:::::RIO DE JANEIRO - 05 DE OUTUBRO DE 2006 :::::

 

O ESTADO DE SÃO PAULO
05/10/2006
Legacy ficou fora do radar por 15 minutos e recebeu 5 alertas
BRUNO TAVARES, ALBERTO KOMATSU, TÂNIA MONTEIRO E MARCELO GODOY

Os controladores de vôo do Cindacta-1, em Brasília, tentaram cinco vezes entrar em contato por rádio com o jato Legacy antes da colisão, na sexta-feira, com o Boeing 737-800 da Gol, que causou 155 mortes. O jato ficou com o transponder (que identifica o avião no radar) desligado 15 minutos antes do acidente. O Legacy só voltou a ser identificado na tela já sobreposto ao Gol, com um alerta de emergência. As gravações da caixa-preta do Legacy confirmam os relatos dos operadores e os registros do Cindacta-1.

O último alerta de rádio gravado na caixa-preta foi dado porque o jato estava no limite da cobertura do Cindacta-1 e devia passar a se comunicar com o Cindacta-4, de Manaus. O Legacy havia decolado de São José dos Campos e, depois de voar no eixo São Paulo-Brasília, seguia para Manaus. A caixa-preta registra que não houve resposta dos pilotos americanos. “Nela há o chamado feito pelo controle de Brasília quando o jato ia passar para Manaus”, disse um oficial da Aeronáutica.

Mesmo sem resposta, o Cindacta-1 continuou a transmitir para o Legacy às cegas (“blind”, no jargão do setor). Essa nova informação reforça a hipótese de falha humana da tripulação do Legacy, já que poucos minutos após o impacto com o Boeing o jato voltou a se comunicar por rádio com Brasília.

“Esse é um procedimento padrão. Como o controle do tráfego aéreo é fundamentalmente feito por rádio, a primeira medida foi tentar estabelecer contato com o piloto do Legacy”, explicou um oficial da Aeronáutica. “Enquanto isso era feito, houve a colisão.” A suspeita dos peritos é de que o comandante do Legacy, Joseph Lepore, diminuiu o volume do rádio. Ou que não estava na cabine na hora da colisão - algo que teria admitido em depoimento à polícia.

No passo-a-passo reconstituído pelo Estado, o Legacy ignorou seu plano de vôo. Deveria ter descido de 37 mil para 36 mil pés quando passou por Brasília e mudou o rumo para Manaus, o que não ocorreu. O sargento controlador do vôo, que se ocupava de muitos outros aviões na mesma hora, chamou o Legacy pelo rádio pela primeira vez, questionando se o avião tinha mudado a rota. Ficou sem resposta. Chamou mais quatro vezes. Àquela altura, o Legacy já estava com o transponder desligado.

A falta do sistema não faz o avião desaparecer da tela do radar. Ele só deixa de ser identificado pelo radar, que perde a exatidão da altimetria do jato. O Cindacta-1 continuava a ver o Legacy por meio do radar primário. Por ele, o controlador via a altitude aproximada do jato - quanto mais longe do radar maior a distorção na tela. O jato aparecia na tela voando numa altitude que variava de 35.800 pés a 36.500 pés. Não estava, portanto, em rota de colisão.

Como os controladores são substituídos a cada 1 hora e 59 minutos, o militar que monitorava o Legacy passou a missão para o seu substituto e avisou que ele deveria chamar o piloto americano. Foi o que o novo controlador fez, conforme registros do Cindacta-1, até que o controle repassou a supervisão do vôo para Manaus, porque o sinal estava ficando muito fraco.

Chamando o Cindacta-4 pelo rádio, o operador de Brasília alertou que o piloto não estava respondendo, mas o Legacy voava no nível 360 (36 mil pés), conforme determinado no plano de vôo. Além dos contatos por rádio, a alternativa dos controladores seria acionar outras aeronaves próximas para que elas fizessem uma ponte de comunicação com o jato. “Não houve tempo. No momento em que Brasília pediu para passar para a freqüência de Manaus é que aconteceu (o impacto)”, disse um perito da Aeronáutica.

