<< Início   < Próxima  | |  Anterior >   Última >>
  • Valor Econômico
    26/11/2012

    Sem Webjet, Gol reduz oferta de assentos
    Letícia Casado e Marina Falcão

    Com o encerramento das atividades da Webjet, anunciado na sexta-feira, a Gol confirma o plano de continuar reduzindo a oferta de assentos no mercado interno no ano que vem, antecipado pelo Valor em outubro. A companhia divulgou a demissão de 850 funcionários da Webjet e a devolução de 20 aeronaves da frota da marca à Boeing - os voos realizados sob essa bandeira passam a ser feitos por aviões da Gol, mais eficientes em consumo de combustível. A empresa informou uma estimativa geral de corte na oferta de 5% a 8% no primeiro semestre de 2013, em relação à igual período deste ano.

    A intenção de descontinuar a marca Webjet havia sido manifestada pela Gol quando anunciou a compra da concorrente, em julho do ano passado. Mas foi impedida de tomar a medida enquanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliava o negócio. A transação recebeu o aval do órgão antitustre há pouco mais de um mês, apenas com uma restrição: manter um índice de utilização mínima de 85% dos slots (horários de pouso e decolagem), na média por trimestre, no aeroporto Santos Dumont, no Rio.

    A Gol desembolsou R$ 43 milhões pela Webjet, mais dívidas de cerca de R$ 200 milhões. O valor efetivamente pago ao ex-dono, Guilherme Paulus, fundador do grupo de turismo CVC, ficou bem abaixo dos R$ 96 milhões divulgados no anúncio do acordo. O ajuste de valores foi informado pela Gol em março. Com a aquisição, a empresa ganhou o direito de explorar os slots da Webjet e cerca de 5% de participação de mercado.

    Para Guilherme Amaral, advogado especialista em direito aeronáutico do Aidar SBZ Advogados, a Gol aproveitou uma boa oportunidade ao comprar a Webjet, principalmente por causa dos slots da empresa. "Uma vez que a Webjet passava por um momento financeiro difícil, a operação saiu até barata", disse. Um analista do setor aéreo que não quis se identificar também diz que o negócio fez sentido estrategicamente, pois a Gol poderá operar as rotas da empresa com aviões maiores.

    Ambos preveem que a Gol reduzirá a frequência de alguns voos, nas rotas comuns às duas marcas. "Para o consumidor, o ambiente é de aumento de preços. As empresas querem recompor as margens", afirmou Amaral. De fato, num ano em que registra prejuízo acumulado de mais de R$ 1 bilhão, a Gol vem reduzindo sua oferta em busca de rentabilidade, num processo que incluiu o corte da quantidade de frequências em 10% e um encolhimento de até 4,5% na capacidade de assentos por quilômetro. Como resultado, vem obtendo taxas recorde de ocupação das aeronaves. A estratégia é a mesma adotada pela líder de mercado TAM.

    A Gol prevê um "aumento pontual de custos durante o quatro trimestre", em decorrência do processo de extinção da Webjet, segundo informou na sexta-feira. Mas a decisão também terá outras repercussões, principalmente no campo trabalhista. Após reunião com o Sindicato Nacional dos Aeronautas, o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT- RJ) informou que abrirá um inquérito para investigar as 850 demissões. O procurador Carlos Augusto Sampaio Solar avalia que há indícios de irregularidades no desligamento dos funcionários, devido à maneira "abrupta" como o processo foi feito.

    "Fomos traídos", disse Gelson Fochessato, presidente do sindicato, em coletiva no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, na sexta-feira. Segundo Fochessato, o sindicato procurou a Gol e a Webjet há algumas semanas para discutir as condições de trabalho. "As empresas negaram ter um plano de demissão em massa", afirmou.

    Os funcionários demitidos prometem manifestações hoje à tarde nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo; Santos Dumont, no Rio; Confins (MG) e Porto Alegre. Segundo o sindicato, representantes dos trabalhadores vão à Brasília nesta segunda para conversar com representantes da Casa Civil, do Ministério do Trabalho e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Este último sinalizou na sexta-feira que não deve interferir. Procurado pela imprensa para comentar o assunto, o Cade informou que é responsável por analisar os efeitos de fusões e aquisições na concorrência de cada setor, e que não tem o poder de intervir na estratégia comercial da empresa.

    O sindicato dos aeronautas também pretende levar as demissões da Webjet para discussão em uma audiência pública amanhã às 10h, no Senado. A reunião foi originalmente marcada para discutir o risco de paralisação de trabalhadores da aviação no fim do ano, como aconteceu em anos anteriores.

     

     

    Folha de São Paulo
    26/11/2012

    Cumbica poderá ter pousos e decolagens simultâneos
    Aeronáutica prevê mudar regra para liberar subida e descida ao mesmo tempo - Estimativa é que o movimento aumente 30%; controladores e pilotos terão de passar por novo treinamento
    RICARDO GALLO

    A Aeronáutica prepara a liberação, pela primeira vez, de pousos e decolagens simultâneos em aeroportos com pistas paralelas onde hoje há restrições a esse tipo de operação. É exatamente a situação de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), mais movimentado aeroporto nacional e porta de entrada de estrangeiros no país.

