:::::RIO DE JANEIRO - 02 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Valor Econômico
02/06/2006
Incertezas marcam o leilão da Varig

Janaina Vilella, Chico Santos e Daniel Rittner

Às vésperas do leilão da Varig, as incertezas em relação à tentativa de venda da aérea continuam fortes. Executivos e especialistas do setor ainda questionam alguns pontos cruciais do edital do leilão, como a obrigatoriedade do pagamento de US$ 75 milhões (mais de R$ 170 milhões) três dias depois do leilão e os "slots" (horários de pousos e decolagens) que efetivamente serão colocados à venda.

A retirada do leilão de alguns slots da Varig no Aeroporto de Congonhas, que já não estavam sendo operados pela aérea, desestimulou muitos investidores. Eles questionam ainda pontos jurídicos que não ficaram claros no edital, como o risco de sucessão tributária e trabalhista, que significa que eles podem herdar as principais dívidas da Varig.

Antes mesmo de ter acesso às informações da Varig, a consultoria Azulis Capital, assessora de um banco franco-suíço cujo nome não foi revelado, anunciou ontem a desistência no negócio.

Ivone Saraiva, uma das sócias da Azulis, disse que foi tão surpreendida com a decisão do banco quanto o próprio mercado. "O dinheiro já estava até depositado na conta no Brasil. Estamos consternados", disse ela, sem detalhar as razões, alegando sigilo.

Até ontem, TAM, Gol, OceanAir, Aero-LB (empresa formada pela estatal portuguesa TAP e por investidores brasileiros) e o escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra acessaram o "data room" da companhia. Fontes envolvidas no processo, no entanto, acreditam que essas empresas estão em busca de informações confidenciais sobre a Varig e não necessariamente interessadas em participar do leilão.

Já o governo resolveu dar uma trégua à Varig. Empenhado em uma "solução de mercado", o Planalto orientou os credores estatais da empresa aérea a não levar adiante seus planos de contestar regras do leilão. A Infraero cogitou ir à Justiça contra a possibilidade de a Varig ser vendida por um valor abaixo do preço mínimo de US$ 700 milhões, mas desistiu até mesmo de buscar uma mudança no edital em negociações com o juiz Luiz Roberto Ayoub. A Casa Civil conta com o leilão de segunda-feira para encerrar o drama da crise da Varig, que se estende por mais de cinco anos. "Vamos acompanhar tudo com atenção, mas sem nos metermos", disse uma fonte da Infraero. A estatal teme que a venda da aérea por um preço muito baixo inviabilize o pagamento de dívidas repactuadas no âmbito do plano de recuperação judicial.

O governo também trabalha contra a idéia de uma nova data para o pregão, possibilidade que surgiu após a prorrogação, para 13 de junho, da decisão da Justiça de Nova York sobre o arresto dos aviões pelas companhias de leasing americanas. A avaliação de Brasília é que, com fluxo negativo de caixa mesmo sem pagar os seus fornecedores, a Varig não tem fôlego suficiente para ir além da próxima semana. Se o leilão não for bem-sucedido, o governo já tem o discurso pronto: dirá que se esforçou pela sobrevivência da empresa sem a injeção de recursos públicos e colocará toda a responsabilidade do leilão nas mãos do juiz Ayoub.

Outro ponto que preocupa os investidores é o risco de concentração no mercado, caso a Varig seja comprada por uma das suas duas grandes concorrentes, TAM e Gol. Observadores avaliam que duas das empresas em crescimento no mercado doméstico, BRA e WebJet não teriam fôlego financeiro para o negócio, a menos que se associem a alguma instituição financeira ou fundo de investimento.

Nesse cenário, a OceanAir, subsidiária do grupo Sinergy, do empresário German Efromovich, aparece como uma possível candidata a levar a aérea no leilão, embora os executivos da própria OceanAir afirmem que ainda há muitas perguntas a serem respondidas antes que se tomar a decisão de entrar na disputa.

