::::: RIO DE JANEIRO - 04 DE JULHO DE 2007 :::::

 

Jornal do Brasil
04/07/2007
Aerus encerra pagamento de benefícios a aposentados
Raquel Abrantes

Aposentados e pensionistas da antiga Varig promovem hoje manifestação, a partir das 11h, em frente ao prédio do fundo de pensão Aerus (Praia do Flamengo 66). Eles vão protestar contra o fim do pagamento aos 4.419 integrantes do plano 1 de previdência complementar - que deveriam ter recebido ontem a parcela da aposentaria desse mês. Os 2.373 beneficiários do plano 2 devem ter o último vencimento depositado até 3 de agosto.

- Como antigamente só havia a aposentadoria pública, procuramos fazer a nossa poupança e criamos o fundo de pensão, mas quebramos a cara - conta o coordenador dos aposentados do Aerus, comandante Zoroastro Fereira Lima Filho. Com 76 anos, ele trabalhou 38 anos em aviação comercial e perdeu o benefício mensal de cerca de R$ 6 mil. Agora, o comandante é responsável por comunicar aos companheiros seus direitos e a organizar os movimentos de protesto.

Em fevereiro deste ano, o Aerus deveria ter em caixa R$ 1,45 bilhão para pagar os vencimentos do plano 1, mas os recursos destinados a eles somavam R$ 170 milhões, segundo dados fornecidos pela Associação dos Pilotos da Varig (Apivar). Já para o plano 2, precisavam de R$ 950 milhões e contavam com R$ 567 milhões. Essa desproporção reduziu o pagamento do comandante aposentado Venâncio Borba Barreto, de 73 anos. Ele passou a receber apenas 20% do valor de seu benefício (plano 1) depois da liquidação do Aerus, em abril de 2006.

- É uma injustiça muito grande - diz Barreto, inconformado - É como se um marginal assaltasse a velhinha que foi ao banco receber a pensão - compara o comandante, que trabalhou durante 39 anos no setor aéreo.

Com o fim do benefício, o comissário aposentado Paulo Resende terá de abrir mão do plano de saúde, no valor de R$ 477, do qual também depende sua mulher, e imagina uma vida de carestia daqui em diante. Ele, que chegou a receber R$ 2.200 de complementação até o ano passado, vinha nos últimos anos recebendo parcelas cada vez menores. O último benefício, pago em junho, foi de R$ 1.017 líquidos. Agora, não resta nada mais.

Presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio afirma que há dinheiro no Aerus para o depósito mensal dos aposentados da Varig.

- Queremos convencer que o valor disponível no fundo como ativo líquido é suficiente para o pagamento de mais três meses dos beneficiários do plano 1 - defende a presidente.

Os fundos de pensão fechados são fiscalizados pelo governo, por meio da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão do Ministério da Previdência.

- Os aposentados e pensionistas da Varig têm, como todos os outros, o direito de receber seus benefícios até a morte - resslata o vice-presidente da Apivar, Marcelo Duarte Lins. - São pessoas idosas, que estão fora do mercado de trabalho.

Em março deste ano, o interventor do fundo, José da Silva Crespo, comunicou aos beneficários do plano 1 - que reúne os funcionários mais antigos - que eles teriam apenas mais dois meses a receber. Já aos do plano 2, o interventor informou que teriam garantidos mais quatro meses de pagamento.

Quando a Varig teve sua falência decretada e foi vendida, os planos 1 e 2 do fundo de pensão Aerus incluíam cerca de 15 mil funcionários da empresa - sendo 6.700 aposentados e pensionistas e 8.289 trabalhadores ainda em fase de contribuição - além de um rombo superior a R$ 3 bilhões.

 

O Estado de São Paulo
04/07/2007
Comandante admite sobrecarga de controlador antes de acidente da Gol
Eugênia Lopes

A Aeronáutica submetia os controladores de vôo a uma carga de trabalho excessiva, antes do acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro de 2006, para compensar a falta de infra-estrutura do sistema de controle de tráfego. A revelação foi feita ontem pelo comandante do Centro de Controle de Vôo de Manaus (Cindacta-4), coronel Eduardo Antonio Carcavallo Filho, em depoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara. Ele admitiu que, antes da colisão entre o avião da Gol e o Legacy, os operadores de vôo controlavam mais de 14 aviões ao mesmo tempo - no limite das regras de segurança.

