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Estadão
03 de janeiro de 2007 - 12:47
Varig amplia freqüência
de vôos e volta a operar rotas
Empresa também terá
rotas novas, com ligações Sul/Nordeste e Sul/Sudeste
Kelly Lima
SÃO PAULO - A Varig vai voltar
a operar a partir do dia 13 de janeiro de 2007, com vôos
para Londrina (PR) e Vitória (ES). Na mesma data,
a companhia eleva para três vôos diários
sua freqüência para Belo Horizonte (MG), agora
também com destino ao aeroporto de Confins, além
de Pampulha.
Segundo nota divulgada pela empresa à
imprensa, a Varig também vai operar três novas
rotas - ainda sem data prevista - fazendo as ligações
Sul/Nordeste e Sul/Sudeste em vôos sem conexões,
o que deverá reduzir o tempo de viagem.
A empresa terá dois vôos diários
para Londrina e Vitória e três para Belo Horizonte
(dois para Pampulha e um para Confins). Nas rotas Sul/Nordeste
e Sul/Sudeste, os vôos partirão diariamente.
Com a expansão das suas operações,
a Varig passa a voar para 15 destinos nacionais e quatro
internacionais: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília,
Salvador, Belo Horizonte, Florianópolis, Fernando
de Noronha, Porto Seguro, Fortaleza, Recife, Porto Alegre,
Curitiba, Manaus, Londrina e Vitória; Caracas, Bogotá,
Buenos Aires e Frankfurt.
Revista Consultor Jurídico
01 de Janeiro de 2007
Pane aérea - Há uma
grande movimentação para dizimar a Varig
por Fernando Peregrino
Temos assistido desde o trágico
acidente com o vôo 1907 da Gol, em setembro, uma série
de problemas que afetam o espaço aéreo brasileiro.
Aos poucos vamos descobrindo falhas, como o “ponto
cego” denunciado pelos controladores de vôo
e veementemente descartado pelo governo, e agora a pane
nas comunicações do principal centro de controle
de tráfego aéreo do país, o Cindacta-1,
que coordena os vôos no Centro-Oeste e Sudeste do
Brasil.
Faço coro com o vice-presidente
do Sindicato Nacional de Empresas Aéreas, Élcias
Anchieta, em suas declarações de que há
um descaso federal com os equipamentos. Diria mais, o descaso
é com todo o setor aéreo. A situação
da Varig demonstra bem essa afirmação. Uma
empresa que foi a imagem do Brasil no exterior durante mais
de 70 anos agoniza a espera de uma ação do
governo, que sempre se manteve alheio ao sofrimento de milhares
de trabalhadores e aos prejuízos do setor turístico.
Tudo bem que a Varig vem sofrendo já
há algum tempo. Perdeu força com a decisão
do então presidente Fernando Collor, em 1990, de
abrir o mercado de aviação nas rotas internacionais.
Com isso a Varig deixava de ser a empresa de bandeira do
país, passando a disputar o mercado não apenas
com as concorrentes estrangeiras, mas também com
as companhias nacionais. Para uma empresa que havia participado
de rotas de integração nacional que nem sempre
davam lucro, atendendo aos diversos governos, foi uma punhalada
nas costas.
Nesse meio tempo, a empresa resistiu a
administrações mal sucedidas e o agravamento
da crise econômica mundial, que foram levando a Varig
a uma situação como se encontra hoje. Em 2004,
o governo estadual do Rio de Janeiro, na tentativa de garantir
os milhares de empregos e a manutenção do
fluxo turístico, foi o único a adiantar mais
de R$ 100 milhões de créditos de ICMS à
Varig, em troca do compromisso da empresa em ampliar seus
setores no estado, garantir os empregos e criar novas linhas,
transformando o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim
– Galeão em hub nacional e internacional.
O agravamento da crise da Varig, e seu
conseqüente leilão, não levou em consideração
esse compromisso, nem a preocupação com os
milhares de funcionários, que foram postos à
rua e estão sem receber seus salários há
mais de cinco meses. O governo federal insensível
não acena com qualquer ajuda e, mesmo após
a carta da governadora Rosinha Garotinho ao presidente da
República, pedindo agilidade na concessão
do Certificado de Homologação de Empresa de
Transporte Aéreo (Cheta) para a nova empresa, nada
foi feito.
