:::::RIO DE JANEIRO - 01 DE MAIO DE 2006 :::::

Zero Hora
01/05/2006
Menos um entrave para a Varig
Justiça acelera plano de recuperação ao definir critério de preço na transferência de ações da Fundação Ruben Berta para fundo de investimento e torna a companhia mais atrativa ao mercado

Pelo menos um entrave na atração de investidores para a Varig foi removido.

Às vésperas da assembléia que avalia amanhã as ofertas de compra da companhia (veja reportagem ao lado), o juiz da 8º Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, determinou que as ações da Fundação Ruben Berta na Varig, Rio Sul e Nordeste sejam transferidas para o Fundo de Investimento e Participação (FIP-Controle) pelo valor de mercado.

Na prática, significa que o tão esperado novo modelo de administração da empresa, sem a fundação no controle, será antecipado.

- Se fôssemos seguir o caminho natural, a avaliação das ações demoraria pelo menos 45 dias. Com essa decisão, o juiz estabeleceu um critério objetivo de preços, abreviando a transferência e a futura injeção de recursos na companhia - informou, ontem, por telefone, Fábio Carvalho, advogado da Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados, escritório que trabalha em conjunto com a Alvarez & Marsal, encarregado do plano de recuperação.

Conforme o advogado, o valor de mercado corresponderá à média da cotação das ações da Varig na Bolsa de Valores nos 30 dias anteriores à constituição do FIP.

Afastada pela Justiça do controle direto da Varig no fim de 2005, a fundação detém 87,5% do capital votante da companhia. Porém, no FIP, a expectativa é de que essa participação seja de no máximo 5%. A transferência das ações depende de aprovação na assembléia de amanhã. Se isso ocorrer, o fundo será constituído e abrirá cotas, em leilões, aos credores e investidores.

O advogado diz que, se a proposta do governo de venda isolada da parte doméstica da companhia foi aprovada terça-feira, a captação de investidores para o FIP-Controle poderá ocorrer 60 dias após o leilão da Varig nacional.

- Essa estratégia ampliaria a atratividade, porque, no leilão, a Varig internacional receberá caixa para a reestruturação e maximizar o valor de ambas as partes - salienta.

Caso o Plano B do governo seja vetado, a abertura de leilão do FIP-Controle se torna mais urgente para capitalizar a empresa. Estima-se no mercado, de que seria necessário arrecadar em leilões cerca US$ 2,6 bilhões - US$ 600 milhões na parte internacional (com o passivo) e outros US$ 2 bi, na nacional.

O modelo FIP deve passar ainda pelo crivo do procurador do Ministério Público de Fundações do Rio Grande do Sul, Antônio Carlos de Avelar Bastos, que já disse não ver problemas na transferência.

Por que é importante

A tão esperada mudança no modelo de gestão da Varig pelo mercado e pelos credores significa não só o fim do controle da Fundação Ruben Berta como também um sinal para o mercado de que a empresa fez o dever de casa em termos de governança. A conseqüência seria o aumento da atratividade de investidores.

Com a transferência das ações da Fundação Ruben Berta para o Fundo de Investimento e Participação (FIP-Controle), a fundação, que detém atualmente um capital votante de 87,5%, passaria a ter uma participação de no máximo 5%.

Com a nova governança, credores e investidores poderão ter cotas na Varig por meio de leilões.


Zero Hora
01/05/2006
O russo que também quer a empresa

O magnata russo Boris Berezovski, um dos investidores do Corinthians, estuda um plano para salvar a Varig. O russo, que, segundo a Agência Estado, do grupo do jornal O Estado de S.Paulo, é procurado na Suíça, na França e em seu próprio país por lavagem de dinheiro -, admitiu em entrevista que está avaliando o caso da empresa brasileira.

Apesar de ser procurado pela Interpol a pedido do governo russo, Berezovski admitiu no fim de semana que permaneceu por duas semanas no Brasil.

