Jornal
do Brasil
04/03/2008
Querosene no lugar da gasolina
Luiz Felipe Reis Do JB Barra
A
tragédia que matou, na Barra da Tijuca, os quatro
ocupantes do monomotor Cirrus SR22, na manhã
de domingo, pode ter sido causada por um erro no abastecimento
da aeronave. De acordo com o delegado titular 16ª
DP (Barra), Carlos Augusto Nogueira, o avião
foi abastecido com querosene em vez de gasolina. Ontem,
testemunhas, incluindo o responsável pelo abastecimento
no aeroporto, disseram na delegacia que o próprio
piloto pediu a funcionários da distribuidora
BR do aeroporto de Jacarepaguá que abastecessem
com querosene.
-
Ele afirmou ter utilizado querosene por ordem do piloto
e, inclusive, apresentou uma nota no valor de R$ 960
referente ao combustível - revela o delegado.
Segundo
a Infraero, o querosene é utilizado como combustível
apenas em aeronaves turbinadas, o que não era
o caso do monomotor. O abastecimento de aeronaves no
aeroporto de Jacarepaguá é negociado entre
o piloto e os funcionários das duas distribuidores
que existem no local - Petrobras ou Air BP.
As outras duas prováveis causas do acidente são
pane no sistema elétrico e vazamento de combustível.
Na queda, morreram o empresário e proprietário
da aeronave, Joci José Martins, o piloto Frederico
Carlos Xavier de Tolla, Silvio Pedro Vanzela e Gilmar
Sidnei de Toni. Eles estavam voltando de uma convenção
da Cirrus em Piraí, na região Sul Fluminense,
para onde tinham ido no sábado. O avião
tinha sido comprado há 45 dias.
Apuração
conjunta
Além
da Polícia Civil, a Aeronáutica também
investiga o acidente. O Serviço Regional de Investigação
de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) tem 90 dias
para apresentar um parecer. O Seripa é uma extensão
regional do Cenipa, Centro de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos,
órgão do Comando da Aeronáutica.
O objetivo da investigação é emitir
um relatório com as causas do acidente para evitar
novos problemas em aeronaves semelhantes.
- Será uma apuração conjunta por
que várias coisas podem ter ocorrido. Já
entramos em contato com as famílias das vítimas
- disse o delegado.
A Infraero analisou transcrições de conversas
entre o piloto da aeronave e a torre de controle, durante
todo o dia de ontem, e deverá encaminhá-las
hoje para a perícia.
O
piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla teria respondido
a aviso da torre de controle, confirmando que havia
fogo na aeronave. Tolla teria tentado retornar ao aeroporto,
o que não foi possível, e o avião
caiu em um galpão instalado no pátio da
concessionária Citröen.
Segundo
o superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá,
Luiz Fernando Marques, a transcrição é
um trabalho técnico.
-
Este é um serviço meticuloso. É
importante que isso saia correto - explica Marques.
- Tão logo esteja pronto, vamos fornecer as informações
para o Seripa e para o delegado, que já solicitou
oficialmente todas os registros desde o pouso até
a decolagem. O avião veio de Barra do Piraí,
aterrissou às 10h20 e decolou às 11h40.
Da decolagem até a queda foram, aproximadamente,
30 segundos de vôo.
Jornal
do Brasil
04/03/2008
Infraero fixa nova regra em aeroportos
A
Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária
(Infraero) recomendou às companhias aéreas
que aumentem a margem de tempo de permanência
dos aviões no solo. Atualmente o tempo das aeronaves
no solo, autorizado pela Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), é em torno de 20 minutos entre
o pouso e uma nova decolagem. De acordo com o presidente
da Infraero, Sergio Gaudenzi, esse tempo de 20 minutos
é fisicamente impossível e acaba gerando
uma seqüência cumulativa de atrasos que prejudicam
os passageiros que estão nos outros pontos da
trilha daquele avião.
Jornal
do Brasil
04/03/2008
Cilindro com pára-quedas
de avião foi acionado pelo piloto
Ontem,
o titular da 16ª DP (Barra), Carlos Augusto Nogueira,
participou da perícia no local do acidente. O
trabalho foi feito por técnicos do Serviço
Regional de Investigação e Prevenção
de Acidentes de Aeronaves (Seripa), que recolheram um
cilindro que tem um dispositivo de segurança,
parecido com um pára-quedas, acionado quando
o motor falha. Ainda não é possível
saber se o dispositivo foi acionado antes ou depois
do acidente. O laudo preliminar sobre as causas da queda
deve ficar pronto em dez dias. Como é uma aeronave
pequena, o monomotor não tem caixa-preta, e sim
um aparato chamado TDU que será encaminhado para
análise em Washington, nos Estados Unidos.