    O objetivo é ampliar o número de voos em Cumbica e em outros aeroportos com as mesmas características até a Copa de 2014.

    Ronaldo Jenkins, diretor técnico da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), estima que a medida possa elevar o movimento em Cumbica em 30% -dos atuais 45 para 58 pousos e decolagens a cada hora.

    Oficialmente, a Aeronáutica afirma que tem dado "atenção especial" a essa proposta e que a mantém sob análise. A interlocutores, porém, oficiais têm dito que a nova regra pode sair ainda neste ano.

    CRONOGRAMA

    A implantação levará um ano após a norma entrar em vigor, prazo que a Aeronáutica dará para treinamento de controladores de voo e pilotos.

    Além disso, as reformas previstas para as pistas em 2013 irão facilitar a mudança (leia texto na página C4).

    Cumbica não pode hoje ter pousos e decolagens simultâneos porque as duas pistas têm 375 metros de distância entre si -a norma atual exige 760 metros.

    A proposta é abrir a possibilidade para esse tipo de operação quando houver condição visual (dias e noites de céu claro, em que o piloto tem referência do que está à frente e do que está abaixo). Pilotos e controladores farão o gerenciamento.

    Em 70% do ano, o aeroporto de Cumbica opera em condição visual.

    Entre os cenários que a alteração permitiria estão: 1) autorizar que um avião decole em uma pista enquanto outro se prepara para aterrissar na outra; hoje, o avião prestes a decolar tem que esperar o que aterrissa tocar na pista para, só então, partir.

    2) autorizar que dois aviões se aproximem para pouso ou decolem ao mesmo tempo (não necessariamente em paralelo), cada um em uma pista.

    IGUAL AOS EUA

    Dono do maior tráfego aéreo no mundo, os EUA permitem os pousos simultâneos nas mesmas circunstâncias que a Aeronáutica pretende liberar.

    O parâmetro usado foi o aeroporto de San Francisco, que tem características semelhantes às de Cumbica e adota pousos e decolagens simultâneos desde 2004. Em horários de pico, a capacidade do aeroporto aumenta até 25%.

    A proposta partiu de um grupo integrado pelo SRPV-SP (Serviço Regional de Proteção ao Voo), órgão subordinado à própria Aeronáutica, representantes das empresas aéreas, da Anac e da Infraero (responsável pela torre de controle de Cumbica).

    A conclusão do grupo, em documento a que a Folha teve acesso, foi que as alterações trarão "benefícios incalculáveis à aviação brasileira", ao permitir "desafogar" o movimento nos aeroportos.

     

     

    Folha de São Paulo
    26/11/2012

    Em 2013, Cumbica terá as duas pistas reformadas
    Obra está prevista para ocorrer entre fevereiro e junho, nas madrugadas - Projeto prevê construir saídas rápidas para aviões que aterrissam, alargar as pistas e reformar o asfalto

    O aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo) irá reformar suas duas pistas no próximo ano. A obra está prevista para ocorrer entre fevereiro e junho de 2013 e ficará a cargo da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos, que venceu leilão para administrar o aeroporto pelos próximos 20 anos.

    O trabalho será feito de madrugada, entre meia-noite e 6h, e resultará em remanejamento de horários de alguns voos.

    Embora esse projeto não tenha relação com o da Aeronáutica, de permitir de modo simultâneo o uso para pousos e decolagens das duas pistas, a reforma irá facilitar essa mudança.

    É que, entre as modificações, está prevista a construção de saídas rápidas, que são acessos em 45 graus que permitem aos aviões que aterrissam deixar as pistas em alta velocidade -liberando-a para outra aeronave que for pousar ou decolar.

    Atualmente, o avião tem que ir até o final da pista para sair dela; já a saída rápida fica no meio da pista.

    A reforma também irá alargar uma das pistas, de 45 para 60 metros, permitindo ao aeroporto receber aeronaves como o Airbus A380 (o maior avião comercial de passageiros do mundo, que transporta cerca de 500 pessoas), e a reforma do asfalto das duas pistas.

    O anúncio dos projetos para a pista foi feito em setembro pela empresa.

    SEGURANÇA

    Mesmo com a reforma nas pistas, controladores temem risco à segurança caso a proposta de voos simultâneos seja mesmo implantada.

    "Seria interessante saber quais são os riscos operacionais, pois certamente existem", disse um deles, sob condição de anonimato.

    Haverá treinamento dos envolvidos, o que ajudará a elevar a segurança, diz Paulo Cézar dos Santos Paduan, piloto e autor da proposta analisada pela Aeronáutica.

    Um estudioso de aviação, que igualmente pediu para não ser identificado, fez uma outra ressalva: supondo-se que haja aumento de voos em Cumbica, como será quando o aeroporto não puder operar sob condições visuais e, portanto, não houver autorização para operações simultâneas?

    "O que aconteceria? Sobrecarregaria Viracopos ou Galeão? Para colocar novos voos, é preciso ter capacidade de atendimento, o que é muito difícil."

     

     


    << Início   < Voltar  | |  Avançar >   Última >>