Então, o operador na torre de controle de Manaus teve a primeira indicação da tragédia: a imagem do Boeing na tela do radar ficou congelada, com a do Legacy sobreposta. Em seguida, o identificador do vôo da Gol sumiu e apareceu o do Legacy, o que significa que o transponder foi religado. Imediatamente, surgiu o registro de emergência, com os números 770. O Boeing, depois de sumir, ressurgiu perdendo altitude, antes de desaparecer definitivamente.

Quando o transponder do Legacy foi desligado, ele estava a cerca de 300 quilômetros do Gol. O Legacy voava a 820 quilômetros por hora, enquanto o Boeing vinha a 890 km/h. A velocidade de aproximação deles era de 1.600 km/h ou cerca de 20 quilômetros por minuto.

Técnicos da Aeronáutica insistem em dizer que não houve erro no controle do operador de vôo, assim como estão convencidos de que o transponder do Legacy foi desligado, embora não consigam entender por quê. Como era o primeiro vôo do jato, especialistas acreditam que o piloto poderia estar fazendo testes de navegabilidade e queria fugir à supervisão das torres.

A hipótese de falha humana ganha força porque no dia seguinte ao acidente foi feita uma reconstituição dos dois vôos. O teste com dois aviões Hawker HS 800 de alta performance não constatou nenhum problema nos radares ou na comunicação via rádio no trajeto.

 

 

O ESTADO DE SÃO PAULO
05/10/2006
Para pilotos, faltou alertar Boeing
Segundo comandantes ouvidos pelo ‘Estado’, tripulação do vôo 1907 teria sido vítima de ‘falha de comunicação’
ALBERTO KOMATSU, ALEXSSANDER SOARES, BRUNO TAVARES, MARCELO GODOY, PAULO BARALDI E TÂNIA MONTEIRO

Apesar de a Aeronáutica garantir que o sistema de monitoramento de tráfego aéreo operou corretamente na sexta-feira, pilotos da Gol ouvidos ontem pelo Estado disseram que a tripulação do vôo 1907 foi vítima de falha de comunicação entre os controles de vôo de Brasília, área do Cindacta-1, e de Manaus, setor do Cindacta-4. Quatro deles afirmaram que o Cindacta-1 deveria ter alertado o Boeing que o jato Legacy não respondia a alertas pelo rádio. Mas fontes da Aeronáutica justificaram a atitude dos operadores afirmando que, ao menos no radar, o Legacy e o Boeing estavam em altitudes diferentes.

“Os meninos do Boeing estavam voando certinhos, mas deveriam ter sido avisados pelo comando de Manaus”, disse um piloto da Gol, que pediu anonimato. Outro piloto afirmou que o comando de Brasília também poderia ter acionado a tripulação do Gol por um sistema de emergência de rádio em alta freqüência, chamado SelCal. “Seria outra chance para a tripulação saber que algo de errado acontecia na sua aerovia.”

Um diretor da Agência Nacional de Avião Civil (Anac) revelou que, quando algum avião fica sem comunicação com a torre de comando e está com um problema que interfere na sua localização, é necessário “tirar todo mundo de perto”.

Essa atitude, explicaram oficiais da Aeronáutica, só se justificaria se os radares conseguissem identificar a posição exata do avião sem comunicação. No caso do Legacy, como o transponder estava desligado naquele momento, não era possível registrar a altitude com precisão. Nos radares do controle de tráfego aéreo, a posição do jato executivo variava, mas sempre abaixo da rota do Boeing.

Segundo esses oficiais, o piloto da Gol não foi avisado que havia um jato em rota de colisão justamente por causa dessa leitura dos radares. Além disso, os controladores pressupõem que as regras são cumpridas pelos pilotos e o Legacy estava a cerca de 36 mil pés, como indicavam os radares e como previa o plano de vôo feito pelo seu comandante.

O plano original do jato – que decolou em São José dos Campos e seguia para Manaus – previa que ele fizesse o trecho até Brasília a 37 mil pés de altitude, em uma aerovia de sentido único. Ao chegar à capital federal, haveria uma mudança de rumo e o Legacy seguiria por outra aerovia, de mão dupla.

Para isso, deveria mudar para uma altitude par (36 mil pés, no caso) e avisar o controle em Brasília, para receber a autorização para esse procedimento. Como o plano de vôo não foi respeitado, começou a tentativa de comunicação com a tripulação.

