O
ESTADO DE SÃO PAULO
05/10/2006
Legacy ficou fora do radar por 15
minutos e recebeu 5 alertas
BRUNO TAVARES, ALBERTO KOMATSU, TÂNIA
MONTEIRO E MARCELO GODOY
Os
controladores de vôo do Cindacta-1, em Brasília,
tentaram cinco vezes entrar em contato por rádio
com o jato Legacy antes da colisão, na sexta-feira,
com o Boeing 737-800 da Gol, que causou 155 mortes. O jato
ficou com o transponder (que identifica o avião no
radar) desligado 15 minutos antes do acidente. O Legacy
só voltou a ser identificado na tela já sobreposto
ao Gol, com um alerta de emergência. As gravações
da caixa-preta do Legacy confirmam os relatos dos operadores
e os registros do Cindacta-1.
O
último alerta de rádio gravado na caixa-preta
foi dado porque o jato estava no limite da cobertura do
Cindacta-1 e devia passar a se comunicar com o Cindacta-4,
de Manaus. O Legacy havia decolado de São José
dos Campos e, depois de voar no eixo São Paulo-Brasília,
seguia para Manaus. A caixa-preta registra que não
houve resposta dos pilotos americanos. “Nela há
o chamado feito pelo controle de Brasília quando
o jato ia passar para Manaus”, disse um oficial da
Aeronáutica.
Mesmo
sem resposta, o Cindacta-1 continuou a transmitir para o
Legacy às cegas (“blind”, no jargão
do setor). Essa nova informação reforça
a hipótese de falha humana da tripulação
do Legacy, já que poucos minutos após o impacto
com o Boeing o jato voltou a se comunicar por rádio
com Brasília.
“Esse
é um procedimento padrão. Como o controle
do tráfego aéreo é fundamentalmente
feito por rádio, a primeira medida foi tentar estabelecer
contato com o piloto do Legacy”, explicou um oficial
da Aeronáutica. “Enquanto isso era feito, houve
a colisão.” A suspeita dos peritos é
de que o comandante do Legacy, Joseph Lepore, diminuiu o
volume do rádio. Ou que não estava na cabine
na hora da colisão - algo que teria admitido em depoimento
à polícia.
No
passo-a-passo reconstituído pelo Estado, o Legacy
ignorou seu plano de vôo. Deveria ter descido de 37
mil para 36 mil pés quando passou por Brasília
e mudou o rumo para Manaus, o que não ocorreu. O
sargento controlador do vôo, que se ocupava de muitos
outros aviões na mesma hora, chamou o Legacy pelo
rádio pela primeira vez, questionando se o avião
tinha mudado a rota. Ficou sem resposta. Chamou mais quatro
vezes. Àquela altura, o Legacy já estava com
o transponder desligado.
A
falta do sistema não faz o avião desaparecer
da tela do radar. Ele só deixa de ser identificado
pelo radar, que perde a exatidão da altimetria do
jato. O Cindacta-1 continuava a ver o Legacy por meio do
radar primário. Por ele, o controlador via a altitude
aproximada do jato - quanto mais longe do radar maior a
distorção na tela. O jato aparecia na tela
voando numa altitude que variava de 35.800 pés a
36.500 pés. Não estava, portanto, em rota
de colisão.
Como
os controladores são substituídos a cada 1
hora e 59 minutos, o militar que monitorava o Legacy passou
a missão para o seu substituto e avisou que ele deveria
chamar o piloto americano. Foi o que o novo controlador
fez, conforme registros do Cindacta-1, até que o
controle repassou a supervisão do vôo para
Manaus, porque o sinal estava ficando muito fraco.
Chamando
o Cindacta-4 pelo rádio, o operador de Brasília
alertou que o piloto não estava respondendo, mas
o Legacy voava no nível 360 (36 mil pés),
conforme determinado no plano de vôo. Além
dos contatos por rádio, a alternativa dos controladores
seria acionar outras aeronaves próximas para que
elas fizessem uma ponte de comunicação com
o jato. “Não houve tempo. No momento em que
Brasília pediu para passar para a freqüência
de Manaus é que aconteceu (o impacto)”, disse
um perito da Aeronáutica.
