordo com os técnicos
da FAB, é que todas as aeronaves que passaram por
Brasília ou pela área próxima à
capital, em direção a Manaus, mantiveram contato
com os operadores do Cindacta, sem qualquer tipo de problema.
"Essa figura de dizer que passou (por Brasília)
e não conseguiu falar, não existe", reiterou
outro oficial que acrescentou que, ainda que houvesse problema
com uma freqüência em VHF, o piloto poderia ter
passado para outro tipo de comunicação por
rádio freqüência. "Esta é
uma desculpa esfarrapada", comentou outro oficial.
De acordo com a Aeronáutica,
a informação da caixa preta do Legacy, que
foi analisada em São Paulo, é de que na hora
do choque a aeronave estava voando a 37 mil pés,
mesma altitude do Boeing da Gol. "Com certeza ele bateu
a 37 mil pés", informou uma fonte militar. O
jornalista norte-americano Joe Sharkey, nas entrevistas
concedidas nos Estados Unidos, disse que pouco antes do
acidente esteve na cabine e perguntou ao piloto em que altitude
estavam voando. A resposta foi 37 mil pés.
Devido às inúmeras
especulações, a Aeronáutica estuda
a possibilidade de antecipar as informações
que constam da caixa preta do Legacy, que foi examinada
em laboratório brasileiro. A intenção
da FAB é informar o que foi previsto para ser cumprido
pelo plano de vôo do Legacy, o que foi autorizado
pelo controle aéreo e o que aconteceu, conforme os
registros da caixa preta.
A expectativa é de
que no meio da semana que vem estes dados já sejam
apresentados, primeiro aos familiares e, em seguida, à
imprensa. A apresentação será feita
com animação gráfica para que todos
possam entender a linguagem aeronáutica e como tudo
aconteceu.
80% ou mais do que aconteceu
para que o acidente tivesse ocorrido poderá ser esclarecido
apenas com as caixas pretas do Legacy. A caixa preta informará
ainda se o transponder não estava operando, como
estimam os técnicos da Aeronáutica.
Os mesmos técnicos
lembraram que o Legacy possui dois tipos de equipamentos
destes na aeronave e que, na ausência de um, o substituto
poderia ter sido ativado, o que também não
acontece, não se sabe exatamente por quais motivos.
Estadão
05 de outubro de 2006 - 22:45
Advogado diz que pilotos do Legacy
tentaram se comunicar com torre de controle
"Eles estavam seguindo o
plano de vôo estritamente. Ao se aproximarem de Brasília,
entraram em contato com a torre, para checar se deveriam
mesmo diminuir a altitude, e não conseguiram se comunicar",
disse José Carlos Dias
Roberta Pennafort
Alaor Filho/AE
RIO DE JANEIRO - A tese segundo a qual os pilotos norte-americanos
do jato Legacy desligaram o transponder (mecanismo que permite
a identificação pelo radar) e desrespeitaram
o plano de vôo da aeronave foi rechaçada pelo
advogado José Carlos Dias, contratado pela empresa
ExcelAire para assisti-los no caso do acidente com o Boeing
da Gol, em que 154 pessoas morreram. Em entrevista ao Estado,
nesta quinta-feira, Dias disse que eles tentaram se comunicar
com controladores de vôo para se certificar de que
deveriam, de fato, baixar de 37 mil pés para 36 mil
pés, conforme previa o planejamento, mas houve falha
na comunicação.
"Eles estavam seguindo
o plano de vôo estritamente. Ao se aproximarem de
Brasília, entraram em contato com a torre, para checar
se deveriam mesmo diminuir a altitude, e não conseguiram
se comunicar. Mas não quero ficar atribuindo responsabilidade
a ninguém", afirmou. Dias não soube informar
ao certo se o centro de controle em questão era o
de Brasília (Cindacta-1) ou o de Manaus (Cindacta-4).
Dias não explicou
também porque Joseph Lepore, o piloto, e Jan Paul
Paladino, o co-piloto, não seguiram o que ditava
o plano de vôo, mesmo sem que tivessem conseguido
o contato. "Estou no caso desde ontem; não vou
entrar em detalhes", justificou. "Agora, se havia
alguma dúvida, a posição do Boeing
tinha que ter sido mudada."
Instado a falar em tese
sobre a possibilidade de os pilotos terem tentado a comunicação,
sem sucesso, o tenente-brigadeiro Paulo Roberto Vilarinho,
diretor geral do Departamento de Controle do Espaço
Aéreo (Decea), da Aeronáutica, disse: "Eu
não sei o que aconteceu, mas isso é possível."
