:::::RIO DE JANEIRO - 05 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Valor Econômico
05/06/2006
Leilão vai avaliar o valor da marca Varig
Janaína Vilella e Carolina Mandl


Quem arrematar a Varig no leilão previsto para a próxima quinta-feira terá em mãos apenas uma pequena fração daquela que um dia já foi a companhia aérea que mais transportou passageiros no Brasil.

Nos últimos vinte anos, a Varig conseguiu exibir apenas quatro vezes um balanço lucrativo. Em meio a essa sucessão de perdas, os ativos da primeira companhia aérea brasileira também foram minguando. Em 1986, ainda dona dos seus aviões, a Varig tinha em ativos imobilizados e investimentos em outras empresas R$ 5,3 bilhões. Hoje, esse item está reduzido a R$ 241,9 milhões.

Essa redução se deveu basicamente à troca de uma frota própria pelo sistema de arrendamento, hoje comum à toda indústria da aviação, e também à venda em 2005 das subsidiárias VarigLog (transporte de carga e logística) e VEM (manutenção).

O resultado disso é que se todos os bens da empresa fossem vendidos em 2005, a Varig ainda ficaria com um buraco de R$ 8 bilhões negativos, valor expresso em seu patrimônio líquido.

Assim, o novo controlador da empresa, segundo documento entregue aos interessados na última sexta-feira, levará basicamente a marca Varig, os horários de pousos e decolagens, os espaços nos aeroportos e sistemas e contratos operacionais.

Apesar de o número de passageiros transportados pela Varig vir numa curva crescente, a empresa não vem acompanhando o ritmo de suas concorrentes. Hoje ela leva em seus aviões menos passageiros do que a Gol - criada há apenas cinco anos - e a TAM. No ano passado, transportou 12,7 milhões de pessoas enquanto Gol e TAM conduziram 13 milhões e 19,6 milhões, respectivamente.

A companhia em recuperação judicial também chega a menos destinos e tem menos aviões do que no passado. Enquanto em 2000 a maior companhia aérea do país chegava a 45 cidades no Brasil e a outras 26 pelo mundo afora, hoje atende 28 destinos domésticos e 20 internacionais. As aeronaves em operação atualmente são apenas 60, sendo que no fim dos anos 90 a frota ultrapassava cem aviões.

A receita, mesmo com o crescimento do número de passageiros, também está em queda. Levantamento feito pelo Valor Data, com base nos balanços da Varig corrigidos pela inflação, mostra que desde 1998 a companhia não registrava um faturamento tão baixo. Foram R$ 6,7 bilhões em 2005, com 12,7 milhões de pessoas. Seis anos atrás, levando 11 milhões de passageiros, a receita líquida atingiu R$ 6,4 bilhões.

Foi justamente essa complexidade da situação financeira e operacional da companhia que levou os potenciais participantes do leilão a solicitarem um prazo maior para análise dos números.

A Varig, então, temendo que não aparecessem investidores no leilão marcado inicialmente para hoje, solicitou à Justiça do Rio o adiamento por 72 horas. O juiz Paulo Roberto Fragoso, que auxilia a 8ª Vara Empresarial no processo de recuperação, atendeu o pedido da aérea com o objetivo de conseguir um preço maior no leilão.

"Outro motivo apresentado pelos investidores foi o fato de o sistema bancário estar fechado sábado e domingo, o que inviabiliza transações financeiras na véspera do leilão, necessárias para formatar as propostas", explicou o diretor da consultoria Alvarez&Marsal, encarregada da reestruturação da Varig, Marcelo Gomes. Até sexta-feira, Gol, TAM, TAP (por meio da empresa Aero-LB), Ocean Air e um fundo de investimento representada pelo escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra haviam acessado o data-room da companhia.

A notícia do adiamento agradou alguns investidores. Um executivo da Ocean Air, que preferiu não se identificar, disse que já pensava em não participar do leilão quando foi surpreendido pela notícia. "Estamos reavaliando. Agora o cenário mudou", disse.

Numa reunião na sexta-feira com executivos da Varig e da Alvarez&Marsal, os investidores alegaram que o pouco tempo para analisar os dados da companhia tornava o negócio inviável. "Estamos falando de valores elevados, de investidores internacionais que precisam transferir o dinheiro para o Brasil. E o sistema bancário não funciona no fim de semana. Não é uma operação que se resolve da noite para o dia", disse Gomes.