Outra explicação para o fato de o Boeing não ter sido avisado é a de que só se altera em último caso a rota de um vôo regular. Essa medida poderia provocar outras situações de risco de colisões.

 

 

O ESTADO DE SÃO PAULO
05/10/2006
Caixa-preta passa por análise na Embraer
Empresa tem equipamento para fazer a degravação dos dados
BRUNO TAVARES E TANIA MONTEIRO

A Aeronáutica informou ontem que somente uma das caixas-pretas do Boeing da Gol foi encontrada, e não as duas. Esta caixa já foi levada para o Canadá, onde está a sede da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e será avaliada por um laboratório isento. Muitos equipamentos ainda precisam ser encontrados para ajudar a esclarecer o incidente. Um dos motores do Boeing também ainda não foi encontrado.

A caixa-preta dos aviões funciona basicamente como um hard disk (HD) de computador. Nela, existem dois dispositivos. O Flight Data Recorder (FDR) registra os dados técnicos do avião, como a altimetria e a velocidade durante o trajeto. Também indica se houve falhas eletrônicas ou mecânicas. O Cockpit Voice Recorder (CVR) armazena a comunicação mantida via rádio entre o comandante e os controladores de vôo no solo.

Segundo especialistas em aviação, a degravação dos dados é relativamente rápida. Mas, para descobrir as causas do acidente entre o Legacy e o Boeing da Gol, peritos da Aeronáutica terão de analisar e interpretar essas informações.

Desde domingo, a caixa-preta do Legacy está sendo inspecionada por investigadores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora o Centro de Tecnologia Aeroespacial da Aeronáutica em São José dos Campos também possua equipamentos capazes de extrair os dados da caixa, a comissão de investigação decidiu levá-la à Embraer. Por ser a fabricante do avião, a empresa tem equipamentos mais sofisticados, o que ajuda a acelerar os trabalhos.

Peritos da Aeronáutica acreditam que, com os dados do Legacy, já será possível responder a algumas dúvidas que cercam o acidente.

A principal é por que o transponder - aparelho que identifica o avião no radar - estava desligado. 'Vamos saber se o transponder foi desligado pelo piloto ou se apresentou alguma pane, o que é muito improvável', afirma um oficial da Aeronáutica.

A caixa-preta vai dizer se o piloto Joseph Lepore fez alguma manobra brusca.

 

 

O Globo
05/10/2006

 

Folha de São Paulo
05/10/2006
Pilotos negam ter desligado equipamento
Sistema anticolisão não estava funcionando no momento do acidente; ex-ministro da Justiça defenderá tripulação de jatinho
Pilotos reclamam do sistema de comunicação da região; dizem que não conseguiram contato com os radares do controle aéreo

ELIANE CANTANHÊDE - COLUNISTA DA FOLHA

Os pilotos do Legacy que derrubou o Boeing da Gol em colisão, Joseph Lepore e Jean Palladino, estão irritados com o noticiário brasileiro e têm dito a interlocutores brasileiros, aos berros, que em nenhum momento apertaram qualquer botão ou tomaram qualquer iniciativa que pudesse desligar o transponder do avião.

O transponder é a antena que transmite dados do avião para o controle de vôo, inclusive para o sistema anticolisão, e estava inoperante -desligado ou com falha- no percurso entre Brasília e o local do acidente, na serra do Cachimbo (MT).

Caso contrário, teria alertado os pilotos e, mesmo que eles não agissem, os sistemas de segurança dos dois aviões seriam acionados automaticamente para evitar o choque -que matou 155 pessoas, entre tripulantes e passageiros do Boeing.

Há duas possibilidades para o transponder estar desligado: ou foi desligado propositalmente ou teve problemas -um mau contato, por exemplo, como especulam autoridades aeronáuticas. Nenhuma dessas hipóteses está confirmada.

Os dois pilotos também fazem pesadas reclamações sobre as condições de vôo, especialmente de comunicação, na região da serra do Cachimbo. Dizem que houve sucessivas tentativas de contato com os radares de controle aéreo, sem sucesso. Não especificaram se foram antes ou após o acidente.