Então,
o operador na torre de controle de Manaus teve a primeira
indicação da tragédia: a imagem do
Boeing na tela do radar ficou congelada, com a do Legacy
sobreposta. Em seguida, o identificador do vôo da
Gol sumiu e apareceu o do Legacy, o que significa que o
transponder foi religado. Imediatamente, surgiu o registro
de emergência, com os números 770. O Boeing,
depois de sumir, ressurgiu perdendo altitude, antes de desaparecer
definitivamente.
Quando
o transponder do Legacy foi desligado, ele estava a cerca
de 300 quilômetros do Gol. O Legacy voava a 820 quilômetros
por hora, enquanto o Boeing vinha a 890 km/h. A velocidade
de aproximação deles era de 1.600 km/h ou
cerca de 20 quilômetros por minuto.
Técnicos
da Aeronáutica insistem em dizer que não houve
erro no controle do operador de vôo, assim como estão
convencidos de que o transponder do Legacy foi desligado,
embora não consigam entender por quê. Como
era o primeiro vôo do jato, especialistas acreditam
que o piloto poderia estar fazendo testes de navegabilidade
e queria fugir à supervisão das torres.
A
hipótese de falha humana ganha força porque
no dia seguinte ao acidente foi feita uma reconstituição
dos dois vôos. O teste com dois aviões Hawker
HS 800 de alta performance não constatou nenhum problema
nos radares ou na comunicação via rádio
no trajeto.
O ESTADO DE SÃO
PAULO
05/10/2006
Para pilotos, faltou alertar Boeing
Segundo comandantes ouvidos pelo
‘Estado’, tripulação do vôo
1907 teria sido vítima de ‘falha de comunicação’
ALBERTO KOMATSU, ALEXSSANDER SOARES, BRUNO
TAVARES, MARCELO GODOY, PAULO BARALDI E TÂNIA MONTEIRO
Apesar de a Aeronáutica
garantir que o sistema de monitoramento de tráfego
aéreo operou corretamente na sexta-feira, pilotos
da Gol ouvidos ontem pelo Estado disseram que a tripulação
do vôo 1907 foi vítima de falha de comunicação
entre os controles de vôo de Brasília, área
do Cindacta-1, e de Manaus, setor do Cindacta-4. Quatro
deles afirmaram que o Cindacta-1 deveria ter alertado o
Boeing que o jato Legacy não respondia a alertas
pelo rádio. Mas fontes da Aeronáutica justificaram
a atitude dos operadores afirmando que, ao menos no radar,
o Legacy e o Boeing estavam em altitudes diferentes.
“Os meninos do Boeing
estavam voando certinhos, mas deveriam ter sido avisados
pelo comando de Manaus”, disse um piloto da Gol, que
pediu anonimato. Outro piloto afirmou que o comando de Brasília
também poderia ter acionado a tripulação
do Gol por um sistema de emergência de rádio
em alta freqüência, chamado SelCal. “Seria
outra chance para a tripulação saber que algo
de errado acontecia na sua aerovia.”
Um diretor da Agência
Nacional de Avião Civil (Anac) revelou que, quando
algum avião fica sem comunicação com
a torre de comando e está com um problema que interfere
na sua localização, é necessário
“tirar todo mundo de perto”.
Essa atitude, explicaram
oficiais da Aeronáutica, só se justificaria
se os radares conseguissem identificar a posição
exata do avião sem comunicação. No
caso do Legacy, como o transponder estava desligado naquele
momento, não era possível registrar a altitude
com precisão. Nos radares do controle de tráfego
aéreo, a posição do jato executivo
variava, mas sempre abaixo da rota do Boeing.
Segundo esses oficiais,
o piloto da Gol não foi avisado que havia um jato
em rota de colisão justamente por causa dessa leitura
dos radares. Além disso, os controladores pressupõem
que as regras são cumpridas pelos pilotos e o Legacy
estava a cerca de 36 mil pés, como indicavam os radares
e como previa o plano de vôo feito pelo seu comandante.
O plano original do jato
– que decolou em São José dos Campos
e seguia para Manaus – previa que ele fizesse o trecho
até Brasília a 37 mil pés de altitude,
em uma aerovia de sentido único. Ao chegar à
capital federal, haveria uma mudança de rumo e o
Legacy seguiria por outra aerovia, de mão dupla.
Para isso, deveria mudar
para uma altitude par (36 mil pés, no caso) e avisar
o controle em Brasília, para receber a autorização
para esse procedimento. Como o plano de vôo não
foi respeitado, começou a tentativa de comunicação
com a tripulação.
