Tribuna
da Imprensa
Coluna do Pedro Porfírio
05/03/2007
FUNDOS DE PENSÃO: UM PROBLEMA
NACIONAL
"As ilegalidades
perpassaram diversos governos. Ao invés de recursos,
ingressavam "contratos de refinanciamento". São
as chamadas "operações mata-mata",
absolutamente vedadas pelo Banco Central e vedadas entre
fundos e suas patrocinadoras. A SPC, no entanto, aprovou
cada uma das múltiplas renegociações.
Houve fraude à lei, houve fraude ao regime de capitalização".
Luís Antônio Castagna
Maia, advogado dos funcionários da Varig
A iniciativa do MODECON – Movimento
de Defesa da Economia Nacional – de abrir um amplo
debate sobre os fundos de pensões é extremamente
oportuna. O debate começa pelo Petros, o poderoso
fundo do Sistema Petrobrás, e pelo Aerus, o plano
moribundo dos empregados da Varig e da Transbrasil.
Nesse encontro, hoje, às cinco
e meia da tarde na ABI, teremos depoimentos incontestáveis
de alguns dos maiores conhecedores desses planos.
Fui convidado como palestrante pela incansável
Maria Augusta Tibiriçá Miranda por conta do
que escrevi na semana passada sobre o massacre no Aerus.
Mas tive a preocupação de transferir a maior
responsabilidade do relato para alguém que é
hoje uma das maiores referências da vida sindical
dos trabalhadores da aviação.
Nelson Cirtoli, que virá diretamente
do Rio Grande do Sul para o evento, foi presidente da Federação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos
e curador do Instituto Aerus, na década de 90. Ele
está, portanto, muito mais preparado do que eu para
falar das próprias entranhas desse fundo de pensão
que está levando 9 mil famílias ao mais dramático
desespero.
O efeito
cascata
O que me assusta nisso tudo é o
efeito cascata. Como pano de fundo da tragédia dos
participantes do Aerus – como do Aeros, da Vasp –
está a inviabilidade do modelo de aposentadoria complementar,
que foi urdido como uma panacéia quando começaram
a desarticular a previdência pública.
Graças à capitalização
desses fundos que ganharam maior incremento a partir dos
anos 80, há hoje no Brasil 360 entidades de previdência
complementar, sendo 36 patrocinadas por estatais federais,
com patrimônio chega a R$ 345 bilhões (18%
do PIB). Pelo que acumulam, esses fundos, particularmente
os das estatais, são utilizados em todos os tipos
de manobras para dar suporte a decisões governamentais.
Nos leilões de privatizações-doações
do período FHC, eles foram usados sem parcimônia,
contribuindo, inclusive, para favorecer certos grupos.
Hoje, o ainda influente José Dirceu
defende publicamente a apropriação dos seus
recursos para envolvê-los nos anunciados programas
de infra-estrutura do governo."Se temos os fundos e
o BNDES, com a TJLP a 6,85% reais ao ano, o que falta?"
Os fundos de pensão ganharam silhuetas
de hipocrisias e fazem lembrar os montepios que usavam os
nomes dos militares, logo após 64, para ludibriar
milhões de brasileiros.
Talvez você não tenha vivido
na década de 60 a festa do Montepio da Família
Militar, da Capemi e do Gboex, entre outras arapucas que
levaram muitos pensionistas ao desespero, por conta dos
seus contratos indecifráveis: hoje, ainda existem
pessoas com direito à pensões de R$ 10,00.
No caso dos fundos atuais, tal como aconteceu
com os aeronautas, eles começaram a mudar de figura
a partir da influência dos fundos estrangeiros, ainda
no período FHC, mas ganharam corpo quando Luiz Gushiken,
da copa e cozinha do Palácio, passou a ditar as regras
sob inspiração de Stanley Gacek, o homem da
previdência privada sindical dos EUA.