Efetivamente, a comunicação na região é muito fraca. As duas freqüências em operação pelo controle em Brasília não funcionaram -os operadores, após não notificar o Legacy sobre seu nível de vôo, que deveria ter sido reduzido de 37 mil pés para 36 mil pés após passar pela capital, tentaram sem sucesso falar com o jato.

Lepore e Palladino já deram três depoimentos, um à Polícia Civil de Mato Grosso, outro a oficiais da Base Aérea da serra do Cachimbo e o terceiro a especialistas em acidentes aeronáuticos da Base Aérea do Galeão, no Rio. Não podem deixar o país e estão sendo ameaçados, inclusive, de prisão caso se configure culpa pelo desastre.

A empresa norte-americana ExcelAire, que comprou o Legacy, teme virar "bode expiatório" e decidiu sair da defensiva e partir para a ofensiva, contratando o escritório do advogado José Carlos Dias e a agência de comunicação Burson-Marsteller, representada no Brasil por Francisco de Carvalho.

Dias foi ministro da Justiça (7/1999 a 4/2000) no gestão FHC e ontem falou ao telefone com o atual ministro, Márcio Thomaz Bastos, e com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, para tentar amenizar o clima contra os clientes e colocá-los à disposição "para qualquer esclarecimento". Velho amigo de Thomaz Bastos, o ex-ministro disse que os pilotos estão no Rio e se prontificaram a responder quantas forem as dúvidas.

O temor dos dirigentes da empresa americana é que se feche uma espécie de cerco contra os pilotos, sem que tenham canais para se defender, tanto na Justiça quanto na polícia e na própria imprensa -que tem afunilado as suspeitas de culpa do acidente para o Legacy.

As grandes dúvidas que se cristalizaram desde o acidente são: 1) por que o transponder do Legacy estava desligado; 2) por que foi religado na hora do choque com o outro avião; 3) por que os pilotos não seguiram o plano de vôo, que previa uma mudança de altitude de 37 mil pés para 36 mil pés a partir de Brasília; 4) por que falhou a comunicação entre o Legacy e o Cindacta-1 (o centro de controle de Brasília).

Os dois pilotos sobreviventes são peças-chave para responder a essas dúvidas, que deverão ser esclarecidas com maior precisão com a abertura das caixas-pretas dos dois aviões.

 

 

O DIA Online
0 5/10/2006 - 00:38h
Legacy ignorou alertas da torre de vôo
Aviões não receberam autorização para mudar de rota. Jato não teria atendido a chamados dos controladores

Rio - Os pilotos do jato Legacy e do Boeing da Gol não receberam autorização dos controles de aviação de Brasília e de Manaus para alterar seus planos de vôo. A informação foi divulgada ontem pelo ministro da Defesa, Waldir Pires. “Os de Norte para Sul vêm em números ímpares, portanto, a 37 mil pés. A partir de Brasília, em direção a Manaus, ele (Legacy) deveria estar no corredor par, a 36 mil ou 38 mil pés. Jamais no número ímpar”, assegurou o ministro. Pires achou lamentável o comentário do jornalista americano Joe Sharkey em entrevista a uma rede de TV dos Estados Unidos de que o tráfego aéreo brasileiro é perigoso.

A Aeronáutica já teria provas de que não houve falha no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego (Cindacta), depois de verificar imagens e as conversas com os controladores de vôo. A comunicação com a tripulação do jatinho estava funcionando normalmente próximo do local do acidente. Minutos antes da colisão, os operadores tentaram por diversas vezes falar com o Legacy, mas os pilotos não responderam. A Aeronáutica considera a hipótese de que os equipamentos de comunicação estivessem desligados, com o volume baixo ou até que a tripulação não estivesse na cabine.

Na área de colisão, o jato aparecia no radar do Cindacta sem definição da altitude, que é transmitida pelo transponder, equipamento que aciona o sistema anticolisão. Preocupado, o controlador teria acionado segundo radar para se comunicar com o Legacy e não conseguiu.