- Acabo de regressar hoje (sábado) mesmo do Brasil, onde encontrei pessoas extremamente interessantes e estudadas - afirmou.

O russo vive exilado em Londres com o aval do governo britânico. Mas cada vez que se desloca a outro país seus passos são seguidos de perto pelo governo russo. Quanto à sua chegada ao Brasil, Berezovski não deu explicações sobre como teria obtido o visto de entrada.

- O Brasil é um país cheio de oportunidades de negócios. Uma delas é a Varig e estou estudando a situação da empresa para tomar uma decisão - afirmou Berezovski.

O magnata garante que, apesar de ter estado no Brasil, não tratou de temas relacionados ao Corinthians.

- Fui apenas tratar de outros negócios - explicou.


01/05/2006
O Globo - Versão Impresa

Três consórcios devem disputar Varig, mas assembléia pode ser suspensa
Erica Ribeiro e Mariza Louven

No fim de semana, três grupos manifestaram interesse em participar do leilão da operação nacional da Varig, caso a proposta de cisão da empresa em duas — uma sem dívidas, voltada para o mercado doméstico, e outra internacional, com todo o passivo — seja aprovada pela assembléia de acionistas marcada para amanhã, informou ontem o diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes. Segundo ele, estão sendo montados consórcios pela ASM Asset Management, por um grande banco nacional de investimentos e por um fundo californiano.

A consultoria Alvarez & Marsal, encarregada da reestruturação da Varig, não detalhou quais outros grupos, além da ASM Asset Management, estão formando consórcios. Mas fontes do setor afirmam que o fundo californiano seria o Texas Pacific Group, que participou da reestruturação da companhia aérea americana Continental Airlines e já esteve próximo da Varig em 2002, em uma das tentativas de recuperação da companhia.

Uma Varig, a Nacional, ficaria do tamanho da Gol

A ASM Asset ajudou na formatação dos Fundos de Investimentos e Participações (FIP), que fazem parte do plano de recuperação judicial da Varig. É por meio destes fundos que a companhia poderá atrair investidores. Um deles é o FIP Controle, que concentrará as ações da Fundação Ruben Berta (FRB), que são 87% do total.

Segundo o advogado Fabio Carvalho, do escritório Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados — que trabalha em parceria com a consultoria Alvarez & Marsal na reestruturação da Varig — o Banco Brascan, responsável pela gestão do FIP, pediu sexta-feira esclarecimentos à Justiça sobre os critérios de transferência das ações da FRB para o fundo.

Segundo Carvalho, para acelerar o processo, a transferência será feita pelo valor de mercado, com base na média das cotações das ações da Varig nos últimos 30 dias. Se isso não fosse feito, seriam necessários 45 dias para concluir os estudos de valor. Com a transferência, a FRB passaria de acionista a cotista do fundo e um novo modelo de governança seria instalado na Varig. A captação de investidores começaria 60 dias depois.

O advogado também explicou que mesmo que o plano desenvolvido pelo governo em parceria com a Justiça do Rio e os credores seja aprovado — criando uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) que tornaria as operações domésticas em um novo ativo — e a Varig Nacional seja posteriormente vendida em um leilão, a criação do FIP Controle não perde o valor. A chamada Varig Internacional continuaria em recuperação judicial e o fundo captaria recursos para esta empresa. A Varig Nacional ficaria com 36 aviões, equivalente à operação da Gol, diz Gomes.

Mas a assembléia de credores da Varig pode não terminar nesta terça-feira. Segundo fontes próximas à companhia, há o risco de ela ser suspensa por 48 horas, em função das novidades que surgiram ao longo da semana passada, como a entrada de novas propostas e o plano criado pelo governo, credores e a Justiça do Rio. Segundo a fonte, a Justiça do Rio, por meio da 8 Vara Empresarial, e a Delloitte, que também acompanha o processo de recuperação, já estão preparadas para a possibilidade de suspensão da assembléia de amanhã.