Outra explicação
para o fato de o Boeing não ter sido avisado é
a de que só se altera em último caso a rota
de um vôo regular. Essa medida poderia provocar outras
situações de risco de colisões.
O ESTADO DE SÃO PAULO
05/10/2006
Caixa-preta passa por análise
na Embraer
Empresa tem equipamento para fazer
a degravação dos dados
BRUNO TAVARES E TANIA MONTEIRO
A Aeronáutica informou ontem que
somente uma das caixas-pretas do Boeing da Gol foi encontrada,
e não as duas. Esta caixa já foi levada para
o Canadá, onde está a sede da Organização
da Aviação Civil Internacional (OACI) e será
avaliada por um laboratório isento. Muitos equipamentos
ainda precisam ser encontrados para ajudar a esclarecer
o incidente. Um dos motores do Boeing também ainda
não foi encontrado.
A caixa-preta dos aviões funciona
basicamente como um hard disk (HD) de computador. Nela,
existem dois dispositivos. O Flight Data Recorder (FDR)
registra os dados técnicos do avião, como
a altimetria e a velocidade durante o trajeto. Também
indica se houve falhas eletrônicas ou mecânicas.
O Cockpit Voice Recorder (CVR) armazena a comunicação
mantida via rádio entre o comandante e os controladores
de vôo no solo.
Segundo especialistas em aviação,
a degravação dos dados é relativamente
rápida. Mas, para descobrir as causas do acidente
entre o Legacy e o Boeing da Gol, peritos da Aeronáutica
terão de analisar e interpretar essas informações.
Desde domingo, a caixa-preta do Legacy
está sendo inspecionada por investigadores da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora o
Centro de Tecnologia Aeroespacial da Aeronáutica
em São José dos Campos também possua
equipamentos capazes de extrair os dados da caixa, a comissão
de investigação decidiu levá-la à
Embraer. Por ser a fabricante do avião, a empresa
tem equipamentos mais sofisticados, o que ajuda a acelerar
os trabalhos.
Peritos da Aeronáutica acreditam
que, com os dados do Legacy, já será possível
responder a algumas dúvidas que cercam o acidente.
A principal é por que o transponder
- aparelho que identifica o avião no radar - estava
desligado. 'Vamos saber se o transponder foi desligado pelo
piloto ou se apresentou alguma pane, o que é muito
improvável', afirma um oficial da Aeronáutica.
A caixa-preta vai dizer se o piloto Joseph
Lepore fez alguma manobra brusca.
O Globo
05/10/2006
Folha de São
Paulo
05/10/2006
Pilotos negam ter desligado equipamento
Sistema anticolisão não
estava funcionando no momento do acidente; ex-ministro da
Justiça defenderá tripulação
de jatinho
Pilotos reclamam do sistema de comunicação
da região; dizem que não conseguiram contato
com os radares do controle aéreo
ELIANE CANTANHÊDE - COLUNISTA DA FOLHA
Os pilotos do Legacy que derrubou o Boeing
da Gol em colisão, Joseph Lepore e Jean Palladino,
estão irritados com o noticiário brasileiro
e têm dito a interlocutores brasileiros, aos berros,
que em nenhum momento apertaram qualquer botão ou
tomaram qualquer iniciativa que pudesse desligar o transponder
do avião.
O transponder é a antena que transmite
dados do avião para o controle de vôo, inclusive
para o sistema anticolisão, e estava inoperante -desligado
ou com falha- no percurso entre Brasília e o local
do acidente, na serra do Cachimbo (MT).
Caso contrário, teria alertado os
pilotos e, mesmo que eles não agissem, os sistemas
de segurança dos dois aviões seriam acionados
automaticamente para evitar o choque -que matou 155 pessoas,
entre tripulantes e passageiros do Boeing.
Há duas possibilidades para o transponder
estar desligado: ou foi desligado propositalmente ou teve
problemas -um mau contato, por exemplo, como especulam autoridades
aeronáuticas. Nenhuma dessas hipóteses está
confirmada.
Os dois pilotos também fazem pesadas
reclamações sobre as condições
de vôo, especialmente de comunicação,
na região da serra do Cachimbo. Dizem que houve sucessivas
tentativas de contato com os radares de controle aéreo,
sem sucesso. Não especificaram se foram antes ou
após o acidente.
