O Estado de São Paulo
04/10/2007
Sócios da VarigLog
brigam na Justiça
Parceiros brasileiros do fundo
Mattlin Paterson estão sob suspeita de gastos
irregulares de US$ 13 milhões
Alberto Komatsu
Os três controladores brasileiros da VarigLog,
Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel,
estão sob suspeita, segundo fonte do mercado,
de terem gasto irregularmente, em proveito próprio,
pelo menos US$ 13 milhões do dinheiro que foi
investido na empresa pelo fundo americano Mattlin Paterson.
Entre as irregularidades estariam a compra de três
jipes Land Rover blindados, avaliados em cerca de R$
130 mil cada um, contratação de um lobista
em Brasília por R$ 150 mil mensais e até
o reajuste, de R$ 38 mil para R$ 70 mil, da remuneração
dos membros do conselho de administração
da empresa, do qual os três fazem parte.
Audi, Gallo e Hatfel, sócios brasileiros do
Mattlin Paterson, participaram da venda da Varig para
a Gol, por US$ 320 milhões, em 28 de março
deste ano. O fundo americano cobra na Justiça
US$ 98 milhões que a Gol pagou à vista
pela Varig. O dinheiro, que deveria ter sido devolvido
ao fundo, foi depositado em uma conta na Suíça,
na qual restam hoje US$ 85 milhões. A suspeita
é a de que os investidores brasileiros gastaram
os US$ 13 milhões que faltam, diz uma pessoa
que acompanha esse processo. Os controladores da VarigLog
foram procurados pelo Estado, mas informaram que não
se pronunciariam sobre o caso.
O Matlin conseguiu, na Justiça americana, o
bloqueio da conta da Suíça, para evitar
mais gastos dos executivos. Os três teriam também
contratado a Audi Helicópteros, de propriedade
de Marco Antonio Audi, com dinheiro da VarigLog (ex-subsidiária
de cargas da Varig que controlava a própria empresa
aérea), diz a fonte.
A Volo do Brasil foi a empresa criada pelos três
investidores brasileiros e o Matlin para comprar a VarigLog
por cerca de US$ 48 milhões. A VarigLog, por
sua vez, comprou a Varig por US$ 24 milhões no
dia 20 de julho de 2006, mas a vendeu em março
para a Gol. Até a venda para a Gol, o Matlin
emprestou US$ 220 milhões para reerguer a operação
da nova Varig, que no dia seguinte ao leilão
judicial tinha apenas dois aviões.
Do total pago pela Gol, US$ 98 milhões foram
em dinheiro e US$ 172 milhões em ações.
Os US$ 50 milhões referem-se a uma emissão
de debêntures da nova Varig (VRG).
Os três brasileiros, que se uniram ao chinês
Lap Chan, representante do Matlin no Brasil, também
teriam vendido 1,5 milhão de ações
da Gol, do total de cerca de 6 milhões que a
VarigLog recebeu como parte do pagamento pela Varig.
O total arrecadado com esse negócio teria sido
de US$ 30 milhões. No entanto, essa negociação
não foi registrada em balanço.
Os papéis restantes estão bloqueados
pela Justiça. 'O Lap está perplexo com
a audácia dos três, mas se desfazer da
sociedade não é tão fácil
assim', afirma a fonte. No total, o Matlin Patterson
emprestou à VarigLog US$ 220 milhões,
mas cobra em três ações judiciais
US$ 186 milhões. São duas ações
na Justiça de São Paulo, na 9ª e
16ª varas cíveis, que cobram os US$ 98 milhões
que já deveriam ter sido devolvidos.
Uma terceira ação, em Nova York, faz
a cobrança de US$ 88 milhões referentes
a empréstimos concedidos à nova Varig
entre o segundo semestre de 2006 e o primeiro trimestre
deste ano.
A VarigLog argumenta que um acordo verbal garantia
que os recursos emprestados pelo Matlin só deveriam
ser devolvidos em 2011, o que não consta nos
contratos, segundo a fonte. Audi, Gallo e Haftel chegaram
até a abrir dois inquéritos criminais
na Justiça paulista alegando que o Matlin Patterson
quer quebrar a VarigLog, conta a fonte.
O Estado de São Paulo
04/10/2007
Licitações de Carlos
Wilson na mira da CPI
Relator diz que existem provas
de favorecimento a empresas
Ana Paula Scinocca
O relator da CPI do Apagão Aéreo, no
Senado, vai pedir o indiciamento da cúpula da
Infraero na gestão do ex-presidente Carlos Wilson.
Pelo menos 25 pessoas, entre diretores, ex-diretores,
além de dois empresários que fizeram negócios
com o setor de mídia da Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária, estão listados
entre os que terão o indiciamento pedido pelo
senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
O Estado teve acesso à parte já concluída
do relatório, que, na versão final, terá
mais de mil páginas, e que deve ser apresentado
à CPI no próximo dia 15. Os 25 nomes já
definidos (Veja lista) serão indiciados por crimes
contra o patrimônio público. Fora o núcleo
de indiciados ligados à Infraero, haverá
outros três núcleos no relatório
final da CPI. Um deles exclusivamente sobre a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), e outro
ligado a obras e licitações.