A OceanAir, que surgiu em 1998 como uma empresa de taxi aéreo, herdou da antiga Rio Sul (grupo Varig) uma linha regional ligando São Paulo e Rio às cidades de Macaé e Campos (RJ), as capitais do petróleo no Rio. Esse foi o embrião da empresa que hoje atua nacionalmente e que controla a colombiana Avianca.

O grupo Sinergy tem um plano de expansão ambicioso para o setor aéreo. Só em 2005, investiu US$ 200 milhões na compra de 33 aviões modelo Fokker-100, que pertenciam à American Airlines. Desse total, 10 aeronaves ficaram com a OceanAir. As outras 23 foram distribuídas entre as outras empresas do grupo: a colombiana Avianca e a peruana Wayra.

A equatoriana Vipsa, também pertencente ao grupo, não recebeu aeronaves neste plano de expansão. Hoje em dia, a OceanAir opera com 11 aeronaves em todo o país (sete delas são turboélice e outros quatro jatos de modelo Fokker-100).

O diretor comercial da OceanAir, Renato Pascowitch, afirmou que a estratégia da empresa para amenizar a imagem negativa do Fokker causada pelo acidente da TAM, em 1996, é investir em diferenciais, como por exemplo, um maior espaço entre as poltronas, bancos de couro e refeições nos vôos longos. "Todos nós temos que buscar diferenciais. O nosso produto tem que ser diferente para atrair mercado. E estamos colhendo resultados. Tivemos um crescimento de mais de 30% nos nossos passageiros que retornam com a Ocean Air", afirmou Pascowitch.

Hoje a participação da empresa no mercado doméstico é de 1%. A meta é chegar até o fim do ano com uma fatia de 6%. Pascowitch não detalhou, no entanto, se esse aumento seria obtido com a compra da Varig. Em 2005, a empresa faturou R$ 100 milhões. A expectativa é fechar este ano com uma receita de R$ 300 milhões.





Folha de São Paulo
02/06/06
Banco franco-suíço desiste de comprar Varig em leilão

Ocean Air, outra potencial candidata, afirma que há dúvidas sobre o negócio
Empresas temem herdar passivos trabalhista e tributário da companhia aérea, e operação, na 2ª, fica cada vez mais incerta

MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL

É cada vez mais incerto o futuro do leilão da Varig, que acontece na próxima segunda. Em meio ao receio de compradores em potencial de herdarem os passivos trabalhistas e tributários da empresa, um dos investidores que mais vinham manifestando interesse em comprar a empresa, a Azulis Capital, que atuava em parceria com um banco franco-suíço, desistiu ontem do negócio.

Segundo Emerson Pieri, representante do banco, a desistência foi decorrente do fato de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não ter oferecido condições ideais de financiamento.

Além disso, afirmou, preocupou a possibilidade de a Varig nova, vendida sem dívidas no leilão, ter que arcar com o passivo do fundo de pensão dos funcionários da companhia, o Aerus. "Se o passivo não for honrado pela Varig velha em cinco anos, a responsabilidade fica com a Varig nova."

Da mesma forma, a Ocean Air, apontada como uma das principais interessadas, tem várias dúvidas sobre o negócio. "O risco de sucessão trabalhista é uma das questões críticas. Certos pontos não estão claros", disse o presidente da empresa, Carlos Ebner. "Mas ainda estamos interessados."

Há rumores de que o dono da companhia aérea, o empresário German Efromovich, teria se aliado ao controvertido russo Boris Berezovski -multimilionário empresário da mídia que fugiu da Rússia após romper com o presidente Vladimir Putin- para comprar a Varig.
A Webjet também avalia se entrará no leilão, assim como o escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um fundo de investimentos que atua no Reino Unido e nos EUA.

Até agora, Gol, o consórcio Aero-LB (liderado pela portuguesa TAP), Ocean Air, TAM e Webjet entraram no data room para acessar as informações da Varig. Mas nos casos de Gol e TAM o interesse principal não é fazer lances no leilão, e sim ter acesso aos dados confidenciais da Varig e monitorar o interesse de concorrentes.