No encontro, os executivos da Varig esclareceram dúvidas dos investidores com relação ao risco de sucessão trabalhista e fiscal na operação e o que realmente será posto à venda.

Na avaliação de Gomes, da Alvarez&Marsal, o adiamento do leilão não colocará em risco a continuidade das operações da Varig, pelo menos até quinta-feira. Ele afirmou que a empresa já negocia com a BR Distribuidora um novo prazo de pagamento para o fornecimento de querosene de aviação. "Não estamos falando de três meses e sim de três dias." A companhia também está protegida pela Justiça americana até o dia 13 contra o arresto dos aviões por empresas de leasing dos Estados Unidos.


Zero Hora
05/06/06
Presidente da Varig culpa governo pela piora da crise
Investidores têm três dias para decidir se querem a companhia

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, atribui o agravamento da crise da companhia à insensibilidade do governo. Em sua opinião, o governo federal precisa "enxergar que a empresa é um problema de Estado, da sociedade".

Declarações do presidente Lula de que o governo não iria ajudar uma empresa falida detonaram, em abril, uma crise cujo prejuízo, com a queda nas vendas, é calculado pela companhia em US$ 50 milhões.

- Os fantasmas do passado já foram exorcizados, a Fundação Ruben Berta foi afastada e temos uma gestão profissional, escolhida pelos credores - diz Bottini, acrescentando estar confiante de que a solução para a Varig começará com a abertura dos envelopes no leilão de venda da companhia, nesta quinta-feira.

Bottini considera que falta disposição do governo federal para ajudar de fato. O que tem mantido a Varig até agora, pondera, são os funcionários, os clientes, a confiança da comunidade internacional e a marca.

- Qualquer outra empresa teria parado com o bombardeio que sofremos em abril, quando o noticiário diário dava conta de que a Varig morreria "amanhã" - afirma.

Apesar do otimismo de Bottini, o clima no data room, na sede da Varig, no Rio, onde interessados analisam informações financeiras da empresa, é de incerteza. Seis grupos pagaram R$ 60 mil para acessar os dados. Os compradores não sabem que ativos estão à venda.

O entendimento genérico é de que irão adquirir horários, freqüências de vôos, aeronaves e funcionários. Mas seguem os questionamentos sobre a possibilidade de o novo dono ser cobrado por dívidas passadas.

O investidor mais cotado continua sendo o empresário German Efromovich, da OceanAir. Ele é o preferido na cúpula da Varig, mas as negociações não têm sido fáceis. O empresário estaria tentando realizar a compra com créditos tributários.

Hoje, representantes de associações de funcionários da Varig reúnem-se para decidir se entrarão na Justiça para impedir o leilão. Eles entendem que a antecipação de venda, que ocorreria apenas em julho, desvalorizará a companhia.


Jornal do Comércio
Economia - 5/6/2006
Bottini atribui ao governo piora da Varig

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, atribuiu o agravamento da crise da empresa à falta de sensibilidade do governo Federal. Ele disse que faltou ao governo enxergar que a Varig é um problema de Estado, da sociedade. “Falta disposição para querer de fato ajudar.

A comunidade internacional deu mais um voto de credibilidade à Varig (com a extensão da liminar que impede o arresto de aviões, pela justiça de Nova Iorque, semana passada), enquanto aqui ninguém dá voto”, protestou. Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o governo não iria ajudar uma empresa falida detonaram, em abril, uma crise cujo prejuízo, com a queda nas vendas, é calculado em US$ 50 milhões. “A declaração nos prejudicou muito. Existem formas de dizer as coisas”, disparou Bottini.

Sobre as ajudas já concedidas pelo governo no passado, Bottini foi categórico ao dizer que os erros de administração anteriores não podem prejudicar o futuro da companhia. “Se no passado tivemos pessoas que não administraram bem, não acho justo que você inviabilize uma companhia como a Varig, com tudo o que já fez pelo Brasil e é reconhecida”. Ele destacou, no entanto, que a companhia aérea não pediu dinheiro ao governo federal recentemente. Na reunião que teve com a Ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, no início do ano, ele diz ter ido solicitar a injeção de US$ 100 milhões, pois o governo é um dos credores (com participação da BR Distribuidora e a Infraero). O fato teria passado a falsa imagem de que a Varig estaria pedindo dinheiro.