Conforme informações colhidas pela Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), o piloto
teria visto fumaça no motor do avião e
avisado à torre que retornaria à pista
em Jacarepaguá. Os controladores também
teriam visto a fumaça. De acordo com testemunhas,
o piloto ainda evitou um choque com os prédios
situados na região. No momento da queda, havia
uma festa em um dos condomínios. O diretor da
Câmara Comunitária da Barra da Tijuca,
Odilon de Andrade, informou que realizará uma
reunião quinta-feira com os síndicos dos
condomínios da Barra para elaborar um documento
e encaminhar ao Ministério Público para
reduzir o tráfego aéreo no local.
Enterro
em Florianópolis
Funcionários
da empresa Cota Empreendimentos Imobiliários
- cujo proprietário, Joci Martins, 57 anos, era
também dono da aeronave - estiveram no Instituto
Médico-Legal (IML) para reconhecer os corpos.
As vítimas só puderam ser identificadas
através da arcada dentária. Parentes das
vítimas ficaram hospedados num hotel no Rio para
acompanhar a liberação dos corpos, que
foram ontem mesmo para Florianópolis num vôo
fretado.
- Os parentes ficaram de prontidão caso fosse
preciso reconhecer os corpos através de exames
de DNA. Mas não foi preciso. Eles estão
muito abalados - informou o diretor técnico da
Cota, Marco Alberton.
Joci será enterrado na tarde de hoje no Cemitério
Jardim da Paz, no bairro Monte Verde, em Florianópolis.
Segundo Alberton, Joci era um entusiasta da aviação
e tinha acabado de comprar a aeronave.
Jornal
do Brasil
04/03/2008
Aeroporto está quase pronto
para dobrar a sua capacidade
De
acordo com estatísticas da Infraero, de 2003
até 2007 houve aumento de 23,8 % no número
de vôos que partiram do Aeroporto de Jacarepaguá.
Deste percentual, 15,5% aconteceram apenas no período
de um ano (de 2006 a 2007), quando o movimento praticamente
dobrou. Segundo com o superintendente da Infraero, Luis
Fernando Marques, o aeroporto passa por reformas em
seu terminal e poderá ter sua capacidade dobrada
até o fim deste ano.
-
Temos capacidade de operação para 75 mil
passageiros/ano. Com as obras de ampliação
do terminal, o número de vôos poderá
duplicar - prevê Marques, que, entretanto, descarta
a operação de linhas comerciais na região.
O
acidente suscitou reações contrárias
por parte de moradores e líderes comunitários
da região. Enquanto uns defendem a redução
do número de vôos no Aeroporto de Jacarepaguá,
outros acreditam que ele deve ser modernizado. De acordo
com a Infraero, a operação é determinada
por portaria do Ministério da Defesa, que estabelece
que o Aeroporto de Jacarepaguá tem serviços
autorizados para atender vôos de pequeno porte,
como de instrução, aeronaves de propaganda,
táxi aéreo e particulares.
O
presidente da ONG Barralerta, Kléber Machado,
disse que vai insistir junto às autoridades para
que o número de pousos e decolagens seja reduzido.
-
Apresentaremos documentos que comprovam que moradores
da vizinhança correm risco. As áreas de
construção foram determinadas pelo Plano
Lúcio Costa, mas as operações do
aeroporto vão de encontro às determinações
originais, que não contemplam tráfego
de táxi aéreo e aeronaves de linhas interestaduais
regulares. Se for preciso, pediremos alteração
da portaria. A legislação precisa servir
a população.
Já
o secretário-adjunto da Federação
das Associações de Moradores da Barra
e Adjacências (Fambarra), Sérgio Andrade,
considera que o aumento no número de vôos
não é problema. Ele conta que o aeroporto
foi construído antes do Plano Lúcio Costa.
-
O aeroporto está aqui desde 1934 - diz Andrade.
- O número de vôos não deve ser
reduzido. A lógica é melhorar a capacidade
de controle e segurança.
Mercado
e Eventos
04/03/2008
Varig volta a oferecer tarifas
promocionais a R$ 99
A companhia aérea Varig voltou a oferecer tarifas
promocionais para o Brasil a R$ 99. A promoção
é válida até dia 09 deste mês
e pode ser dividida em até dez vezes sem juros.
No Brasil, a empresa voa para 14 destinos.
Valor
Econômico
04/03/2008
Varig faz acordo
A
Varig fechou o quarto acordo para a venda de passagens
com uma companhia aérea estrangeira em menos
de uma semana. Desta vez, a parceria foi firmada com
a Korean Air, da Coréia do Sul, segundo o Valor
Online.