01/05/2006
O Globo - Versão Impresa

Alcemo Gois
Chávez na Varig

Deu no ex-blog de Cesar Maia: Lula negocia com a PDVSA de Hugo Chávez a participação da estatal venezuelana na compra da Varig. É. Poder ser.

Mas na área técnica do governo ninguém leva muito a sério.

Chávez na Pluna

Hugo Chávez, como se sabe, já negociava a compra, pela estatal Conviasa, dos 49% da companhia uruguaia Pluna em poder da Varig.

Fé em Deus

Amanhã, às 16h, padre Marcelo Rossi celebra missa no hangar da nossa Varig no Aeroporto Santos Dumont, no Rio.

 

O Estado de São Paulo
01/05/2006
Varig já tem interesse de 3 empresas

NILSON BRANDÃO JÚNIOR - RIO

Três grupos já estão interessados em participar do leilão da operação doméstica da Varig , que deverá ocorrer dentro de 60 dias, se for aprovado amanhã, na assembléia de credores. Também amanhã entra em funcionamento o Fundo de Investimento e Participação (FIP), administrado pelo Banco Brascan, que receberá as ações da Varig detidas pela Fundação Rubem Berta (FRB), marcando novo modelo de governança corporativa.

Além da ASM Asset Management, participariam do leilão uma firma de reestruturação com participação americana e um banco nacional de investimentos.


Folha de São Paulo
Folha - Opinão
30/04/2006
Varig


"Será que o problema do presidente Lula é apenas não querer injetar dinheiro na Varig? Quando ocorreu a fusão da Varig com a TAM, sob a liderança de José Dirceu, a Varig foi deixada com menos de 10% do capital, atitude muito suspeita e protecionista em relação à TAM. A Varig, por decisão do STJ, é credora do governo em cerca de R$ 4 bilhões, mas ainda não recebeu esse valor. A Transbrasil recebeu ação idêntica. O financiamento do metrô de Caracas pelo BNDES e o perdão das dívidas de pequenos países pelo governo brasileiro são mais importantes do que pagar sua dívida à Varig? Não parece que há a intenção de destruir a Varig para que cresça outra empresa que tem a simpatia do governo? Esse silêncio e desprezo do governo lhe será retribuído nas eleições deste ano pelos 11 mil funcionários da Varig. O governo não precisa ajudar a Varig, mas não deve destruir quem, no passado, emprestou seus escritórios a muitos homens que hoje estão no governo."
Nouha Brais Nader, ex-comissária da Varig (São Paulo, SP)

 

30/04/2006 - 20:14h
O Globo
Três grupos interessados em comprar a operação doméstica da Varig

Mariza Louven e Erica Ribeiro - O Globo

RIO - Três grupos já manifestaram interesse em participar do leilão da operação nacional da Varig, caso a cisão da empresa seja aprovada pela assembléia marcada para o próximo dia 2, informou neste domingo o diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes. Segundo ele, a ASM Asset Management está montando um consórcio e outros dois estão sendo formados: um deles é liderado por um fundo de investimentos californiano; o outro, por um grande banco nacional de investimentos.

- O grande apelo do leilão é ter uma companhia nacional sem passivos e com um tamanho de operação comparável ao da Gol, com 36 aviões - informou Gomes.

O consuultor disse que ainda neste fim de semana, foram realizadas reuniões com representantes do BNDES para discutir a possibilidade de o banco antecipar créditos no valor de US$ 100 milhões, destinados a capital de giro da nova Varig. Os passivos da companhia ficariam na antiga Varig, que concentraria os vôos internacionais.

A VarigLog afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a Volo Brasil, empresa formada pelo fundo americano Matlin Patterson e investidores brasileiros e que adquiriu a ex-subsidiária da Varig no ano passado, não confirmou informações de que fará alterações na proposta de US$ 400 milhões feita para aquisição da Varig, modelo que será apreciado pelos credores da companhia nesta terça-feira, em assembléia no Rio.

