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Folha
de São Paulo
05/04/2007
Planalto pede, e Anac aprova em 24
horas compra da Varig
Aprovação de maior
negócio da aviação civil do país
ocorreu em tempo recorde
Pedido foi feito pelo ministro Mares Guia; Anac diz que
já conhecia bem a empresa por causa de concessão
de certificado
IURI DANTAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido do Planalto, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) autorizou anteontem
o maior negócio da história do setor menos
de 24 horas depois de receber a documentação
da Gol para aquisição da nova Varig. A autorização
foi divulgada no começo da tarde de ontem.
O pedido para aceleração da análise
foi feito, segundo apurou a Folha, pelo ministro de Relações
Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, ao presidente da
Anac, Milton Zuanazzi. A rapidez atenderia a interesse do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em nota à Folha, a Anac disse que a análise
correu de forma rápida porque a agência já
conhecia a fundo a Varig por conta da avaliação
da empresa na concessão do Cheta (Certificado de
Homologação de Empresa de Transporte Aéreo),
em dezembro passado.
Por diversas e repetidas vezes a Anac e o Ministério
da Defesa deixaram claro que o governo não mediria
esforços para salvar a Varig. Em junho passado, Zuanazzi
admitiu que o governo agiu politicamente em prol da Varig
antes do leilão da companhia.
A velocidade no caso difere de outras mudanças acionárias
já analisadas pela agência de aviação.
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., anunciou
na semana passada o desembolso de US$ 320 milhões
pela companhia nascida no Rio Grande do Sul logo após
se reunir com Lula em Brasília.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investiga
o momento da divulgação, antecipado pela imprensa,
e quer saber por que a Gol tergiversou em resposta a seus
questionamentos anteriores.
Em nota divulgada ontem, a Gol comemorou a aprovação
dada pela Anac e informou que a Varig reduzirá custos,
a exemplo do conceito "low cost, low fare" (baixo
custo e baixa tarifa) adotado pela Gol.
Além da Anac, que precisa autorizar a mudança
acionária da companhia aérea, a compra também
precisa ser analisada pelo Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica).
Tradicionalmente, a quase totalidade de fusões é
aprovada pelo conselho, média também observada
em outros países.
Mas, segundo apurou a Folha, a avaliação dos
órgãos de concorrência será delicada,
já que em última análise aprovarão
um duopólio no setor entre Gol e TAM.
Reunião sigilosa
A aprovação da Anac foi dada em uma reunião
de diretoria realizada na terça-feira sem a publicidade
prevista em lei. Ontem, a Anac divulgou uma nota de quatro
linhas informando que havia concedido autorização
prévia para a aquisição da Varig pela
Gol.
Indagada pela Folha, a Anac informou que a Varig permanecerá
com as mesmas rotas internacionais de que já dispunha
antes mesmo de ser vendida em leilão à VarigLog.
A interpretação da agência se choca
com argumentos jurídicos utilizados pela própria
Anac no ano passado. Para convencer a Justiça sobre
a necessidade de repassar rotas da Varig, a Anac dizia que
as linhas eram concessões públicas, pertencentes
à União e não à empresa. Procurada
pela Folha após o horário comercial, a Gol
informou que só poderia falar hoje sobre a apresentação
do plano de negócios à agência.
Folha de São Paulo
05/04/2007
TAM quer linha internacional
da Varig
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REUTERS
O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna,
afirmou ontem que a companhia aérea tem interesse
em linhas internacionais às quais a Varig, recém-comprada
pela Gol, tem direito e que precisa retomar até junho
sob pena de perdê-las.
Na semana passada, o presidente da Gol, Constantino Júnior,
havia declarado que vai pedir a prorrogação
desse prazo à Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil).
A idéia é que a Varig retome oito linhas internacionais
em 12 meses. Ontem, Bologna disse que espera que as linhas
internacionais congeladas da Varig sejam distribuídas
"segundo a regra do jogo, para quem tem melhores preços
e produtos".
O conflito de interesses não será apenas entre
TAM e Gol, já que a OceanAir também já
manifestou interesse nas linhas congeladas da Varig. Além
disso, a BRA está trazendo quatro Boeings-767/300-ER
nas próximas semanas também para operar linhas
internacionais.
Ontem, Bologna declarou ainda que a TAM, hoje com 47% do
mercado doméstico, espera manter a posição
de liderança neste ano, apesar da aquisição
da Varig pela Gol, sua principal concorrente, no mês
passado.
"Isso faz parte do nosso "guidance" [chegar
a 50% de participação nos vôos domésticos
neste ano]. É um nível que nos dá uma
malha forte interna para sustentar os vôos internacionais."