A grande mudança operada serve como
prenúncio do fracasso futuro dos fundos, na medida
em que ela impõe a substituição do
benefício definido pela contribuição
definida.
No primeiro caso, o fundo poupava e operava
com compromissos claros. O participante sabia que, ao se
aposentar, teria a complementação necessária
para manter pelo menos 90% de sua renda assalariada.
No segundo caso, que está sendo
imposto nas repactuações, você sabe
quando vai pagar e quanto pagará a patrocinadora.
Mas na hora de receber, vai depender do desempenho do fundo.
Isso se ele e a patrocinadora não ficarem insolventes,
como aconteceu com os fundos dos aeronautas e ferroviários.
No caso dos trabalhadores em aviação,
desde 1991 que ele vem sendo minado. Nesse ano, por iniciativa
da VASP, o governo retirou sua contribuição
de 3%, que eram incluídos no valor da passagem.
Da contribuição
definida ao caos
O esvaziamento do Aerus se agravou em 2002,
como relata Nelson Cirtroli: "Em 1995, logo após
a 16ª ilegal renegociação da dívida,
nasceu o Plano II no Aerus, estabelecendo a modalidade de
contribuição definida com a pretensão
desesperada de diminuir os compromissos das patrocinadoras.
Aprovada pelo governo, a estratégia utilizada para
incentivar a adesão a um plano menos vantajoso, foi
oferecer benefícios de ingresso bem mais atraentes,
utilizando-se para isso da reserva matemática (poupança)
do plano original (agora chamado Plano I), em detrimento
aos participantes que neste permanecessem. Em vista da liquidação
ora imposta, o prejuízo causado pela irregular utilização
da referida reserva se materializa, com os participantes
do plano original, quedando-se sem benefício já
a partir de março próximo.
Em 2002 a Varig encerrou sua participação
contributiva para o AERUS (mais uma vez de forma irregular,
posto que a Lei não permite afastamento da patrocinadora
sem que antes sejam quitados os débitos existentes).
Com isso, a Varig repetia o comportamento do governo, quando
em 1991 eliminou a chamada 3ª fonte de custeio. Ao
mesmo tempo, tal alteração promovia uma diminuição
drástica na reserva matemática (poupança)
dos trabalhadores participantes, reduzindo artificialmente
o déficit da empresa.
Em julho de 2005, o governo impôs
ao Aerus um Administrador Especial para os Planos Varig
o qual, conforme a Lei 109, tinha por função
primária saneá-los para resguardar os direitos
dos participantes e assistidos".
Vamos saber mais no painel de hoje na ABI,
do qual participa também o ex-deputado e ex-vereador
Ricardo Maranhão, em nome dos seus colegas da Petrobrás.
Site AEROCONSULT
05/03/2007
A TAM QUER NOVAMENTE A VARIG
Algo de novo está amadurecendo no
mercado de transportes aéreos do país. A previsão
de que com o início das operações da
nova Varig haveria competição entre as empresas
e que em curto prazo cada uma delas ocuparia a posição
correspondente à sua capacidade de expansão,
está se revelando inconsistente. A conjuntura para
evidenciar que a VarigLog não possui capacidade para
se consolidar no mercado, por falta de aeronaves, pelo reduzido
interesse de parte da Matlin Patterson, ou por sua inabilidade
de reestruturar a aérea, apesar de seu elevado potencial.
Ao mesmo tempo a Tam evidencia a cada semana
que passa sua preocupação com as falhas estruturais,
que tenta controlar com mudanças nas chefias, às
quais atribui a responsabilidade pelo quase colapso registrado
em dezembro, quando suas operações foram afetadas
pela maior falha operacional de 30 anos de existência.