Ainda segundo seus representantes, a VarigLog não está, neste momento, formando um consórcio para disputa do mercado doméstico da Varig, alternativa criada por meio de um plano, desenhado pelo governo, credores e a Justiça do Rio, que acompanha o processo de recuperação judicial da companhia.

Nesta proposta, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) é criada para transformar as rotas domésticas da Varig em um novo ativo, por meio de uma nova empresa que, posteriormente, seria vendida em leilão onde participariam consórcios que devem ter em sua composição companhias aéreas de vôo regular.


30/04/2006 - 20h05m
O Globo

Fundação Ruben Berta deve transferir ações da Varig para fundo de investimentos esta semana

Erica Ribeiro

RIO - A Justiça do Rio detalhou os critérios para a transferência das ações (87%) atualmente em poder da Fundação Ruben Berta (FRB) para o Fundo de Investimentos e Participações (FIP Controle) criado para captar recursos para capitalização da Varig. Segundo o advogado Fabio Carvalho, do escritório Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados, que trabalha em parceria com a consultoria Alvarez & Marsal na reestruturação da Varig, o Banco Brascan, responsável pela gestão do FIP, veículo que vai implementar também a nova estrutura de governança corporativa da empresa, pediu na sexta-feira esclarecimentos à Justiça sobre os critérios de transferência das ações.

Para acelerar o processo, a transferência será feita pelo valor de mercado, com base na média das cotações das ações da Varig nos últimos 30 dias. Carvalho disse neste domingo que se isso não fosse feito seriam necessários 45 dias para que os estudos de valor fossem concluídos. Com este critério, assim que a formalização do FIP passar na assembléia de credores, marcada para esta terça-feira, até o fim da semana as ações da FRB são transferidas para o FIP Controle. Desta forma, diz o advogado, a FRB passa de acionista a cotista do fundo e um novo modelo de governança corporativa será instalado na Varig, afirma Carvalho. A captação de investidores começaria 60 dias após a transferência.

O advogado também explicou que mesmo que o plano desenvolvido pelo governo em parceria com a Justiça do Rio e os credores seja aprovado com a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) que tornaria as operações domésticas em um novo ativo - a Varig Nacional, que posteriormente seria vendida em um leilão - a criação do FIP Controle não perde o valor. Isso porque a chamada Varig Internacional continuaria em recuperação judicial e o fundo captaria recursos para esta empresa. O advogado projetou as datas imaginando que o plano seja aprovado. Mas admite que se a proposta de criação da Varig Nacional não for aceita, a captação se torna mais urgente:

- O FIP vai continuar existindo para captar para a companhia internacional, que permanecerá em recuperação judicial. Neste caso, ao contrário dos 60 dias, seriam 120 dias para iniciar a captação, pela necessidade de se esperar a conclusão do leilão da Varig Nacional. Pelo plano apresentado, o leilão da Varig Nacional acontece 60 dias depois da criação da SPE . A Varig Internacional recebe os recursos da venda da Varig Nacional, que serão usados pagamento de dívidas, saneamento da empresa. A partir daí, com a empresa com menos dívidas e mais saneada, a captação aconteceria em 60 dias e, desta forma, a Varig Internacional, menos endividada, seria mais atraente para investidores. Isso levando-se em conta que o plano será aprovado pelos credores. Se isso não acontecer o tempo para iniciar a captação se torna mais urgente e voltamos ao prazo de 60 dias para início da captação - disse o advogado.


30/04/2006 - 18h35m
O Globo
VarigLog diz que não está preparando consórcio para leilão de rotas domésticas da Varig
Erica Ribeiro - O Globo

RIO - A assessoria de imprensa da VarigLog informou, neste domingo, que a Volo Brasil, empresa formada pelo fundo americano Matlin Patterson e investidores brasileiros e que adquiriu a ex-subsidiária da Varig no ano passado, não confirma informações de que fará alterações na proposta de US$ 400 milhões feita para aquisição da Varig, modelo que será apreciado pelos credores da companhia nesta terça-feira, em assembléia no Rio.