Procedimento
padrão
Pilotos ouvidos pelo Estado esclareceram que, em casos como
o do Legacy, em que o plano determinava uma descida de mil
pés, o procedimento padrão é o seguinte:
primeiro, faz-se contato com os centros de controle para
relatar a mudança; caso não se consiga, tenta-se
contato com outros aviões para que eles façam
uma "ponte"; se, ainda assim, não for possível
falar com um controlador, o correto é acionar, através
do transponder, o código que indica falha de comunicação
(7600), para que fique configurada a situação
em que a aeronave se encontra, e, mais importante: seguir
exatamente o que diz o plano de vôo.
Segundo José Carlos
Dias, seus clientes negam veementemente que tenham desligado
o equipamento necessário à localização
do Legacy e que tenham feito qualquer manobra fora do padrão.
"Eles são competentes e prudentes", garantiu.
"Você acha que eles fariam alguma estripulia
no ar tendo a bordo um importante jornalista do New York
Times e diretores da Embraer? Nessas condições,
tinham que ser os mais bem comportados do mundo".
Nada ilegal
O renomado advogado, que é ex-ministro da Justiça
e ex-secretário de Justiça de São Paulo,
esteve no Rio de Janeiro nesta quinta-feira para se reunir
com Lepore e Paladino. Ele contou que ambos estão
"muito sofridos" com tudo o que aconteceu, apesar
de terem a exata noção de que "não
fizeram nada ilegal". "Os dois estão impactados,
porque foram partícipes de uma tragédia. Mas
não se consideram responsáveis por nada",
disse. Segundo o advogado, ambos sentem muita falta das
famílias, que estão nos Estados Unidos, mas
poderão vir ao Brasil caso a estadia deles seja prolongada
(seus passaportes foram apreendidos pela PF).
Logo que foi contratado,
o advogado fez questão de telefonar para o ministro
da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, e para o diretor
geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda,
para colocar os pilotos à disposição
para qualquer esclarecimento que seja necessário.
Lepore e Paladino já falaram à Polícia
Civil do Mato Grosso, onde o Boeing caiu, mas ainda não
prestaram depoimento à PF, já que o inquérito
federal, que apura a responsabilidade dos pilotos no acidente,
foi aberto posteriormente (na quarta-feira). Dias não
vê subsídios para indiciamento. "Eles
estão à disposição. Basta um
telefonema que depõem, não precisa nem intimar."
Valor Online
05/10 - 16:43h
Demora da Anac pode comprometer investimentos
na Varig, diz executivo
RIO - A demora da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) em conceder
Certificado de Homologação de Empresa de Transporte
Aéreo (Cheta) à nova Varig pode prejudicar
os investimentos da empresa, segundo afirmou hoje o executivo
do fundo de investimentos Matlin Patterson, Lap Chan, após
depor na Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) aberta pela Assembléia Legislativa do Estado
do Rio de Janeiro (ALERJ) para investigar a venda da Varig.
O Fundo Matlin Patterson
é um dos acionistas da Volo, empresa controladora
da VarigLog que, por sua vez, comprou a Varig.
"A definição
do investimento vai depender da Anac" disse Chan, acrescentando
que se a posição da agência continuar
indefinida, o porte do investimento previsto pode ser comprometido.
A VarigLog já aportou
US$ 95 milhões na nova Varig.
Desse total, US$ 20 milhões
se referem ao valor mínimo da compra da companhia
e o restante foi desembolsado poucos dias após o
leilão da aérea.
Outros US$ 75 milhões
estão previstos, mas só devem ser liberados
após a autorização do certificado a
ser dado pela Anac.
Na semana passada, a agência
reguladora autorizou o funcionamento jurídico da
nova Varig sob o nome de VRG, mas não concedeu ainda
o certificado que permite à empresa operar aviões.
Desde que comprou a empresa,
em 20 de julho, a nova Varig opera suas aeronaves com as
concessões da antiga Varig.
Segundo o executivo Lap
Chan, a VarigLog negocia o aluguel de 14 aviões.
Entretanto, o fechamento
desses contratos também depende da autorização
da Anac.
"Tem uma hora que a
paciência tem limite.
Vai ficando difícil",
reiterou.
A autorização
da Anac é ainda uma pré-condição
para a companhia aérea fechar o empréstimo
de US$ 1,6 bilhão junto ao BNDES para comprar 50
aeronaves da Embraer.