Valor Econômico
05/04/2007
Anac autoriza compra da Varig pela
Gol
Daniel Rittner
A Gol já pode assumir o controle
e a gestão da VRG Linhas Aéreas, a Nova Varig,
que comprou na semana passada por US$ 320 milhões.
A Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) considerou que o negócio está em conformidade
com a legislação do setor e deu anuência
prévia à operação.
"Foram respeitadas todas as exigências
do Código de Aeronáutica e a operação
está redonda", afirmou o superintendente de
Serviços Aéreos da Anac, Mário Gusmão,
responsável pela análise da documentação.
Os técnicos da agência trabalharam sobre o
processo desde sexta-feira passada, incluindo o fim de semana,
e a diretoria colegiada aprovou a transação
anteontem.
De acordo com Gusmão, requisitos
como capacidade econômico-financeira e estrutura societária
do novo controlador atendem a todas as exigências
legais. Facilitou a agilidade da análise o fato de
a Gol já ser concessionária de transporte
aéreo. "Como a documentação estava
bem elaborada, as dúvidas foram rapidamente esclarecidas",
disse o superintendente.
Com o aval da Anac, o dinheiro envolvido
na negociação pode ser liberado e a Gol assume
o controle acionário da VRG. A empresa da família
Constantino está apta a assumir a gestão da
Nova Varig, mas deve fazer mudanças no estatuto social
da companhia para entrar "de fato" no dia-a-dia
das decisões empresariais.
"A partir da publicação
(da anuência prévia) no Diário Oficial
da União, não há mais nenhum impedimento
para que a Gol entre na empresa", explicou Valeska
Teixeira Martins, advogada da Nova Varig, acrescentando
que isso deverá ocorrer nos próximos dias.
Resta agora o sinal verde do Conselho Administrativa de
Defesa Econômica (Cade) à operação,
mas a análise do órgão não impede
a entrada da Gol, embora a aérea deva esperar uma
decisão para adaptar-se a eventuais exigências
e dar prosseguimento ao seu plano de negócios. Segundo
a advogada, o prazo para a apresentação de
documentos ao Cade é de 15 dias úteis após
a assinatura do contrato - no caso, até 19 de abril.
"Estamos trabalhando para entregar os documentos o
quanto antes", completou Valeska. "Esperamos que
(a decisão do Cade) seja rápida."
A Gol só se manifestou por meio
de uma nota. Nela, o presidente da aérea, Constantino
de Oliveira Junior, reitera o compromisso de manter a marca
Varig e incorporar à companhia o modelo de baixos
custos da Gol. "No curto prazo, a Varig será
reposicionada no mercado como uma empresa competitiva",
afirmou na nota. "A Varig incorporará conceitos
modernos, reduzirá os custos operacionais e obterá
aumento da eficiência."
Até agora, não chegou à
Anac nenhum pedido de prorrogação do prazo
para reativação das linhas internacionais
abandonadas pela Varig. A Gol tem até 14 de junho
para retomar essas linhas, mas Constantino já anunciou
a intenção de ganhar mais tempo para assumi-las.
Sua principal concorrente, a TAM, confirmou o interesse
em assumir parte das linhas - Frankfurt e vôos adicionais
a Londres e Paris que hoje pertencem à Varig, estão
na mira da aérea.
Pelo plano de negócios da Gol,
a idéia é dobrar a atual frota, de 17 aviões.
A aérea anunciou a intenção de ter
na Varig, conforme cronograma a ser detalhado "brevemente",
20 aviões 737 e 14 no modelo 767 da Boeing - de quem
é a maior cliente na América Latina.
O Estado de São Paulo
05/04/2007
Anac aprova a venda da Varig
Recomendação do
presidente Lula fez com que negócio com a Gol recebesse
sinal verde em tempo recorde
Mariana Barbosa e Isabel Sobral
A compra da Varig pela Gol, anunciada há
uma semana, ganhou o sinal verde da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac). A autorização
prévia da Anac aconteceu em tempo recorde, apenas
algumas horas depois de o presidente da Gol, Constantino
de Oliveira Junior, apresentar formalmente seu plano de
negócios para a Varig à diretoria da agência,
na terça-feira à tarde.
Pela dimensão do negócio,
a aquisição precisa ainda ser apreciada pelo
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Por meio de sua subsidiária GTI,
a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, holding dona da
companhia aérea Gol, adquiriu a Varig (oficialmente
denominada VRG) por US$ 320 milhões. O anúncio
foi feito no Palácio do Planalto na quarta-feira,
dia 28. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva solicitou ao diretor-presidente da Anac, Milton
Zuanazzi, que fosse rápido na apreciação
do negócio. O recado foi reforçado pelo Ministro
das Relações Institucionais, o mineiro Walfrido
Mares Guia, que foi chefe de Zuanazzi quando esteve à
frente do Ministério do Turismo.