Já a Aero-LB acessou a sala porque se preocupou com o fato de alguns ativos da VEM, ex-subsidiária de manutenção da Varig que foi vendida para a TAP, terem sido incluídos na relação de bens a serem leiloados na segunda-feira.

Após uma conversa com o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, isso foi alterado pela consultoria Alvarez & Marsal, que conduz o processo de reestruturação da Varig.

Dois modelos
O leilão inclui dois modelos de venda: o primeiro oferece a Varig Operacional, que reúne rotas domésticas e internacionais, com lance mínimo de US$ 860 milhões; o segundo oferece somente as rotas domésticas, por US$ 700 milhões.

O modelo negociado será o que tiver o maior lance. Em ambos os casos, a empresa seria vendida sem dívidas, mas a avaliação de especialistas é que há riscos de no futuro o comprador ser acionado pelo passivo da Varig (mais de R$ 7 bilhões).

Zero Hora
02/06/06
Baixo interesse coloca em risco leilão da Varig
Apenas a OceanAir estaria disposta a dar lance pela companhia

Com apenas cinco grupos interessados na análise da situação financeira da Varig (data room), crescem as chances de o leilão da empresa, previsto para segunda-feira, fracassar.

Analistas do mercado de aviação, que preferem não se identificar, apontam que apenas a OceanAir cogita dar lance pela empresa em recuperação judicial. Os demais - TAM, Gol, Aero-LB e o escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra - estariam no data room apenas pelo acesso às informações.

Entre os pontos que esfriaram o ânimo dos investidores estão as dúvidas sobre a possibilidade de sucessão das dívidas trabalhista e tributária e com o fundo de pensão Aerus, cujo débito atinge R$ 2,3 bilhões. Também faltam detalhes sobre como será o empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco se dispôs a financiar a compra da Varig em até dois terços, mas não especificou as regras nem as exigências bancárias.

Para complicar ainda mais a situação, a necessidade de aporte de US$ 75 milhões imediatamente após a compra elevam as incertezas do negócio. Há, ainda, a chance de a Varig ser vendida abaixo do preço mínimo - o que pode resultar em impugnação do leilão por parte de credores, especialmente os estatais, como Infraero e BR Distribuidora.

- TAM e Gol entraram no processo para monitorar os interessados, especialmente a OceanAir. A companhia tem hoje menos de 1% de participação no mercado e, se arrematar as operações da Varig, salta para cerca de 17% - observa um consultor.

As apostas se concentram na OceanAir porque a companhia de German Efromovich seria a única disposta a correr os riscos da aquisição, pois, do contrário, pode ser sufocada por Gol e TAM, que, sem a Varig, passarão a dominar o setor aéreo nacional.

Contudo, o próprio Efromovich não garantiu participação no leilão:

- Estamos analisando os dados, mas ainda não decidimos. Há muitas indefinições no processo.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse não acreditar em adiamento do leilão e que, se houver, será por um breve período.

Entenda o caso
Na segunda-feira, será leiloada a parte operacional da Varig, que pode ser adquirida em um dos dois modelos a seguir:
- Rotas domésticas e internacionais: preço mínimo de US$ 860 milhões
- Rotas domésticas: preço mínimo de US$ 700 milhões
O que está afugentando os investidores:
- Incerteza quanto à sucessão de dívidas trabalhistas, fiscais e previdenciária
- Se o valor de venda ficar abaixo do preço mínimo, credores estatais, como Infraero e BR Distribuidora, prometem impugnar o negócio
- Necessidade de aporte de US$ 75 milhões imediatamente, valor alto para um negócio que pode ser suspenso
- Edital considerado genérico demais, pois não foi divulgada uma lista detalhada com os ativos físicos do leilão
- Falta de clareza sobre o financiamento do BNDES


O Globo
02/06/06 - Versão Impressa
Grupo franco-suíço desiste do leilão da Varig

Erica Ribeiro e Geralda Doca

RIO e BRASÍLIA. Um dia depois de anunciar o interesse de comprar todos ativos da Varig (partes doméstica e internacional), a Azulis Capital, que representa um grupo franco-suíço que se apresentou como investidor, informou ontem que desistiu de participar do leilão, marcado para a próxima segunda-feira. O leilão, porém, pode acabar sendo anulado, alertam especialistas do setor aéreo.