'A prática de um controle maior era corriqueira, cotidiana e aceita pelos controladores', disse Carcavallo. Esta é a primeira vez que um oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) reconheceu que os sargentos tinham sobrecarga de trabalho. 'Quando o tráfego aumentava, eles (os controladores) preferiam trabalhar com um pouco mais de tráfegos a chamar o pessoal que estava na sala de descanso', afirmou o comandante do Cindacta-4. 'Mas, depois dos acidentes, resolveram trabalhar estritamente em cima das normas.'

O comandante do Cindacta-3 (Recife), coronel José Alves Candez Neto, também ouvido pela CPI, observou que os controladores passaram a emitir mais relatórios de situações de perigo depois do acidente. Antes da colisão, eram relatados nove ou dez casos por mês. Depois, o número saltou para 22 por mês. Apesar disso, os dois comandantes ressaltaram que o espaço aéreo é seguro.

Carcavallo negou que os operadores estejam fazendo uma mobilização para prejudicar o sistema. 'Não existe greve de controlador. O que existe é uma preocupação muito grande com o que pode acontecer em função de eles terem sido indiciados', observou. Os sargentos adotaram a nova postura depois que o Ministério Público Federal resolveu indiciar três controladores - que estavam de serviço no Cindacta-1 (Brasília) no dia do acidente - por crime de homicídio culposo e um operador por crime doloso. 'Quem vai querer ser controlador já que é crime doloso?', indagou o deputado Miguel Martini (PHS-MG), ex-operador de vôo. Tanto Carcavallo quanto Candez concordaram, sem fazer comentários.

LEGACY

Carcavallo afirmou ainda que os pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino podem ter desligado involuntariamente o transponder do jato Legacy, que se chocou com o Boeing da Gol, em 29 de setembro, matando 154 pessoas. O equipamento indica a aproximação de aeronaves. Mas o comando da FAB informou que a comissão que investiga o acidente não concluiu seus trabalhos.

 

 

Folha de São Paulo
04/07/2007
Infraero descarta ILS 3, para pouso sem visibilidade
DA REPORTAGEM LOCAL

A compra do ILS categoria 3 não está nos planos da Infraero até o final de 2008. Trata-se de um sistema por instrumentos que permite aos aviões pousar mesmo sob visibilidade zero.
Há três modelos de ILS: Cumbica, em Guarulhos opera o 1 e 2 (veja quadro abaixo). O 3 ainda não existe no Brasil.

"O 3 não faz parte da matriz de investimento para 2007 e 2008 para os aeroportos do Estado de São Paulo", disse o superintendente regional da Infraero, Edgard Brandão Filho.
Há o aspecto financeiro, segundo ele: a empresa não tem orçamento para comprar e instalar o equipamento.

Segundo o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), o aparelho ILS 1 custa R$ 2,5 milhões; o 2, R$ 2,7 milhões, e o 3, R$ 3,5 milhões.

O ILS 3 é usado, por exemplo, no aeroporto de Londres, na Inglaterra, onde o forte nevoeiro deixa a visibilidade nula.

Não é solução

Comprar o ILS 3 não é a solução para diminuir o caos aéreo no país, afirma Adalberto Febeliano, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral. Além de caro, sua utilização, afirmou, seria mínima.

"Sou contra investir nesses equipamentos porque você só usa cinco, seis dias por ano", diz. "As condições meteorológicas do Brasil são boas." (KT e DT)

 

 

O Globo
04/07/2007
Ancelmo Góis

 

 

Jornal Imprensa Paulista
Julho/2007
O velho sonho de uma vida mais feliz
Rosa Maria Custodio / jornalista

Acompanho o empenho do jornalista Costa Carregosa na edição e publicação das matérias do Jornal da Imprensa Paulista, principalmente no que diz respeito ao drama vivenciado por milhares de trabalhadores e aposentados da VELHA VARIG, aquela que ficou com as dívidas, inclusive as trabalhistas, e deixou de repassar ao AERUS (plano de aposentadoria privada, fundado por esses mesmos trabalhadores), com o aval de seus administradores e agentes do governo, o dinheiro descontado nos contracheques de seus funcionários...