A direção da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta os
novos donos da nova empresa como os responsáveis
pela demora na entrega da autorização para
voar a quem já voou por quase 80 anos. A informação
contraria tudo o que foi dito até então pelos
empresários, que aguardam exatamente a concessão
do documento para contratar, a princípio, cerca de
1.600 profissionais, abrindo perspectivas para novos postos
de trabalho no início do próximo ano. Os constantes
atrasos têm levado a investidores da VRG Linhas Aéreas
em repensarem sua participação, o que pode
inviabilizar a situação da nova empresa e
levar a maior companhia aérea brasileira à
falência.
Diante de tudo isso não sobra outra
alternativa senão acreditar que há uma grande
movimentação surda para dizimar a Varig, desprezando
de forma irresponsável o nosso turismo. Mais uma
vez, entre os estados federados, o Rio de Janeiro perde
por ser o principal destino turístico nacional. Mas
o prejuízo é de todo o país, que destrói
uma imagem de eficiência construída ao longo
de quase 80 anos.
Infelizmente, a origem do colapso aéreo
é bem diferente de ser apenas operacional e conjuntural,
como alguns querem fazer crer. A ele se soma o desmantelamento
da Varig, um patrimônio estratégico do país,
que também está muito longe de se resumir
na concessão de certificados, basta ver o quanto
suas concorrentes nacionais e estrangeiras estão
ganhando com a sua ausência do mercado.
Lamentavelmente, no ar, nem mais os aviões
de carreira.
Folha de São Paulo
31/12/06
Varig pretende retomar freqüências
para a Europa e criar rota para a China
A Varig quer voar até a China. Esse
é o destino mais audacioso da lista que compõe
o plano estratégico da empresa, em fase de elaboração,
adiantado à Folha pelo diretor de Planejamento da
companhia, André Luiz Patrão. A China faz
parte da segunda etapa do plano.
Mesmo nos áureos tempos da companhia
aérea, a Varig nunca realizou vôos para a China.
No Oriente, o principal destaque da malha era o vôo
para Tóquio. Ela escolheu a China por se tratar da
segunda maior parceira comercial do Brasil.
O primeiro passo será aumentar o
número de freqüências para Frankfurt,
considerado um importante centro de distribuição
de vôos na Europa. "A Alemanha é uma porta
de entrada para a Ásia. A partir daí, poderemos
ter o vôo para o Oriente", disse Patrão.
Para uma empresa que chegou à beira
da falência há menos de seis meses, planejar
um vôo inédito para uma companhia brasileira
pode parecer uma proposta, no mínimo, inviável.
Segundo Patrão, no entanto, a Varig começou
a se articular depois de receber a documentação
como empresa de transporte aéreo.
Ele prevê a chegada de cinco aviões
para vôos domésticos em janeiro e afirma, sem
revelar detalhes, que a companhia se prepara para adquirir
aviões para vôos intercontinentais.
O critério de seleção
dos destinos privilegia locais de maior atratividade e com
possibilidade de agregar passageiros de outros países.
"Voltaremos a operar em Londres porque
funciona também como uma porta para os Emirados Árabes
Unidos. Temos parceiros querendo fechar acordo conosco.
O mesmo raciocínio nos levará de volta à
Espanha, que, além de ter localização
vantajosa, é um importante destino turístico."
Os demais destinos que a Varig pretende
operar são Nova York, Miami, Cidade do México,
Lima e Santiago (Chile).
"A aviação internacional
mudou. Teremos atuação concentrada em portões.
Não faz sentido operar para seis ou sete pontos na
Europa porque sem apoio não há como competir
com as companhias internacionais, que são muito maiores",
afirmou Patrão.
Segundo o diretor, o setor vive uma crise
de concentração no mercado doméstico
pelas empresas estrangeiras. "Todo o valor dessa cadeia
produtiva é transferido para fora do país
e nós ficamos com migalhas." Ele destaca que
cerca de 50% do preço de um pacote turístico
é dado pelo valor da passagem aérea. "Metade
do preço de um pacote é exportado."
Para Patrão, o foco no mercado doméstico,
que tem crescido a taxas de dois dígitos nos últimos
três anos, produziu uma distorção no
setor. "Você está trocando o foco em vôos
mais rentáveis por vôos que produzem uma renda
menor."