Segundo o advogado Geraldo Vieira, qualquer cidadão, credor ou interessado na companhia poderá pedir o cancelamento do leilão, cujo prazo entre o anúncio e sua realização, de apenas cinco dias, está em desacordo com a Lei de Recuperação Judicial, a nova Lei de Falências. Seria necessário esticar o período de avaliação da companhia em pelo menos 25 dias.

Juiz responsável afirma que data será mantida

Ivone Saraiva, diretora-executiva da Azulis Capital, disse ontem que já estava tudo pronto para o acesso ao data-room (sala de informações) da Varig quando um executivo do grupo franco-suíço, cujo nome Ivone mantém em sigilo, avisou que sairia da disputa. Segundo ela, os investidores já tinham conhecimento de alguns números da Varig:

— A decisão foi logo no início da tarde, pouco antes de entrarmos no data-room . Tudo dependia de informações complementares que nosso cliente (o grupo investidor) estava levantando. Foi quando nos ligaram informando da desistência. Não estou autorizada a dizer o motivo nem o nome do investidor, porque esse grupo tem interesse em negócios no Brasil.

Já com relação à data do leilão, o artigo 142 da Lei de Falências define quanto tempo antes de sua realização o edital de venda dos ativos deve ser publicado no Diário da Justiça e em jornal de ampla circulação. No caso de bens móveis (na Varig, máquinas, equipamentos, aviões e balcões de atendimento), a publicação deve ocorrer no mínimo 15 dias do leilão. No caso de bens imóveis (terrenos e prédios), 30 dias. O objetivo é permitir que eventuais compradores tenham tempo de examinar o negócio, explicou Vieira.

No caso da Varig, o leilão ocorrerá apenas cinco dias após a abertura do data-room . A antecipação do edital foi uma estratégia para convencer a Justiça americana a conceder mais prazo à empresa e obter dinheiro para cobrir as necessidades de caixa da Varig. Na quarta-feira, a Corte de Falências de Nova York estendeu até o dia 13 uma liminar que proíbe empresas de leasing de arrestar aviões da Varig por falta de pagamento.

— A lei não abre espaço para esse tipo de decisão. Teoricamente, os credores poderão ser prejudicados — disse Vieira.

O juiz responsável pelo leilão, Luiz Roberto Ayoub, disse que a data está mantida e que não seguiu a lei ao pé da letra, “porque o Direito precisa ser interpretado à luz da realidade, que é a enorme dificuldade enfrentada pela empresa para continuar sobrevivendo”.

Para o especialista Júlio Mandel, em tese o juiz teria de seguir o prazo previsto na lei. Mas ele ressaltou que, neste caso, há um interesse maior: a sobrevivência da Varig. Mas se o valor da venda for muito baixo o leilão poderá ser impugnado.

O presidente da Associação de Pilotos, Rodrigo Marocco, que integra o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), disse que os advogados da entidade decidirão hoje se entram com recurso na 8 Vara Empresarial do Rio, que coordena o processo de recuperação judicial da companhia. Segundo ele, o TGV quer mais tempo para examinar as propostas e buscar investidores no mercado.

Ontem, apenas a Gol pagou o acesso ao data-room, no valor de R$ 60 mil. No primeiro dia a procura foi maior, com TAM, TAP e Ocean Air buscando dados. O único investidor cujo nome continua em sigilo é o representado pelo escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que se esconde por trás do sugestivo nome de Céu Azul. O data-room ficará aberto até domingo.