Hoje, esses trabalhadores, que passaram a maior parte de suas vidas trabalhando, que cumpriram com eficiência suas escalas rigorosas de trabalho, ajudaram a transportar com segurança milhões de pessoas e pagaram seus planos de aposentadoria - além dos altos impostos cobrados a cada cidadão brasileiro honesto - simplesmente não recebem o dinheiro que aplicaram, e lutam na justiça para reaver o que lhes é de direito.

Enquanto isso, o AERUS (fundado e sustentado, durante muitos anos, por esses mesmos trabalhadores) prossegue firme e forte, administrando uma fortuna considerável e gerenciando novos planos de aposentadoria. O mesmo AERUS, que diz não poder pagar os aposentados e pensionistas da VARIG, da TRANSBRASIL e INTERBRASIL, agora coleta e administra o dinheirinho dos funcionários de outras empresas:

AEROCLUBE RS, GE RIO, AEROMOT, FNTTA, IATA, AEROESPAÇO, SATA, SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS AÉREAS e SINDICATO NACIONAL DOS AERONAUTAS...

E também daquelas que nasceram da VELHA VARIG: RIOSUL, NORDESTE, VARIG LOG, AMADEUS, TROPICAL, VEM e a própria FUNDAÇÃO RUBEM BERTA!

A VELHA VARIG – que nos áureos tempos foi a estrela brasileira brilhando de norte a sul, rosa dos ventos brasileiros no horizonte dos países estrangeiros, prêmio internacional de melhor serviço de bordo por muitos anos, porque seguia o ideal de Rubem Berta, um empresário de visão e bons princípios – cresceu e transformou-se numa holding de peso, inchando e parindo novas empresas de transportes aéreos e de serviços, redes de hotéis e etc.

Com o crescimento, os oportunistas de plantão foram chegando e estabelecendo seus assentamentos. Criaram novos cargos administrativos de cúpula, acomodaram parentes e amigos e consumiram as riquezas da VELHA VARIG, produzidas pelos seus fiéis e dedicados funcionários.

Acostumados com arroz, feijão e cachaça, esses administradores passaram a ingerir caviar à la russe, pâté de foie gras, e vin blanc de Champagne. Como conseqüência, esqueceram suas origens e propósitos e começaram a brigar uns com os outros... Outras aves de rapina, que espreitavam do outro lado do planalto, e queriam se alimentar de semelhantes iguarias,
foram se aproximando com uma voracidade homicida. Assim a VARIG faliu.

A VELHA VARIG É O RETRATO DO BRASIL DE HOJE. O AERUS AGE COMO O EXPLORADOR DAS AÉREAS E ASSOCIADAS. E TODAS PODEM TER O MESMO DESTINO DA VELHA VARIG AMANHÃ.

Não são apenas os trabalhadores que foram afastados do trabalho sem receber o que lhes era devido por lei, nem os aposentados que contribuíram para a suplementação de suas aposentadorias e precisam brigar pelos seus direitos, que estão insatisfeitos com a realidade brasileira. Todo trabalhador honesto, todo cidadão responsável, toda pessoa de caráter e bons princípios, está se sentindo lesada com a atitude e o comportamento da maioria daqueles que estão no poder – seja na administração de empresas públicas ou privadas, seja na representação dos poderes legislativo, judiciário e executivo.

No Brasil de hoje, o trabalho não é valorizado nem respeitado. Para ficar rico não é preciso trabalhar e muito menos estudar. O exemplo vem dos escalões que se dizem superiores. Basta ocupar um lugar na política, ou ser filho de ocupante, ou amigo ou amante, ou bandido. Até os estudantes mais privilegiados do país, que têm a oportunidade de estudar de graça na maior e melhor universidade federal (USP), estão preferindo a ocupação em detrimento dos estudos! A realidade brasileira é decepcionante. E a visão do futuro sombria e ameaçadora. A corrupção e a impunidade estão destruindo o que há de melhor no imaginário do povo brasileiro: a esperança de dias melhores, o sonho de uma vida mais feliz.

 

 

Jornal Imprensa Paulista
Julho/2007
APAGÃO AÉREO OU ENTREGA DO SETOR AÉREO BRASILEIRO AO DOMÍNIO ESTRANGEIRO ?
Costa Carregosa

Há algum tempo, temos nos debruçado nas informações a respeito do caso VARIG e suas conseqüências. O desaparecimento da VARIG parece fazer parte de um processo planejado em que pessoas foram colocadas em lugares estratégicos para atender a interesses internacionais.