Diferentemente das demais concorrentes,
Patrão afirma que a Varig deve manter pelos próximos
meses o sistema de vôo dedicado. As concorrentes adotaram
um sistema de otimização da frota em que os
aviões voam de 14 a 15 horas por dia. "Precisamos
resgatar a credibilidade da companhia e estamos operando
com regularidade e pontualidade", disse.
Mercado doméstico
No mercado doméstico, a companhia tem prazo de 30
dias para retomar rotas. A Varig pretende voltar a operar
vôos para Londrina e Vitória em janeiro. A
empresa diz ainda que não abrirá mão
dos "slots" (espaços de pouso e decolagem)
em Congonhas.
Ela quer também reforçar
a atuação em Minas Gerais. Na região
Sul, a idéia é fortalecer a atuação
em Florianópolis.
No Nordeste, a Varig quer focar sua atuação
em Salvador, Fortaleza e Recife.
Site AEROCONSULT
31/12/2006
DESBOTOU O TAPETE VERMELHO DA TAM
Guido Sonino
Quando um avião da Tam caiu em São
Paulo, logo após a decolagem, o impacto foi grande.
Desastre aéreo não pode ser previsto. Ainda
menos uma falha na decolagem, como aquela que na quinta-feira
30 de outubro de 1996 fez precipitar o Fokker-100 sobre
um conjunto de casas do bairro da Jabaquara, em São
Paulo, segundos depois da decolagem, quando estava a apenas
33 metros de altura.
Mas a tragédia, que enlutou uma
centena de famílias, foi administrada com firmeza
pela Tam de Rolim Amaro, seu fundador, tendo seus possíveis
efeitos devastadores sobre a imagem da aérea minimizados.
Houve uma breve caída do valor de suas ações
(22,2%) na Bolsa de São Paulo, mas a empresa enfrentou
a opinião pública sem receios e com admirável
presteza, E exemplo veio do comandante Rolim, que naquela
hora se encontrava na ilha de Bonaire, no Caribe, reabastecendo
seu Cessna Citation a caminho dos EUA.
Ele não perdeu um só minuto,
logo que pela televisão CNN soube da notícia.
Inverteu a rota e após uma noite de viagem, aterrissou
de manhã cedo em São Paulo. E depois de visitar
famílias de vítimas das quais era amigo, concedeu
uma entrevista à imprensa na qual focou todos os
pontos que, nessas horas de tensão, podiam e deviam
ser esclarecidos.
Quase dez anos mais tarde, num dezembro
chuvoso de 2006, a Tam sofreu outro desastre, sem vítimas
fatais, mas com milhares de feridos. Eles foram os passageiros
que não conseguiram embarcar nos Airbus e nos Fokker
da empresa, e que depois de longas horas de tensão
acabaram, em parte, viajando em aviões do governo.
Mas por falta de porões adequados
nas aeronaves, suas bagagens ficaram retidas no aeroporto
de embarque.Foram cerca de 3 mil malas, recebidas dias mais
tarde ou ainda hoje consideradas perdidas, que em maioria
continham presentes natalinos que deixaram de ser entregues
no dia certo.
Faltaram assentos nos vôos regulares
porque, afirma a Tam, foi necessário providenciar
a inesperada manutenção de seis Airbus 320
usados, que haviam sido recém incorporados à
sua frota para ser logo utilizados nos apertados horários
da nova malha aérea, sem um “check” que,
em outras épocas, teria previamente verificado os
detalhes técnicos que depois exigiram ser corrigidos.
Foram milhares os “feridos”, em seus brios,
em seus sonhos, que perambularam por horas ou dias pelos
aeroportos. Em maioria possuíam passagens com impressa
a palavra “overbooking”, que a empresa nega
ter praticado mas que, além dos usuários,
também os telespectadores viram nas imagens da reportagem
da Globo.
Milhares de frustrações,
de noites mal dormidas, de indesejadas viagens de ônibus,
para compensar falhas técnicas que a Tam do comandante
Rolim, se inevitáveis, teria enfrentado de outra
maneira, indo logo ao encontro dos passageiros, dialogando,
compensando com a oferta de sorrisos e de serviços
extras todos os imerecidos contratempos. Mas a empresa esteve
ausente, se omitiu durante longos dias e noites, até
que por pressão das autoridades e porque alguém
da diretoria “se mancou”, os funcionários
saíram dos bunkers nos quais se protegiam e ofereceram
aos passageiros a assistência devida.