A assessoria também disse que a VarigLog não está, neste momento, formando um consórcio para disputa do mercado doméstico da Varig, alternativa criada por meio de um plano, desenhado pelo governo, credores e a Justiça do Rio, que acompanha o processo de recuperação judicial da companhia.

Nesta proposta, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) é criada para transformar as rotas domésticas da Varig em um novo ativo, por meio de uma nova empresa que, posteriormente, seria vendida em leilão onde participariam consórcios que devem ter em sua composição companhias aéreas de vôo regular.


30/04/2006 - 10h59
Folha On Line
PT aprova diretrizes do programa de governo


O 13º Encontro Nacional do PT aprovou no início da noite deste sábado o texto sobre as diretrizes do programa de governo, originalmente apresentado pela Comissão Executiva Nacional do partido. O texto foi aprovado com a inclusão de 33 emendas.

Das emendas apresentadas ontem, duas foram rejeitadas. Uma delas pedia a ruptura com o Mercosul, sob o argumento de que o tratado serviria aos interesses norte-americanos. A segunda pedia o fim do superávit primário e o rompimento com os compromissos da dívida externa, porque "sangram" a população, "esmagam" os orçamentos públicos e "sacrificam" programas sociais.

Na parte da tarde, foram levadas a voto cinco emendas relativas ao texto sobre conjuntura e tática política, cujos pontos de consenso já haviam sido discutidos na parte da manhã. Três dessas emendas foram incluídas no documento.

Outras duas --sobre a Varig e a Vale do Rio Doce-- deram origem a propostas alternativas. No caso da Varig, texto assinado pela maioria das tendências propunha que o governo continuasse buscando "todas as alternativas" para o não fechamento da empresa e a manutenção de seu controle sob capital nacional. Já a tendência "O Trabalho" propôs a estatização da Varig, idéia que foi rejeitada.

Já a questão da Vale do Rio Doce dividiu o plenário. A deputada Doutora Clair (PT-PR) propôs que o partido desencadeasse uma campanha pela anulação da privatização da empresa. Mas o presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que não havia "condições políticas" para isso. Na contagem voto a voto, venceu a proposta de Berzoini.


30/04/2006 - 10:44h
Folha On Line
Autor de hits da Varig fala sobre a companhia

LAURA MATTOS

Varig, Varig, Varig... E Varig. Archimedes Messina, 73, nunca pegou avião de outra companhia para conhecer quase todo o Brasil, além de vários outros países. Jamais desembolsou um centavo pelas passagens, e olha que já levou a mulher, os filhos, e até ocupou assentos da primeira classe.

Tanta fidelidade para quem nem é cliente do programa de milhagens tem de ter, claro, uma explicação: Messina foi autor de famosos jingles da Varig, em seus áureos tempos, a milhas e milhas da empresa que hoje está à beira da falência. De 1967 a 1990, calcula ter composto mais de cem obras, entre as canções publicitárias e spots, aqueles comerciais curtos.

A Varig queria promover ou inaugurar uma linha, e lá ia seu Messina de avião conhecer o destino para se inspirar e criar o jingle. Ele decolou --nos dois sentidos-- logo de cara, quando os patrões queriam "bombar" a rota Lisboa. "Seu Cabral" ("Seu Cabral ia navegando, quando alguém logo foi gritando...") fez tanto sucesso na rádio e na TV, que ganhou versão de marchinha carnavalesca, prêmios, liderou as paradas ao lado de "Mamãe Eu Quero" e foi vendido em disco compacto.

Um ano depois, em 1968, a Varig faria seu primeiro vôo para o Japão. Então manda o Messina para lá buscar alguma idéia. Ele foi e trouxe "Urashima Taro" , "o pobre pescador", que "salvou uma tartaruga, e ela como prêmio, ao Brasil o levou". Virou febre e marchinha de Carnaval de novo. O sucesso seguiu com Itália, França, Inglaterra, Argentina...

