::::: RIO DE JANEIRO - 01 DE NOVEMBRO DE 2007 :::::

 

Jornal do Brasil
01/11/2007
Jobim: Zuanazzi é página virada
Alexandra Bicca e Kayo Iglesias

Brasília e Rio. Depois de três meses e seis dias de resistência, a corda do cabo-de-guerra entre Nelson Jobim e Milton Zuanazzi arrebentou do lado do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Livre do desafeto, o ministro da Defesa estipulou para 15 de março do ano que vem o "prazo, dia e hora para acabar" a crise aérea cobrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março deste ano. Para o demissionário - que já havia tentado convencer a opinião pública ao decretar o fim do caos - há uma ação de "forças ocultas" para impedir a expansão e popularização da aviação no Brasil.

Jobim respondeu, classificando a teoria de demagógica e deixou claro que a luta com Zuanazzi agora faz parte do passado.

- O senhor Zuanazzi disse que não gostaria de trabalhar comigo e, efetivamente, não vai, tendo em vista que o trinômio que eu afirmo é segurança, regularidade e pontualidade. Se o trinômio não serve, não serve o trabalho, então viremos a página e sigamos em frente - decretou. - A partir de 15 de março, quando se encerra o período de alta, os problemas estarão resolvidos.

O prazo fixado pelo ministro é providencial para o governo: vem depois dos feriados de fim de ano e do Carnaval, períodos de maior movimento nos aeroportos.

Zuanazzi - que, até o momento, era mantido no cargo por influência do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia - disparou suas últimas farpas contra Jobim ao anunciar sua saída. Insistiu que os atuais problemas no setor são "pontuais" e previu que a chuva vai atrapalhar os planos do rival.

- O ministro não entende nada de aviação - desdenhou o engenheiro mecânico e professor universitário de turismo. - Os problemas de atraso vão continuar e não terminarão em março do ano que vem, como prometeu o ministro Jobim, pois os problemas meteorológicos continuarão.

Antes de entregar sua carta de renúncia a Lula, no Planalto, o presidente da agência alertou que "se a Copa fosse amanhã, o setor aéreo do Brasil não teria estrutura suficiente para recebê-la".

- Ele vem dizer isso agora, é? - retrucou o jurista Jobim, ao sair de audiência pública na Câmara dos Deputados que debateu o aumento da remuneração de militares.

Milton Zuanazzi é o último membro da diretoria colegiada da Anac a deixar o cargo depois da série de desgastes causados pela crise aérea. O grupo tinha mandato até 2011 e era formado por Denise Abreu, Jorge Luiz Veloso, Josef Barat e Leur Lomanto.

A próxima presidente da agência será a economista Solange Paiva Vieira, que responde hoje pela Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa. A nova diretoria indicada por Jobim será composta pelo brigadeiro Allemander Pereira Filho, o economista Marcelo Guaranys e os engenheiros Cláudio Jorge Pinto Alves e Alexandre Barros.

Sobre o futuro, Zuanazzi declarou que irá cumprir a quarentena prevista em lei e depois deseja retomar sua atividade como professor e investir em sua carreira na área de turismo.

 

 

Jornal do Brasil
01/11/2007
No apagar das luzes, ajuda à BRA

Brasília. Antes de deixar a Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi manteve em operação a empresa aérea BRA, mas reduziu sua atuação. Nas últimas semanas, técnicos da Anac emitiram pareceres recomendando a suspensão de todas as atividades da empresa.

Para Zuanazzi, a decisão de manter a BRA em operação "tem o objetivo de garantir as operações da empresa sem prejuízos aos passageiros e visando principalmente à segurança".

Técnicos da agência consideraram a decisão um benefício à empresa, que detém uma das principais operadoras de turismo do país, a PNX Travel. (A.B.)