E novos desafios a aguardam, a cada chegada de novos Airbus,
cuja utilização não está clara,
pois faltam definições sobre qual será
o rumo da Tam, ou seja se dará ênfase à
rede doméstica, onde tem participação
majoritária, ou às rotas internacionais, nas
quais suas numerosas aeronaves de grande porte teriam uma
utilização mais adequada. A crise deixou claro
que a empresa não se preparou para o grande pulo:
tem poucas agências em paises do exterior, poucos
funcionários preparados para gerenciá-las,
pouco conhecimento desses novos mercados. E no Brasil, já
se posicionou na rotas mais convenientes, cujo potencial
atual dispensa mais freqüências. Mas permanece
o desafio de operar rentavelmente uma frota de 99 aeronaves,
que ao lado de 78 Airbus, (dos quais 53 A320, dez A330 e
15 A319), ainda apresenta 19 detestáveis F-100 e
2 MD-11, tirando o sono dos dirigentes da empresa, face
ao montante dos compromissos financeiros representados por
essas aeronaves. Sem contar outros contratos já assinados,
que prevêem a vinda de mais 60 Airbus até 2010
e de quatro Boeing 777-300ER em 2008, além das opções
por 20 A320 e por quatro B777-300ER. Uma frota enorme, que
daqui a quatro anos poderá chegar a 132 unidades,
para uma rede doméstica e outra internacional que,
se não forem ampliadas de maneira substancial, poderiam
ser operadas com talvez a metade dos aviões disponíveis.
Essas considerações, que
com certeza devem ter agitado às ultimas reuniões
da diretoria da Tam, explicam as recentes mudanças
administrativas, por si insuficientes para solucionar problemas
estruturais que exigem tempo, visão mercadológica,
treinamento. De fato, depois de ter conseguido minimizar
o impacto da volta da Varig, desde a época da joint-venture
e da suposta intenção de fusão, apesar
de ter exercido toda sua força política em
Brasília, para retardar soluções a
favor da Varig e para obter da Anac todo o apoio possível,
a Tam descuidou de potenciar sua organização
em tempo útil para acompanhar o crescimento próprio
e dos mercados, que suas diretorias não souberam
prever. E de repente descobriu que a real ameaça
a suas ambições de domínio aéreo
não é mais a Varig, tão temida por
seu falecido fundador, mas sim a Gol de Constantino Junior.
Com o habilidoso lançamento de tarifas supostamente
baixas, mas em particular com o correto controle de custos,
a Gol conseguiu resultados operacionais positivos que lhe
deram uma vantagem de cinco anos sobre a rival, cujos lucros
atuais estão sujeitos às incógnitas
do mercado aéreo, se faltar o indispensável
suporte dos custos baixos. E crescer sem esse controle é
um perigo real no médio prazo, que no passado já
vitimou a Varig.
Diante da necessidade de resolver o problema
de um crescimento rentável e do aproveitamento de
uma frota que excede suas atuais possibilidades de utilização,
a diretoria da Tam não ignora que não conseguirá
superar sozinha o enorme obstáculo representado pela
falta de uma estrutura adequada. Por isso ela voltou a considerar
a conveniência de unir suas forças às
de uma congênere que possua uma rede internacional
ampla e que esteja disposta a lutar contra a Gol, a maior
concorrente. Segundo notícias oficias e confidenciais,
a luta interna na Tam e nos bastidores da aviação
nacional são intensas. Houve na Tam a troca do vice-presidente
de planejamento, Gelson Pizzirani, que foi substituído
por Paulo Castelo Branco, diretor de relações
institucionais e alianças estratégicas com
companhias internacionais. Castelo Branco terá a
seu cargo as posições-chaves da aérea,
entre as quais o planejamento de rotas e a participação
nos mercados. Com ele outros dirigentes perderão
consistência, entre os quais o vice-presidente comercial
e de marketing, Wagner Ferreira, há algum tempo em
fase de eclipse, podendo até chegar à presidência
da Tam, na qual Marco Antonio Bologna se sustenta com o
apoio dos filhos do fundador da empresa, Cmte. Rolim Amaro.