Efetivamente, a comunicação
na região é muito fraca. As duas freqüências
em operação pelo controle em Brasília
não funcionaram -os operadores, após não
notificar o Legacy sobre seu nível de vôo,
que deveria ter sido reduzido de 37 mil pés para
36 mil pés após passar pela capital, tentaram
sem sucesso falar com o jato.
Lepore e Palladino já deram três
depoimentos, um à Polícia Civil de Mato Grosso,
outro a oficiais da Base Aérea da serra do Cachimbo
e o terceiro a especialistas em acidentes aeronáuticos
da Base Aérea do Galeão, no Rio. Não
podem deixar o país e estão sendo ameaçados,
inclusive, de prisão caso se configure culpa pelo
desastre.
A empresa norte-americana ExcelAire, que
comprou o Legacy, teme virar "bode expiatório"
e decidiu sair da defensiva e partir para a ofensiva, contratando
o escritório do advogado José Carlos Dias
e a agência de comunicação Burson-Marsteller,
representada no Brasil por Francisco de Carvalho.
Dias foi ministro da Justiça (7/1999
a 4/2000) no gestão FHC e ontem falou ao telefone
com o atual ministro, Márcio Thomaz Bastos, e com
o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda,
para tentar amenizar o clima contra os clientes e colocá-los
à disposição "para qualquer esclarecimento".
Velho amigo de Thomaz Bastos, o ex-ministro disse que os
pilotos estão no Rio e se prontificaram a responder
quantas forem as dúvidas.
O temor dos dirigentes da empresa americana
é que se feche uma espécie de cerco contra
os pilotos, sem que tenham canais para se defender, tanto
na Justiça quanto na polícia e na própria
imprensa -que tem afunilado as suspeitas de culpa do acidente
para o Legacy.
As grandes dúvidas que se cristalizaram
desde o acidente são: 1) por que o transponder do
Legacy estava desligado; 2) por que foi religado na hora
do choque com o outro avião; 3) por que os pilotos
não seguiram o plano de vôo, que previa uma
mudança de altitude de 37 mil pés para 36
mil pés a partir de Brasília; 4) por que falhou
a comunicação entre o Legacy e o Cindacta-1
(o centro de controle de Brasília).
Os dois pilotos sobreviventes são
peças-chave para responder a essas dúvidas,
que deverão ser esclarecidas com maior precisão
com a abertura das caixas-pretas dos dois aviões.
O DIA Online
0 5/10/2006 - 00:38h
Legacy ignorou alertas da torre de
vôo
Aviões não receberam
autorização para mudar de rota. Jato não
teria atendido a chamados dos controladores
Rio - Os pilotos do jato Legacy e do Boeing
da Gol não receberam autorização dos
controles de aviação de Brasília e
de Manaus para alterar seus planos de vôo. A informação
foi divulgada ontem pelo ministro da Defesa, Waldir Pires.
“Os de Norte para Sul vêm em números
ímpares, portanto, a 37 mil pés. A partir
de Brasília, em direção a Manaus, ele
(Legacy) deveria estar no corredor par, a 36 mil ou 38 mil
pés. Jamais no número ímpar”,
assegurou o ministro. Pires achou lamentável o comentário
do jornalista americano Joe Sharkey em entrevista a uma
rede de TV dos Estados Unidos de que o tráfego aéreo
brasileiro é perigoso.
A Aeronáutica já teria provas
de que não houve falha no Centro Integrado de Defesa
Aérea e Controle de Tráfego (Cindacta), depois
de verificar imagens e as conversas com os controladores
de vôo. A comunicação com a tripulação
do jatinho estava funcionando normalmente próximo
do local do acidente. Minutos antes da colisão, os
operadores tentaram por diversas vezes falar com o Legacy,
mas os pilotos não responderam. A Aeronáutica
considera a hipótese de que os equipamentos de comunicação
estivessem desligados, com o volume baixo ou até
que a tripulação não estivesse na cabine.
Na área de colisão, o jato
aparecia no radar do Cindacta sem definição
da altitude, que é transmitida pelo transponder,
equipamento que aciona o sistema anticolisão. Preocupado,
o controlador teria acionado segundo radar para se comunicar
com o Legacy e não conseguiu.
CAIXAS
NO CANADÁ
Duas caixas-pretas do Boeing da Gol, que estão danificadas
pelo impacto, foram encaminhadas para centro de aviação
no Canadá, onde serão analisadas por autoridades
internacionais. Inquérito aberto pela Polícia
Federal vai apurar se houve homicídio culposo e atentado
contra a segurança de transporte aéreo. O
piloto Joseph Lepore e co-piloto Jan Paul Palladino estão
no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, para evitar
que saiam do País.