Entre os nomes que o relator vai pedir para a CPI indiciar
está o do ex-presidente da Infraero e atual deputado
federal pelo PT de Pernambuco Carlos Wilson. Contra
ele, que esteve à frente da Infraero entre 2003
e 2005, pesa o fato de terem sido lançados vários
editais de licitação para construção,
reforma e ampliação de aeroportos, cujos
critérios de escolha dos vencedores foram questionados
tanto pelo Tribunal de Contas da União (TCU)
quanto pelo Ministério Público Federal.
A CPI diz ter provas de que houve favorecimento de determinados
grupos empresariais, retirando o caráter competitivo
das concorrências públicas. Somadas, as
licitações na gestão dele chegaram
a quase R$ 3 bilhões.
Diretora de Engenharia da Infraero, Eleuza Terezinha
Manzoni dos Santos Lores também é outra
dirigente da estatal na lista dos que terão o
indiciamento pedido. Ela é suspeita de patrocinar
e intermediar interesse privado junto à Infraero,
visando o favorecimento de terceiros e pessoal, diz
trecho do relatório da CPI.
Do núcleo da direção da Infraero,
Fernando Brendaglia de Almeida, ex-diretor comercial
da estatal, é suspeito de ter cometido a mesma
irregularidade que Eleuza. Sobre ele, porém,
recaem mais acusações. Ele é suspeito
de atuar visando ao atendimento de interesses particulares
do agronegócio de fruticultura. Ele era, ao mesmo
tempo, segundo a CPI, funcionário da Infraero,
empresário do ramo de frutas e, não raro,
representante de entidades classistas desses negócios.
Diz o relatório da CPI que “o interesse
privado nortearia sua conduta como diretor, quando deveria
ser conduzido pelo interesse público”.
Mais: segundo apuração da comissão
do Senado, ele atuou em favor da empresa FS3 Comunicação
e Sistemas Ltda., “contratada por inexigibilidade
de licitação para fornecer software no
valor de mais de R$ 26 milhões, com fortes suspeitas
de superfaturamento e descumprimento de normas legais
aplicáveis à contratação
por meio de empresas públicas”. Antes de
assumir o cargo na Infraero, diz trecho do relatório
obtido pelo Estado, Brendaglia “já teria
antecedentes de conduta irregular na celebração
de contratos com dinheiro público”.
Ainda sobre Brendaglia, o relatório lembra que
ele é investigado pela Controladoria-Geral da
União (CGU). Por determinação da
CGU, ele foi punido com demissão por justa causa,
por improbidade administrativa em um caso envolvendo
um contrato com a Shell Brasil.
Além de dirigentes da Infraero, o primeiro lote
de pedidos de indiciamento da CPI inclui empresários
ligados ao setor de mídia aeroportuária
como Ettore Ferdinando Casória e Michel Farah,
sócios na FS3 e fornecedores de software com
“fortes suspeitas de superfaturamento”.
O Estado de São Paulo
04/10/2007
A lista de possíveis indiciados
Carlos Wilson: presidiu a Infraero, entre 2003 e 2005.
Neste período foram lançados vários
editais de licitação para construção,
reforma e ou ampliação de aeroportos no
valor de R$ 3 bilhões. É investigado em
inquéritos da Polícia Federal por causa
das supostas irregularidades em licitações
e contratos da Infraero.
Eleuza Terezinha Manzoni dos Santos Lores: ex-diretora
de Engenharia da Infraero e suspeita de patrocinar e
intermediar interesse privado junto à Infraero
visando o favorecimento de terceiros e pessoal. É
investigada pelo Ministério Público por
suspeitas de irregularidades em licitações
para obras do Aeroporto de Congonhas
Marco Antônio Marques de Oliveira: foi superintendente
da Região Centro-Oeste da Infraero, é
suspeito de ter praticado atos irregulares em obras
no Aeroporto de Cuiabá - irregularidades que,
segundo o TCU, resultaram em prejuízo superior
a R$ 2,5 milhões.
Adenauher Figueira Nunes: ex-diretor financeiro da
Infraero, é suspeito de improbidade administrativa
e de atos irregulares em procedimentos de indicação
de seguradoras e corretoras para atuarem junto ao Instituto
de Resseguros do Brasil (IRB) em contratos nos quais
a Infraero estava interessada
Josefina Valle de Oliveira Pinha: foi procuradora jurídica
chefe da Infraero, sendo responsável pela aprovação
da contratação da FS3, empresa que forneceu
à Infraero software para gestão centralizada
de mídia aeroportuária no valor de R$
26 milhões. É apontada pelo Tribunal de
Contas da União (TCU) como responsável
pela aprovação das regras dos editais
das principais obras de construção, reforma
e ampliação dos aeroportos da Infraero.
Ettore Ferndinando Casória e Michel Farah :
sócios da FS3, forneceram à Infraero software
para gestão centralizada de mídia aeroportuário.
Os contratos teriam sido superfaturados e normas legais
teriam sido descumpridas pela empresa.