Seria injusto esquecer que todos esses
problemas decorreram em parte do forçado cancelamento
de vôos, que foi imposto pelos controladores depois
da colisão entre o Boeing da Gol e o Legacy americano,
e que o mau funcionamento dos aparelhos eletrônicos
agravou as omissões humanas. Mas a ganância
teve sua parte, fazendo cancelar à Tam vôos
de baixo aproveitamento, com a conseqüente necessidade
de “proteger” os passageiros não atendidos
em outras freqüências, que diante da grande demanda
motivada pelas viagens natalinas não tiveram espaço
bastante para acomodar também as vendas mais recentes.
Assim, de pouco adiantou para milhares de viajantes o fato
que aos poucos o número de partidas e de chegadas
aumentou e caiu o de cancelamentos.
Talvez faltou à aérea um
contador, para calcular embarques e desembarques. Ou, já
sendo dona de mais de 50% do tráfego doméstico,
a Tam pretendeu aumentar sua participação
de mercado, se aproveitando da forçada ausência
da Varig na maioria das rotas, das limitações
operacionais que a Gol se havia imposto e da modesta presença
de outras pequenas empresas recém entradas no mercado,
para aumentar sua waiting-list com os nomes de quem apenas
desejava viajar.
Mas o que direta ou indiretamente mais
chocou a opinião pública foi o silêncio
da Tam, de seu presidente e da inteira diretoria, ausentes
nos aeroportos, nos programas de TV, se omitindo até
na publicação de um comunicado que veio depois
de muitos dias, tentando justificar sem explicar os problemas
que afligiram seus usuários.
Por descaso ou por insensibilidade, a imagem
que há dez anos havia saído quase reforçada
de um terrível acidente aéreo, desbotou nesta
nova emergência, tirando brilho aos tapetes vermelhos
que o comandante Rolim gostava de ver estendidos nos aeroportos
nacionais e naqueles dos paises servidos pela Tam. Era essa
a época do sonho da empresa de conquistar os passageiros
e os serviços da Varig, que seu fundador não
conseguiu ver realizado, tendo sido vitimado ele também
por um acidente aéreo.
Entretanto, anos mais tarde, seus herdeiros
premiados pelo destino com a falência da Varig, parecem
incapazes de administrar essa verdadeira dádiva.
Seu relacionamento com os passageiros é de categoria
inferior, e está obscurecendo as conquistas do passado.
Tornou-se uma ambiciosa aérea à procura de
novos destinos, mas sem rumo certo, interferindo no mercado
ao ponto de ter evidenciado a necessidade da presença
de uma terceira empresa de gabarito, para acabar com um
duopólio que serve mal a aviação nacional
e seus passageiros.
De fato, sucessos financeiros à
parte, Gol e Tam oferecem atualmente aos usuários
nacionais opções de serviços e de preços
bem limitadas, nada competitivas. Talvez caberá à
nova Varig, no curto prazo, tentar virar a mesa para impor
seu jogo de marketing, poupando aos passageiros o risco
de que, na evolução de sua política
de low cost, um dia a Gol decida oferecer a bordo (supostamente)
apenas pão e água e que a Tam, para se tornar
mais eficiente e lucrativa, continue optando por serviços
sempre mais econômicos, que lhe permitam aproximar
seus resultados financeiros aos da congênere. E de
todas as tradições, a aérea manteria
intactas apenas suas desmesuradas ambições
de conquistas operacionais no país e no exterior,
que vem de longe e não desapareceram com o seu fundador.
Diário do Comércio
- Opinião
30/12/2006
Passageiros com destino a 2007, apertem
os cintos, o pilloto sumiu
Neil Ferreira
O pilloto não está nem aí.
Nunca esteve. Apagão vai apagão vem, não
é com elle . Nunca foi. O avião delle sobe
e desce quando quer. Embarca e desembarca em salas privativas
com segurança e conforto, o que é justo pois
só viaja a trabalho. Deixe o homem trabalhar . A
cumpanherada que não arranja uma boquinha para viajar
com elle , vai de jatinho particular, não se sabe
de quem nem fretado por quem, vai ver é de graça.