CAIXAS NO CANADÁ

Duas caixas-pretas do Boeing da Gol, que estão danificadas pelo impacto, foram encaminhadas para centro de aviação no Canadá, onde serão analisadas por autoridades internacionais. Inquérito aberto pela Polícia Federal vai apurar se houve homicídio culposo e atentado contra a segurança de transporte aéreo. O piloto Joseph Lepore e co-piloto Jan Paul Palladino estão no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, para evitar que saiam do País.

O delegado da Polícia Civil do Mato Grosso, Luciano Inácio, pedirá a cópia dos planos de vôo do jato e do Boeing. “O piloto do Legacy nega que o transponder estivesse desligado e afirma que estava a 37 mil pés, de acordo com o plano de vôo. É preciso ver o que estava autorizado a fazer”, disse. A Aeronáutica, no entanto, advertiu que ainda é prematuro identificar possíveis culpados pelo acidente.

Técnico da Federal Aviation Administration, autoridade de aviação civil dos Estados Unidos, e três peritos do National Transportation Safety Board participaram, ontem, de reunião na Divisão de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos com representantes da Boeing e da Embraer, empresas fabricantes dos aviões. O grupo está acompanhando as investigações sobre o maior acidente aéreo ocorrido no Brasil.

Médium ‘viu’ a batida há três anos

O acidente com o vôo 1907 da Gol fora previsto pelo médium e professor Jucelino da Luz. “A primeira premonição foi em 14 de janeiro de 2003, e a última, há um mês”, diz Jucelino. No período, ele enviou 25 cartas, todas registradas em cartório, para as companhias aéreas para tentar evitar o desastre. “Fiquei muito triste quando aconteceu o acidente. As pessoas não têm responsabilidade”, conta. Em seu texto, Jucelino descreve a data, hora, local, vôo e até quem estaria dentro dos aviões, como o jornalista Joe Sharkey.

Um desses avisos, no entanto, foi registrado segunda-feira. A Gol afirmou ontem não ter recebido as cartas. Ele afirma que enviará as cartas à Justiça. “Da minha parte, fiz o meu dever”.

Desde os 9 anos, Jucelino tem sonhos e visões, orientado por mentor espiritual. “Parece que estou vendo um filme em três dimensões”, explica. Ele já escreveu mais de 86 mil cartas e teria previsto a morte de Ayrton Senna, o ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos.

Americano duvida de investigação

O jornalista americano, Joe Sharkey, um dos sete passageiros do Legacy, pôs ontem sob suspeita as investigações brasileiras sobre o acidente e afirmou que o piloto e o co-piloto do jato executivo estão em apuros. A afirmação, que irritou as autoridades brasileiras, foi dada ao programa da rede de TV NBC. “Precisamos ter cuidado com as evidências coletadas pelas autoridades brasileiras sobre o acidente”, declarou Sharkey. O jornalista enalteceu a bravura dos pilotos do jato, deixando em segundo plano a morte dos 155 passageiros do Boeing.

HOJE, UM MINUTO DE SILÊNCIO NOS AEROPORTOS

Uma homenagem às vítimas do vôo 1907 será prestada hoje nos aeroportos de todo o País. Passageiros, funcionários e tripulantes farão, às 17h, um minuto de silêncio, no sétimo dia após a tragédia. O presidente da Gol afirma que “esta é uma homenagem simples, mas calorosa, que pretende unir nossos corações ao de cada passageiro e tripulante do vôo 1907 e ao de cada familiar”. Será rezada missa, a pedido da família do comandante Décio Chaves Júnior, às 18h30, na igreja da Paróquia Santo Antônio, em Brasília. Hoje, às 19h30, familiares de Luana Freixo, 23 anos, também vão relembrá-la em missa de sétimo dia na Igreja de São Lourenço, em Niterói. Comunidades do Orkut, site de relacionamentos da Internet, estão de luto pelos mortos no desastre. Mensagens de solidariedade às famílias das vítimas foram deixadas na rede. A Gol mudou, desde domingo, o número do vôo 1907 que faz a rota Manaus-Brasília-Rio, para 1867.

Os dois corpos que chegaram ontem ao Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília ainda não foram identificados. Eles não são compatíveis com as 75 fichas com dados passados pelos parentes. Até agora, foram resgatados da floresta 38 corpos, levados para a Fazenda Jarinã. Outros 16 chegaram ontem a Brasíla. O Exército enviou 20 militares para compor as equipes de busca.