Em um comunicado divulgado ontem, a Gol
afirmou que, com a autorização da Anac, está
pronta para iniciar a gestão da Varig. “A autorização
da Anac significa que, a partir de agora, assumiremos a
VRG, implementando nosso eficiente modelo de gestão
de baixo custo. No curto prazo, a Varig será reposicionada
no mercado como uma empresa competitiva”, declarou
Constantino Junior no comunicado. “A Varig incorporará
conceitos modernos, reduzirá os custos operacionais
e obterá aumento da eficiência.”
As duas empresas vão operar separadamente,
cada uma com sua marca, explorando nichos de mercados distintos.
A expectativa é que a VRG mantenha sua base de operações
no Rio de Janeiro, o que garantiria uma fonte de receita
para a Varig antiga, proprietária do antigo prédio
sede da Varig. O pagamento de aluguel para a Varig antiga
pela VRG é um compromisso que consta do Plano de
Recuperação Judicial.
A saída do atual presidente da Varig,
Guilherme Laager, é dada como certa, mas até
o final do dia de ontem não tinha sido oficializada.
Um dos cotados para assumir o posto é o atual vice-presidente
de Planejamento e Gestão da Gol, Wilson Maciel Ramos,
executivo de total confiança de Constantino Junior.
CADE
Ainda não há previsão
de quando a aquisição da Varig irá
a julgamento no Cade, que avaliará seu impacto na
concorrência do setor aéreo. Até ontem,
de acordo com a assessoria de imprensa do Cade, a Gol ainda
não havia protocolado a operação nos
órgãos de defesa da concorrência. As
empresas têm até 15 dias, após a assinatura
do contrato de venda ou fusão, para submeter o negócio
à Secretaria de Direito Econômico (SDE), do
Ministério da Justiça, à Secretaria
de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério
da Fazenda, e ao Cade.
Negócios milionários como
este são analisados em conjunto pelas duas secretarias
para economizar tempo, antes do julgamento do Cade. A legislação
antitruste determina um prazo de 60 dias para que o conselho
dê a sua palavra final. No entanto, qualquer pedido
de informações ou apresentação
de dados pelas empresas suspende a contagem do prazo automaticamente,
o que significa que a análise pode demorar mais tempo.
Como o governo já apressou a análise
da Anac, é possível que também venha
a pressionar as secretarias e o Cade para agir com mais
rapidez. Por lei, qualquer fusão ou aquisição
de empresas que faturam mais de R$ 400 milhões no
Brasil ou detêm participação de mercado
superior a 20% tem de ser submetida ao Cade.
A Gol obteve uma receita líquida
de R$ 3,8 bilhões no ano passado. Dados da Anac sobre
a movimentação de passageiros em fevereiro
mostram que a companhia detém 40,26% do mercado doméstico
e a Varig, 4,57%. Juntas, as duas companhias possuem 2,5
pontos porcentuais a menos que a líder TAM, cuja
fatia de mercado ficou em 47,33% em fevereiro.
Jornal do Brasil
05/04/2007
Agência dá sinal verde
para compra da Varig pela Gol
Lorenna Rodrigues
Brasília. A Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) aprovou a compra da
Varig pela Gol. Em reunião na terça-feira,
a diretoria do órgão regulador decidiu que
a operação não é prejudicial
ao mercado e concedeu anuência prévia ao negócio.
A Anac informou que, apesar da autorização
prévia, ainda analisará outros aspectos da
operação, como a integração
do capital da empresa e a nomeação da diretoria.
"A autorização da Anac
significa que, a partir de agora, assumiremos a Varig, implementando
nosso eficiente modelo de gestão de baixo custo",
declarou o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior,
em nota. " A curto prazo, a Varig será reposicionada
no mercado como uma empresa competitiva."
A compra também será analisada
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
porque, como prevê a lei, toda operação
que envolve empresa com faturamento anual superior a R$
400 milhões ou resulte em participação
de mercado de pelo menos 20% tem de passar pelo crivo dos
órgãos de defesa da concorrência. No
ano passado, a Gol faturou cerca de R$ 4 bilhões.
A participação da companhia no mercado doméstico,
antes da compra da Varig, era de 40,26%.
A Anac disse ontem que a operação
será analisada pelo Cade devido ao valor da operação
- US$ 275 milhões. Especialistas garantem que o conselho
também aprovará o negócio, pois a participação
no mercado doméstico de Varig e Gol juntas foi de
45% em fevereiro, menos do que a TAM, que ficou com 47%.
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