O advogado da VarigLog,
Cristiano Martins, afirma que todos os documentos solicitados
pela Anac já foram entregues.
Os parlamentares da CPI
da Varig decidiram que vão convocar o presidente
da agência reguladora, Milton Zuanazzi, para prestar
esclarecimentos sobre o assunto.
(Ana Paula Grabois | Valor
Online)
Folha Online
05/10/2006 - 16h34
Executivo da Varig nega favorecimento
e critica Anac em CPI
CLARICE SPITZ da Folha Online, no Rio
O executivo do fundo de
investimento norte-americano Matlin Patterson que participa
da VarigLog, Lap Chan, depôs hoje na CPI da Varig
na Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro),
negou favorecimento durante o leilão e fez críticas
à atuação da Anac (Agência de
Aviação Civil).
A CPI investiga a venda
da aérea e a de demissão de funcionários.
Chan, que é chinês, mas fala português
fluentemente, se queixou da demora da agência na concessão
das autorizações de vôo e disse que
a "paciência está chegando ao limite"
e que pode sair do negócio se não obter os
documentos.
O executivo disse que as
férias aumentam a demanda por passagens aéreas
e que a ausência da concessão tem atrasado
investimentos estratégicos, como o arrendamento de
aeronaves.
"Muitos desses aviões
estão em processo de manutenção, parados
no chão. No momento que esses arrendadores tiverem
a confiança que existe uma companhia que tem a concessão
e tem a habilidade de voar eles têm interesse de arrendar
esses aviões, mas eles não querem arrendar
para a antiga empresa", disse após o depoimento
a jornalistas.
A Anac já concedeu
a autorização jurídica para a VarigLog.
No entanto, para operar vôos, a nova empresa precisa
ainda do Cheta (Certificado de Homologação
de Empresa de Transporte Aéreo) e da concessão.
Ele afirmou aos deputados
que as outras competidoras são beneficiadas com o
atraso em obter a concessão e que a nova dona já
aportou US$ 96 milhões à Varig.
A Anac alega que ainda faltam
documentos, o que é negado pela companhia. "De
nossa parte já entregamos tudo", disse Cristiano
Martins, advogado da VarigLog, que acompanhou Chan.
Chan confirmou ao deputado
Paulo Ramos (PDT), que preside a comissão, ter dito
a funcionários que a empresa sairia do negócio
caso herdasse as dívidas trabalhistas. "E continua
assim."
A CPI deve convocar o presidente
da Anac, Milton Zuanazzi, para depor na próxima semana.
Estadão
05 de outubro de 2006 - 15:35
Atraso da Anac ameaça plano
de investimento da Varig, diz VarigLog
Segundo o principal executivo
da empresa que comprou a Varig, Lap Chan, o grupo vem protelando
investimentos na expansão da companhia
Monica Ciarelli
RIO - Em depoimento nesta quinta-feira à CPI do caso
Varig, na Alerj, o principal executivo da VarigLog, empresa
que comprou a Varig, Lap Chan, criticou demora da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) de homologar
a criação da nova Varig. Segundo ele, esse
atraso vem ameaçando o plano de investimento da empresa
aérea.
Chan revelou que o grupo
vem protelando investimentos na expansão da companhia
por conta do atraso na liberação pela Anac
do Certificado de Homologação de Empresa de
Transporte Aéreo (Cheta). "A paciência
chega uma hora que tem limite", disse. Chan informou
que todos os documentos exigidos pelo órgão
já foram encaminhados e disse não entender
o porquê da Anac ainda não Ter resolvido a
questão.
Em seu depoimento, Chan
afirmou que as empresas concorrentes são as principais
beneficiadas por esse atraso que limita o crescimento da
nova Varig. O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT)
informou que irá convocar o presidente da Anac, Milton
Zuanazzi, para depor, provavelmente no dia 10 de outubro.
Apesar da demora, o executivo
acredita que a homologação da nova Varig como
companhia aérea saia em duas a três semanas.
Ele lembrou que sem esse certificado, fica difícil
negociar com as empresas arrendadoras de aviões novos
contratos. A VarigLog já tem fechado um pré-contrato
de 14 aeronaves que voavam pela antiga Varig e que hoje
estão em manutenção no Brasil.
Entretanto, segundo ele,
as empresas arrendadoras de avião não querem
fechar um acordo até que a nova Varig tenha o certificado
da Anac. "Estamos negociando os arrendadores. Mas eles
querem negociar com uma nova empresa (a nova Varig). Eles
não querem fechar acordos com a antiga", afirmou.