José de Oliveira Sobrinho: como empresário
e presidente da Associação Brasileira
de Mídia Aeroportuária, é suspeito
de intermediar interesses privados junto à Infraero.
Érica Silvestri Duttweiler: envolvida nas irregularidades
para a contratação da empresa FS3 Comunicação
e Sistemas Ltda pela Infraero.
Adilson José da Silva: como empregado de um
representante do concessionário de mídia
aeroportuária da Infraero, é suspeito
de ter participado de operação fraudulenta.
Antônio Barcellos: como funcionário público,
é suspeito de patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administração
da Infraero para favorecer a terceiros e a si próprio.
Aristeu Chaves Filho: empresário, é suspeito
de intermediar interesses privados junto à administração
da Infraero em troca de obtenção de vantagens
pessoais.
Arlindo Lima Filho: como funcionário público
é suspeito de patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administração
da Infraero.
Carlos Alberto Carvalho: como empresário, inclusive
como concessionário de espaços públicos
para veiculação de mídia aeroportuária,
é suspeito de patrocinar e intermediar interesses
privados junto à Infraero em troca de obtenção
de vantagens pessoais.
Eurico Bernardo Loyo: suspeito de patrocinar e intermediar
interesse privado junto à Infraero.
Fernando Brendaglia de Almeida: suspeito de atuar visando
ao atendimento de interesses particulares do agronegócio
de fruticultura, de atuar em favor da FS3.
Maria do Socorro Sobreira Dias: investigada pela CGU
para apurar supostas irregularidades na contratação
da FS3 pela Infraero.
José Wellington Moura: suspeito de patrocinar
e intermediar interesse privado junto à Infraero.
Luiz Gustavo da Silva Schild: é suspeito de
patrocinar direta ou indiretamente interesse privado
perante a Infraero.
Márcia Gonçalves Chaves: é acusada
em sindicância da Controladoria Geral da União
pela prática de condutas irregulares na contratação
da FS3 enquanto atuava como superintendente de Relações
Comerciais da Infraero.
Mariângela Russo: é acusada em sindicância
da CGU de práticas de condutas irregulares quando
atuava como gerente de Desenvolvimento Mercadológico
da Infraero.
Mário de Ururahy Macedo Neto: suspeito de patrocinar,
direta e indiretamente, interesse privado perante a
administração da Infraero.
Nelson Jorge Borges Ribeiro: acusado pela CGU de envolvimento
em irregularidades envolvendo contratação
e posterior suspensão de contrato entre a Infraero
e a FS3.
Roberto Spinelli Júnior e Tércio Ivan
de Barros: afastados pela CGU em virtude de supostas
irregularidades cometidas na execução
do contrato entre a empresa FS3 e a Infraero.
O Estado de São Paulo
04/10/2007
Infraero demite diretor após
compra de apartamento
Luciana Nunes Leal
O pagamento de R$ 250 mil, em dinheiro vivo, dividido
em seis parcelas, para quitar a compra de um apartamento
no valor de R$ 680 mil foi o que despertou a desconfiança
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
e levou à demissão por justa causa do
ex-diretor financeiro da Infraero Adenauher Figueira
Nunes.
Alertada pelo Coaf, a Controladoria-Geral da União
(CGU) investigou a evolução patrimonial
do ex-diretor e concluiu que houve enriquecimento ilícito,
pois Adenauher não conseguiu provar a origem
do dinheiro usado para pagar o apartamento, localizado
na Asa Norte, no Plano Piloto de Brasília.
Para a comissão de investigação
da CGU, a compra do apartamento era incompatível
com a renda mensal de R$ 13 mil. Além disso,
os investigadores não encontraram outras fontes
de renda nas declarações de Adenauher.
O ex-diretor disse que vendeu a parte que tinha em
uma empresa e que recebeu os valores em espécie
e, por isso, pagou as parcelas do apartamento em dinheiro
vivo. A quebra de sigilo bancário e fiscal de
Adenauher não revelou, no entanto, o recebimento
dos valores citados pelo ex-diretor.
A suspeita do Coaf surgiu porque a imobiliária
responsável pela venda declarou o recebimento
do dinheiro em espécie. Adenauher, funcionário
de carreira da Infraero, fechou a compra do apartamento
no fim de 2002. Em janeiro de 2003, foi nomeado diretor
financeiro da estatal. Adenauher informou à comissão
que o pagamento inicial do imóvel foi feito com
a venda de um apartamento de sua ex-companheira Maria
José de Andrade, superintendente de Auditoria
da Infraero.
Maria José foi suspensa por 30 dias, sem receber
salário, por não ter se considerado impedida
de auditar as contas da diretoria financeira na gestão
do ex-companheiro. Ela alegou que de 2003 em diante
já não tinha relação pessoal
com Adenauher - a comissão entendeu, porém,
que ela deveria ter declarado o impedimento.
Adenauher foi afastado da função de diretor
em 2006. Com a determinação à Infraero
de que seja demitido por justa causa, ele não
terá direito aos benefícios trabalhistas.