 

 

O Estado de São Paulo
01/11/2007
Governo livra ex-presidente da Infraero no final de CPI
Dos 23 pedidos de indiciamento, só sobraram 9, entre eles Denise Abreu
Ana Paula Scinocca

O governo conseguiu derrubar o relatório final de Demóstenes Torres (DEM-GO) e aprovou, na CPI do Apagão Aéreo do Senado, texto no qual foram excluídas nove pessoas da lista inicial de 23 pedidos de indiciamento. Por 6 votos a 1, o Planalto conseguiu livrar, entre outros, o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), deputado Carlos Wilson (PT-PE). A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu permaneceu no relatório aprovado ontem.

Em sua avaliação, Demóstenes acusa Carlos Wilson de ter chefiado um esquema montado na Infraero para fraudar licitações. Diz ainda ter provas de que houve favorecimento de determinados grupos empresariais, retirando o caráter competitivo das concorrências públicas. Os desvios, conforme avaliou, podem ter chegado a R$ 500 milhões. Também se livrou de indiciamentos o procurador da Anac, Paulo Roberto Gomes de Araújo. Ele era suspeito de colaborar em irregularidades na agência. Já contra Denise Abreu se manteve a acusação de fraude processual em documento que teria sido enviado à Justiça para permitir a liberação de aviões de grande porte em Congonhas.

Os outros sete “absolvidos” pelo Planalto são todos da Infraero: Eleuza Terezinha Manzoni dos Santos Lores, Fernando Brendaglia de Almeida, José Wellington Moura, Marco Antônio Oliveira, Márcia Chaves, Aristeu Chaves Filho e Eurico Loyo. Pelo menos três das pessoas que escaparam da indicação de indiciamento - Márcia Chaves, Fernando Brendaglia e José Wellington - foram demitidas por irregularidades - por determinação do Controlador Geral da União, ministro Jorge Hage.

O texto aprovado ainda prevê a inclusão nos pedidos de indiciamento da empresária Silvia Pfeifer, proprietária da Aeromídia, e de José de Oliveira Sobrinho, da Associação Brasileira de Mídia Aeroportuária. Ao todo, o texto aprovado com as bênçãos do Planalto sugere o indiciamento de 16 pessoas.

Durante os trabalhos da comissão, solicitou-se a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Sandra Helena Draghetta Carvalho, ex-mulher de Carlos Alberto Carvalho, sócio da empresa Aeromídia, acusada de irregularidades em contratos com a Infraero. Mas o ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a determinação.

 

 

O Estado de São Paulo
01/11/2007
Zuanazzi: vão tirar o direito de pobre voar
Ex-presidente da Anac sai atirando contra a gestão de Jobim na Defesa
Luciana Nunes Leal e Tânia Monteiro

Depois de um ano e meio à frente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), numa gestão marcada pelo caos aéreo, Milton Zuanazzi deixou ontem a presidência, acusando a Aeronáutica e a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) de não equiparem os aeroportos e o atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, de promover “meras ações midiáticas” e de ser autor de “manifestações despreparadas” e de “discursos sem qualquer conteúdo técnico”. Zuanazzi disse, ainda, que Jobim está promovendo “um jogo pobre, que tanto mal tem feito ao Brasil” e o ministro tem “uma agenda oculta”. Ressaltou ainda que o ex-chefe está tirando dos pobres o direito de voar pelo País.

Para Zuanazzi, ele deixa o cargo no momento certo. “Eu não gostaria de sair escorraçado. Queria prestar contas ao Brasil do que foi feito”, afirmou.

Zuanazzi criticou o ministro e a Aeronáutica na entrevista coletiva de despedida, concedida na sede da Anac. Mas foi na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foi mais duro. Disse ao presidente que sempre defendeu a criação da Secretaria de Aviação Civil, mas o ministro da Defesa a criou apenas como “um instrumento subalterno, menor, sem qualquer ação articuladora”. Como se estivesse fazendo uma denúncia, Zuanazzi escreveu que Jobim só está “criando alguns cargos de confiança para assessoramento inferior”, e, ao mesmo tempo, demitindo aqueles que entendem de aviação no Ministério da Defesa.