Chan revelou que diariamente
vem tentando protelar com as leasings um prazo maior para
fechar os acordos para que as aeronaves não sejam
destinadas a outras empresas que não a nova Varig.
No depoimento, Chan reafirmou que o seu principal interesse
em adquirir a Varig foi o grande potencial de crescimento
no mercado brasileiro de aviação.
Benefícios
Chan negou que tenha sido beneficiado no leilão de
compra da empresa aérea, realizado no dia 20 de julho.
Ele informou ter sido convidado a participar do negócio
por Marco Antônio Audi, atual vice-presidente do conselho
de administração da VarigLog.
Durante seu depoimento,
o empresário chinês foi muito questionado sobre
o quanto pagou pela empresa e quais suas relações
com os juízes responsáveis pelo processo de
recuperação judicial da companhia aérea.
O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT), chegou
a dizer que apenas a VarigLog quis "aquele mico".
Chan rebateu alegando que, quando o grupo fez o investimento,
já tinha noção dos riscos envolvidos
no negócio.
O empresário reafirmou
nesta quinta que poderá sair do negócio caso
a empresa tenha que assumir o passivo trabalhista da antiga
companhia aérea. "Se for assim, não tem
como ela ser viável no dia-a-dia", disse.
Em seu depoimento à
CPI do caso Varig, Chan afirmou que pretende manter a sede
da Varig no Rio de Janeiro e que é favorável
a um novo acordo com o governo do Estado, como o proposto
pelo secretário-chefe do gabinete da governadora,
Fernando Peregrino. Pelo acordo, o governo desistiria de
entrar com uma ação contra a empresa. Em troca,
a companhia manteria o nível de empregos no Rio e
a expansão de suas atividades no estado.
O secretário lembrou
que o turismo responde por 4% do Produto Interno Bruto do
Rio de Janeiro e o Estado continua sendo o principal destino
turístico do País.
O Globo Online
05/10/2006 às 15h11m
Lap Chan diz que poderá manter
sede da Varig no Rio
RIO - O principal investidor
da Nova Varig, o empresário Lap Chan, confirmou hoje,
durante depoimento da CPI que investiga a venda da empresa,
na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),
que é favorável a um novo acordo com o governo
do estado. Ele frisou que não sabia de um acordo
anterior, mas que aceitará fazer estudos que permitam
o crescimento da empresa no Rio de Janeiro, acrescentando
que tudo dependerá do mercado e do momento em que
a empresa irá receber a autorização
para funcionar.
O secretário-chefe
do gabinete da governadora, Fernando Peregrino, foi enfático
ao garantir que a posição do estado é
a de preservar a empresa no Rio de Janeiro, assim como manter
a integralidade dos empregos da Varig aqui.
Para isso, vem tentando
uma reunião com a direção da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) para discutir
a agilização do processo, o que deve acontecer
nesta sexta-feira.
As informações
sobre o processo de leilão da empresa mostram que
a idéia original era a transferência do setor
operacional e da sede para São Paulo, definindo o
roteamento da malha nacional no aeroporto de Congonhas,
em São Paulo.
- Estamos discutindo com
a empresa o cumprimento do acordo de 2004. Tenho certeza
de que, se for mantido esse contrato, todos sairão
ganhando. A preocupação da governadora Rosinha
Garotinho é, prioritariamente, com a questão
dos empregos e faremos o possível para resolvermos
isso a contento - frisou Peregrino.
O secretário lembrou
que o turismo responde por 4% do Produto Interno Bruto do
Rio de Janeiro e o estado continua sendo o principal destino
turístico do país. A situação
da Varig, admitiu, tem trazido prejuízos para a economia
do estado, além de tirar do exterior a principal
marca da excelência da empresa brasileira, que era
a Varig. Peregrino frisou que, em muitos países,
as pessoas tinham a companhia aérea como a embaixada
brasileira, tal a associação da imagem.
O presidente da CPI, deputado
Paulo Ramos, acompanhado do deputado Caetano Amado, fez
inúmeras perguntas sobre o processo de leilão,
que culminou com a venda da empresa para o grupo Volo do
Brasil e o fundo americano Mattlin-Patterson.
Para ele, há um indício
de que houve favorecimento dos novos arrematadores, já
que eles não souberam explicar por quanto compraram,
efetivamente, a Varig. Lap Chan, durante todo o tempo, disse
que todas as posições e decisões tomasdas
levaram em consideração o edital de leilão
da companhia aérea, assim como o plano de reestruturação.