O delegado da Polícia Civil do Mato
Grosso, Luciano Inácio, pedirá a cópia
dos planos de vôo do jato e do Boeing. “O piloto
do Legacy nega que o transponder estivesse desligado e afirma
que estava a 37 mil pés, de acordo com o plano de
vôo. É preciso ver o que estava autorizado
a fazer”, disse. A Aeronáutica, no entanto,
advertiu que ainda é prematuro identificar possíveis
culpados pelo acidente.
Técnico da Federal Aviation Administration,
autoridade de aviação civil dos Estados Unidos,
e três peritos do National Transportation Safety Board
participaram, ontem, de reunião na Divisão
de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos com representantes da Boeing
e da Embraer, empresas fabricantes dos aviões. O
grupo está acompanhando as investigações
sobre o maior acidente aéreo ocorrido no Brasil.
Médium
‘viu’ a batida há três anos
O acidente com o vôo 1907 da Gol fora previsto pelo
médium e professor Jucelino da Luz. “A primeira
premonição foi em 14 de janeiro de 2003, e
a última, há um mês”, diz Jucelino.
No período, ele enviou 25 cartas, todas registradas
em cartório, para as companhias aéreas para
tentar evitar o desastre. “Fiquei muito triste quando
aconteceu o acidente. As pessoas não têm responsabilidade”,
conta. Em seu texto, Jucelino descreve a data, hora, local,
vôo e até quem estaria dentro dos aviões,
como o jornalista Joe Sharkey.
Um desses avisos, no entanto, foi registrado
segunda-feira. A Gol afirmou ontem não ter recebido
as cartas. Ele afirma que enviará as cartas à
Justiça. “Da minha parte, fiz o meu dever”.
Desde os 9 anos, Jucelino tem sonhos e
visões, orientado por mentor espiritual. “Parece
que estou vendo um filme em três dimensões”,
explica. Ele já escreveu mais de 86 mil cartas e
teria previsto a morte de Ayrton Senna, o ataque às
torres gêmeas nos Estados Unidos.
Americano
duvida de investigação
O jornalista americano, Joe Sharkey, um dos sete passageiros
do Legacy, pôs ontem sob suspeita as investigações
brasileiras sobre o acidente e afirmou que o piloto e o
co-piloto do jato executivo estão em apuros. A afirmação,
que irritou as autoridades brasileiras, foi dada ao programa
da rede de TV NBC. “Precisamos ter cuidado com as
evidências coletadas pelas autoridades brasileiras
sobre o acidente”, declarou Sharkey. O jornalista
enalteceu a bravura dos pilotos do jato, deixando em segundo
plano a morte dos 155 passageiros do Boeing.
HOJE,
UM MINUTO DE SILÊNCIO NOS AEROPORTOS
Uma homenagem às vítimas do vôo 1907
será prestada hoje nos aeroportos de todo o País.
Passageiros, funcionários e tripulantes farão,
às 17h, um minuto de silêncio, no sétimo
dia após a tragédia. O presidente da Gol afirma
que “esta é uma homenagem simples, mas calorosa,
que pretende unir nossos corações ao de cada
passageiro e tripulante do vôo 1907 e ao de cada familiar”.
Será rezada missa, a pedido da família do
comandante Décio Chaves Júnior, às
18h30, na igreja da Paróquia Santo Antônio,
em Brasília. Hoje, às 19h30, familiares de
Luana Freixo, 23 anos, também vão relembrá-la
em missa de sétimo dia na Igreja de São Lourenço,
em Niterói. Comunidades do Orkut, site de relacionamentos
da Internet, estão de luto pelos mortos no desastre.
Mensagens de solidariedade às famílias das
vítimas foram deixadas na rede. A Gol mudou, desde
domingo, o número do vôo 1907 que faz a rota
Manaus-Brasília-Rio, para 1867.
Os dois corpos que chegaram ontem ao Instituto
Médico-Legal (IML) de Brasília ainda não
foram identificados. Eles não são compatíveis
com as 75 fichas com dados passados pelos parentes. Até
agora, foram resgatados da floresta 38 corpos, levados para
a Fazenda Jarinã. Outros 16 chegaram ontem a Brasíla.