Além de Adenauher, o ex-diretor comercial da
Infraero Fernando Brendaglia foi punido com demissão
por justa causa, por improbidade administrativa. Segundo
a sindicância, Brendaglia foi responsável
por um termo aditivo que prorrogou de 2005 até
2013 o aluguel de um terreno perto do aeroporto de Brasília
para a Shell Brasil. O contrato era motivo de uma disputa
judicial entre a Shell e a Infraero, que alegava quebra
de contrato. Brendaglia alegou que a renovação
era vantajosa para a Infraero e que a Shell era uma
“parceira institucional” da estatal. A comissão
de investigação concluiu, porém,
que o ex-diretor foi além de suas atribuições.
A investigação determinou a demissão
por justa causa do ex-advogado da Infraero Napoleão
Lopes e a punição por 30 dias da funcionária
Márcia Chaves, por omissão.
O Estado de São Paulo
04/10/2007
'Novo acidente aéreo no
Brasil é questão de tempo', diz Ifatca
FAB prioriza punição
em vez de prevenção, diz dirigente de
federação internacional de controladores
de vôo
Bruno Garcez, da BBC Brasil
WASHINGTON - O presidente da Federação
Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo
(Ifatca), Marc Baumgartner, afirma que ''é uma
questão de tempo para que um novo acidente aéreo
volte a acontecer no Brasil''. Sua opinião é
compartilhada por outros dirigentes da entidade.
''A FAB (Força Aérea Brasileira) investiu
muita energia para prender e perseguir os seus próprios
funcionários. Mas nenhuma energia para corrigir
as falhas que possui em seu sistema (aéreo)'',
diz Baumgartner.
Os membros da diretoria da organização
estão participando de uma semana de reuniões
em Washington, onde conversaram com a reportagem da
BBC Brasil. A situação dos controladores
e os problemas do setor aéreo brasileiro deverão
estar entre os temas debatidos pelos executivos.
De acordo com o suíço Baumgartner, a
Força Aérea Brasileira (FAB) está
atribuindo aos controladores toda a responsabilidade
pelo acidente com o Boeing da Gol, que caiu em Mato
Grosso em 29 de setembro de 2006, matando 154 pessoas,
depois de se chocar com um jato Legacy.
Ele afirma que, além de agir dessa forma de
modo a se eximir de sua própria responsabilidade,
as autoridades brasileiras priorizaram a punição
dos controladores em detrimento das ações
que poderiam prevenir novos acidentes.
Um Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado
pela FAB na semana passada, indiciou cinco controladores,
todos eles militares, por supostos erros que teriam
levado ao desastre. O relatório aponta 11 erros
dos controladores e falhas nos equipamentos que levaram,
juntos, ao desastre.
Além da autorização incompleta
para a decolagem do Legacy, os operadores teriam cometido
uma série de falhas de comunicação.
Entre elas, teriam trocado informações
incorretas a respeito da altitude em que o Legacy voava
e deixado de trocar comunicação com os
pilotos do Legacy por um longo período, no qual
nem os controladores nem os pilotos observaram os procedimentos
necessários.
''Ter a polícia militar investigando um acidente
tão complexo como esse é como ir ao cabeleireiro
para comprar carne. Não é sério.
É absolutamente ultrajante. Se você conta
com um sistema militar legal paralelo, a situação
só se agrava, porque as regras são diferentes'',
afirma o presidente da Ifatca.
Acusações
O dirigente da entidade de controladores aéreos
acrescenta que a gravidade das acusações
lançadas no IPM, de que os operadores teriam
cometido homicídio culposo, é ''vergonhosa''
e que só está ocorrendo ''porque este
não é um setor que seja da competência
de um promotor militar''.
O IPM foi acolhido como denúncia pelo Ministério
Público Militar, rejeitada pela juíza
Zilah Maria Petersen, da 11ª Circunscrição
Judiciária Militar, em Brasília, que a
considerou "inepta", por não especificar
as regras de conduta militar violadas pelos controladores.
De acordo com Baumgartner, o sistema aéreo em
vigor no Brasil possui falhas técnicas. ''E isso
ficará claro nas conclusões do relatório
sobre o acidente. A tecnologia usada em vôos no
Brasil conta com uma função técnica
que 'decide' em que altura uma aeronave se encontra,
mas o sistema não sabe se de fato a aeronave
se encontra naquela altura.''
''A área em que o radar vê o avião
não é constante. Isso é algo que
tem a ver com o tamanho do Brasil, que é um país
muito grande, mas também com o tipo de tecnologia
utilizada. Tudo isso leva a crer que os controladores
aéreos não tinham chance. Eles perderam
contato com a aeronave (o jato Legacy) devido a esses
problemas sistêmicos. O avião desapareceu
do radar. E isso levou à tragédia.''
O presidente da Ifatca diz que estes são elementos
que precisam ser alterados e que a investigação
''precisa aprender com os acidentes''.
No entender dos representantes da entidade, outro problema
que o Brasil enfrenta é o fato de que os controladores
estão sujeitos à Força Aérea.