INFRA-ESTRUTURA

O ex-presidente da Anac também foi explícito: ele não vê problemas de infra-estrutura na aviação, mas de carência de equipamentos nos aeroportos. Disse que as medidas defendidas por Jobim para o setor vão impedir os mais pobres de voar, porque reduzirão a oferta de vôos e de assentos e aumentarão os preços das passagens.

Zuanazzi se contrapôs ao diagnóstico de Jobim de que as empresas aéreas atendem mal os passageiros porque aumentaram a oferta de passagens além da capacidade de prestar o serviço. Para o ex-presidente da agência, as companhias operam satisfatoriamente. “Estou saindo porque não gostaria de trabalhar com ele (Jobim). Tenho divergências bastante profundas com o que ele está querendo para a aviação brasileira. Acho que ele adotou um conjunto de restrições temerárias. Temo que haja restrição de oferta, temo que haja crescimento de preço, temo que haja diminuição de horas de vôo, empurrando aumento de passagens, e isso impeça a classe média baixa, as pessoas mais simples e mais pobres do Brasil, de voar.”

Zuanazzi rebateu as afirmações do ministro Jobim de que a Anac permitiu que as empresas aumentassem o número de passageiros sem oferecer em troca vôos pontuais e seguros. Para ele, “crises pontuais” provocaram caos nos aeroportos. Zuanazzi disse que Jobim “não conhece” o setor aéreo e errou ao atribuir à Anac a responsabilidade pela sobrecarga do aeroporto de Congonhas. Para ele, o aumento da demanda, com lucratividade das empresas, é um ponto positivo. Na avaliação de Zuanazzi, os atrasos constantes dos vôos não são causados pela incapacidade das empresas de atender a demanda, mas por falta de equipamentos que permitam, por exemplo, que aviões e aeroportos operem durante o mau tempo.

“Como pode reduzir a oferta com aumento de demanda? Já viu onde os preços vão parar. Nunca queiram ter empresas aéreas que não tenham lucro. Não faço o jogo das empresas. Faço o jogo do usuário. As empresas estão voando com lucro, os preços estão caindo, vivemos um bom momento de atividade operacional e capacidade de atender a demanda.”

Sem citar o nome de Jobim, ele aprofundou as críticas. “Tem uma agenda oculta que não quer que o País cresça, que o pobre ande de avião. Discutir o tamanho do assento para toda a aeronave é aumentar preço”, afirmou, em referência à reclamação do ministro de que o espaço entre as poltronas é muito apertado. “Essa agenda oculta tem de aparecer. Atenção, cidadão, você que nunca conseguiu viajar de avião, estão querendo que você não voe.” E lembrou, sem citar o nome, a criação do movimento “Cansei”, que reuniu pessoas irritadas com o caos nos aeroportos. “Até um movimento foi criado, depois acabou. O debate tem de deixar de ser oculto e ser honesto: ‘eu não gosto de pobre em aeroporto’. Tem de chegar e falar.”

Zuanazzi ainda atribuiu a falta de fiscalização das empresas e dos aeroportos ao número reduzido de funcionários e culpou o governo Fernando Henrique Cardoso, que optou por fazer apenas contratações temporárias para o setor. “Recebemos o setor de multas com quatro funcionários (concursados). E três se aposentaram.”

GESTÃO CONTURBADA

Março de 2006
Posse sob críticas

Primeiro civil com cargo de comando na aviação brasileira, o gaúcho Milton Zuanazzi toma posse como diretor-presidente da Anac, indicado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ele recebe críticas de militares do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC) por não ter experiência no setor aéreo.

Novembro de 2006
Atrito com empresas

O diretor da Anac defende a redistribuição de vôos para desafogar os horários de pico. A proposta causa insatisfação das empresas. Segundo Zuanazzi, “não dá para garantir que a crise terá terminado até o fim do ano (passado) porque não tem controlador de vôo) na esquina.”