Na impossibilidade de se adequar num prazo
bem curto às exigências de uma rede internacional
mais extensa, investindo em treinamento e estruturas, a
Tam teria se preocupado bastante com o anúncio da
possível participação da LAN Chile
no capital da nova Varig, pois com mais liquidez e mais
aviões o fantasma da ex-aérea Riograndense
poderia volta a turbar seus sonhos de conquistas. Para não
ser excluída do negócio a Tam estaria oferecendo
à Lan mais facilidades de investimento, disponibilizando
o 20% de suas ações que a lei permite ceder
às empresas estrangeiras, em troca de uma tríplice
associação, na qual o segmento LAN/Varig se
dedicaria ao setor internacional e o Tam/Varig ao doméstico,
utilizando as frotas de Airbus e Boeing das duas aéreas.
Vínculos de amizade ligariam a família Amaro
à Família Cueto, dona da Lan, e poderiam facilitar
o entendimento.
Mas os esforços da Tam não
deixaram indiferente a Gol, que nesta fase de consolidação
nos mercados brasileiro e latino-americanos deve decidir
se exclui, a médio prazo, a possibilidade de estender
suas rotas na Europa, Estados Unidos e Ásia. E´
uma opção que limitaria seu crescimento, apesar
de seu potencial para assumir uma posição
destacada na indústria Por isso, segundo indiscrições,
também a Gol estaria no páreo, interessada
em participar do projeto da Lan, dedicado às rotas
internacionais da Varig. Ela estaria aproveitando o seu
prestígio nos mercados internacionais para tentar
costurar uma operação financeira, que contaria
também com fundos da família Constantino e
teria o apoio da Matlin Patterson, que possui 20% das ações
do VRG. O fundo americano, insatisfeito com a evolução
de seu investimento, estaria disposto a ceder sua participação
a outro investidor, mas também aceitaria se associar
à Gol, num empreendimento que disponibilizaria à
nova Varig às aeronaves que não consegue no
mercado de leasing, sem as quais suas possibilidades de
crescimento são mínimas.
Valor Econômico
05/03/2007
Ministério da Justiça
investiga cartel em transporte de carga
Roberta Campassi e Juliano Basile
O Ministério da Justiça
iniciou investigação de cartel contra companhias
aéreas que fazem transporte de carga e correio. No
final de janeiro, foram realizadas ações de
busca e apreensão na sede de três empresas.
Ao todo, sete companhias aéreas
figuram como rés na "averiguação
preliminar" instaurada pela Secretaria de Direito Econômico
(SDE). São elas: American Airlines, Air France-KLM,
Lufthansa Cargo, Absa, VarigLog, Alitalia e Swiss. Três
delas também são alvo de investigação
por formação de cartel no exterior.
A suspeita da SDE é de que essas
companhias aéreas teriam feito acordos entre si para
elevar, ao teto máximo permitido, as sobretaxas de
combustível cobradas sobre as tarifas de transporte
de carga, entre 2003 e 2005. Esse adicional pode ter representado
até 30% do valor dos fretes. Ou seja, se a existência
de cartel for comprovada, os clientes que usaram os serviços
das empresas no período de dois anos terão
sido prejudicados por pagar as sobretaxas máximas.
O adicional de combustível é
um mecanismo usado pelas empresas aéreas para repassar
aos clientes - tanto do segmento de cargas quanto de passageiros
- parte da elevação nos preços do querosene
de aviação.
No fim de janeiro, a SDE realizou ações
de busca e apreensão de documentos nas sedes brasileiras
das empresas American Airlines, VarigLog e Air France-KLM.
Nessas ações foram obtidas várias provas
à investigação de formação
de cartel no setor.
