Valor
Econômico
03/04/2007
União terá que indenizar
passageiros, diz Celso de Mello
Juliano Basile e Thiago Vitale Jayme
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
concluiu que os controladores de vôo foram irresponsáveis
na greve realizada no último final de semana e que
a União terá de indenizar os passageiros que
foram prejudicados pelos atrasos e cancelamentos de vôos.
O ministro, que é o relator no STF do processo em
que a oposição pede a abertura da CPI do Apagão
Aéreo, disse ainda que a União poderá
ingressar com ações contra os controladores
para cobrá-los pelos prejuízos com o caos
na aviação civil. Ele chamou de "criminosa"
a atitude dos controladores ao suspenderem as atividades.
"Foi um gesto inaceitável",
disse Celso de Mello. "Há outras maneiras de
reivindicar. O que não tem sentido é praticar
atos que geram uma perturbação enorme, que
ocasionam danos materiais e morais imensos à multidão
dos usuários que são os consumidores dos serviços
de transporte aéreo."
Para o ministro, o mais grave é
que este "comportamento irresponsável dos controladores"
vai gerar o dever de a União indenizar todos os passageiros.
Eles poderão pedir danos morais (pelo desconforto
e humilhação nos aeroportos) e materiais (reembolso
das passagens pelos vôos cancelados e pelos atrasados)
à Justiça.
"Acho que os controladores agiram
de modo criminosamente irresponsável", ressaltou
o ministro. Ele disse que eles "teriam incidido na
prática de crime militar tipificado como motim".
"É um delito muito grave e espera-se que o Ministério
Público Militar adote providências nesse sentido",
completou. Para Mello, o comportamento dos controladores
"transgrediu e feriu de modo profundo dois valores
constitucionais graves da organização das
Forças Armadas: a hierarquia e a disciplina".
Celso de Mello espera que o STF julgue
o pedido da oposição para a abertura da CPI
do Apagão até o final de abril. Ele disse
que o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), já
se antecipou ao seu pedido de informações.
Mello pedirá um parecer ao procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza, sobre a CPI.
Ontem, Antonio Fernando também
se antecipou e disse que fará um parecer nos próximos
dias. "Não tenho conhecimento se o problema
é falta de equipamento, de gente ou de empresas",
disse o procurador-geral. "Perdemos três grandes
empresas nos últimos anos", completou ele, citando
a Varig, Transbrasil e Vasp. "A situação
é horrível." Após receber o parecer,
Mello fará um relatório sobre o caso e levará
a julgamento aos demais dez ministros do STF.
Na Câmara, a oposição
se reuniu com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), para pressioná-lo a instalar a CPI antes
de o Supremo decidir sobre o tema. "É possível
ao presidente instalar a CPI agora. Esse é o nosso
entendimento e vamos conversar com o governo para que isso
seja feito imediatamente. A situação é
muito grave", disse o líder do PPS, Fernando
Coruja.
A oposição, no entanto,
está desunida no discurso e nas ações
sobre o tema. O Democratas decidiu obstruir os trabalhos
da Câmara até que o presidente instale a CPI.
"A crise é muito grave. Estamos conscientes
do que a instalação da CPI representa para
a sociedade brasileira. Vamos obstruir os trabalhos",
disse o líder do partido, Onix Lorenzoni (RS).
O PSDB e o PPS se posicionaram de forma
distinta. "Queremos a CPI já, mas temos paciência
para esperar o Supremo se pronunciar. Entendemos que os
projetos em pauta são importantes para o país",
disse o líder da Minoria, Júlio Redecker (PSDB-RS).
No fim do dia, o líder do governo, José Múcio
Monteiro (PTB-PE), esteve com Chinaglia. O Palácio
do Planalto não aceitou o pedido da oposição
de instalação da CPI imediatamente.
O presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP), reiterou que vai aguardar o Supremo antes
da criação da CPI. Ele disse que a paralisação
dos controladores aéreos na última sexta é
uma demonstração da responsabilidade desse
grupo na crise do apagão aéreo. Para o petista,
os controladores de vôo, na verdade, estão
protagonizando uma campanha salarial e de mudança
de regime militar para civil.
Estadão
02 de abril de 2007 - 22:57
Oposição pedirá
ao STF decisão rápida sobre CPI
Presidente da Câmara avisou
oposição que não instalará CPI
sem decisão do STF
Eugênia Lopes
BRASÍLIA - Representantes dos partidos
de oposição pretendem se reunir nesta Terça-feira
com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Ellen Gracie, para solicitar o julgamento o mais rápido
possível do pedido para instalação
da CPI do Apagão Aéreo. Nesta segunda-feira,
o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),
avisou aos líderes da oposição que
não vai instalar a CPI antes de uma decisão
do Supremo e provocou um racha.
Os partidos oposicionistas divergem sobre
qual tática adotar para forçar o governo a
instalar imediatamente a comissão de inquérito,
principalmente após a intensificação
do caos aéreo. Para pressionar Chinaglia, o DEM (ex-PFL)
decidiu obstruir as votações no plenário.