A entidade afirma que a militarização
do setor de tráfego aéreo é um
anacronismo que vem perdendo adeptos em diferentes partes
do mundo. ''Na América do Sul, a Argentina vem
debatendo o fim desse sistema, e está em transição
para um controle aéreo feito por civis'', diz
o presidente.
''O comandante da Força Aérea é,
ao mesmo tempo, o controlador do sistema de tráfego
aéreo e o responsável por sua auditoria.
Se algo dá errado, é ele que irá
receber o relatório sobre as falhas que causaram
o acidente.''
O dirigente acusa ainda a FAB de adotar uma conduta
perigosa. ''Eles não fizeram nada para modificar
o atual sistema. Pelo contrário, os militares
brasileiros agora estão treinando pessoas que
não deveriam estar trabalhando como controladores.
Eles dizem que pretendem treinar 600 novos operadores
e que já contratam 70. É o que nos preocupa.
Eles estão pegando controladores militares que
não têm as qualificações
necessárias.''
Doug Churchill, o vice-presidente da Ifatca e o responsável
por temas jurídicos da entidade, diz que a organização
fez uma série de recomendações
à FAB, mas que os militares brasileiros vêm
ignorando quaisquer contatos.
''No Brasil, eles estão buscando um conserto
rápido. Querem usar um 'band-aid' para conter
um ferimento grave. Avisos de que outros acidentes iriam
acontecer foram dados às autoridades brasileiras
e, de fato, um aconteceu'', afirma Churchill, em referência
ao desastre com o vôo 3054 da TAM, ocorrido no
dia 17 de julho e que provocou 199 mortes.
Segundo Baumgartner, o fato de que as autoridades tomaram
uma série de medidas de segurança após
o acidente e reduziram as funções destinadas
aos controladores só prova que as normas de segurança
apropriadas não estavam em vigor quando ocorreu
o desastre que vitimou 199 pessoas.
O presidente da Ifatca afirma que os membros de sua
organização estão dispostos a discutir
esses temas com as autoridades brasileiras, mas dificilmente
isso aconteceria no Brasil.
''Se as falhas sistêmicas forem corrigidas, nós
poderemos voar para o Brasil. Caso contrário,
não iremos. Não é seguro ir de
avião para lá. É o que recomendo
a todos os meus amigos e familiares, que não
viajem de avião para o Brasil.''
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Jornal do Brasil
04/10/2007
Jobim faz a 4ª indicação
para Anac
Brasília. O ministro da Defesa, Nelson Jobim,
indicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
o nome do engenheiro Cláudio Jorge Pinto Alves
para a diretoria da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Se a indicação for aprovada
pelo presidente, Alves será sabatinado no Senado.
Este é o quarto nome escolhido pelo ministro
para recompor a diretoria da agência reguladora.
O único remanescente da diretoria anterior é
o presidente da agência Milton Zuanazzi que, mesmo
pressionado por Jobim, resiste em deixar o cargo.
Claúdio Jorge Pinto Alves é engenheiro
de infra-estrutura aeronáutica formado pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde
atualmente é professor titular. O engenheiro
prestou consultorias para o antigo Departamento de Aviação
Civil (DAC), Embraer, Infraero e Petrobrás, entre
outras instituições.
O relator da CPI do Apagão Aéreo da Câmara
dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), quer que as empresas
aéreas devolvam o valor integral da passagem
aos clientes em caso de atraso superior a duas horas.
A determinação foi incluída em
seu relatório, que deverá ser votado na
próxima semana.
A devolução, esclarece o parlamentar,
terá que ser feita imediatamente ao passageiro
que pedir, em valor integral, mesmo se o valor da passagem
for parcelado.
Entre as alterações feitas no relatório
está a determinação de que empresas
aéreas informem os passageiros antes do check-in,
por telefone, da ocorrência de possíveis
atrasos de mais de uma hora em seus vôos.
Além disso, as empresas terão que fornecer
alimentação e cartões telefônicos
aos passageiros em caso de atrasos de mais de uma hora.
Atualmente, a legislação obriga as empresas
a dar alimentação e hospedagem aos passageiros
apenas em atrasos de mais de quatro horas e meia.
Folha de São Paulo
04/10/2007
Fundo dos EUA cobra dívida
da VarigLog
Matlin Patterson recorre à
Justiça para recuperar cerca de R$ 360 milhões
em empréstimos concedidos à companhia
Fundo acusa acionistas brasileiros de terem depositado
em conta na Suíça dinheiro pago pela Gol
na compra da Varig
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO
O fundo de investimentos americano Matlin Patterson
está cobrando empréstimos concedidos à
VarigLog na Justiça. Há ações
tramitando em São Paulo e em Nova York. A disputa
judicial expõe a crise entre os acionistas controladores
da VarigLog, ex-dona da Varig, e já envolve o
nome da Gol, nova dona da companhia aérea.
Na Justiça brasileira, o fundo cobra cerca de
R$ 195 milhões, e, na Justiça americana,
mais US$ 88 milhões (equivalentes a R$ 161,9
milhões).