PORTAL DO CIDADÃO
05/10/2006 - 15h09
Varig confirma compromisso do governo
do estado
O principal investidor da Nova Varig,
o empresário Lap Chan, confirmou hoje, durante depoimento
da CPI que investiga a venda da empresa, na Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que é favorável
a um novo acordo com o governo do estado. Ele frisou que
não sabia de um acordo anterior, mas que aceitará
fazer estudos que permitam o crescimento da empresa no Rio
de Janeiro, acrescentando que tudo dependerá do mercado
e do momento em que a empresa irá receber a autorização
para funcionar.
O secretário-chefe do Gabinete
da Governadora, Fernando Peregrino, foi enfático
ao garantir que a posição do estado é
a de preservar a empresa no Rio de Janeiro, assim como manter
a integralidade dos empregos da Varig aqui. Para isso, vem
tentando uma reunião com a direção
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) para discutir a agilização do processo,
o que deve acontecer nesta sexta-feira. As informações
sobre o processo de leilão da empresa mostram que
a idéia original era a transferência do setor
operacional e da sede para São Paulo, definindo o
roteamento da malha nacional no aeroporto de Congonhas,
em São Paulo.
- Estamos discutindo com a empresa o cumprimento
do acordo de 2004. Tenho certeza de que, se for mantido
esse contrato, todos sairão ganhando. A preocupação
da governadora Rosinha Garotinho é, prioritariamente,
com a questão dos empregos e faremos o possível
para resolvermos isso a contento - frisou Peregrino.
O secretário lembrou que o turismo
responde por 4% do Produto Interno Bruto do Rio de Janeiro
e o estado continua sendo o principal destino turístico
do país. A situação da Varig, admitiu,
tem trazido prejuízos para a economia do estado,
além de tirar do exterior a principal marca da excelência
da empresa brasileira, que era a Varig.
Peregrino frisou que, em muitos países,
as pessoas tinham a companhia aérea como a embaixada
brasileira, tal a associação da imagem.
O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos,
acompanhado do deputado Caetano Amado, fez inúmeras
perguntas sobre o processo de leilão, que culminou
com a venda da empresa para o grupo Volo do Brasil e o fundo
americano Mattlin-Patterson. Para ele, há um indício
de que houve favorecimento dos novos arrematadores, já
que eles não souberam explicar por quanto compraram,
efetivamente, a Varig. Lap Chan, durante todo o tempo, disse
que todas as posições e decisões tomadas
levaram em consideração o edital de leilão
da companhia aérea, assim como o plano de reestruturação.
Após dizer que não lembrava
de contatos com o juiz responsável pelo plano de
recuperação da empresa, ele confirmou que
falou aos empregados, em algumas da reuniões, que
tinha sido convidado a participar do segundo leilão
pelo juiz. Durante todo o tempo, entretanto, reiterou que
não pode se comprometer com nada, antes que seja
liberado o Certificado de Homologação de Empresa
de Transporte Aéreo (Cheta). O documento deveria
ter sido liberado pela Anac há mais de um mês.
O Globo Online
05/10/2006 às 15h07m
Lap Chan nega que tenha sido beneficiado
na compra da Varig
Erica Ribeiro - O Globo
RIO - O empresário
chinês Lap Chan, principal executivo do fundo americano
Matlin Patterson e da VarigLog, negou nesta quinta-feira
que tenha havido manobra para beneficiar a VarigLog no leilão
de 20 de julho, quando a empresa arrematou os ativos da
Varig.
Ele contou ter sido convidado
pelo atual vice-presidente do Conselho de Administração
da VarigLog, Marco Antonio Audi, a retomar a proposta de
compra da Varig após a anulação do
resultado do leilão anterior.
Ele também disse
que poderá sair do negócio caso a VarigLog
e a Nova Varig tenham que assumir o passivo trabalhista
da antiga empresa.
Chan alegou que, quando
se habilitou para participar do leilão, um artigo
da lei de Recuperação Judicial previa que
o novo comprador não herdaria a dívida trabalhista
da empresa. E reforçou que todo o invetimento do
fundo Matlin Patterson e da VarigLog foi feito com a exata
noção de risco do negócio.
O empresário depôs
durante a Comissão Parlamentar de Inquérito
na na Assembléia Legislativa do Rio. O próximo
depoimento na CPI será do presidente da Anac, Miltom
Zuanazzi, no dia 10.