Folha
de São Paulo
04/03/2008
Monomotor usou combustível
errado, diz polícia
Segundo delegado, foi usado
querosene em vez de gasolina; aeronave caiu no Rio domingo
e matou 4 pessoas
MÁRCIA BRASIL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O
avião monomotor Cirrus SR 22 que caiu na manhã
de domingo na Barra da Tijuca -causando a morte de quatro
pessoas- foi abastecido com o combustível errado,
diz a polícia. Foi usado querosene em vez de
gasolina de aviação. "Está
na nota fiscal emitida pela BR Distribuidora, empresa
responsável pela venda do combustível",
afirmou o delegado titular da 16º DP (Barra da
Tijuca), Carlos Augusto Nogueira.
Nogueira disse que o responsável pelo pedido
do combustível -que também acompanhou
o abastecimento- foi o empresário Joci José
Martins, 55, dono do avião, morto no acidente.
"Fico surpreso por saber que o erro foi de um dos
ocupantes do avião. O empresário tinha
autorização para voar, mas com certeza
ele tinha muito menos experiência que o comandante
[Frederico Carlos Xavier de Tola]". Martins assina
a nota emitida pela BR Distribuidora.
O funcionário do terminal de abastecimento do
próprio aeroporto de Jacarepaguá, responsável
pelo abastecimento da aeronave, disse em depoimento
que "um dos pilotos" fez o pedido de compra,
acompanhou o procedimento e pagou.
"Estou convencido de que ele não teve culpa.
Um dos dois pilotos acompanhou o abastecimento. Ele
só não soube dizer qual dos dois quando
mostrei as fotos. Aguardo agora o resultado das perícias
da Polícia Civil e da Aeronáutica".
O erro no abastecimento poderia ter sido evitado se
o responsável tivesse lido o adesivo em azul
ao redor do tanque, avisando em português o combustível
adequado: AVGAS - Octanagem mínima 100 LL ou
100/ 130, como consta do manual.
Segundo o diretor-executivo da Cirrus Internacional,
John Bingham, todos os aviões da empresa no Brasil
têm o aviso. Embora de maneira cautelosa, ele
afirmou que, "se o avião realmente recebeu
o combustível errado, é mais que provável
que essa tenha sido a causa do acidente". Para
o presidente da Cirrus Brasil, Sérgio Benedetti,
"houve erro humano".
A Folha apurou que, se o avião fosse menos avançado,
talvez voasse no limite. No turbo, o motor não
funciona.
"Essas informações, ainda são
extra-oficiais e aguardamos a confirmação",
disse Bingham.
O
Dia
04/03/2008
Erro humano em terra
Avião movido apenas
a gasolina foi abastecido com querosene no Aeroporto
de Jacarepaguá. Segundo funcionário, ordem
foi dada pelo dono da aeronave, que assinou nota fiscal
do serviço
Rio - Investigação indica que o acidente
aéreo que matou quatro pessoas na Barra, domingo,
foi causado por falha humana no abastecimento do avião.
O funcionário que encheu o tanque no Aeroporto
de Jacarepaguá antes da queda afirmou ontem à
polícia que pôs 265 litros de querosene
— a aeronave, porém, funciona apenas com
gasolina, segundo o fabricante. Além de acompanhar
o abastecimento de seu monomotor, o empresário
Joci José Martins, 57 anos, e não o piloto,
como foi dito inicialmente, assinou o comprovante de
entrega do combustível no valor de R$ 969,90.
O
avião Cirrus SR-22, que vinha de Vassouras, Interior
do estado, fez escala para reabastecer antes de seguir
para Florianópolis (SC). Os sete minutos do abastecimento
foram acompanhados por Joci e um outro homem. Mas o
funcionário, cujo nome não foi divulgado,
não reconheceu a segunda pessoa pelas fotos do
piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla, 65, e dos outros
dois passageiros.
“Ele
pediu para completar o tanque. Era impossível
ele não saber que aquilo era querosene”,
disse o funcionário à polícia.
Segundo o delegado da 16ª DP (Barra), Carlos Augusto
Nogueira Pinto, o caminhão de combustível
tinha o código do querosene — QAV1 —
escrito em letras garrafais. O mesmo consta na nota
assinada por Joci e no cupom fiscal, onde está
registrado “querosene de aviação”.
“Tudo
indica que houve falha humana de quem estava na aeronave.
Uma das coisas que podem ter causado o acidente foi
o abastecimento errôneo, mas só a perícia
vai confirmar”, ponderou o delegado. Ele descarta
a culpa do funcionário da empresa Avijet. “Ele
não tem noção de qual combustível
é adequado para cada aeronave. A responsabilidade
é de quem assina”, afirmou.