O Exército enviou 20 militares para compor as equipes
de busca.
Folha Online
04/10/2006 - 15h51
Militares preparam corpos de vítimas
de acidente aéreo para transporte até Brasília
Os militares que trabalham
no resgate das vítimas do acidente com o Boeing da
Gol em Mato Grosso, ocorrido no último dia 29, já
prepararam mais 34 corpos para o transporte até Brasília.
A informação foi passada nesta quarta-feira
pela Comissão de Familiares dos Passageiros do Vôo
1907, com base em declarações da Aeronáutica.
Os 155 ocupantes do avião
morreram na queda. Os dois primeiros corpos, encontrados
no domingo, chegaram a Brasília no final da tarde
de terça-feira (3) e foram encaminhados ao IML (Instituto
Médico Legal) para identificação.
"[Os militares] Confirmaram
que, apesar de mais de 50 corpos encontrados, apenas 34
estão prontos para serem transportados. Não
foi informado até o momento o numero oficial de corpos
encontrados", disseram os familiares em nota.
A comissão reivindicou
à Aeronáutica a atuação do Exército
para fazer uma "varredura no espaço ainda não
foi explorado".
Os parentes informaram também
os dois telefones satélites conseguidos pela comissão
já foram enviados um a fazenda Jarinã e outro
a Cachimbo, para agilizar a comunicação.
Investigação
A Aeronáutica afirmou
nesta quarta-feira que ainda não é possível
apontar responsáveis pelo acidente que envolveu,
além do Boeing da Gol, um jato Legacy --que conseguiu
pousar na base aérea do Cachimbo.
"Seria prematuro atribuir
possíveis responsabilidades ou estabelecer-se qualquer
juízo de valor a respeito e tecer comentários
neste momento, uma vez que as investigações
da ocorrência estão em andamento", disse
a FAB (Força Aérea Brasileira) em nota. A
Polícia Federal irá investigar se os pilotos
do Legacy tiveram responsabilidade na colisão.
A reportagem apurou que
o Legacy não estava na altitude prevista no plano
de vôo registrado --deveria estar a 36 mil pés
de altura, mas estava a 37 mil. Em depoimento à Polícia
Civil de Cuiabá, no sábado, o piloto Joseph
Lepore não informou que isso havia ocorrido. A PF
incluiu os nomes de Lepore e Paladino no Sinpi (Sistema
Nacional de Procurados e Impedidos). Assim, eles não
podem deixar o país até segunda ordem.
Reportagem publicada na
terça-feira pela Folha mostra que o maior acidente
aéreo da história do país resultou
de uma combinação de erros no controle aéreo
em Brasília, ineficiência na cobertura de rádio
no Centro-Oeste e dúvidas sobre procedimentos do
piloto e equipamentos em pelo menos um dos aviões
envolvidos no choque que matou 155 pessoas.
Folha
Online
04/10/2006 - 14h20
Para Aeronáutica, é
cedo para apontar responsáveis por acidente com avião
da Gol
A Aeronáutica
afirmou nesta quarta-feira que ainda não é
possível apontar responsáveis pelo acidente
que envolveu o Boeing da Gol que fazia o vôo 1907
e o Legacy, no último dia 29.
"Seria prematuro atribuir
possíveis responsabilidades ou estabelecer-se qualquer
juízo de valor a respeito e tecer comentários
neste momento, uma vez que as investigações
da ocorrência estão em andamento", diz
nota divulgada pela FAB (Força Aérea Brasileira).
O Boeing da Gol caiu após
colidir com um jato Legacy, que conseguiu pousar na base
aérea do Cachimbo. A Polícia Federal irá
investigar se os pilotos do Legacy tiveram responsabilidade
na colisão.
A reportagem apurou que
a aeronave não estava na altitude prevista no plano
de vôo registrado --deveria estar a 36 mil pés
de altura, mas estava a 37 mil. Em depoimento à Polícia
Civil de Cuiabá, no sábado, o piloto Joseph
Lepore não informou que isso havia ocorrido. A PF
incluiu os nomes de Lepore e Paladino no Sinpi (Sistema
Nacional de Procurados e Impedidos). Assim, eles não
podem deixar o país até segunda ordem.
Reportagem publicada na
terça-feira mostra que o maior acidente aéreo
da história do país resultou de uma combinação
de erros no controle aéreo em Brasília, ineficiência
na cobertura de rádio no Centro-Oeste e dúvidas
sobre procedimentos do piloto e equipamentos em pelo menos
um dos aviões envolvidos no choque que matou 155
pessoas.