O Globo
02/06/06 - Versão Impressa
Corpo-a-Corpo: LUIZ ROBERTO AYOUB


Antecipação era necessária



O juiz Luiz Roberto Ayoub diz que o princípio da nova Lei de Falências é garantir a manutenção da empresa, e que não adianta dar o prazo mínimo para o leilão se a companhia não puder sobreviver até lá.

A Lei de Recuperação Judicial (a nova Lei de Falências) pode mesmo ajudar as empresas em dificuldades?

AYOUB: A lei é vital porque cria garantias de crédito às empresas e dá preferência a quem fez um aporte de capital na devolução do que investiu, em caso de falência. É uma lei com tintas jurídicas e econômicas.

Por ser uma lei nova no país, ela está sujeita a diferentes interpretações e críticas, muitas delas com base no caso da recuperação da Varig.

AYOUB: Quando são feitas críticas sem conhecimento maduro, acabam colocando a própria lei em risco, por ser uma lei nova e sem jurisprudência. Se não a interpretarmos no princípio da manutenção da unidade produtiva, a falência não é só da empresa em recuperação, mas da própria lei.

Alguns especialistas criticam a antecipação do leilão da Varig , alegando que os investidores, por lei, precisam de pelo menos 15 dias para avaliar os dados da companhia

AYOUB: Se pudesse interpretar literalmente o texto da lei, que bom. Mas de nada adianta se a empresa não tiver condições de seguir até o prazo estabelecido no texto da lei. O direito se resolve à luz do caso concreto e se o leilão foi antecipado havia necessidade. (E.R.)


O Globo
01/06/2006 - 20h00m
Investidor europeu desiste de acessar dados da Varig
Reuters - Globo Online

RIO - O leilão da Varig sofreu nesta quinta-feira sua primeira baixa, com a desistência de um grupo franco-suiço representado no Brasil pela consultoria financeira Azulis Capital de acessar o "data-room" da companhia, ou seja, o banco de dados completo da empresa, o que indica a desistência do leilão, marcado para a próxima segunda-feira.

A Azulis chegou a anunciar, na quarta-feira, que o grupo franco-suíço ia entrar no leilão da Varig para comprar toda a companhia (parte doméstica e internacional). Porém, nesta quinta-feira, minutos antes de pagar os R$ 60 mil para entrar no "data-room" da empresa aérea, a representante da Azulis afirmou que o investidor europeu, que preferiu manter o anonimato, desistiu da operação.

- Ele (o cliente) pediu para esclarecer alguns pontos antes de entrar no "data-room". Já estávamos prontos para entrar quando (o investidor) avisou que não iria mais ao leilão. Não estou autorizada a dizer o motivo e nem o nome do investidor porque este grupo ainda tem interesse em negócios no Brasil - informou à agência Reuters uma das sócias da Azulis, Ivone Saraiva, ex-diretora do BNDES.

- Apesar de não termos entrado para acessar os dados, já conhecíamos bastante os números da Varig - complementou.

Ao todo, cinco empresas entraram no "data-room" da Varig, e, de acordo com Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, companhia contratada para implantar o Plano de Recuperação Judicial da empresa, mais dois ou três grupos devem acessar os dados antes do leilão, marcado para segunda-feira. Ele não quis revelar o nome das empresas inscritas.

Segundo uma fonte próxima ao processo de venda da empresa, as empresas que pagaram R$ 60 mil para conhecer os dados da Varig são Gol, TAM, TAP (via AeroLab), OceanAir e o fundo de investimentos americano Brookefields.

Gomes se disse otimista com o sucesso da venda e não teme que ações judiciais atrapalhem o processo.

- O que tinha que acontecer já aconteceu. Pode ser que apareçam (ações judiciais), mas não creio que vão impedir a venda - afirmou ele à Reuters.

Credores como a Infraero e os empregados da Varig manifestaram intenção de entrar na Justiça contra a metodologia do leilão, que prevê a venda pela melhor oferta se os preços mínimos de US$ 860 milhões para a operação integral, ou de US$ 700 milhões pelas operações domésticas, não forem atingidos.