As ações de busca e apreensão
só foram possíveis porque uma das empresas
participantes do cartel resolveu entregá-lo às
autoridades brasileiras. Segundo o Valor apurou, a denunciante
foi a alemã Lufthansa. Ela teria assinado um "acordo
de leniência", pelo qual se dispôs a colaborar
nas investigações em troca de redução
de uma eventual pena. A Lufthansa teria entregado provas
à SDE e, com base nestes documentos, a secretaria
obteve autorização da Justiça Federal
para entrar na sede das companhias e apreender material.
A Lufthansa teria procurado o Ministério
da Justiça para delatar as demais empresas após
diversos países em que ela opera terem começado
a investigar a existência de conluios na indústria
de aviação civil.
Um dos indícios de formação
do cartel é o fato de que as empresas investigadas
fazem parte da Junta de Representantes de Companhias Aéreas
Internacionais no Brasil (Jurcaib). A entidade teria sido
uma facilitadora para que as empresas concordassem em equalizar
as sobretaxas cobradas sobre os fretes.
O Ministério da Justiça
também está analisando se as empresas United
Airlines, Delta, JAL, TAM e Continental - que também
fazem parte da Jurcaib - teriam participado de acordos.
Existem referências a essas empresas nas investigações,
mas, por enquanto, não há provas concretas
contra elas. O fato de pertencerem à Jurcaib pesa
contra elas.
As investigações podem dar
início a um processo contra as empresas dentro da
SDE, a quem caberá um parecer. Após o posicionamento
da SDE, o processo seria julgado pelo Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade). Numa eventual condenação
das companhias aéreas, elas podem ser chamadas a
pagar multas que variam entre 1% e 30% de seus respectivos
faturamentos. Os executivos das empresas também poderiam
receber punições, sendo convocados a pagar
multas e até inabilitados de atuar no setor.
Com exceção da Absa e da
VarigLog, que são brasileiras e transportam apenas
cargas, as demais investigadas são estrangeiras e
atuam também no segmento de passageiros. Segundo
informações do anuário de transporte
aéreo (2005) da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), American Airlines, Lufthansa, Absa e Air France
são algumas das empresas com maior participação
no transporte internacional de carga e correio cujo destino
ou origem é o Brasil. As companhias estrangeiras
detém 59% desse mercado mas não divulgam as
receitas obtidas no país. A Absa faturou R$ 187 milhões
em 2005.
Já no mercado doméstico,
onde as empresas estrangeiras praticamente não atuam
- a VarigLog tem a participação mais expressiva.
Se essa participação for calculada com base
da receita da companhia (R$ 180 milhões em 2005)
e no quanto o mercado doméstico de cargas movimentou
(R$ 1,4 bilhão), ela é de 13%. Se for calculada
com base na sua oferta (medida em toneladas/ quilômetros)
sobre a oferta total, a participação é
de 3,7%. Isto porque excluem-se as operações
feitas em conjunto com a Varig, sua ex-controladora.
Procuradas pelo Valor na sexta-feira,
as empresas Air France-KLM, Alitalia e Absa não quiseram
se pronunciar. A VarigLog não retornou o pedido de
entrevista. Na American Airlines, o porta-voz não
foi encontrado e a Lufthansa informou que só poderia
se pronunciar hoje. A Swiss, ex-Swissair, faz parte do grupo
Lufthansa.
No dia 23 de fevereiro, a American Airlines,
maior companhia aérea do mundo, informou num documento
enviado à Securities and Exchange Commission (SEC),
órgão que regula o mercado de capitais nos
Estados Unidos, que estava sendo investigada pelas autoridades
brasileiras acerca da cobrança das sobretaxas de
combustível. A empresa disse que também é
alvo de inquérito nos Estados Unidos, Europa, Nova
Zelândia e Suíça. Recentemente, uma
ação judicial foi impetrada no Canadá
alegando que ela violou as leis antitruste do país.
Em todo o mundo, mais de quinze empresas
aéreas já são suspeitas de formação
de cartel para a fixação dos adicionais de
combustível. As primeiras investigações
foram iniciadas nos Estados Unidos e União Européia.