Resgate
Na terça (3), os
dois primeiros corpos encontrados na área do acidente
chegaram a Brasília e foram encaminhados ao IML (Instituto
Médico Legal) para identificação.
Segundo a FAB, cerca de
90 militares estão na área da fazenda Jarinã
para prosseguir nos trabalhos de localização
e remoção das vítimas. Outros cem militares
atuam no Campo de Provas Brigadeiro Velloso, na Serra do
Cachimbo. No total, oito aeronaves --sendo cinco helicópteros--
participam dos trabalhos.
"Desde ontem (3/10),
um médico, familiar de uma das vítimas, está
acompanhando voluntariamente, no local do acidente, os trabalhos
dos legistas e verificando as dificuldades de pré-identificação
dos despojos mortais", afirma a nota da Força
Aérea.
Globo
News
04/10/2006 - 13h10m - Atualizado em 04/10/2006 - 13h34m
JORNALISTA AMERICANO DIZ QUE TRÁFEGO
AÉREO DO BRASIL É PÉSSIMO
Em entrevista para um programa matinal da rede de televisão
CNN, o jornalista americano Joe Sharkey, que trabalha no
jornal "The New York Times", pôs sob suspeita
as investigações brasileiras sobre a colisão
entre o Legacy, em que ele estava, e o Boeing da Gol, que
acabou caindo após o choque em Mato Grosso.
Sharkey classificou como péssimo o controle aéreo
na região onde se deu o acidente. Ele declarou ainda
que os pilotos do Legacy não tiveram nenhuma comunicação
por rádio após o choque. Em entrevista à
Rede Globo antes de voltar aos Estados Unidos, Sharkey havia
contado que os pilotos encontraram a base aérea da
Serra do Cachimbo utilizando mapas, sem ajuda da torre de
comando.
Perguntado sobre os pilotos do jato da Embraer que estão
sob investigação, Sharkey disse que é
preciso ter paciência e esperar para ver qual é
a verdadeira história.
"Nós precisamos ter cuidado com as evidências
coletadas pelas autoridades brasileiras sobre o acidente."
Ele disse ainda acreditar que os pilotos do jato, que ficaram
com os passaportes retidos no Brasil, correm "algum
tipo de perigo". Mas não fez nenhum comentário
adicional sobre a questão.
Sharkey era um dos cinco passageiros do Legacy, que nada
sofreram. Sharkey veio ao Brasil para fazer uma reportagem
sobre o mercado de aviação no País
a convite da empresa norte-americana que adquiriu a aeronave
de pequeno porte.
Estadão
04 de outubro de 2006 - 13:33
PF abre inquérito e pode acusar
de homicídio pilotos do Legacy
Inquérito vai apurar a
eventual ocorrência de dois crimes: homícidio
culposo e atentado contra segurança de transporte
aéreo
Sônia Filgueiras
CUIABÁ - A Polícia Federal (PF) informou na
tarde desta quarta-feira, 3, que, por determinação
do Ministério Público, foi aberto um inquérito
para apurar eventual prática de homicídio
culposo e atentado contra segurança de transporte
aéreo sobre o acidente envolvendo um jato Legacy
com o Boeing da Gol vôo 1907, no qual morreram 155
pessoas. Segundo a PF, a investigação vai
apurar a suspeita de que os americanos Joseph Lepore e Jan
Paul Paladino, piloto e co-piloto do Legacy, possam ter
adotado uma conduta arriscada na condução
da aeronave.
Em
cooperação com a Polícia Civil do estado
do Mato Grosso, que também abriu inquérito
para apurar o caso, a Polícia Federal já recebeu
a cópia de todos os procedimentos de investigação
local.
O
delegado responsável pelo caso, Renato Sayão
Dias, e mais dois auxiliares, deverão ir a Brasília
na próxima sexta-feira, para reunir mais informações
junto a outros órgãos, como a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Aeronáutica.
O
inquérito vai apurar a eventual ocorrência
de dois crimes: um previsto no artigo 121 do código
penal (homícidio culposo ou dolo eventual) e outro
previsto no artigo 261 do mesmo código (atentado
contra segurança de transporte aéreo). Por
enquanto os inquéritos local e federal correm em
paralelo, mas é esperada uma discussão na
Justiça de Mato Grosso sobre qual esfera terá
competência para apurar o caso até o fim.