Abril de 2007
‘Não há crise’

Em audiência na Câmara dos Deputa dos, Zuanazzi afirma que a situação do setor aéreo é superdimensionada. “A crise do transporte aéreo está longe de ser uma crise. Crise foi a que superamos a partir de 2004”, diz, insistindo que o Brasil viveu crise aguda de 1999 a 2003. Ironizado por muitos parlamentares, afirma ter sido mal interpretado. No dia seguinte, em audiência no Senado, reconhece que o setor vive “grandes dificuldades”.

Julho de 2007
Homenagem

Três dias após o acidente com o Airbus da TAM em Congonhas, Zuanazzi e outros três diretores da Anac são condecorados pela Aeronáutica com a medalha de mérito Santos Dumont, por serviços prestados à aviação brasileira. O episódio causa constrangimento dentro do governo.

Agosto de 2007
Trapalhadas

Recém-empossado ministro da Defesa, Nelson Jobim articula a saída de toda a diretoria da Anac, acusada de ineficiente. Ele se irrita com Zuanazzi ao saber que inspetores americanos fariam uma vistoria em Congonhas, sem que o ministério tivesse sido consultado. Em outra ocasião, demonstrando falta de comando, ele consulta Jobim por telefone para saber o que fazer no caso da implosão do prédio da TAM Express, atingido pelo Airbus da TAM.

Outubro de 2007
Resistência

A pressão para a saída de Zuanazzi aumenta com a renúncia dos outros quatro diretores da Anac. Uma semana antes de deixar o cargo, ele ainda diz que permaneceria no cargo até quando fosse a vontade do presidente Lula.

 

 

O Estado de São Paulo
01/11/2007
Ele admite que deixa atrasos como herança
Zuanazzi entrega cargo com índices como 15% de falta de pontualidade em embarque e 12% de cancelamentos
Luciana Nunes Leal

Apesar de ter feito um longo balanço, positivo em todos os pontos, da gestão de um ano e meio na presidência da Anac, desde que a agência foi criada, Milton Zuanazzi disse que a proporção de atrasos e cancelamentos de vôos é insatisfatória e esse problema será uma herança para seus sucessores. “Não gosto dos indicadores de 10% a 15% de atrasos (de mais de uma hora) nos vôos e de 8% a 12% de cancelamentos. Não é bom.”

Ao contrário do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que associa os atrasos e cancelamentos ao excesso de oferta das empresas, que não teriam capacidade de atender tantos passageiros, Zuanazzi disse que um ajuste na distribuição das linhas aéreas e nos horários ajudaria a reduzir os atrasos e insistiu nas críticas a medidas que possam reduzir a oferta. Segundo o ex-presidente, a redução das conexões em um único vôo é uma solução para reduzir os atrasos e deverá ser posta em prática pela nova diretoria da agência.

Sobre os cancelamentos, Zuanazzi disse que será um problema mais difícil de resolver porque estão diretamente ligados a más condições do clima. “Não adianta marcar data (para o fim dos cancelamentos)”, declarou. Segundo Zuanazzi, crises localizadas, como a revolta dos controladores, no fim do ano passado, levaram ao aumento da proporção dos atrasos, mas a situação sempre acabou voltando ao normal. “Embora em patamares ainda não ideais, os indicadores de atrasos de vôos superiores a uma hora nunca tiveram média porcentual melhor do que agora, o que significa que o passageiro está saindo e chegando nos horários previstos”, diz um trecho do balanço distribuído por Zuanazzi.

“Todo o mundo da aviação tem atraso”, afirmou o ex-presidente da Anac, durante a entrevista em que anunciou a renúncia. Ao falar sobre a Copa de 2014, que será no Brasil, afirmou que o setor aéreo do País, no momento, “não tem estrutura” para ser a sede do campeonato. Mas lembrou que nos próximos sete anos será feito um planejamento especial. O ex-presidente lembrou os Jogos Pan-Americanos deste ano, no Rio. “Não houve nenhuma reclamação dos aeroportos.”