Num mundo globalizado, aonde todas as ações se interpolam e interligam, O SETOR AÉREO pode ter sido a bola da vez num avanço do neoliberalismo na América Latina.

A exemplo do que houve com o Lloyd Brasileiro e a Marinha Mercante nacional, o processo está se repetindo no Setor Aéreo, embora tenhamos que reconhecer o fato inconteste de que a Varig foi vitimada por brigas intestinas entre os dirigentes da Fundação Ruben Berta e as sucessivas administrações equivocadas e ruinosas, que não conseguiram obter o ponto de equilíbrio ideal da empresa. Para complicar, ainda a oneraram com novos gastos inúteis, concessões de mordomias, prazos, etc.

Enquanto isso, da mesma forma que aconteceu com a navegação marítima, algumas empresas aéreas nacionais eram nutridas com a ilusão de que poderiam herdar/abocanhar o mercado deixado pela grande empresa que detinha a hegemonia no setor. Uma ilusão, já que, o melhor (as linhas e concessões mais rentáveis) que as empresas sucumbidas tinham - tanto no mercado de navegação marítima quanto aéreo – acabou indo parar nas mãos de empresas estrangeiras.

Por outro lado, as autoridades governamentais deveriam imaginar que a retirada da tradicional VARIG, líder do mercado durante anos, causaria forte impacto no transporte dos passageiros e na malha aérea brasileira, e essa omissão não poderia resultar senão num verdadeiro Apagão Aéreo, como o enfrentando atualmente.

APAGÃO AÉREO

Entretanto, apesar das movimentações, mobilizações, protestos, CPIs, as autoridades governamentais (a exemplo de outros países do primeiro mundo) nada fizeram para evitar a insolvência da maior empresa aérea do continente e uma das maiores do mundo. Ao contrário, através das estatais Infraero e Petrobrás, contribuíram para apressar a sua liquidação, deixando, em conseqüência, prejuízos inestimáveis a milhares de trabalhadores, pensionistas, fornecedores, agentes de viagem, e iniciando o processo que hoje faz com que o setor aéreo passe pela maior turbulência de sua história no Brasil. O assunto, desaparecimento da Varig, não pode ser enfocado (como querem alguns) como a simples extinção de mais uma empresa brasileira, a exemplo da Panair, Cruzeiro (ambas absorvidas pela VARIG), Transbrasil, VASP, etc. É preciso que se investigue com profundidade o que vem ocorrendo com o setor aéreo nos últimos anos. No governo Collor foi processada a abertura dos céus brasileiros, permitindo que o país saísse da mono designação para a multi designação, e dessa forma, abrindo caminho para as mega empresas americanas começarem a voar para o Brasil. (Como diria o Dr. Barbosa Lima Sobrinho, só existe reciprocidade entre iguais.) Os demais governos deram continuidade a essa política (abertura do setor ao capital estrangeiro) implementando medidas neoliberais.

O Brasil é um País de dimensões continentais, além disso, o setor aéreo é uma atividade econômica essencial ao desenvolvimento e à integração do país, além de gerar empregos e renda. Por sua própria definição, o transporte aéreo regular é um serviço de concessão pública. Cabendo ao Estado proteger esse setor, contra concorrência ruinosa, e promover seu indispensável reordenamento.

A aviação se consolidou definitivamente como meio de transporte, em larga escala e à longa distância, com o fim da 2ª Guerra, quando a indústria aeronáutica tomou novo impulso.

Na época, havia uma grande polêmica entre os Estados Unidos e a Inglaterra: Os EUA possuíam aviões com grande autonomia de vôo já que, durante a guerra desenvolveram aviões de transporte melhor preparados para voarem para longas distâncias, e desejavam a liberdade dos ares, ou seja, permissão de voar para qualquer ponto. Antagonicamente, a Inglaterra que durante a guerra desenvolveu aviões bélicos rápidos e de pouca autonomia, defendia o princípio da soberania do espaço aéreo.