Legacy enganou controle aéreo
Os peritos da Aeronáutica não têm dúvidas
de que o jato Legacy enganou os controladores de vôo
do Cindacta 1, em Brasília, e provocou a maior tragédia
da aviação civil do País: a queda de
um Boeing da Gol, na sexta-feira, que matou 155 pessoas.
Todas as informações da Aeronáutica
mostram que os pilotos americanos do Legacy voaram com o
transponder desligado - aparelho que identifica o avião
no radar e integra o sistema de alerta anticolisão,
impedindo que os controladores de vôo vissem os dois
aviões na mesma rota e evitassem a colisão.
Mais
grave e misterioso: a Aeronáutica quer saber por
que o piloto do jato não atendeu aos inúmeros
chamados que a torre do Cindacta 1 fez até o momento
do choque. Quer saber também como, após a
colisão, não só o transponder voltou
a funcionar como o piloto passou a chamar a torre, narrando
o choque com um objeto não identificado pelo mesmo
rádio que não havia atendido até então.
“Muito provavelmente, ele havia diminuído o
volume do rádio. Ele (o avião) começou
a ser chamado pela torre de Brasília e não
respondia. A resposta veio, como por milagre, após
o impacto”, disse um oficial.
Outro
fator que pode ter contribuído para o acidente é
uma improvável falha de comunicação.
A regra é cumprir o plano de vôo. Para alterá-lo,
é preciso pedir autorização. Assim,
a torre entendia que o Legacy não ia descumpri-lo.
Ele estaria em sua aerovia e não havia por que avisar
ao Boeing sobre a existência de alguém em sua
rota.
Colaborou Solange Spigliatti
G1
03/10/2006 - 21h47m - Atualizado em 04/10/2006 - 00h36m
PF VAI INVESTIGAR SE PILOTO DO LEGACY
COMETEU HOMICÍDIO CULPOSO
Do G1, em São Paulo, com informações
da TV Morena
A Polícia Federal de Mato Grosso
vai instaurar inquérito para apurar se o piloto Joe
Lepore, que estava no comando do Legacy que colidiu com
o Boeing 737-800 da Gol, cometeu crime de homicídio
culposo (sem intenção de matar). No acidente,
ocorrido na sexta-feira (29), 155 pessoas morreram. O co-piloto
da aeronave é Jan Paladino, outro norte-americano.
Os cinco passageiros e os dois pilotos do Legacy saíram
ilesos do acidente.
A informação sobre o inquérito foi
dada nesta terça-feira (3) pelo superintendente da
PF em Mato Grosso, Geraldo Pereira, à TV Morena,
afiliada da Rede Globo. "O piloto, como pessoa habilitada
para conduzir a aeronave, tinha conhecimento que poderia
colocar vidas em risco, mas não teria tomado os cuidados
necessários. Isso que iremos apurar", disse
o superintendente.
O superintendente disse, ainda, que vai solicitar para a
Polícia Civil os dados já levantados sobre
a investigação promovida pelo delegado Luciano
Inácio. As informações, como os depoimentos
do comandante Joe Lepore e do co-piloto Jan Paladino, devem
auxiliar as investigações da Polícia
Federal.
O promotor de Justiça de Peixoto de Azevedo (MT),
Adriano Roberto Alves, poderá pedir a prisão
de Lepore e Paladino, caso se confirme a suspeita de que
eles teriam desligado o equipamento anticolisão da
aeronave, o chamado "transponder". O ato de desconectar
o "transponder" está fora dos procedimentos
normais da aviação. O promotor disse que só
tomará uma decisão depois de receber "depoimentos
e planos dos controladores de vôos".
Panrotas
03/10/2006 17:27:00 - Plantão de Notícias
Team contrata ex-gerente da Varig
Guilherme Goetten Reis
acaba de assumir a gerência comercial da Team Transportes
Aéreos. O executivo, que atuou por dez anos na área
comercial da Varig cuidando das áreas de turismo
e corporate ligadas ao mercado de petróleo em Macaé
(RJ), terá como missão firmar novas parcerias
comerciais e fortalecer a presença da Team no mercado
de Macaé e Vitória (ES). Os contatos de Goetten
na Team são os telefones (21) 2117-8309 e (21) 7845-5158
ou o e-mail guilherme.goetten@voeteam.com.br.
|