O Matlin Patterson se associou a três investidores
brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo
e Marcos Haftel) para investir na VarigLog, ex-subsidiária
de transporte de cargas da Varig.
A lei brasileira determina um limite de 20% do capital
votante para a participação de investidores
estrangeiros em companhias aéreas, daí
a necessidade de se associar a brasileiros.
Com a crise da Varig, a VarigLog levou as operações
da empresa aérea em leilão, em 2006, e
depois a revendeu à Gol, neste ano, por US$ 320
milhões.
O Matlin Patterson é conhecido no mercado como
um "fundo abutre". Compra empresas em dificuldades
financeiras, promove melhorias de gestão e as
revende por um valor muito superior ao que investiu.
Especialistas do setor ouvidos pela Folha que preferiram
não se identificar afirmam que a disputa na Justiça
entre o Matlin e os acionistas brasileiros pode representar
a saída deles do negócio.
As ações de execução de
dívida no Brasil correm na 9ª Vara Cível
de São Paulo, onde o Matlin cobra R$ 176,3 milhões,
e na 16ª Vara Cível, onde a causa tem valor
estimado de R$ 19,02 milhões. A Gol tentou interferir
e requereu a tramitação do processo da
9ª Vara Cível em segredo de Justiça,
mas o pedido foi negado porque ela não é
parte do processo de execução.
O racha entre os acionistas da VarigLog começou
há cerca de dois meses. Segundo a Folha apurou,
o fundo foi à Justiça, acusando os acionistas
brasileiros de terem aberto uma conta na Suíça
em que teria sido depositada a parcela paga em dinheiro
pela Gol na compra da Varig. A operação
de compra da companhia previa pagamento de US$ 98 milhões
em dinheiro e mais US$ 172 milhões em ações,
além de um montante a ser emitido em debêntures
(títulos de dívida).
Além disso, o fundo acusava os acionistas brasileiros
de terem vendido 1,5 milhão das ações
dadas em garantia pela Gol -eram 6 milhões de
ações.
O fundo conseguiu bloquear na Justiça de Nova
York os recursos depositados na conta da Suíça
e parte dos papéis da Gol dados em garantia na
compra da Varig. A ação foi movida por
investidores americanos, mas, apesar dos esforços,
os recursos em conta seriam agora de apenas US$ 85 milhões,
segundo a Folha apurou. O fundo administra recursos
que chegam a US$ 9 bilhões, a maior parte proveniente
de fundos de pensão. Durante o auge da crise
da Varig e após a aquisição, ele
investiu US$ 220 milhões na companhia, além
de US$ 128 milhões na VarigLog.
Com a disputa na Justiça, o ambiente entre os
acionistas na VarigLog vem piorando. Pessoas ligadas
à empresa afirmam que houve um racha entre o
fundo americano e os sócios brasileiros e que
as duas partes praticamente não se falam mais
no dia-a-dia da empresa.
Rumores de venda
Nas últimas semanas, começaram a circular
rumores de que a VarigLog poderia ser vendida. Procurada,
a empresa disse que não se manifestaria.
A Gol afirmou que não pretende comentar o caso.
A reportagem tentou ouvir o empresário Marco
Antonio Audi durante todo o dia de ontem, mas ele não
foi localizado.
O Matlin Patterson afirmou que não faria comentários
porque o processo corre em segredo de Justiça.
Folha de São Paulo
04/10/2007
CPI aprova relatório
que isenta a Anac
Documento que retira responsabilidade
da agência de aviação por crise
aérea foi aprovado por 14 votos a favor e 6 contra
Partidos de oposição pediram, em "votos
separados", o indiciamento de todos os diretores
da antiga gestão da Anac
LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com maioria na CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Apagão Aéreo da Câmara
dos Deputados, a base governista aprovou ontem, por
14 votos a favor e 6 contra, o relatório final
do deputado Marco Maia (PT-RS), que isenta a ex-diretoria
da Anac (Agência Nacional da Aviação
Civil) de qualquer responsabilidade pela crise aérea
no país.
Em minoria na CPI, os partidos de oposição
(DEM, PSDB e PSOL) apresentaram "votos separados"
de protesto, que foram rejeitados em bloco. Pediam o
indiciamento dos diretores que já renunciaram
-Denise Abreu, Leur Lomanto, Jorge Velozo e Josef Barat-
e do atual presidente da agência, Milton Zuanazzi.
O texto final de Maia teve duas mudanças importantes.
Primeiro, passou a recomendar a desmilitarização
do controle de tráfego aéreo -antes eram
feitas recomendações cautelosas de estudo
do assunto, com vários argumentos contra. "Agora
há uma recomendação específica
ao governo de que isso é necessário",
disse o relator.
A outra alteração foi feita por acordo
político de última hora antes da votação:
foi removida a tipificação criminal contra
os quatro controladores de tráfego aéreo
de Brasília relativa ao acidente do vôo
1907 da Gol.
Com isso, os únicos pedidos de indiciamento do
relatório de 667 páginas, após
cinco meses de investigação sobre a crise
aérea que paralisou aeroportos em todo o país,
são dos pilotos norte-americanos Joseph Lepore
e Jan Paul Paladino, que comandavam o jato Legacy que
se chocou com o Boeing da Gol, em 29 de setembro de
2006.