Questionado sobre se a metodologia não poderia estimular os investidores a ignorar o preço mínimo, partindo para ofertas menores, Gomes explicou que "é um risco", mas que foi a melhor opção para garantir a venda.


Folha Online
01/06/2006 - 18h27
Banco franco-suíço desiste de participar de leilão da Varig
IVONE PORTES da Folha Online, do Rio de Janeiro


O banco de investimento franco-suíço, representado pela consultoria brasileira Azulis Capital, desistiu de participar do leilão de venda da Varig, marcado para o próximo dia 5, no Rio.

Emérson Pieri, representante na América Latina do banco, cujo nome não foi revelado, afirmou que as condições oferecidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o financiamento da compra da companhia aérea no leilão não agradaram. Ele não informou se teve acesso ao "data-room", sala de informações confidenciais sobre a Varig.

Mais cedo, Pieri havia afirmado que o banco fez o depósito dos R$ 60 mil para acessar o "data-room" da companhia e que a instituição financeira em que trabalha tem recursos suficientes para comprar a Varig inteira [operações domésticas e internacionais], mas precisa de dinheiro para fazer reserva de caixa.

O BNDES poderá financiar o vencedor do leilão da Varig em até dois terços do valor de aquisição.

Pieri afirmou também nesta manhã que o banco chegou a fechar um acordo com uma empresa aérea brasileira de pequeno porte para formar um consórcio para disputar a Varig. Uma das exigências para participação no leilão é que os concorrentes sejam empresas ligadas à aviação civil e não tenham mais de 20% de capital estrangeiro.

O leilão da Varig está marcado para as 10h de segunda-feira, no hangar da companhia localizado no centro do Rio.

O investidor poderá fazer oferta pela companhia integral --operação nacional e internacional, denominada Varig Operações-- ou separada --somente operações domésticas, chamada de Varig Regional. Os preços mínimos são, respectivamente, US$ 860 milhões e US$ 700 milhões. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em R$ 8 bilhões.

Fontes ligadas ao processo de venda da Varig disseram que também já acessaram a sala de informações da empresa a companhias Gol, TAM, TAP e OceanAir.


O Dia
1/6/2006 18:21h
Quatro empresas aéreas manifestam interesse em compra da Varig


Rio – A Varig informou nesta quinta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que quatro empresas do setor aéreo já manifestaram interesse na compra da companhia cujo leilão está previsto para a próxima segunda-feira, dia 5.

Gol, TAM, OceanAir e AeroLB depositaram R$ 60 mil cada para acessar o data-room, que disponibiliza o conjunto de dados e relatórios sobre a Varig, ao qual as interessadas terão acesso em salas individuais, onde poderão trabalhar reservadamente com suas equipes. De acordo com as assessorias de imprensa dessas companhias, as equipes técnicas vão analisar os dados para então decidir se vão participar da operação de venda da Varig.

O consórcio franco-suíço representado no Brasil pela empresa de consultoria Azulis Capital, desistiu de participar do data-room e, em conseqüência, do leilão. A sócia da Azulis Capital Ivone Saraiva lamentou a decisão. "Eles estavam animadíssimos para entrar, mas aconteceram alguns fatos e, infelizmente, eles acharam melhor não participar".

No leilão, os investidores terão duas opções de compra: a Varig Operacional, que engloba rotas domésticas e internacionais, cujo preço mínimo é de U$ 860 milhões; ou a Varig Regional, que detém apenas as linhas nacionais, com valor mínimo de U$ 700 milhões.

Caso o preço mínimo não seja alcançado, o edital prevê a possibilidade de acontecer uma segunda oferta por qualquer preço, desde que não seja um "preço vil". Nesse caso, o valor limite para a operação de venda da Varig será definido pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que preside o processo de recuperação judicial da empresa.
Com Agência Brasil


Estadão
01 de junho de 2006 - 18:08
Ocean Air não tem certeza se participará do leilão da Varig
Empresa era tida pelo mercado como principal interessada no negócio
Irany Tereza

RIO - O leilão da Varig, marcado para segunda-feira, corre risco de micar. Nem mesmo a Ocean Air, tida pelo mercado como principal interessada no negócio, tem certeza se participará ou não da disputa. "Estamos analisando os dados, mas ainda não decidimos. Há muitas indefinições no processo", diz o empresário German Efromovich, dono da Ocean Air. Ele não entrou em detalhes. Apenas falou sucintamente sobre o interesse na empresa ter enfraquecido.