Já o PSDB e o PPS posicionaram-se contra a obstrução
e prometem votar as oito medidas provisórias da pauta.
Na quinta-feira passada, o ministro Celso
de Mello determinou o desarquivamento da CPI, mas jogou
para o plenário do Supremo a decisão final
sobre a instalação ou não da comissão
de inquérito. A expectativa é de que o julgamento
do STF só ocorra no fim deste mês.
“Sempre se vota, mesmo havendo obstrução”,
reagiu Chinaglia, ao argumentar que a CPI não poderá
ser instalada enquanto não houver o julgamento do
plenário do Supremo. Para o presidente da Câmara,
os controladores de vôo estão no centro da
crise no setor aéreo. “Os últimos episódios
envolvendo uma atitude de insubordinação ressaltam
a responsabilidade que os controladores têm no processo
da crise. Esperar todo trâmite da CPI para resolver
o problema seria uma imprudência”, disse Chinaglia,
que se reuniu nesta segunda-feira com o comandante da Aeronáutica,
Juniti Saito. “Os controladores se apresentaram como
o problema”, completou o líder do governo na
Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE).
Divergência
Os líderes de oposição reuniram-se
com Chinaglia nesta segunda-feira para fazer um apelo a
fim de que a CPI do Apagão Aéreo seja instalada
imediatamente. “Seria melhor que os três partidos
de oposição estivessem na mesma linha. O PSDB
entende que a obstrução não vai ajudar
em nada. Estamos aptos a votar”, disse o líder
dos tucanos, Antonio Carlos Pannunzio (SP). “Obstruir
não vai acrescentar nada para que a CPI saia ou não”,
argumentou o líder do PPS, Fernando Coruja (SC),
que também participou da reunião.
“Chinaglia tem todas as condições
de instalar essa CPI logo. E enquanto não houver
essa instalação, temos a decisão de
não permitir votação”, afirmou
o líder do DEM, deputado Onyx Lorenzoni (RS). “Não
é o momento de fazer obstrução”,
observou o líder da minoria, deputado Júlio
Redecker (PSDB-RS). Durante o mês de março,
os três partidos de oposição obstruíram
as votações na Câmara em represália
ao recurso apresentado pelo PT que suspendeu temporariamente
a instalação da CPI do Apagão Aéreo.
Agora o DEM vai tentar sozinho impedir a votação
das oito medidas provisórias, entre elas cinco que
tratam do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC).
“CPI é mais sinônimo
de colocar fogo no circo do que de serenar os ânimos.
Por isso, neste momento, CPI para este assunto pode atrapalhar
mais do que ajudar”, reagiu o vice-líder do
governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS). O petista defendeu
a criação de comissão especial para
analisar a crise do setor aéreo.
Petistas
Apesar das declarações de Fontana, a intensificação
do caos aéreo nos últimos dias começou
a dobrar a resistência de petistas em relação
ao pedido de abertura da CPI do Apagão Aéreo.
Nesta segunda-feira, o deputado Assis Miguel do Couto (PT-PR)
ocupou a tribuna da Câmara para afirmar que é
favor da CPI e que os parlamentares podem dar uma colaboração
importante para o governo solucionar a crise do setor aéreo.
Foi mais uma manifestação pública de
um parlamentar do PT a favor da abertura da comissão
de inquérito. “A CPI pode ajudar o governo
a encontrar um caminho para resolver todos esses problemas.”
O deputado também avalia que não
há restrições ao fato de a CPI acabar
investigando contratos feitos pela Infraero para obras em
aeroportos. “Se for feita uma CPI séria, que
ajude o País, não vejo nenhum problema para
seu funcionamento. E se a CPI tiver que investigar contratos,
qual é o problema? Hoje, existem gargalos no sistema
de infra-estrutura aérea brasileira que o Congresso
tem a obrigação de ajudar a encontrar uma
solução.” Para Assis do Couto, os integrantes
da bancada petista deveriam debater a instalação
da CPI. “Espero que o PT discuta esse assunto.”
G1
02/04/2007 - 17h02
Parecer sobre Varig sai em até
um mês, diz Anac
Compra da empresa pela
Gol precisa ser aprovada pela agência de aviação
civil.
Negócio, de US$ 320 milhões, depende também
de aprovação do Cade.
O superintendente de serviços aéreos da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), Mario Gusmão,
afirmou nesta segunda-feira (2) que a agência deverá
se pronunciar rapidamente sobre a venda da nova Varig para
a Gol. Segundo Gusmão, o parecer sobre o negócio
será apresentado em "muito menos de um mês",
mas ele não quis especificar quando.
Na quarta-feira da semana passada (28),
a Gol anunciou a compra da Varig por US$ 320 milhões
(R$ 660 milhões), no maior negócio da história
da aviação civil brasileira. Com a compra
da Varig, a Gol e a TAM terão juntas mais de 90%
do mercado de vôos nacionais.
Segundo Gusmão, a Anac está
estudando o caso desde a última sexta-feira (30).
Além do parecer do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade), que definirá se o negócio
afeta a livre concorrência no mercado, a agência
também terá de aprovar a compra da Varig pela
Gol.
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