Acuado pelas críticas, Maia reagiu: "Não
tem pizza nenhuma. Quem diz isso dá um tiro no
próprio trabalho. O relatório aponta indícios
e pede que o Ministério Público investigue
os responsáveis".
Sobre o segundo desastre aéreo analisado, do
vôo 3054 da TAM, o relatório é inconclusivo,
mas aponta como fator determinante o sistema de automação
da Airbus, que, para Maia, impediu a frenagem do A320.
A pista de Congonhas, de responsabilidade do governo
federal, foi isentada. Foi recomendado que aviões
com reversor inoperante não pousem em Congonhas
com chuva.
Além da Anac, a oposição também
mirou em outras autoridades por crimes relativos à
crise no setor. O PSOL pediu o indiciamento do comandante
da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e de
seu antecessor, brigadeiro José Carlos Bueno,
por adotar medidas para abafar a crise dos controladores
e os atrasos nos aeroportos às custas da segurança.
O PSDB também pede providências do Ministério
Público pelo flagrante de gestos obscenos do
assessor especial da Presidência, Marco Aurélio
Garcia, e de seu funcionário, Bruno Gaspar, que
acompanhavam o noticiário sobre o vôo 3054
da TAM. Citam o crime de "importunar alguém,
em lugar público ou acessível ao público,
de modo ofensivo ao pudor", da Lei de Contravenções
Penais.
Durante toda a tarde de ontem, antes da votação,
opositores e governistas trocaram acusações
sobre o relatório final. Ao contrário
das sessões normais da CPI, a base aliada compareceu
em massa.
Diante da acusação de que o governo "tratorou"
e impediu as investigações, um dos principais
articuladores da base, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ironizou:
"Vamos ser francos, o governo nem aqui esteve!".
Em sua conclusão final, o relatório diz
que os dois desastres aéreos não estão
ligados à crise do setor, que o espaço
aéreo é seguro e que o apagão aconteceu
por falta de políticas, planos e investimentos
no setor nos últimos anos.
Folha de São Paulo
04/10/2007
Governo federal pode liberar vôos
charters em Congonhas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal estuda a possibilidade de autorizar
vôos charters no aeroporto de Congonhas (zona
sul de São Paulo) aos finais de semana. O anúncio
foi feito ontem, em Recife, pela ministra do Turismo,
Marta Suplicy (PT), e confirmado pelo Ministério
da Defesa.
No dia 20 de julho, em meio aos problemas na aviação,
o Conac (Conselho Nacional de Aviação
Civil) havia anunciado medidas para reorganizar o espaço
aéreo -como a proibição de charters
em Congonhas.
"Conversei com o [ministro da Defesa, Nelson] Jobim,
e ele pensa seriamente em adotar essa postura",
afirmou Marta.
Ainda não há decisão sobre a possibilidade
de os vôos fretados terem origem em cidades localizadas
além dos mil quilômetros de distância
de Congonhas, limite de segurança imposto pela
Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil) para os vôos comerciais.
Jobim confirmou que estuda pedido do setor de turismo
para liberar vôos charters para o Nordeste no
final de semana. E se mostrou reticente à proposta
de flexibilizar o limite de mil quilômetros.
Galeão
O ministro da Defesa disse ontem que o Galeão,
o aeroporto internacional do Rio, será um ponto
estratégico no processo de desconcentração
da malha aérea brasileira. "A idéia
é que, na Semana da Aeronáutica, no dia
24 de outubro, a gente anuncie isso [novas medidas]."
O ministro recebeu ontem o secretário estadual
de Transportes do Rio, Julio Lopes, que pediu que o
Galeão volte a ser o principal hub -ponto de
conexões e escalas- do país, posto ocupado
hoje por Congonhas.
Apesar de ter a maior pista de pouso e decolagem do
Brasil, com 4.240 metros de extensão e uma capacidade
de operar com 20 milhões de passageiros ao ano,
o Galeão hoje trabalha com 60% de ociosidade.
Ainda ontem, Jobim encaminhou ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva o nome do engenheiro de infra-estrutura
aeronáutica Cláudio Jorge Pinto Alves
para a diretoria da Anac.
Folha de São Paulo
04/10/2007
Sindicância da Anac não
aponta culpados por "falsa norma"
Investigação
interna isentou todos os diretores e funcionários
da agência de aviação civil por
qualquer responsabilidade no caso
A acusação de fraude processual foi o
estopim da renúncia em série de 4 dos
5 diretores da agência, a começar por Denise
Abreu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A sindicância interna da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) decidiu isentar
todos os seus diretores e funcionários de qualquer
responsabilidade no caso da "falsa norma"
de segurança -documento da agência que
foi usado na Justiça Federal de São Paulo
e que poderia ter evitado o acidente do vôo 3054
da TAM, em julho, se estivesse em vigor.