Ou pago por nós, trouxas pagadores
de impostos. Não fazemos mais do que a nossa obrigação
em benefício da pátria amada, salve, salve.
O que é muito justo também, ninguém
é de ferro. O pilloto ordenou que o apagão
aéreo acabasse no domingo, mas o apagão não
obededeu. Não acabou. Como tudo aqui, mudou de nome
e caiu em outro colo. Chama-se hoje Crise da TAM , não
mais apagão aéreo nem Crise dos Controladores
de Vôo . Isso graças à ação
firme do governo, ao dinamismo e ishperrrteza do sinistro
waldyr pires e à precisão cirúrgica
com que o pilloto improvisa desculpas para o indesculpável.
Um dos meus filósofos preferidos,
o inesquecível Vicente Matheus, com toda razão
diria que arranjaram um bode respiratório para a
situação. Agora, que as coisas estão
de novo no melhor dos mundos, como a Mentirobrás,
a mais poderosa estatal brasileira, provou nos programas
de tv que produziu com portentosa eficiência para
ajudar o pilloto a continuar pillotando , posso revelar
uma das minhas mais sérias teorias da conspiração,
baseada 100% em admitida e incurável paranóia.
Lá vai.
Éingenuidade ou mesmo má-fé
atribuir o apagão, hoje Crise da TAM , ao corte de
verbas, má gerência ou incomPTência.
A crise é parte de um plano inteligente, feito há
muito tempo e em plena e vitoriosa execução.
Vamos pensar simples. Quem usa avião fora o pilloto
e a nomenkalutura no poder é a zelite . O pilloto
tem seu avião especial e a nomenklatura não
anda em avião de carreira.
Quem se aglomera nos aeroportos e espera
horas e até dias é a zelite . Manda fazer
uma pesquisa nas filas de check-in, nos bancos duros dos
aeroportos, nas filas das lanchonetes engorduradas, nos
banheiros imundos e perguntar em quem eles votaram. O pilloto
perde de 10x2. O pilloto prometeu que a zelite ia ver só
uma coisa, ia pagar por sua zelitice . Cumpriu. A zelite
está pagando caro.
Quem vota no pilloto só vai a aeroportos
levado em ônibus e caminhões, em caravanas
para ser claque, bater palma quando elle chega, gritar viva,
mais quatro anos, santo padim padi ciço e ganhar
bolsa-lanche. E ainda vê de perto o avião delle
. Avião dos comuns, esses em que o passageiro paga
a passagem e enfrenta o caos, só vê a uns 10
mil metros de altitude. Quem vota no pilloto não
sofre com apagão, nem com a Crise da TAM . Os outros
40 milhões, excluídos e indesejados, sofrem.
Quem mandou votar errado. Agora agüentem.
Além de sustentar o nunca antes
neççepaíz com módicos 40% do
PIB em impostos (e ainda querem chiar), paguem também
o preço moral por ser da classe inimiga do povo e
do Estado, a crasse mérdia , em extinção
tão rápida quanto a floresta amazônica,
sob a proteção da beata sinistra marina. Veja
o descalabro, no cargo de sinistra, ela abre vaga para seu
suplente, o sibá. Este é um país onde
um grosso sem voto (os votos são da beata), o sibá,
o suplicy e a ideli são senadores. É de chorar.
Mas não pense que já pagou
tudo. A zelite pagará até estourar. Aí,
teremos os sans-coulottes tomando goró, dançando
nas ruas. Não será já segunda-feira,
na nova decolagem do pilloto . Será em fevereiro.
Vai se chamar Carnaval do Povo , com transmissão
ao vivo pela Globo.
SITE - WWW.ANPT.ORG.BR
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES DO TRABALHO
30/10/2006
Efeito trágico de atos (em
tese) nobres
por Rodrigo Carelli
- Será a mão invisível
do mercado que pagará os trabalhadores da Varig?.
O título do texto da professora Deborah Kirschbaum
publicado nesse jornal na edição de 3/10 do
Jornal do Commércio (pág. A-3) cabe tão
bem para a recuperação judicial da Varig que
resolvi parafraseá-lo na resposta aos argumentos
ali apresentados. A nova Lei de Falências (n 11.101/2005)
trouxe, sob o nobre (mas falso) pretexto de manutenção
de empregos, alguns dispositivos contrários aos princípios
constitucionais da valorização do trabalho
(art. 1, IV, CF e 170, caput) e da função
social da propriedade (art. 170, III), como a previsão
de inexistência de sucessão trabalhista em
caso de venda de ativos na falência de empresas (art.