 

 

Folha Online
04/10/2006 - 15h51
Militares preparam corpos de vítimas de acidente aéreo para transporte até Brasília

Os militares que trabalham no resgate das vítimas do acidente com o Boeing da Gol em Mato Grosso, ocorrido no último dia 29, já prepararam mais 34 corpos para o transporte até Brasília. A informação foi passada nesta quarta-feira pela Comissão de Familiares dos Passageiros do Vôo 1907, com base em declarações da Aeronáutica.

Os 155 ocupantes do avião morreram na queda. Os dois primeiros corpos, encontrados no domingo, chegaram a Brasília no final da tarde de terça-feira (3) e foram encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para identificação.

"[Os militares] Confirmaram que, apesar de mais de 50 corpos encontrados, apenas 34 estão prontos para serem transportados. Não foi informado até o momento o numero oficial de corpos encontrados", disseram os familiares em nota.

A comissão reivindicou à Aeronáutica a atuação do Exército para fazer uma "varredura no espaço ainda não foi explorado".

Os parentes informaram também os dois telefones satélites conseguidos pela comissão já foram enviados um a fazenda Jarinã e outro a Cachimbo, para agilizar a comunicação.

Investigação

A Aeronáutica afirmou nesta quarta-feira que ainda não é possível apontar responsáveis pelo acidente que envolveu, além do Boeing da Gol, um jato Legacy --que conseguiu pousar na base aérea do Cachimbo.

"Seria prematuro atribuir possíveis responsabilidades ou estabelecer-se qualquer juízo de valor a respeito e tecer comentários neste momento, uma vez que as investigações da ocorrência estão em andamento", disse a FAB (Força Aérea Brasileira) em nota. A Polícia Federal irá investigar se os pilotos do Legacy tiveram responsabilidade na colisão.

A reportagem apurou que o Legacy não estava na altitude prevista no plano de vôo registrado --deveria estar a 36 mil pés de altura, mas estava a 37 mil. Em depoimento à Polícia Civil de Cuiabá, no sábado, o piloto Joseph Lepore não informou que isso havia ocorrido. A PF incluiu os nomes de Lepore e Paladino no Sinpi (Sistema Nacional de Procurados e Impedidos). Assim, eles não podem deixar o país até segunda ordem.

Reportagem publicada na terça-feira pela Folha mostra que o maior acidente aéreo da história do país resultou de uma combinação de erros no controle aéreo em Brasília, ineficiência na cobertura de rádio no Centro-Oeste e dúvidas sobre procedimentos do piloto e equipamentos em pelo menos um dos aviões envolvidos no choque que matou 155 pessoas.

 

 

Folha Online
04/10/2006 - 14h20
Para Aeronáutica, é cedo para apontar responsáveis por acidente com avião da Gol

A Aeronáutica afirmou nesta quarta-feira que ainda não é possível apontar responsáveis pelo acidente que envolveu o Boeing da Gol que fazia o vôo 1907 e o Legacy, no último dia 29.

"Seria prematuro atribuir possíveis responsabilidades ou estabelecer-se qualquer juízo de valor a respeito e tecer comentários neste momento, uma vez que as investigações da ocorrência estão em andamento", diz nota divulgada pela FAB (Força Aérea Brasileira).

O Boeing da Gol caiu após colidir com um jato Legacy, que conseguiu pousar na base aérea do Cachimbo. A Polícia Federal irá investigar se os pilotos do Legacy tiveram responsabilidade na colisão.

A reportagem apurou que a aeronave não estava na altitude prevista no plano de vôo registrado --deveria estar a 36 mil pés de altura, mas estava a 37 mil. Em depoimento à Polícia Civil de Cuiabá, no sábado, o piloto Joseph Lepore não informou que isso havia ocorrido. A PF incluiu os nomes de Lepore e Paladino no Sinpi (Sistema Nacional de Procurados e Impedidos). Assim, eles não podem deixar o país até segunda ordem.

Reportagem publicada na terça-feira mostra que o maior acidente aéreo da história do país resultou de uma combinação de erros no controle aéreo em Brasília, ineficiência na cobertura de rádio no Centro-Oeste e dúvidas sobre procedimentos do piloto e equipamentos em pelo menos um dos aviões envolvidos no choque que matou 155 pessoas.