Mas, espera, vamos deixar as coisas claras, porque, para seu Messina, o que é certo é certo. O "Varig, Varig, Varig..." --que encerrava todos os jingles, às vezes cantado, às vezes só orquestrado-- já existia quando ele chegou à empresa. Messina o tornou famoso, mas a criação, se ele não se engana, foi do Titulares do Ritmo, um grupo de cegos formado em Belo Horizonte nos anos 40. Outro esclarecimento: Messina viajou uma única vez na vida sem ser de Varig. Após deixar a empresa, foi chamado a compor um jingle para a Aerolineas Argentinas e, do pagamento, fizeram parte duas passagens para Buenos Aires, a dele e a de sua mulher.

Os pingos já estão nos is, voltemos ao homem dos jingles da Varig. Ele também fez o do café Seleto ("Depois de um sono bom, a gente levanta...") e o mais famoso de todos: "Lá, lá, lá, lá... Silvio Santos Vem Aí". Esse deu confusão, deixemos para o texto ao lado.

Crise

Estávamos nos anos 60, a Varig ia bem das asas, e seu Messina dando a volta ao mundo. Corta para 2003, comemoração dos 35 anos da linha para o Japão. O autor de "Urashima Taro" é procurado pela direção da companhia. Querem usar o jingle a fim de marcar o aniversário. Sem verba para grandes campanhas no rádio e na TV, pensam em colocar a música nos aviões e na espera de seus ramais telefônicos. Mesmo para isso, estava difícil arrumar dinheiro para pagar seu Messina.

Vamos dar um jeito. Há 35 anos, ele viajara a Tóquio a trabalho para compor o jingle, e a mulher não foi, o que tornou a cidade o destino dos sonhos. Ótima chance para quem sempre comemorava o aniversário de casamento com uma viagem... de Varig (E a data é 11 de setembro, veja só. Sorte, Nova York foi escolhida pelos dois em 2000, e não 2001).

Então o pagamento para liberar "Urashima Taro" veio em bilhetes aéreos. Não deu para embarcarem em 2003, 2004, 2005. Mas iriam, era só arrumar oportunidade. Em 14 de janeiro último, a Varig anuncia que seus vôos ao Japão foram "descontinuados". E agora, seu Messina? "Pois é, e agora? Agora vamos esperar. Mas você vai colocar isso na reportagem? Não sei... Não quero que pareça uma reclamação, nada disso."

E não é mesmo. Seu Messina adora a Varig. "É meu xodó. Acho que de todos os brasileiros."

Cortemos de 2003 para a última terça-feira. Ele recebe a Folha em sua agradável casa na serra da Cantareira, pouco depois dos limites de São Paulo. É clima de interior, seu Messina fica feliz com a visita da reportagem, mas não com o tema a ser abordado.

Ele se emociona ao lembrar de tanta história, tantas milhas, tantos pilotos e comissários amigos, de Ivan Siqueira, o diretor comercial da época de ouro, já morto.

Mas é triste falar sobre as manchetes atuais, Boeings parados, vôos cancelados. "Puxa vida", balança a cabeça. A partir de 15 de maio, "Seu Cabral", o do jingle de Portugal, não mais poderá voltar de Varig para a sua terra, "descontinuaram" a linha também. Vai de TAP, que jeito. Seu Messina, óbvio, acha que o governo deve "dar uma mão" porque "a Varig é um símbolo do Brasil, funciona como um consulado brasileiro no exterior". Apesar do convívio íntimo com a empresa ao longo de 23 anos, não se sente à vontade para comentar os problemas de gestão que levaram a companhia à tamanha crise. "Eu ficava concentrado nas músicas."

E se tudo for mesmo a cabo, o porta-voz da Varig comemorará o próximo aniversário de casamento via TAM ou Gol? "Não, eu nem penso nessa possibilidade de acabar. A Varig vai se reerguer."