Bottini informou que está confiante de que a solução para crise da empresa começará com a abertura dos envelopes no dia do leilão de venda da companhia, na próxima quinta-feira. “Espero que as pessoas estejam lá”, disse ele. No entanto, o executivo não tem certeza de que a companhia será vendida a um preço acima do mínimo. “Quem compra quer pagar o mais barato possível”. Um dos principais pontos que tem causado polêmica no leilão tem sido a incerteza pregada por parte dos candidatos ao negócio de que não haverá sucessão de dívidas trabalhistas e fiscais e de que a concessão de vôos e seus horários serão transferidos para o novo dono.

O executivo diz, no entanto, que as desconfianças não têm sentido, pois os fatores são premissas básicas e as garantias estão no data-room (sala com informações financeiras sobre os ativos que irão a leilão). “Numa negociação você sempre tenta debilitar o outro lado. Um lado que as pessoas talvez tenham chance de debilitar é a Lei de Recuperação, por ser nova”.

Bottini acredita que a marca tem sido o principal pilar de sustentação da Varig desde o agravamento da crise. “Qualquer outra empresa teria parado com o bombardeio que sofremos em abril, com o noticiário diário dando conta de que a Varig ia morrer ‘amanhã’”, disse. Ele entende que, embora tenha perdido passageiros e cancelado algumas rotas regionais, a companhia voltará a operar normalmente e receberá de volta seus clientes quando a crise estiver solucionada. “A capacidade de trazer (os passageiros) de volta é enorme e isso tem grande valor”.
Bottini disse, ainda, que um de seus grandes desafios frente à Varig tem sido manter a moral da equipe. “Lido com a alma das pessoas. Escrevo um comunicado quinzenal, o Diário de Bordo, que não trata de fatos da recuperação, mas da alma. A repercussão é tremenda. Recebo 100 e-mails por dia”, disse. Além disso, a companhia tem contratado psicólogos e assistentes sociais para dar apoio aos funcionários, cujos salários estão atrasados há quase 60 dias e a ameaça de novas demissões é constante. “Muitos foram embora por não ter tido capacidade de suportar, seja economicamente, seja no aspecto emocional”, disse Bottini.

Juiz acredita na concretização do negócio

Mesmo com a série de dúvidas que cercam o leilão, o juiz da 8ª vara de falências do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo plano de recuperação judicial da companhia, acredita que a venda da empresa deve ser confirmada na quinta-feira. “É uma empresa atrativa, que desperta interesses, e que só está nesta situação porque passa por uma grava crise”, afirma.

O juiz entende que mesmo uma empresa de porte menor, como a Ocean Air, tem condições de recuperar a Varig. “Não há nenhum impedimento relativo ao tamanho do grupo investidor, desde que sejam cumpridas as exigências da agência reguladora (Anac)”, completou. Ele acrescenta que não trabalha com a hipótese de falta de propostas no leilão, nem com a possibilidade de uma venda com preço vil. “Pelo tamanho e pela atratividade da Varig eu não trabalho com a hipótese de preço ruim, eu posso cogitar sim a hipótese de preço super elevado”, argumenta.

Apesar do momento difícil, ele está confiante na recuperação da Varig. “Do contrário, não teria dado início ao processo para sanear a empresa um ano atrás”, justifica Ayoub.

Investidores manifestam dúvidas às vésperas do pregão

Se tudo correr como programado, o destino da Varig deve ser definido na próxima quinta-feira, quando potenciais investidores deverão fazer suas ofertas no leilão de venda da empresa. Inicialmente o pregão estava previsto para o dia 9 de julho, 60 dias após a assembléia geral de credores que aprovou os modelos de venda e também o preço mínimo a ser pago pela companhia. Antecipado em cerca de um mês, para o dia 5 de junho, devido à crítica situação do caixa da empresa, o leilão foi adiado na última sexta-feira. A nova data será a próxima quinta-feira, dia 8. O adiamento deu um alívio para a empresa, pois potenciais investidores ameaçavam não comparecer ao leilão por falta de tempo para prepararem suas propostas.

O leilão está cercado de dúvidas para os investidores. Eles têm demonstrado preocupação com a falta de informações disponíveis, inclusive sobre quais são os ativos à venda. A principal queixa diz respeito à falta de garantias de que não haverá sucessão de dívidas trabalhistas e fiscais, como prevê a nova Lei de Recuperação de Empresas, questão que divide opiniões de juristas. Outra incerteza, dizem investidores, está relacionada à transferência dos direitos de vôos e horários para a nova empresa.