Hoje,
Nogueira receberá a gravação dos
diálogos entre o piloto e a torre. As conversas
duram 1 hora e 20 minutos — os últimos
30 segundos, após a decolagem em Jacarepaguá.
A
perícia do Comando da Aeronáutica sairá
em 90 dias. Será verificado se há filmagem
da hora do abastecimento para identificar quem acompanhou
Joci. A caixa-preta será enviada aos Estados
Unidos para análise.
A
polícia checou os valores do litro da gasolina
e do querosene e constatou que a diferença entre
os preços — de R$ 0,24 — não
justificaria a troca. “Ele (Joci) tinha menos
experiência do que o piloto. O brevê de
Joci é da categoria de 2º piloto privado
e foi expedido no dia 13 de fevereiro”, informou
Carlos Augusto.
A
família de Joci e a assessoria de imprensa de
sua empresa, a Cota Empreendimentos Imobiliários,
não comentaram assunto.
FALHA
SUPERAQUECEU MOTOR
Em
nota, a Cirrus Brasil explica que o modelo SR22 é
movido por motor a pistão e certificado a operar
com gasolina de aviação, a AVGAS. Esta
informação consta no manual de vôo
e no de treinamento e está impressa no alerta
colocado no bocal de abastecimento do avião.
“Ele
não funciona com querosene. Acredito que só
decolou porque ainda tinha um pouco de gasolina. Quando
ela acabou, o avião perdeu força. Com
certeza, foi uma falha das pessoas envolvidas durante
o abastecimento”, afirmou o presidente da Cirrus
Brasil, Sérgio Benediti.
Para
o vice-presidente da Associação Brasileira
de Aviação Geral, Adalberto Febeliano,
um piloto experiente “jamais erraria” e
é “muito improvável” que qualquer
pessoa acostumada a lidar com avião cometa o
equívoco: “É como colocar diesel
em carro a gasolina. Ninguém faz isso, nem o
motorista, nem o frentista. Essa hipótese é
absurda. Não existe no Brasil nenhum monomotor
convencional que use querosene, que só alimenta
motores a jato”.
“Estamos
localizando uma testemunha que teria visto a aeronave
decolando e uma fumaça branca saindo, além
de ter ouvido som estranho, como de um motor engasgando”,
disse o delegado Carlos Augusto.
O
querosene é pesado e queima mais devagar do que
a gasolina, superaquecendo o motor. Segundo especialistas,
ao receber querosene, ele perde totalmente a potência
e pára de funcionar. Ou pega fogo.
Movimento
para mudar terminal
Na
Barra, moradores se mobilizam para pedir o fechamento
do Aeroporto de Jacarepaguá. Muitos afirmam que
normas aéreas não são cumpridas.
“Tem avião que passa a 50 metros dos prédios.
É uma irresponsabilidade”, criticou o comerciante
Maurício Chanea. Alternativa será pedir
a transferência das rotas para a Lagoa de Jacarepaguá
em substituição aos vôos sobre prédios
da Barra e Recreio.
No
Condomínio La Place, localizado atrás
da concessionária Citroën, 110 moradores
vão recorrer ao Ministério Público
em busca de uma solução. No edifício
residem dois desembargadores que estão à
frente do movimento de mudança.
Na
Câmara Comunitária da Barra será
realizada uma reunião quinta-feira para discutir
o assunto. Presidente da entidade, Delair Dumbrosck
defende a permanência do terminal aeroviário
no lugar, desde que as regras estabelecidas pela Anac
e Infraero sejam cumpridas.
“O
movimento de aviões hoje se aproxima ao do Aeroporto
Santos Dumont. Daqui a pouco vira Congonhas. Vamos pedir
aos órgãos competentes que fiscalizem
os pousos e decolagens”, afirmou Delair.
Coluna
Claudio Humberto
03/03/2008
Expectativa
Depois de enfrentar seu inferno astral, acumulando prejuízos
desde que comprou a Varig, a Gol espera voltar ao azul
ainda neste semestre.
Caixa zero
Recursos e mais recursos de credores da Varig, como
o fundo Aeros, a Boeing e o Ministério Público
ameaçam a liberação de R$ 88 milhões
determinada pela 1ª Vara Empresarial do Rio. O
rolo cresce a cada dia.
Perfumaria
O presidente da TAM, David Barioni Neto, agora saúda
passageiros em um vídeo exaltando a empresa.
Será preciso mais para reduzir a irritação
com o desrespeito em terra e o pão frio com salame
no lanche de bordo.