G1
05/10/2006 - 15h03m
RECONSTITUIÇÃO MOSTRA
QUE AVIÕES BATERAM DE FRENTE
Segundo a avaliação
de engenheiros, espalhamento de destroços indica
que Boeing rachou no ar
Alessandro Greco, do G1, em São Paulo
Análise feita por engenheiros que
conhecem de perto os jatos da Embraer, à qual o G1
teve acesso, mostra que a principal hipótese para
a colisão do Legacy com o Boeing da Gol é
de choque frontal. E mais: é alta a chance de que
o Boeing 737-800 tenha se despedaçado no ar, o que
explicaria o fato de os destroços estarem espalhados
por dezenas de quilômetros.
Ouvido pelo G1, um dos engenheiros que elaborou os cálculos
--e que pediu para não ser
identificado-- explicou: "Fizemos o desenho em escala
dos dois aviões e tentamos achar o lugar em que o
'winglet' e o estabilizador do Legacy bateram no Boeing''.
Essa reconstituição concluiu
que o Legacy, fabricado pela Embraer, voava um pouco abaixo
do avião da Gol, quando seu "winglet" (aquela
"pontinha" da asa, dobrada para cima), do lado
esquerdo, bateu na asa esquerda do avião da Gol.
O choque aconteceu no espaço que ficava entre a ponta
da asa do Boeing e sua turbina (e não na barriga
do avião, como inicialmente se afirmou).
Não foi só isso. A asa do
Boeing também tem um "winglet". E foi esse
"winglet" que bateu
no estabilizador do Legacy.
Isso explica por que o Legacy, que acabou
conseguindo fazer um pouso de emergência, apresenta
dois pontos de avaria: no "winglet" da asa esquerda
e no estabilizador, também do lado esquerdo.
Para ter 100% de certeza sobre o que veio em seguida, seria
preciso ter acesso às caixas-pretas. Mas, segundo
o engenheiro, a chance é muito alta de que tenha
acontecido a seguinte sequência de eventos:
-- atingida pelo "winglet" do
Legacy, a ponta da asa do Boeing se partiu;
-- esse pedaço que se soltou da asa bateu no estabilizador
do próprio Boeing;
-- sem uma parte da asa e com o estabilizador destruído,
o piloto da Gol perdeu o controle do avião, que despencou
"embicado".
Nessa situação, o avião
passou a sofrer a ação de forças superintensas,
fora do padrão para o qual o Boeing foi projetado.
"A cabine foi encontrada em local separado do avião,
o que quer dizer que cisalhou [quebrou] antes [de chegar
ao chão]. E os motores do Boeing foram encontrados
fora da asa. Tudo isso reforça a hipótese
da destruição em vôo ", comentou
o engenheiro.
O Globo Online
05/10/2006 às 14h58m
Executivo da nova Varig diz que demora
na liberação de documentos prejudica empresa
Erica Ribeiro - O Globo
RIO - O empresário
Lap Chan, principal executivo do fundo americano Matlin
Patterson e da VarigLog, dona da Varig, disse nesta quinta-feira
que a demora da Agência Nacional de Aviação
Civil em liberar o certificado de Homologação
de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta) e as concessões
que permitem o início da operação da
nova Varig travam o plano de investimentos da VarigLog para
o crescimento da companhia. Segundo ele, esses planos já
tinham como foco as próximas férias de fim
de ano, quando o fluxo no transporte aéreo é
sempre maior.
O executivo afirmou que
já foram fornecidas à Anac todas as informações
necessárias para que os documentos pendentes sejam
liberados. Por enquanto, apenas um documento jurídico
foi liberado pela agência, o que não permite
que a empresa faça operações de financiamento,
contratação de pessoal, entre outras operações.
Chan espera que o Cheta
seja liberado em até duas semanas. Mas afirmou que
considera estranho o fato de a Anac demorar tanto tempo
para liberar os documentos, uma vez que este trâmite
não levaria mais que 40 dias, segundo seus advogados.
A VarigLog tem contrato
para aquisição de 14 aeronaves com emprsas
de leasing, mas a conclusão do negócio depende
da liberação dos certificados pela Anac. Chan
disse que vem tentando negociar um prazo maior para que
não perca esses aviões, que seriam importantes
para que a empresa retome seus destinos nacionais e internacionais.
Ele também afirmou que continua negociando com o
BNDES e com a fabricante brasileira Embraer a compra de
50 aviões que serão incorporados à
frota atual, de 15 aeronaves.
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