141, II, da Lei n 11.101/2005).
Com relação à venda
de ativos na recuperação judicial, a lei tratou
de forma diferente, não excluindo expressamente,
como fez na falência, a sucessão trabalhista
(art. 60, parágrafo único, Lei n 11.101/2005).
Assim, como não houve revogação expressa
de lei especial prevendo a sucessão trabalhista,
segundo quaisquer das regras da hermenêutica, a sucessão
trabalhista continua a existir no caso de venda de ativos
com continuação de atividade econômica
em recuperação judicial.
Na lei não há palavras inúteis,
portanto, quando prevê expressamente a inexistência
de sucessão trabalhista na falência, e nada
fala quando da recuperação judicial, não
há como se falar em interpretação extensiva,
ainda mais para prejudicar e contrária aos princípios
básicos da sociedade brasileira acima expostos.
Não há como interpretar um
dispositivo genérico contra previsão legal
expressa, para desvalorizar o trabalho e dar a uma empresa
salvo conduto para que se esqueça de qualquer responsabilidade
social pelos trabalhadores depauperados. Mesmo em uma interpretação
histórica ("mens legislatoris") não
prevalece tal solução: no Senado, a sucessão
trabalhista em recuperação judicial foi expressamente
mantida pelo relator: "O substitutivo mantém
a sucessão trabalhista na recuperação
judicial (art. 60, § único). Justificação:
"o contrário da falência, o dinheiro obtido
com a venda de estabelecimentos da empresa na recuperação
judicial não fica sob o controle do juiz, razão
pela qual a exclusão da sucessão trabalhista
poderia prejudicar os trabalhadores".
O preço "pago" pelos
ativos ficou à disposição da adquirente
para, segundo seus interesses e conveniência, utilizar
nos gastos da continuação da atividade econômica
que assumirá.
O maior e mais grave equívoco,
no entanto, foi o de que o Ministério Público
do Trabalho "ignorou a competência da 1 Vara
Empresarial carioca" (sic). A ignorância, no
caso, é da autora do artigo, pois as ações
civis públicas para defesa de direitos sociais dos
trabalhadores são da competência da Justiça
do Trabalho (art. 114, IX; 83, III, LC 75/93). O §
2 do art. 6 da Lei de Falências é expresso
em dizer que as ações trabalhistas em face
da empresa em recuperação judicial serão
ajuizadas na Justiça do Trabalho.
Talvez ainda não sabia que a ação
civil púbica foi ajuizada não em face de empresa
em recuperação judicial, e sim do adquirente
do ativo, que não é devedor, não se
aplicando o juízo universal da Lei de Falências.
Além disso, não é verdade que o MPT
teria requerido bloqueio de valores da empresa sucessora,
o que nunca ocorreu.
Os argumentos que usa para defender seu
ponto de vista são puramente economicistas, demonstrando
ser a acadêmica filiada à Teoria Econômica
do Direito, vertente do pragmatismo jurídico, que
é rechaçada pelos maiores doutrinadores do
Direito. Busca justificar as posições jurídicas
pelos fins econômicos, geralmente unilaterais, pois
só vê a felicidade na manutenção
da empresa, seja a que custo for para os credores e trabalhadores.
Os termos que utiliza, como "blindagem", remetem
a ocorrências como a do blindado que passa por cima
do estudante na praça da paz celestial.
Apesar de seu pragmatismo, o texto em
comento não dá atenção aos milhares
de trabalhadores que financiaram a Varig nos últimos
meses ao trabalharem e não receberem. Não
leva em conta também os trabalhadores que são
estáveis, à beira da aposentadoria, e estão
sendo deixados na "geladeira" pela nova empresa.
Mas quem sabe a teoria econômica
do Direito esteja correta e os trabalhadores venham um dia
a ver depositados em suas contas, pela milagrosa mão
invisível do mercado, os valores que lhe são
devidos pela vida que deram ao empreendimento econômico
"recuperado", amenizando a tragédia ocasionada
pelo nobre (?) ato.
*Rodrigo de Lacerda Carelli
é Procurador do Trabalho, do Ministério Público
do Trabalho do Rio de Janeiro
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