Segundo apurou a jornalista Mariana Barbosa, pelo menos um interessado em participar do leilão da Varig já desistiu após analisar os números da empresa. Trata-se do grupo europeu representado pela consultoria brasileira Azulis Capital. A informação foi dada pelo executivo Emerson Pieri, que representa um banco franco-suíço contratado pelo tal investidor. Pieri não revela o nome do investidor nem do banco. A Azulis tem como sócia Ivone Saraiva, ex-superitendente do BNDES.

Segundo Pieri, o rombo nas finanças da Varig foi "maior do que o esperado". Questionado se o grupo teve acesso ao data room (sala com informações financeiras da empresa), Pieri não quis comentar. De todas as empresas que compraram o acesso ao data room entre ontem e hoje, apenas uma não foi identificada por estar representada por um escritório de advocacia, o Ulhôa, Canto, Rezende e Guerra.

Dentre os pontos que levaram à desistência do tal grupo europeu, Pieri ressalta incertezas sobre a sucessão de dívidas trabalhista e tributária, o problema com a dívida de R$ 2,3 bilhões com o fundo de pensão Aerus e falta de detalhes a cerca do empréstimo do BNDES

Pessimismo

Para analistas, os investidores não estão seguros sobre o valor dos ativos postos à venda e temem pagar por um enorme pacote de dívidas trabalhistas e fiscais, apesar das declarações em contrário do juiz que acompanha o processo, Luiz Roberto Ayoub. A apenas três dias do leilão, sabe-se que o possível comprador ficará com rotas domésticas e, eventualmente, as internacionais, que são concessões do governo; além da frota de aviões, todos operados por leasing, e o corpo de funcionários.

Não entrarão no leilão unidades comerciais e de serviços, mas ainda não foi divulgada uma lista detalhada com os ativos físicos do leilão, dizem analistas. O edital descreve, genericamente, que será feita transferência de contratos de transporte, no que descreve como a "unidade produtiva" da "Varig Operações".

O data room, relata o edital, "reúne dados sobre o complexo de bens e direitos organizado que compõem a unidade Varig Operações, assim como a listagem dos hotrans (horários de vôo)a serem transferidos, o modelo operacional da respectiva unidade produtiva, os contratos a que o arrematante deverá aderir e as obrigações que assumirá referente aos transportes a executar".


Estadão
01 de junho de 2006 - 14:56
Sai primeira desistência para compra da Varig
Grupo europeu ligado à consultoria Azulis desiste da Varig. O rombo nas finanças da Varig foi "maior do que o esperado"

Mariana Barbosa

SÃO PAULO - Pelo menos um interessado em participar do leilão da Varig já desistiu após analisar os números da empresa. O grupo europeu representado pela consultoria brasileira Azulis Capital acaba de desistir do leilão. "Tivemos uma reunião agora às 14 horas, passamos todas as informações solicitadas pelo nosso cliente, que decidiu não mais participar do leilão", disse o executivo Emerson Pieri, que representa um banco franco-suíço contratado pelo tal investidor. Pieri não revela o nome do investidor nem do banco. A Azulis tem como sócia Ivone Saraiva, ex-superitendente do BNDES.

Segundo Pieri, o rombo nas finanças da Varig foi "maior do que o esperado". Questionado se o grupo teve acesso ao data-room (sala com informações financeiras da empresa), Pieri não quis comentar. De todas as empresas que compraram o acesso ao data-room entre ontem e hoje, apenas uma não foi identificada por estar representada por um escritório de advocacia, o Ulhôa, Canto, Rezende e Guerra. As demais foram OceanAir, AERO-LB, TAM e GOL.