Resgate

Na terça (3), os dois primeiros corpos encontrados na área do acidente chegaram a Brasília e foram encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para identificação.

Segundo a FAB, cerca de 90 militares estão na área da fazenda Jarinã para prosseguir nos trabalhos de localização e remoção das vítimas. Outros cem militares atuam no Campo de Provas Brigadeiro Velloso, na Serra do Cachimbo. No total, oito aeronaves --sendo cinco helicópteros-- participam dos trabalhos.

"Desde ontem (3/10), um médico, familiar de uma das vítimas, está acompanhando voluntariamente, no local do acidente, os trabalhos dos legistas e verificando as dificuldades de pré-identificação dos despojos mortais", afirma a nota da Força Aérea.

 

 

Globo News
04/10/2006 - 13h10m - Atualizado em 04/10/2006 - 13h34m
JORNALISTA AMERICANO DIZ QUE TRÁFEGO AÉREO DO BRASIL É PÉSSIMO

Em entrevista para um programa matinal da rede de televisão CNN, o jornalista americano Joe Sharkey, que trabalha no jornal "The New York Times", pôs sob suspeita as investigações brasileiras sobre a colisão entre o Legacy, em que ele estava, e o Boeing da Gol, que acabou caindo após o choque em Mato Grosso.

Sharkey classificou como péssimo o controle aéreo na região onde se deu o acidente. Ele declarou ainda que os pilotos do Legacy não tiveram nenhuma comunicação por rádio após o choque. Em entrevista à Rede Globo antes de voltar aos Estados Unidos, Sharkey havia contado que os pilotos encontraram a base aérea da Serra do Cachimbo utilizando mapas, sem ajuda da torre de comando.

Perguntado sobre os pilotos do jato da Embraer que estão sob investigação, Sharkey disse que é preciso ter paciência e esperar para ver qual é a verdadeira história.

"Nós precisamos ter cuidado com as evidências coletadas pelas autoridades brasileiras sobre o acidente." Ele disse ainda acreditar que os pilotos do jato, que ficaram com os passaportes retidos no Brasil, correm "algum tipo de perigo". Mas não fez nenhum comentário adicional sobre a questão.

Sharkey era um dos cinco passageiros do Legacy, que nada sofreram. Sharkey veio ao Brasil para fazer uma reportagem sobre o mercado de aviação no País a convite da empresa norte-americana que adquiriu a aeronave de pequeno porte.

 

 

Estadão
04 de outubro de 2006 - 13:33
PF abre inquérito e pode acusar de homicídio pilotos do Legacy
Inquérito vai apurar a eventual ocorrência de dois crimes: homícidio culposo e atentado contra segurança de transporte aéreo
Sônia Filgueiras


CUIABÁ - A Polícia Federal (PF) informou na tarde desta quarta-feira, 3, que, por determinação do Ministério Público, foi aberto um inquérito para apurar eventual prática de homicídio culposo e atentado contra segurança de transporte aéreo sobre o acidente envolvendo um jato Legacy com o Boeing da Gol vôo 1907, no qual morreram 155 pessoas. Segundo a PF, a investigação vai apurar a suspeita de que os americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, piloto e co-piloto do Legacy, possam ter adotado uma conduta arriscada na condução da aeronave.

Em cooperação com a Polícia Civil do estado do Mato Grosso, que também abriu inquérito para apurar o caso, a Polícia Federal já recebeu a cópia de todos os procedimentos de investigação local.

O delegado responsável pelo caso, Renato Sayão Dias, e mais dois auxiliares, deverão ir a Brasília na próxima sexta-feira, para reunir mais informações junto a outros órgãos, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Aeronáutica.

O inquérito vai apurar a eventual ocorrência de dois crimes: um previsto no artigo 121 do código penal (homícidio culposo ou dolo eventual) e outro previsto no artigo 261 do mesmo código (atentado contra segurança de transporte aéreo). Por enquanto os inquéritos local e federal correm em paralelo, mas é esperada uma discussão na Justiça de Mato Grosso sobre qual esfera terá competência para apurar o caso até o fim.