A acusação de fraude processual foi o
estopim da renúncia em série de quatro
dos cinco diretores da agência, a começar
por Denise Abreu. Segundo a desembargadora Cecília
Marcondes, Denise levou e explicou pessoalmente o documento
inválido para impedir restrições
de pouso de alguns modelos de aeronaves em Congonhas
em fevereiro deste ano.
A norma, chamada IS-RBHA 121-189, proibia o pouso de
aviões com reversor de turbina inoperante em
pista molhada em Congonhas -ambos os itens estavam presentes
no acidente com o Airbus-A320 da TAM. Essa norma, porém,
nunca esteve em vigor.
Segundo o relatório final da sindicância
da Anac: "Não se vislumbrou sequer indícios
de responsabilidade dos servidores desta agência
na junta de um documento sem validade legal e que teria
induzido o Poder Judiciário".
O documento foi levado à CPI do Apagão
Aéreo pelo deputado Vic Pires (DEM-PA), que o
comparou ao relatório final da CPI, que não
pediu nenhum indiciamento pelo caso.
Sem identificar
A sindicância interna da Anac diz que não
é possível identificar qual foi o servidor
que entregou o documento para o procurador da Anac,
Paulo Araujo, tecnicamente responsável pela entrega
da petição da Anac na Justiça.
A investigação afirma ainda que, mesmo
que a identidade fosse revelada, não haveria
"culpa ou dolo" porque a norma não
foi citada no texto da petição -manuscrito
pela própria Denise Abreu- ou mencionada em audiência
com a desembargadora -ao contrário do que afirma
a juíza Marcondes.
A sindicância acatou a explicação
de Denise Abreu e a isenta de ser a mandante da publicação
da "falsa norma" no site, conforme testemunho
de um gerente da agência. Porém, lembra
que Denise ocupou interinamente a presidência
da agência no dia da publicação,
31 de janeiro de 2006.
A sindicância ouviu também representantes
da TAM e da GOL que participaram da reunião da
qual surgiu a IS, mas ambos afirmaram que os tópicos
do documento já era seguidos por suas empresas.
(LEILA SUWWAN)
Mercado e Eventos
04/10/2007
Varig inicia vôos para Londres
A Gol controladora das companhias aéreas brasileiras
de baixo custo, Gol Transportes Aéreos e VRG
Linhas Aéreas (que opera a marca Varig), inicia
hoje (04/10) a venda de passagens da nova rota internacional
da VRG, Rio de Janeiro - São Paulo - Londres.
"O lançamento dos vôos para Londres
em 28 de outubro é mais um passo que a VRG dá
em direção à expansão das
suas rotas internacionais, que atualmente inclui vôos
para cidades chaves européias na França,
Itália e Alemanha", afirma Lincoln Amano,
diretor comercial da VRG. "Até dezembro
deste ano, nossos clientes poderão viajar para
outros destinos na Europa (Madri) e na América
Latina (Cidade do México, Montevidéu e
Santiago)".
O vôo inaugural partirá do aeroporto Tom
Jobim, no Rio de Janeiro, às 20h30, fará
conexão em Guarulhos às 21h30, aterrissando
na capital inglesa às 15h. No retorno ao Brasil,
parte do aeroporto de Heathrow às 22h05, e chega
a São Paulo às 8h15 e pousa no Rio de
Janeiro às 10h.
Viagens a negócios e o turismo entre a Inglaterra
e o Brasil são fortes razões para lançamento
desta rota. As exportações brasileiras
para o conjunto dos três países europeus
(Inglaterra, País de Gales, Escócia) cresceram
quase 9% no ano passado, atingindo a marca de US$2,8
bilhões e fazendo do bloco o 13º destino
das mercadorias e serviços que o Brasil vende
ao exterior. Do Reino Unido, os brasileiros importaram
US$1,4 bilhão no mesmo período, quase
3% a mais em relação a 2005. De acordo
com a Embratur, a Inglaterra sozinha aparece no ranking
como o nono país de origem de turistas que visitam
o Brasil. Em 2006, quase 170 mil ingleses fizeram viagem
nacional. Em sentido inverso, quase 175 mil brasileiros
viajaram para o país europeu.
Coluna Claudio Humberto
03/10/2007
Anac conclui sindicância
sem apontar culpado
A sindicância interna aberta pela Agência
Nacional de Aviação Civil para descobrir
os responsáveis pela divulgação
da instrução, sem validade legal, com
recomendações para segurança de
pouso em Congonhas foi concluída sem encontrar
culpados. O resultado foi divulgado hoje pelo deputado
Vic Pires (DEM-PA) na reunião da CPI do Apagão
Aéreo.
De acordo com o documento, "não se vislumbrou
sequer indícios de responsabilidade dos servidores
desta agência na junta de um documento sem validade
legal". Para o deputado Vic Pires, o relatório
é uma "pizza à Zuanazzi". Segundo
Pires, os deputados fizeram "papel de bobalhões"
ao dar crédito às informações
prestadas pelos diretores da Anac. Vic Pires informou
que já está recolhendo assinaturas para
a instalação da CPI da Varig, que pretende
investigar possíveis irregularidades na venda
fracionada da empresa.