Dentre os pontos que levaram à desistência do tal grupo europeu, Pieri ressalta incertezas sobre a sucessão de dívidas trabalhista e tributária, o problema com a dívida de R$ 2,3 bilhões com o fundo de pensão Aerus e falta de detalhes a cerca do empréstimo do BNDES.

Pessimismo

Profissionais do setor aéreo estão pessimistas em relação ao sucesso do leilão da Varig. De acordo com eles, a necessidade de capitalização imediata de R$ 75 milhões jogou um balde de água fria nos investidores. De acordo com analistas, com esse capital, seria possível começar a formar uma empresa aérea sem os problemas da Varig. Além disso, slots (horários estipulados para os vôos) da empresa no Aeroporto de Congonhas ficaram de fora do leilão, fato que desestimulou os investidores.

Na avaliação de fontes, empresas como a TAM, Gol e OceanAir pegaram o edital e podem até ingressar no data-room, mas será em grande parte para obter informações confidenciais sobre a Varig e não necessariamente para tomar parte no evento. Os principais credores da Varig estão impacientes e a maior parte das empresas de leasing quer os aviões de volta.

Observadores chamam a atenção, porém, para as notícias a respeito dos credores do governo, como Infraero e BR Distribuidora, cujos representantes têm demonstrado descontentamento em relação à falta de um preço mínimo para a companhia. Há o temor de que os credores impeçam a realização do leilão por via judicial e que a Varig fique em situação pior, já que ela não tem caixa para continuar a operar por muito tempo.

Numa atitude já esperada pelo mercado, a Justiça de Nova York prorrogou a blindagem jurídica da Varig contra o arresto de aviões, dando um pouco mais de fôlego para a empresa. Ela está estruturada para operar com 100 aviões e atualmente trabalha com 47.


Folha Online
01/06/2006 - 11h44
Gol é a quarta empresa a acessar a sala de informações da Varig
IVONE PORTES da Folha Online, no Rio de Janeiro


A Gol também pagou os R$ 60 mil para acessar o "data-room" da Varig, sala com informações confidenciais sobre a companhia que será vendida em leilão no próximo dia 5.

A empresa é a quarta a entrar na sala de informações. Segundo fonte ligada ao processo de venda da Varig, já acessaram o "data-room" a TAM, OceanAir e a TAP.

Ontem, a Azulis Capital, que atua na área de consultoria financeira e fusões, também manifestou interesse em comprar a Varig em parceria com um grupo suíço. Entretanto ainda não se apresentou no "data-room", que está aberto até domingo. Outra interessada seria a Webjet.

O leilão da Varig está marcado para as 10h de segunda-feira, no hangar da companhia localizado no centro do Rio.

O investidor poderá fazer oferta pela companhia integral --operação nacional e internacional, denominada Varig Operações-- ou separada --somente operações domésticas, chamada de Varig Regional. Os preços mínimos são, respectivamente, US$ 860 milhões e US$ 700 milhões. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em R$ 8 bilhões.

Ontem, a Varig ganhou mais tempo na Corte de Falências de Nova York. O juiz Robert Drain adiou para o próximo dia 13 a audiência para a decisão sobre o arresto de seus bens nos Estados Unidos.

Drain preferiu adiar sua decisão por causa da antecipação do leilão de venda da companhia aérea, marcado para a próxima segunda-feira (5). O juiz afirmou que não iria inviabilizar a Varig por causa de cinco dias.

Uma liminar temporária da Corte de Nova York protegia a empresa até hoje do arresto de seus bens nos Estados Unidos devido às dívidas anteriores a junho do ano passado, quando entrou em processo de recuperação.

Na audiência anterior, o juiz disse que as dívidas recentes podem levar à devolução de equipamento, mas que não gostaria de interferir na condução do caso pela Justiça do Rio.

Para o presidente da Varig, Marcello Bottini, a transferência da audiência em Nova York mostra o reconhecimento da comunidade internacional na força e capacidade de recuperação da empresa.