Legacy enganou controle aéreo
Os peritos da Aeronáutica não têm dúvidas de que o jato Legacy enganou os controladores de vôo do Cindacta 1, em Brasília, e provocou a maior tragédia da aviação civil do País: a queda de um Boeing da Gol, na sexta-feira, que matou 155 pessoas. Todas as informações da Aeronáutica mostram que os pilotos americanos do Legacy voaram com o transponder desligado - aparelho que identifica o avião no radar e integra o sistema de alerta anticolisão, impedindo que os controladores de vôo vissem os dois aviões na mesma rota e evitassem a colisão.

Mais grave e misterioso: a Aeronáutica quer saber por que o piloto do jato não atendeu aos inúmeros chamados que a torre do Cindacta 1 fez até o momento do choque. Quer saber também como, após a colisão, não só o transponder voltou a funcionar como o piloto passou a chamar a torre, narrando o choque com um objeto não identificado pelo mesmo rádio que não havia atendido até então. “Muito provavelmente, ele havia diminuído o volume do rádio. Ele (o avião) começou a ser chamado pela torre de Brasília e não respondia. A resposta veio, como por milagre, após o impacto”, disse um oficial.

Outro fator que pode ter contribuído para o acidente é uma improvável falha de comunicação. A regra é cumprir o plano de vôo. Para alterá-lo, é preciso pedir autorização. Assim, a torre entendia que o Legacy não ia descumpri-lo. Ele estaria em sua aerovia e não havia por que avisar ao Boeing sobre a existência de alguém em sua rota.
Colaborou Solange Spigliatti

 

 

G1
03/10/2006 - 21h47m - Atualizado em 04/10/2006 - 00h36m
PF VAI INVESTIGAR SE PILOTO DO LEGACY COMETEU HOMICÍDIO CULPOSO
Do G1, em São Paulo, com informações da TV Morena

A Polícia Federal de Mato Grosso vai instaurar inquérito para apurar se o piloto Joe Lepore, que estava no comando do Legacy que colidiu com o Boeing 737-800 da Gol, cometeu crime de homicídio culposo (sem intenção de matar). No acidente, ocorrido na sexta-feira (29), 155 pessoas morreram. O co-piloto da aeronave é Jan Paladino, outro norte-americano. Os cinco passageiros e os dois pilotos do Legacy saíram ilesos do acidente.

A informação sobre o inquérito foi dada nesta terça-feira (3) pelo superintendente da PF em Mato Grosso, Geraldo Pereira, à TV Morena, afiliada da Rede Globo. "O piloto, como pessoa habilitada para conduzir a aeronave, tinha conhecimento que poderia colocar vidas em risco, mas não teria tomado os cuidados necessários. Isso que iremos apurar", disse o superintendente.

O superintendente disse, ainda, que vai solicitar para a Polícia Civil os dados já levantados sobre a investigação promovida pelo delegado Luciano Inácio. As informações, como os depoimentos do comandante Joe Lepore e do co-piloto Jan Paladino, devem auxiliar as investigações da Polícia Federal.

O promotor de Justiça de Peixoto de Azevedo (MT), Adriano Roberto Alves, poderá pedir a prisão de Lepore e Paladino, caso se confirme a suspeita de que eles teriam desligado o equipamento anticolisão da aeronave, o chamado "transponder". O ato de desconectar o "transponder" está fora dos procedimentos normais da aviação. O promotor disse que só tomará uma decisão depois de receber "depoimentos e planos dos controladores de vôos".

 

 

Panrotas
03/10/2006 17:27:00 - Plantão de Notícias

Team contrata ex-gerente da Varig

Guilherme Goetten Reis acaba de assumir a gerência comercial da Team Transportes Aéreos. O executivo, que atuou por dez anos na área comercial da Varig cuidando das áreas de turismo e corporate ligadas ao mercado de petróleo em Macaé (RJ), terá como missão firmar novas parcerias comerciais e fortalecer a presença da Team no mercado de Macaé e Vitória (ES). Os contatos de Goetten na Team são os telefones (21) 2117-8309 e (21) 7845-5158 ou o e-mail guilherme.goetten@voeteam.com.br.