Como costuma acontecer na Varig, às vésperas de uma grande decisão surgem inúmeros interessados, mas são poucos os que exibem comprovação de origem dos recursos. Desta vez, surgiram diversos fundos estrangeiros, cujos nomes nunca são revelados. São aqueles representados por consultores locais como Azulis Capital ou Jayme Toscano, que ora se dizem interessados e ora desistem do negócio. Mas estes nem chegaram a pagar os R$ 60 mil que dá acesso ao data-room, sala de dados com informações sobre os ativos da Varig à venda. Dentre os que pagaram acesso ao local, TAM e Gol, dizem fontes próximas às duas empresas, não devem entrar no leilão. Entraram no data-room por “dever de ofício”, para conhecer mais a fundo os números do concorrente.

O escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que também teve acesso ao data-room, não revela para quem está trabalhando, mas especula-se que seria para algum fundo internacional, como Booksfield ou Texas Pacific Group. Na Varig, muitos têm esperança de que estes dois fundos façam propostas na quinta-feira. O mais cotado continua sendo o empresário German Efromovich, da OceanAir. Ele é o nome preferido na cúpula da Varig, mas as negociações não têm sido nada fáceis. “O German é quem mais tem interesse, mas ele não quer abrir a carteira”, diz uma fonte na empresa. O empresário estaria tentando negociar a compra da Varig com créditos tributários que teria junto ao governo.


Diário Econômico de Portugal
Aviação - 05/06-2006 - 06:30 h
Leilão de venda da Varig adiado para dia 8 de Junho
A TAP ainda não confirmou se vai concorrer

Hermínia Saraiva com agências

A venda da companhia aérea Varig, marcada para hoje, foi adiada para a próxima quinta-feira a pedido de vários interessados no leilão. A TAP levantou o edital do concurso e está a analisar a informação que foi disponibilizada, mas ainda não confirmou se participa no leilão.
De acordo com a imprensa brasileira os investidores interessados em concorrer à compra da companhia brasileira solicitaram ao Tribunal do Rio de Janeiro, responsável pelo recuperação judicial da empresa, o adiamento do leilão, alegando que precisam de mais tempo para analisar os relatórios sobre a empresa e as condições do leilão.


O Globo
04/06/2006 - 22h44m
Diretor-geral da Anac aguarda leilão da Varig com otimismo
Cristina Massari - Globo Online


SÃO PAULO - Na expectativa da realização do leilão da Varig, adiado para a próxima quinta-feira, o diretor-geral da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, disse durante o Salão do Turismo, que acontece até dia 6 na capital paulista, que aguarda com otimismo o resultado do leilão.

- Esperamos que quinta feira seja um dia grandioso para o Brasil porque a Varig é importante para o país. Dentro do data-room da Varig estão os principais players brasileiros, muito bancos importantes. Ninguém está num data-room para brincar. Lá estão muitos investidores com capacidade para fazer um investimento deste porte, que não é pequeno. Estamos falando de uma coisa acima de US$ 700 milhões ou R$ 2 bilhões. Quem procura tem capacidade para investir e o meu otimismo vem daí.

Quanto às declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura do Salão do Turismo propondo a expansão da aviação regional e a melhoria nos acessos aos vôos internacionais para aeroportos brasileiros, o diretor-geral da Anac, defendeu a aprovação de um projeto de lei que tramita no Congresso para reestabelecer a suplementação tarifária, que são as rotas subsidiadas pelo governo, sobretudo para rotas que liguem aeroportos regionais. Segundo Zuanazzi, a nova versão da lei tem algumas alterações ao que antes era praticado pelo mercado:

- Pelo projeto anterior, o empresário praticamente não tinha riscos. O que há agora vai suplementar por assento ocupado, não pela operação como um todo, quando for verificada a necessidade de suprir os custos de uma linha num determinado momento. Esta versão também se diferencia porque ela não visa a operação em aeroportos centrais, especialmente Congonhas, que hoje já está praticamente com lotação completa.

Zuanazzi também ressaltou a necessidade de se expandir a malha aérea internacional para além do eixo Rio-São Paulo. Um exemplo, citou, é o caso da liberação de vôos para a TAP em rotas para o Nordeste, que apesar de não ter contrapartida das empresas brasileiras, rendeu o atendimento de uma reivindicação antiga por parte do Brasil.