No Brasil, a cobrança das sobretaxas
é usual entre as empresas de transporte de carga.
Há duas metodologias para estabelecer o adicional.
Uma delas é calcular uma porcentagem a ser paga sobre
o valor do frete conforme o preço do combustível.
A outra é calcular uma quantia em dólares
a ser paga por quilo transportado em função
de um índice de preços do petróleo.
É esta segunda metodologia que
vem sendo usada pelas empresas investigadas. A Anac é
responsável por atualizar o índice de preços
do combustível e, conseqüentemente, o valor
da sobretaxa a ser cobrada. O teto máximo possível
é de US$ 0,60 por quilo.
Em razão das constantes elevações
do querosene de aviação na década de
90, e, em particular, em 1996, a Associação
de Transporte Aéreo Internacional (Iata, na sigla
em inglês) elaborou a metodologia que relaciona preço
do combustível e valor da sobretaxa.
No Brasil, o Departamento de Aviação
Civil (DAC) - substituído pela Anac em 2006 - não
autorizou num primeiro momento o uso deste índice
pelas empresas que transportam cargas em território
nacional.
Após diversos pedidos das empresas,
o DAC resolveu autorizar o uso da tabela da Iata, porém
exigiu que cada adicional fosse informado previamente. As
empresas fizeram nova investida e, posteriormente, o DAC
decidiu autorizar o uso da tabela em definitivo.
No Brasil, já existe um processo
na SDE movido pela Associação Brasileira de
Agências de Viagem (Abav) em que dez companhias aéreas
- entre elas a British Airways, a Delta e a Continental
- são acusadas de formação de cartel
para reduzir o valor das comissões pagas aos agentes
de viagens . O processo teve início em 2000 e ainda
não foi concluído.
Em 2004, as empresas Varig, Transbrasil,
TAM e Vasp foram condenadas pelo Cade a pagar multa correspondente
a 1% de seus faturamentos por terem formado cartel para
elevar os preços cobrados na ponte-aérea.
Coluna Cláudio Humberto
www.claudiohumberto.com.br
04/03/2007 - 14:18h
Encrenca no ar
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara
Empresarial do Rio, processa o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ),
presidente da CPI que investiga a venda da Varig. Ramos
suspeita de favorecimento no leilão da empresa.
Jornal do Brasil
02 de março de 2007
Lula manda boicotar CPI do apagão
aéreo
Brasília. O presidente Lula pediu ao presidente da
Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e a deputados aliados
que trabalhem para evitar a instalação da
CPI do Apagão Aéreo. Parte da base governista,
insatisfeita com a eleição de Chinaglia para
presidir a Câmara e com a demora da reforma ministerial,
assinou o requerimento de criação da comissão.
Lula teme que a CPI, se instalada, transforme-se
em trincheira da oposição e dificulte a aprovação
de projetos como os do PAC. Aliados disseram ao presidente
que a CPI pode se transformar em nova "CPI do Fim do
Mundo", apelido dado à antiga CPI dos Bingos
pelo amplo leque de investigações.
Agora, teme-se que a CPI investigue, por
exemplo, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula que
atuou como advogado da Transbrasil e da Varig. Seriam apuradas
ainda compras da Infraero na gestão de Carlos Wilson,
hoje no PT.
São necessárias 171 assinaturas
(um terço dos 513 deputados) para apresentação
do requerimento. A oposição obteve 211 assinaturas,
das quais 113 são de integrantes da base aliada,
como Ciro Gomes (PSB-CE), Renildo Calheiros (PC do B-AL)
e Jader Barbalho (PMDB-PA). Cerca de 20 peemedebistas também
apoiaram.
Governo e aliados tentam promover retiradas
de assinaturas em massa. Chinaglia pode ainda rejeitar o
requerimento, dizendo que não existe fato determinado.
