:::::RIO DE JANEIRO - 02 DE OUTUBRO DE 2006 :::::

 

O Globo
02/10/2006 às 05h23m
Vôo 1907: Controle aéreo pode ter falhado


RIO e BRASÍLIA - Uma falha de comunicação entre as torres de controle de Manaus e Brasília pode ter sido responsável pelo acidente aéreo que derrubou o Boeing 737-800 da Gol com 155 passageiros e tripulantes no norte de Mato Grosso, na última sexta-feira. Uma fonte do setor revelou ao GLOBO que o jato Legacy da Embraer, que decolara de São José dos Campos (SP) com destino aos EUA e abasteceria em Manaus, voava a 37 mil pés de altitude (dez mil metros), com autorização da torre de Brasília.

Por solicitação do piloto do Boeing, a torre de Manaus teria autorizado que a aeronave da Gol subisse de 35 mil para 39 mil pés. Como as duas torres não se comunicaram, houve a colisão.

A Aeronáutica não confirmou nem desmentiu essa informação, nem a possibilidade de que o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego (Cindacta) de Manaus monitorasse o Boeing, enquanto o Cindacta de Brasília estaria responsável pelo Legacy. Através de seu centro de comunicação, a FAB informou que todos os dados relativos aos vôos dos dois aviões envolvidos no acidente foram repassados à comissão que investiga o caso, com a participação da Gol, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e de representantes da agência de aviação dos EUA (acionados por que o Legacy, embora fabricado pela Embraer, já havia sido comprado por uma empresa americana).

O especialista em aviação Ivan Sant'Ana chamou atenção para o fato de a rota usada pelos dois aviões estar localizada justamente na zona de transição entre o Cindacta de Manaus e o de Brasília.

— É uma terra de ninguém — resumiu Sant'Ana, autor de livros sobre aviação.

O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse ontem que os depoimentos prestados pelos ocupantes do Legacy confirmam que houve de fato uma colisão entre as duas aeronaves. Análises preliminares mostram que o Boeing foi atingido na barriga, no motor e no leme, onde se localiza o controle hidráulico da aeronave.

Segundo Zuanazzi, o sistema anticolisão do Legacy estava funcionando perfeitamente. De acordo com ele, o aparelho foi testado antes de o jato decolar e também em sua chegada na Base Aérea de Cachimbo, no Mato Grosso, onde fez o pouso forçado após o choque com o avião da Gol. O presidente da Anac não soube dizer, no entanto, se o mesmo equipamento estava funcionando no Boeing, o que apenas a caixa-preta poderá esclarecer.

O especialista em aviação Ivan Sant'Ana levantou a hipótese de que o piloto do Legacy estivesse fazendo manobras para testar o jato recém-comprado, o que dificultaria o alerta por parte do detector.

— Ele pode ter dado uma guinada de cima para baixo ou ter feito uma manobra brusca e não ter dado tempo de o equipamento anticolisão detectar o outro avião. O piloto do Legacy pode ter abandonado o nível de vôo estabelecido para o avião — especulou.

Já para o engenheiro Gustavo Tavares da Cunha Mello, autor de tese de mestrado sobre acidentes aeronáuticos, é possível que o piloto do Legacy tenha se esquecido de ligar ou até mesmo desligado o sistema anticolisão, para voar mais alto.

— Se o sinalizador do Legacy estava desligado, o avião da Gol não o detectaria, mesmo se seu equipamento estivesse funcionando. O piloto também pode não conhecer o avião direito ou não ter tido treinamento suficiente — cogitou.

 

 

O Globo Online
01/10/2006 às 21h52m
Aeronáutica diz que não há sobreviventes de acidente da Gol

RIO - O Comando da Aeronáutica informou, por meio de nota divulgada à imprensa, que não há sobreviventes do acidente com o vôo 1907 da Gol, que caiu no Mato Grosso na última sexta-feira.

O acidente aconteceu em função de uma colisão entre a aeronave e um jato executivo Legacy, fabricado pela Embraer, pertencente à empresa Excel Airways.

Veja a íntegra da nota do Ministério da Defesa:

"O Comando da Aeronáutica informa que, neste domingo, foi reiniciada, ao nascer do sol, a operação militar de busca e resgate na área dos destroços da aeronave acidentada da GOL, vôo 1907.

O acidente ocorreu, segundo indícios, depois de uma colisão entre o Boeing da GOL e um jato executivo Legacy, fabricado pela Embraer, pertencente à empresa Excel Airways, e que seguia para os Estados Unidos.

Os destroços da aeronave GOL encontram-se espalhados por uma área estimada em mais de 20 quilômetros quadrados, de densa floresta e difícil acesso, o que exige uma atuação intensa das equipes de resgate que poderá aumentar também o período das buscas.

As equipes já retiraram dois corpos, ainda não identificados, que foram transportados para o Campo de Provas Brigadeiro Velloso, na Serra do Cachimbo, ficando sob os cuidados de peritos legistas. Após a liberação, a FAB os transportará para Brasília.

Os equipamentos de gravação de voz (Voice Recorder) e de dados (Digital Data Flight Recorder) da aeronave Legacy foram recolhidos e já estão sendo analisados por equipes técnicas em São José dos Campos. Os equipamentos de gravação da aeronave da GOL ainda não foram encontrados.

Os militares continuam trabalhando na abertura de novas clareiras a fim de ampliar os trabalhos na floresta. Uma aeronave R-99, cinco helicópteros (um CH-34 Puma e dois H-1H da FAB, um H-60 do Exército e um Esquilo da Polícia do Mato Grosso) e uma aeronave SC-95 Bandeirante estão operando na área.

Além disso, encontram-se em Cachimbo, em prontidão, uma aeronave A-29 Super Tucano e um C-97 Brasília, com equipamento de UTI aérea.

Neste domingo, atuaram na área 75 militares especializados em busca e resgate, sendo que 32 continuarão trabalhando durante toda a noite."

 

 

O Globo Online
01/10/2006 às 20h35m
Caixas-pretas do avião da Gol ainda não foram encontrados

BRASÍLIA - Em nota divulgada na noite deste domingo, o Comando da Aeronáutica informa que ainda não foram encontradas as duas caixas-pretas do avião da Gol que caiu na sexta-feira no Mato Grosso. As caixas-pretas do avião Legacy estão sendo periciadas.

"Os equipamentos de gravação de voz (Voice Recorder) e de dados (Digital Data Flight Recorder) da aeronave Legacy foram recolhidos e já estão sendo analisados por equipes técnicas em São José dos Campos. Os equipamentos de gravação da aeronave da Gol ainda não foram encontrados", diz a nota.

A Aeronáutica diz que os destroços da aeronave encontram-se espalhados por uma área estimada em mais de 20 km2, de densa floresta e difícil acesso, que pode levar ao aumento do período das buscas. A nota confirma que já foram resgatados dois corpos, ainda não identificados. Após a liberação, a FAB os transportará para Brasília.

A nota diz que os militares continuam trabalhando na abertura de novas clareiras na floresta. Uma aeronave R-99, cinco helicópteros (um CH-34 Puma e dois H-1H da FAB, um H-60 do Exército e um Esquilo da Polícia do Mato Grosso) e uma aeronave SC-95 Bandeirante estão operando na área. Também estão de prontidão na Serra do Cachimbo uma aeronave A-29 Super Tucano e um C-97 Brasília, com equipamento de UTI aérea. Segundo a Aeronáutica, atuam na área 75 militares especializados em busca e resgate, sendo que 32 continuarão trabalhando durante toda a noite.