Realizada em 1944, na cidade de Chicago, a convenção sobre a Aviação Civil Internacional pôs fim à controvérsia, consagrando o princípio da soberania e afirmando que cada Estado teria soberania exclusiva e absoluta do espaço aéreo sobre seu território.

Em seu artigo 43, criou a Organização Internacional de Aviação Civil – OACI, sigla em inglês (ICAO) – ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) – que tem como metas estabelecer regras para que o transporte aéreo internacional seja seguro, ordenado, eficiente e econômico.

A convenção consagrou as chamadas Seis Liberdades do Ar com 18 anexos: sobrevôo, pouso técnico ou não comercial, desembarque de passageiros, mala postal e carga, transporte de passageiros, mala postal e carga entre países com pouso intermediário no país de bandeira da aeronave:

Primeira Liberdade : O direito de sobrevoar o território do Estado contratante sem pousar.

Segunda Liberdade: O direito de fazer uma escala técnica (reabastecimento ou manutenção) no território do outro Estado contratante, sem embarcar ou desembarcar passageiros ou carga.

Terceira Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga do território do Estado de nacionalidade da aeronave para o território do outro Estado contratante.

Quarta Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga do território do outro Estado contratante para o território do Estado de nacionalidade da aeronave.

Quinta Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro Estado contratante e o território de um terceiro Estado, no âmbito de um serviço aéreo destinado a ou proveniente do Estado de nacionalidade da aeronave. Divide-se em “quinta liberdade intermediária” (se a escala no território do terceiro Estado ocorre durante o percurso entre o território de uma das Partes Contratantes e o da outra – ponto intermediário) e “quinta liberdade além” (quando a escala no território do terceiro Estado ocorre depois da escala no território do outro Estado contratante – ponto além).

Sexta Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga, através do território do Estado de nacionalidade da aeronave, entre o território de um terceiro Estado (ponto aquém) e o território do outro Estado contratante.

Sétima Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro Estado contratante e o território de terceiro Estado, sem continuar o serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave.

Oitava Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga entre dois pontos no território do outro Estado contratante, no âmbito de um serviço aéreo destinado a ou proveniente do Estado de nacionalidade da aeronave. Trata-se de direitos de cabotagem, raramente concedidos.

Nona Liberdade: O direito de transportar passageiros e carga entre dois pontos no território do outro Estado contratante, sem continuar o serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave. Trata-se de direitos de cabotagem pura, raramente concedidos.

Entretanto, em 1999 (55 anos depois) os americanos lançavam nova ofensiva em direção à supremacia econômica e de domínio de suas empresas aéreas para forçar a implementação de “Open Skies” com a conseqüente modificação na legislação internacional de propriedade estrangeira em empresas aéreas mundo afora.

Numa mega conferência realizada em Chicago, entre 5 e 8 de dezembro de 1999, (com direito a uma produção Hollywoodiana) tendo como mestre de cerimônias o Secretário de Transporte dos EUA, Rodney Slater, realizouse um grande encontro de Ministros do Transporte do mundo inteiro, Diplomatas, Secretários de Estado, Senadores, Deputados, chairmains do NTSB e FAA, Executivos das grandes empresas aéreas, como os presidentes da American Airlines, United, Lufthansa, KLM, Fedex, Delta, British Midland, Continental, UPS, Bristish Airways, Aeromexico, Virgin Atlantic, entre outras. Estranhamente, a Associação de Pilotos da Varig foi a única entidade brasileira ligada à indústria de aviação na ocasião, a enviar representantes à Conferência Beyond Open Skies Aviation in the 21st Century, e o Governo Brasileiro não se fez representar oficialmente para mostrar e defender sua política para este setor no futuro, nem os Executivos das empresas nacionais.

Impedidos por questões naturais de mercado, e pela legislação que engessava um pouco o crescimento das empresas americanas além fronteiras, os executivos americanos fizeram um lobby eficaz dentro do Departamento de Transporte dos EUA, para que pressionassem o mundo ”em desenvolvimento” a abrir seus céus e o capital de suas empresas aéreas.

Era o início do fim da VARIG, quando as empresas estrangeiras, fortemente dominadas pelo capital americano, começavam a conseguir muito mais do que defendiam e pediam.

NA: O Autor agradece ao Cmte. Marcelo Duarte, dirigente da APVAR, cujo auxílio foi fundamental para a elaboração do presente artigo.