Membros do PSB e do PC do B que assinaram
o pedido de criação da CPI apoiavam Aldo na
disputa pelo comando da Câmara. Jader Barbalho também.
Peemedebistas que aderiram ao requerimento mandaram recado
ao governo: querem ser contemplados na reforma ministerial.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, prevê
que a CPI não vai atrasar decisões para o
setor.
- Iremos esclarecer tudo. Se há
uma coisa que eu amo é transparência.
Mercado e Eventos
02/03/2007 - 16:19h
Varig tem tarifas promocionais para
a Semana Santa
A Varig está com tarifas promocionais durante o feriadão da Semana Santa. A partir de São Paulo há passagens com descontos para Londrina (R$139), Vitória (R$139), Porto Alegre (R$149), Belo Horizonte/Cofins (R$99).
Já os passageiros que embarcam no Rio de Janeiro podem aproveitar a tarifa promocional para Vitória (R$89) enquanto o trecho entre Belo Horizonte e São Paulo sai por R$99.
A Varig está também com a promoção Smiles & Money onde para os vôos realizados entre os dias 5 e 18 de março se pode utilizar as milhas acumuladas pagando uma diferença em dinheiro para diversos trechos operados pela companhia.
Agência FAPESP
01/03/2007
Céu de brigadeiro para mais velhos
Pilotos com mais de 60 anos se saem melhor que mais novos em pesquisas conduzidas durante três anos. Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos avalia ampliação de aposentadoria obrigatória para 65 anos
- Boa not ícia para quem chegou aos 60 anos e nem quer pensar em deixar de trabalhar. Uma pesquisa feita com simuladores de vôo nos Estados Unidos verificou um aproveitamento melhor para realizar tarefas ligadas à profissão em pilotos mais velhos do que nos mais jovens.
Os resultados, de acordo com os autores do estudo publicado na edição de 27 de fevereiro da revista Neurology, da Academia Norte-Americana de Neurologia, podem levar a uma reavaliação do impacto da idade em determinadas ocupações.
O estudo é publicado em momento oportuno, uma vez que a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos discute uma proposta de ampliar a idade de aposentadoria obrigatória para pilotos comerciais dos atuais 60 para 65 anos.
Os pesquisadores, da Universidade de Stanford e do Centro de Pesquisa Clínica em Envelhecimento, examinaram durante três anos 118 pilotos não comerciais com idades entre 40 e 69 anos. Todos os participantes voavam regularmente, tinham entre 300 e 15 mil horas de vôo e certificado médico da FAA.
Os voluntários foram testados em itens como comunicação, leitura de instrumentos para detectar emergências, pouso sem instrumentos e condução para evitar zonas de tráfego.
A pesquisa concluiu que, enquanto os pilotos com mais de 60 anos inicialmente apresentaram resultados inferiores nos testes, eles tiveram menor declínio durante o período analisado. Com o tempo, os mais velhos apresentaram ainda maior evolução no item evitar tráfego. A maior experiência também esteve relacionada com o menor declínio no desempenho das atividades.
Segundo os pesquisadores, pilotos mais experientes podem manter o desempenho com o tempo devido a um mecanismo de preservação de conhecimentos de tarefas específicas, conhecido como inteligência cristalizada, semelhante ao que ocorre em áreas como música ou xadrez.
"Os resultados mostram as vantagens da experiência e do treinamento nos adultos mais velhos. Isso tem implicações mais abrangentes para o tema de envelhecimento no trabalho do que apenas no setor de aviação", disse Joy Taylor, do Centro de Pesquisa Clínica em Envelhecimento, na Califórnia, e principal autor do estudo.
O artigo Pilot age and expertise predict
flight simulator performance: A 3-year longitudinal study
, de Joy L. Taylor, Quinn Kennedy, Art Noda e Jerome
A. Yesavage, pode ser lido por assinantes da Neurology
em www.neurology.org.
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