- Quando adotamos uma política de céus fechados, adotamos uma política de bilateralidade. Só que toda ela está vinculada aos aeroportos centrais, com cerca de 90% dos vôos que chegam ao Brasil descendo em Guarulhos e no Galeão. O Brasil rompe u com esta tradição quando autorizamos os vôos da TAP para o Nordeste, sem que haja empresas brasileiras fazendo a contrapartida, por falta de viabilidade econômica. Agora, estamos com o acordo TAP para o Nordeste permitindo que os vôos se tornam regulares. E em contrapartida, exigimos a quinta liberdade de vôo. Mas veja como foi importante tratarmos bem a TAP. Hoje, podemos voar para qualquer país da Europa, para Ásia e Oriente Médio a partir de Lisboa.

A assinatura deste acordo possibilitou, por exemplo, que BRA inicie a operação para Lisboa com direito à quinta liberdade para Madri em julho.

Assumindo um posicionamento claramente favorável às leis de mercado e à livre concorrência, Zuanazzi defendeu uma reformulação no Código Brasileiro de Aeronáutica, em vigor desde 1986, anterior, portanto à Constituição, de 1989, à Lei das Concessões, de 1995; à Reforma do Código Civil, que são um conjunto de legislações que entram em conflito com as atuais práticas do mercado.

- O código é anterior há muitas leis que modificam o marco regulatório da aviação, que precisa ser todo refeito à luz da nova legislação brasileira.

Questionado sobre dificuldades relatas por empresas em ter rotas liberadas, mesmo fora do eixo dos aeroportos centrais (Rio e São Paulo), que estão com sua capacidade de pousos e decolagens esgotada, o diretor-geral da agência reagiu:

- Nós estamos liberando tudo. Com certeza, se a empresa ainda não conseguiu a autorização pode ser que esteja devendo alguma coisa do ponto de vista técnico.

Zuanazzi disse ainda que os funcionários lotados no Rio continuam trabalhando nas instalações do Departamento de Aviação Civil, e que as transferências para Brasília só serão feitas quando estiver definido o corpo técnico definitivo do órgão.

- Não há motivo para tirar estas pessoas do Rio agora se eles não forem permanecer. Vamos concursar duas mil pessoas. Mas por limitações da lei eleitoral, este ano não poderemos admitir ninguém. A transição do corpo de funcionários deverá estar concluída em 5 anos. Após 180 dias da nova administração (que foi em março), a Anac terá que devolver, anualmente, 20% dos militares à Força Aérea.

A repórter viajou a convite do Ministério do Turismo


Revista Consultor Jurídico
2 de junho de 2006

Rotas que a Varig deixou de operar vão entrar no leilão

por Priscyla Costa

As rotas, espaços e horários (slots) que a Varig deixou de operar por causa de sua crise serão incluídos no leilão da empresa, que foi adiado para quinta-feira (8/6). A decisão é do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, responsável pelas ações da empresa.

O pedido foi feito pelo advogado Jorge Lobo, do escritório Jorge Lobo Advogados, representante dos trabalhadores da empresa, contra nota divulgada pela Anac - Agência Nacional de Aviação Civil. A agência informou que os slots que a empresa já tinha deixado de operar não poderiam entrar no leilão. A nota foi publicada nos jornais Valor Econômico e Folha de S.Paulo, nos dias 30 e 31 de maio.

O advogado sustentou que a Anac contrariou o artigo 47 da nova Lei de Falências (Lei 11.101/05), porque tirava bens essenciais para o sucesso do pregão e obtenção do maior preço.

A norma prevê que, “a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

O juiz Luiz Roberto Ayoub acolheu o argumento.

Batendo o martelo

O juiz Luiz Roberto Ayoub adiou de segunda para quinta-feira (8/6) o leilão das companhias Varig; Rio Sul Linhas Aéreas e Nordeste Linhas Aéreas, todas em recuperação judicial. A alienação judicial, que aconteceria no dia 9 de julho, foi adiantada porque o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social não aprovou nenhuma das propostas apresentadas por três instituições que queiram intermediar um empréstimo-ponte à Varig até o leilão da companhia.

O edital de alienação judicial prevê a divisão das empresas em duas: a Varig Operações, que abrange todo o complexo de bens e direitos das companhias para o transporte aéreo nacional e internacional; e a Varig Regional, apenas para o exercício das operações da malha doméstica. Os preços mínimos são, respectivamente, US$ 860 milhões e US$ 700 milhões.