 

 

O Estado de São Paulo
01/11/2007
Ministro diz que Solange vai assumir agência e ‘fiscalizar mais’ as empresas

Nelson Jobim reiterou que quer nomear Solange Paiva, atual secretária de Aviação Civil da Defesa para a presidência da Anac, no lugar de Milton Zuanazzi. Segundo ele, até encontrar outro nome para a Secretaria da Defesa, Solange acumulará os dois cargos.

Depois de insistir que a Anac, agia com “leniência”, o ministro ressaltou que as empresas “serão mais fiscalizadas” agora que nomeará Solange para a presidência da Anac. E destacou ainda que quer “transparência nas informações” a serem repassadas aos passageiros.

Depois de citar que três novos dirigentes da Anac estão em condições de começar a trabalhar, lembrando que dois deles foram nomeados ontem no Diário Oficial, o ministro Jobim afirmou que nesta recomposição da agência, falta, apenas nomear alguém que cuide de regulação externa.

Problemas Políticos

Ele salientou ainda que Solange Paiva será uma ótima gestora da agência de controle aéreo. Segundo Jobim, houve demora na nomeação dos diretores por causa de “problemas políticos no Senado”. Na audiência pública, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) comemorou a saída de Zuanazzi e disse que ele era o retrato da incompetência do sistema.

 

 

O Estado de São Paulo
01/11/2007
BRA cancela vôos nas suas rotas internacionais

A companhia aérea BRA suspendeu, por tempo indeterminado, a venda de passagens para suas três rotas internacionais, para Lisboa, Madri e Milão, alegando problemas técnicos nos dois Boeings usados nessas rotas. Os passageiros com bilhetes internacionais comprados podem solicitar reembolso.

As normas da Anac obrigam a BRA a devolver o valor da passagem em até 30 dias. A empresa informou que só reembolsará o valor pago, apesar das queixas de passageiros que compraram tíquetes na promoção que oferecia duas passagens pelo preço de uma.

A empresa não informou quantos passageiros de vôos internacionais deixarão de ser atendidos. A BRA opera com dois Boeings 767 nas suas rotas para o exterior. Partem do Aeroporto de Cumbica, Guarulhos, três vôos semanais para Madri, dois semanais para Milão e cinco para Lisboa.

O cancelamento dos vôos ocorreu a partir de um problema em um dos Boeings. A companhia realiza manutenção programada na aeronave. No domingo, segundo a BRA, o outro Boeing teve o motor atingido por um pássaro e entrou em manutenção não programada.

 

 

Folha de São Paulo
01/11/2007
Demitidos por irregularidade são poupados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre os ex-servidores da Infraero que escaparam do pedido de indiciamento, três foram demitidos por determinação do ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) acusados de irregularidades. São eles: Márcia Chaves, Fernando Brendaglia de Almeida e José Wellington Moura.

Ex-diretor comercial da Infraero, Brandaglia foi acusado pela CGU de cometer "uma série de irregularidades" para favorecer a empresa FS3 que vendeu para a Infraero um software, sem licitação, por R$ 26 milhões.

O braço direito de Carlos Wilson na Infraero, Eurico Loyo, e Eleuza Terezinha, que era responsável pelas obras nos aeroportos e responde a processos no TCU e na Justiça, também foram poupados.

Com apenas 22 páginas, contra 1.102 do relatório de Demóstenes, o texto aprovado pelos governistas não apontou as causas da crise aérea e ainda rejeitou a tese de corrupção na Infraero. Como sugestão para resolver os problemas da crise aérea propõe auditorias nas empresas de aviação.

Sobre o acidente com a TAM, quando morreram 199 pessoas, o relatório diz que se a TAM e a Anac tivessem adotado "normas mais rigorosas de segurança, vidas poderiam ter sido salvas".

O senador João Pedro, no entanto, disse que isso não significa que está responsabilizando as duas pelo acidente.